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Capítulo 7

(Samantha)

8 dias depois

9 de janeiro de 2042


— E aí, tudo certo pra hoje? — Tia Sam pergunta. Estamos sentados em uma das mesas do refeitório, tomando café. São exatamente 7:32 da manhã; eu acabei de chegar e Sarah ainda está dormindo no quarto da Safira.

— Tudo certíssimo! — Respondo, animada. Estávamos mesmo precisando de algo para comemorar, tendo em vista que minha melhor amiga já está há 26 dias inconsciente naquela UTI. — Repete o plano, Dinha!

— Quando ela acordar, às oito, vamos tomar café no Café Central e depois ficar a manhã na praia; passamos aqui para deixá-la e vocês almoçarão no Brasa de Forno, onde vão entregar os presentes. Quando chegarem, a levaremos para casa, e às 14 horas o Levi vai buscá-la para darem uma volta. Teremos a tarde livre e, quando ela chegar... Surpresa! — Minha irmã repassa a programação de hoje com um sorriso animado nos lábios.

Hoje é o aniversário da Sarah, e estamos todos querendo fazer algo agradável o suficiente para não deixá-la triste ou sozinha. Todos sabemos como é importante para ela passar cada data comemorativa ao lado da Safira, e infelizmente esse ano isso não poderá ocorrer.

— Você tem certeza que vai deixá-la passar a tarde com o Levi, Cauã? — Tia Sam sussurra com um tom de voz um tanto chateado.

— Não vamos mais discutir isso! Ele é um bom rapaz, pare de implicar! — Ele responde.

— Não estou a fim de deixar minha filha sair com um garoto que ela conheceu há menos de um mês!

— Eles não vão para um encontro, Samuela! Já disse que eu mesmo o pedi que a levasse para passear, distrair a mente e também para nós termos tempo de organizar as coisas lá em casa e esperar os convidados!

— Há um mês, Cauã! — Tia Sam enfatiza.

Você o conhece há um mês! Eu já lhe disse que ele é filho Rodrigo, meu amigo do serviço!

— Não me importa se ele é filho do Rodrigo, do José ou do presidente da República! Não o conheço e pronto, isso já é motivo suficiente para não deixá-la ir!

Tio Cauã sorri. Entendo pela sua expressão facial que ele não está a fim de brigar. — Meu amor, você tem medo de tudo! Relaxe um pouco, ele é um bom rapaz!

Tia Sam fica encarando-o por uns segundos, mas depois se levanta e sai do refeitório. Eu e Amanda ficamos quietas, constrangidas pela discussão que acabamos de presenciar.

— Não liguem, ela é dramática assim mesmo! — Ele diz, solta um leve sorriso e dá mais uma mordida no bolo de milho.

Desculpa tio, mas eles realmente se conhecem há menos de um mês! É o que sinto vontade de dizer, mas relevo e finjo um sorriso compreensivo.

Nosso dia está indo exatamente como planejado: tomamos café da manhã no Café Central, uma cafeteria localizada bem no centro de Arabelle, cidade onde moramos; demos uma volta pela Praia de Zandaya, onde passamos quase toda a manhã banhando e comendo picolés; e por volta das 11 horas voltamos ao hospital.

Tio Cauã e tia Sam saíram com ela para almoçar e entregaram os presentes — que, aliás, eu nem sei quais foram — e, assim que chegaram, eu e Dinha a levamos para casa a fim de tomar um banho e vestir uma roupa legal. Por fim, Levi chegou pontualmente às 14 horas para levá-la a algum lugar — que eu também não sei qual foi.

Agora são exatamente 15:47 e nós estamos começando a organizar as coisas para a festa. Certifiquei-me de mandar mensagem para cada um dos contatos próximos que eu havia convidado; liguei para a confeitaria onde eu e tia Sam encomendamos o bolo e os docinhos; e também liguei para a padaria para confirmar o local de entrega dos salgadinhos. As toalhas de mesa, balões, velas, bombons e refrigerantes já foram todos comprados na semana passada, e o que nos resta é apenas arrumar tudo.

No momento tia Sam está limpando os banheiros; Dinha está varrendo a casa; e todos os outros estamos enchendo balões na sala — tarefa bem chata e cansativa, aliás.

Kaynon conectou seu celular na televisão e uma sequência de músicas em inglês não para de tocar. Agora estamos ouvindo Sparrows, de Jason Gray.

— Lalala Lalalala! — Os meninos gritam, todos juntos, e depois caem em gargalhadas, acompanhando uma das partes da música que não para de se repetir. Talvez já teria parado se essa não fosse a terceira vez que Kaynon volta a música.

Sorrio e deixo meu olhar parar em Ítalo, que está sério e concentrado em encher os balões, totalmente alheio ao flash de alegria que invade o ambiente. Meu sorriso acaba desfalecendo e sinto um peso em meu peito. Tenho vontade de abraçá-lo e fazer desaparecer por um momento toda a dor que está sentindo. Eu já nem sei mais a que ponto a falta da Safira o faz sofrer, mas sem dúvidas ele foi um dos mais afetados, e eu lamento infinitamente por isso.

Já senti vontade de chegar até ele, dar-lhe um tapa no rosto e gritar bem alto dizendo para parar de agir como um tolo. Mas ele já sabe perfeitamente cada palavra que sairia da minha boca. Não adiantaria nada eu repetir que tudo vai ficar bem, que ela vai acordar, que isso vai passar... Ele já sabe.

Na verdade, talvez não esteja agindo como um tolo. Ele só sente sua falta.

Talvez eu tenha errado ao duvidar do tamanho do seu amor pela minha amiga. Talvez ele a ame mais do que eu possa compreender. Talvez toda essa história de estar apaixonado não soe mesmo tão ridícula como pensei que fosse, no dia em que ele me revelou seus sentimentos por ela. Inclusive, acho que isso já estava estampado em seu rosto há muito mais tempo do que ele próprio pudesse imaginar.

— Leo, você pode me ajudar com as toalhas de mesa? — Pergunto ao me levantar e apontar para a cozinha, então ele assente ainda com um sorriso e se levanta. Ainda não é a hora de arrumar a mesa, mas eu estou pronta a achar uma solução para o problema do Ítalo. Pronta e determinada.

Quando chegamos, a cozinha está vazia, então eu caminho até um dos armários e retiro a sacola com as toalhas de mesa brancas e floridas em dois tons de azul.

— Estou preocupada com o Ítalo! — Falo de uma vez e então percebo o resto de sorriso que ainda havia em seu rosto se dissipar no ar.

— Ah! — É a única coisa que ouço, e espero um tempo antes de continuar. Ele começa a tirar as cadeiras da mesa e encostá-las na parede, mas não diz mais nada.

— Ah?! É só isso o que tem a dizer?! — Resmungo.

— Não, tem mais uma coisa. — Ele dá uma pausa.

— O quê?

— Eu não acredito que você me chamou aqui pra falar do Ítalo! — Diz enquanto levanta mais uma cadeira, entendendo que, na verdade, eu não o chamei para arrumar mesa nenhuma.

Franzo as sobrancelhas e estendo a toalha no ar. — Você é o irmão dele! — Falo, e depois de afastar a terceira cadeira ele para e me encara.

— Eu não posso trazê-lo de volta, Samantha! — Sua voz soa tão fria que me sinto espancada por ela.

Suspiro. — Eu sei. — E então coloco a primeira toalha sobre a mesa, do lado em que foram tiradas as cadeiras. Leo retira também as três que faltavam e eu pego a outra toalha que estava na sacola. Depois dessa colocarei a malha azul escura bem no meio, para contrastar.

— Todos nós estamos sofrendo, Samantha! Não podemos fazer nada para mudar isso! — Ele fala e silenciamos por um tempo, mas depois prossegue. — O Ítalo não chora em momento algum, nem sozinho! Talvez só tenha chorado uma ou duas vezes, e já vai fazer um mês! Ele não sabe esconder a dor, Sama, então o deixe sofrer! Tudo que ele não precisa agora é de mil e um conselhos dizendo que tudo vai ficar bem! Acredite em mim, quando a Safira acordar você verá a vida novamente nos olhos dele. É só questão de tempo!

Abaixo o olhar e reflito em suas palavras — muito inteligentes, aliás! Então me lembro do dia em que conversamos no acampamento. Ele também me pareceu estar sofrendo bastante, mas apesar da pena que senti no momento, os dias seguintes me trouxeram uma raiva crescente e irritante.

— E você, como está? — Pergunto de repente, fazendo-o me olhar meio duvidoso. Mas talvez... Talvez eu nem queira saber.

— Eu?! — Franze as sobrancelhas. Assinto e pego a malha azul.

— Você não é o namorado dela?! — Ergo uma sobrancelha e me assusto com a entonação da minha própria voz.

— Ah! — Ele suspira novamente, com um sorriso que fica apenas nos lábios, e me ajuda a centralizar a última toalha sobre as outras duas. — Não somos mais namorados. — Fala, por fim. O encaro estarrecida. O quê?!

O quê?!

— O quê? — Franzo a testa sem entender e me apoio sobre a mesa.

— No dia do acidente... — Engole em seco. — Nós já havíamos terminado. — Diz. A mesa já está pronta, agora só falta prender o arco de balões que os meninos ficaram enchendo na sala.

Ando até uma das cadeiras perto da parede e me sento. Leo se recosta na pia, do outro lado. Seu rosto inteiro está triste, mas eu só consigo sentir raiva. Mais do que nunca.

Então ele a beijou por nada?! Ficou com ela por nada?! Foi esse o primeiro beijo romântico que a Safira sempre sonhou?! Isso foi o máximo que ele foi capaz de dar a ela?! Um mísero namoro irracional de um dia?!

Não. Eu me recuso a aceitar que ele tenha brincado com seus sentimentos dessa forma!

— Por que você não me contou no dia em que conversamos?! — Aumento o tom de voz. — Eu implorei para o Ítalo te deixar ir ao hospital no dia seguinte! Eu acreditei em cada palavra que você me disse, Leonardo! E era tudo mentira?! — Decido levantar e ando até a geladeira, abrindo-a e ficando de costas para ele. — Não acredito que foi capaz de fazer isso com a Safira! — Solto a voz e depois volto a encará-lo.

— Nunca menti em relação aos meus sentimentos por ela! — Defende-se. — Eu apenas não sabia se aquela era a hora de revelar aquilo.

Encho um copo com água e fecho a geladeira.

— E esperou quase um mês pra me contar?! — Me irrito.

— Eu nunca tive obrigação de contar nada pra você! — Responde, me deixando sem palavras. Talvez se ele tivesse dito isso e saído, a humilhação seria bem menor, mas ele fica parado exatamente onde está, observando todas as minhas reações de susto e vergonha. E raiva. Compulsivamente, raiva. Por tudo o que fez. Por ter sido quem foi. E por ter ocultado a verdade de mim.

Respiro fundo e tomo um pouco de ar antes de prosseguir.

— Ela merecia mais, Leonardo! Ela merecia muito mais do que isso! Eu acho que... Olha, você foi mesmo um imbecil! — Franzo as sobrancelhas. — Ela estava feliz quando me falou de você, e eu pensei... Eu pensei que você fosse capaz de ser um namorado decente! Eu acreditei nas suas palavras e te defendi, e agora você chega aqui me dizendo que terminaram há quase um mês e eu nem mesmo soube disso?! — Rio ironicamente. — Mas isso não é o pior, o pior é o que você fez a ela! E eu quero que fique bem longe... — Meus olhos se enchem de uma determinação tão grande que eu poderia comandar um exército só com eles. — Bem longe da Safira quando ela acordar!

Apesar de me parecer com uma vilã agora — e da adrenalina que corre em minhas veias pelas palavras que disse —, eu me sinto mais calma. Porque eu finalmente falei tudo o que queria. Ele magoou minha melhor amiga, a única que me ajudou quando ninguém mais ligou pra mim. E eu não vou deixar que ele continue machucando-a. Ele me decepcionou de uma forma inesperada, e eu o odeio por isso.

Acabam se passando longos e intermináveis segundos, e eu sinto que ele ainda está pensando no que responder. Mas finalmente abre a boca.

— Todas as vezes que conversamos você apenas brigou comigo e deu sermões, como se eu fosse um adolescente inconsequente que não faz ideia do que está fazendo! Você julgou minhas palavras, julgou minhas atitudes e julgou meus sentimentos, e em nenhum momento parou para se importar com o que eu sentia...

— Eu perguntei como você estava! — Corto-o ainda com alteração na voz.

Ele ri com deboche. — Você não queria saber como eu estava! Como eu estou, aliás! Se quisesse saber, não teria me chamado para dizer que estava preocupada com o Ítalo! — Enfatiza. — Você apenas queria ter informações minhas para saber o que poderia fazer por ele! — Respira. — E depois continuou me julgando ao dizer tudo isso! Você não sabe o que aconteceu, Samantha, e não deveria ter nem o direito de me acusar dessa forma!

— Agora é você quem está me julgando! — Tento me defender de alguma forma, eu não posso ficar na passiva. Não posso e não gosto!

— Então fala que tudo o que acabei de dizer é mentira! — Ele se aproxima, e dessa vez sua frase soa superior demais. Porque eu não posso dizer que é mentira, e me sinto horrível por isso.

Começo então a tentar ver as coisas na perspectiva do Leo. Por que ele faz tanta questão de enfatizar que estou julgando-o?! Por que disse que eu não sei o que realmente aconteceu?! Aliás, será que teria alguma coisa que eu não estou sabendo?! Mas o que poderá ser?!

Em todos os momentos me preocupei tanto com o Ítalo que esqueci completamente do que Leonardo poderia estar sentindo! Na verdade, eu nunca cheguei a me importar de fato com o que poderia se passar por sua cabeça durante todo esse tempo sem ela. Sabia do seu sentimento de amor, mas o considerava inferior demais. Suas atitudes desde o início, sua declaração repentina, o beijo... Tudo isso me deixou a imagem de que ele queria roubá-la de todos nós. Ele era distante. Eu nunca me importei nem um pouco com sua dor. Nem pensava nele.

E agora ele está aqui, na minha frente, discutindo abertamente sobre seus sentimentos, coisa que nenhuma das pessoas com quem eu tanto me preocupo fez. E me sinto tão, tão constrangida por isso.

Porque ele está certo. Eu o julguei sem conhecer sua versão. O condenei sem nem mesmo lhe dar a chance de se defender. O crucifiquei como alguém horrível mas, na verdade, eu não sei quem ele é.

— Eu sabia. — Ele fala, por fim, em tom baixo, e passa os dedos sobre sua barba pequena. — Tentei não ter essa impressão de você, Samantha! Juro que tentei acreditar que você estava apenas preocupada com todos nós e com a situação em que estamos, mas eu estava enganado! — Ele vira de costas e apoia as mãos sobre a pia. — Eu me abri com você! — Balança a cabeça. — Você foi única a quem falei abertamente do que sentia, com toda a sinceridade que tinha! Eu confiei em você pra me apoiar, pra me dar uma força, porque eu vi que era uma boa pessoa! Eu te chamei pra me ajudar a passar por aquilo, e você simplesmente desconsiderou! E esqueceu que, na verdade, eu fui o magoado! Eu amei a Safira, eu me esforcei para fazê-la feliz, mesmo que tenha durado um mísero dia! E eu fui chutado, fui descartado como se não valesse uma chance! Foi ela que terminou comigo, Samantha! — Ele diz, e finalmente sinto uma pontada de culpa e vergonha no peito.

Foi ela quem terminou!

Arregalo os olhos.

Por que eu nunca pensei nessa possibilidade?! Era por isso então que ele estava tão triste e magoado no dia em que conversamos! Ele não tinha conversado com mais ninguém, estava passando por tudo aquilo sozinho!

Fecho os olhos.

Ele confiou em mim para se abrir, e estava em minhas mãos... Unicamente em minhas mãos a chance de ajudá-lo. Mas tudo o que fiz foi acabar ainda mais com ele!

Eu não costumo chorar, mas suas palavras e o peso da verdade sobre elas estão me trazendo uma dor tão forte que acabo não conseguindo me conter.

Afinal, o imbecil não era ele. Era eu, o tempo inteiro. Ele estava sofrendo e eu o julguei em todos os momentos, exatamente como ele disse. Como pude ter sido uma pessoa tão horrível assim?!

— O Ítalo não foi dispensado, Samantha! Ele está aí com todas as chances na mão, está sofrendo por saudade! Eu estou sofrendo por rejeição, Samantha! E não que eu precise, mas ninguém se importou comigo em nenhum momento! Nem o Ítalo! — Sua voz está carregada de dor. — Ninguém chegou pra mim para perguntar como eu estava, o que sentia, se precisava de algo, nem que fosse um abraço! — Então finalmente vira para mim, e eu percebo que seus olhos estão marejados. Não é raiva. Suspiro. Ele está machucado. ­— E eu juro... — Morde os lábios. — Juro que esperei tanto, e em vários momentos, que você me considerasse um amigo ou pelo menos alguém que poderia cogitar ajudar!

— Porque eu... — Continua. — Eu contei o que sentia pra você, então... — Dá um sorriso sem graça e balança a cabeça. — Não sei! Acho que o culpado fui eu por esperar de você algo que não era capaz de me oferecer! — Engole em seco. — Não sei o que fiz para te fazer ter tanta raiva de mim, Samantha! Me desculpe! Olha... Acho você uma garota incrível e por isso pensei que... Que pudéssemos ser amigos! Enfim, sei que você tem o direito de me culpar, talvez isso até alivie mais sua consciência, porque assim pode defender o Ítalo! Mas eu... Eu realmente amo a Safira! Sinto muito por não ter sido quem você pensou que eu seria para ela! Mas acredite: se ela tivesse permitido, eu seria. Eu... Eu faria o possível... — Vejo algumas lágrimas descerem por suas bochechas, então ele as enxuga rapidamente e se recompõe. — Olha só, já ia me abrir pra você novamente! Esquece, tá?

Minha consciência me golpeia e eu sinto minhas pernas fraquejarem, mas não me movo nem um centímetro. Olho para baixo e passo a mão direita no rosto, impedindo que ele veja minhas lágrimas.

— Eu não posso continuar aqui... — Retoma. — Não assim. — Sua voz está embargada e seu rosto, completamente vermelho.

Um silêncio se estende sobre o local. Um silêncio tão grande que nós conseguimos ouvir apenas a música tocando na sala. Para o meu azar, é uma música lenta, e eu acabo não conseguindo mais segurar. As lágrimas começam a jorrar como água de torneira e sinto meus ombros começarem a tremer, mas antes que eu possa perceber ou reagir, Leo está me abraçando. E isso me deixa completamente assustada.

Por que ele está fazendo isso?! Não deveria estar com ódio de mim agora?!

Está envolvendo todo o meu corpo e eu me mantenho imóvel, com a cabeça baixa e a mão no rosto.

Contenho-me e tento achar uma explicação para o seu ato, mas falho. Pena?! Culpa?! Arrependimento?! Ou falsidade?!

— A última coisa que queria era te fazer chorar! Eu sinto muito! — Ouço-o dizer em voz baixa, então se afasta e finalmente o encaro.

Parte de mim acaba achando muito ignorante de sua parte falar todas aquelas palavras e depois dizer que sente muito. Ele esperava o quê?! Que eu fosse ficar feliz?! Que eu tivesse um coração de gelo?!

Mas outra parte me diz que a única culpada sou eu, que fechei os olhos para ele durante todo esse tempo. Ele se sentia sozinho e confiou em mim para ser sua amiga. E o que eu fiz?! O magoei ainda mais.

Parte de mim quer lhe dar um chute, mas outra parte quer retribuir o seu abraço e pedir perdão, dizer que sente mais ainda. Mas nenhuma das duas partes funciona, e ele acaba indo embora antes mesmo que eu tome qualquer atitude.

Lavo meu rosto na pia e tento me recompor, o que acabo conseguindo. Depois volto para a sala e termino de encher balões com os garotos. Dessa vez está tocando I'll be alright, de Beckah Shae, e eles estão conversando sobre faculdade, o que acaba me distraindo um pouco.

Quando dá 16:33 as encomendas do bolo e dos doces chegam, e cerca de 15 minutos mais tarde chegam também os salgados. Eu e os meninos conseguimos terminar o arco de balões a tempo, então nos dividimos entre os 3 banheiros da casa da tia Sam e conseguimos nos banhar e nos arrumar antes dos convidados começarem a chegar.

Estamos todos amontoados na cozinha, em um silêncio quase total — a não ser por algumas risadas de ansiedade de alguns —, esperando tio Cauã vir correndo da sala e nos avisar que eles já estão chegando.

Ouvimos uma batida na porta e todos se agitam por um segundo, mas quem entra não é a Sarah.

Meu olhar se cruza com o de Leonardo por um momento, mas ele muda de direção e se junta a Ítalo, Ícaro e Kaynon, que estão juntos. Seu cabelo castanho e liso está molhado e penteado para trás. De alguma forma isso o deixa mais atraente do que antes. Ou talvez eu só esteja me sentindo tão culpada que queira desesperadamente elogiar tudo nele, como uma tentativa de me redimir para mim mesma.

Quando volto à realidade vejo que tio Cauã chega correndo à cozinha e sussurra "Eles estão entrando" para todos nós. Nos aquietamos e, por fim, conseguimos ouvir a porta se abrir e se fechar. Sarah e Levi chegam em um silêncio tão grande que quando vemos seus rostos aparecerem na cozinha nós mesmos levamos um susto!

— SURPRESA! — Todos gritamos e, sem saber por que, eu lanço uma rápida e discreta olhada para Leonardo.


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