(Sarah)

Ouço alguns passos vindos em minha direção e já tento enxugar as lágrimas disfarçadamente. Com certeza é Safira ou Amanda querendo saber por que estou sozinha aqui. Levanto os olhos já tentando encontrar alguma desculpa quando...

Paro.

Não pode ser verdade, não é?!

Não sinto meu coração acelerar, nem consigo tremer. Na verdade, eu nem estou acreditando no que estou vendo.

Aperto os olhos com força, mas quando volto a abri-los ainda estou aqui. Ainda é real e eu ainda estou vendo Levi se aproximar.

Entreabro os lábios e tento fazer algo, mas é como se todo o meu corpo tivesse entrado em pane. Nada mais funciona, nada mais faz sentido. Entro em choque e tento me lembrar como faz pra respirar.

Inspira. Expira. Devagar. Calma.

Inspira. Expira.

Minhas mãos estão suando e eu não sei como reagir. Há alguns segundos eu desejei que ele estivesse aqui, exatamente onde está. Então por que não estou preparada para isso?!

Tiro os fones do ouvido e me levanto.

Estamos em pé, frente a frente, a dois metros de distância no máximo. A luz sobre o local está fraca, estamos longe do salão onde estão as mesas e seu rosto está escuro; o pequeno feixe de luz que nos resta aqui está sobre os meus olhos, mas até do outro lado do mundo eu seria capaz de reconhecê-lo.

Levi dá alguns passos para chegar mais perto e eu não recuo. No momento eu limpo a minha mente. Não penso em nada que ele já tenha feito que me magoou. Penso apenas no que está acontecendo agora. E em como estou feliz, apesar do susto.

Como que em atos já planejados ele se coloca à minha frente. Estamos nos encarando e muito perto um do outro, e nenhum de nós abriu a boca para dizer uma só palavra até agora. Levi ergue a mão direita e toca a ponta dos dedos em minha testa, deixando-os escorregar até minhas bochechas e balançarem alguns fios do meu cabelo para trás. Fecho os olhos por um período bem curto. E então ele me abraça.

De repente, todas as minhas preocupações vão embora. De uma hora para a outra, seu toque me faz esquecer todos os problemas que já tivemos e um filme passa por minha cabeça, um filme com todos os nossos sorrisos e nossos abraços e nosso único beijo. Ele não disse nada, mas apesar disso estar com ele agora significa uma infinidade de sentimentos redescobertos, sentimentos que eu lutei contra durante todos esses meses em que ele esteve longe, sentimentos que eu tentei esconder e matar. Mas afinal, nunca consegui.

Agora eu não sei como ele está na minha frente, me segurando em seus braços, e eu também não sei se quero saber. Eu também não sei se quero falar do passado ou decidir o que vai acontecer conosco agora que ele está de volta. É que de repente eu pude ter um pouco de quem éramos e de tudo o que sonhei antes dele ir embora, de tudo que desacreditei. É como se todas as minhas esperanças voltassem em um passe de mágica, simplesmente por ele estar aqui.

Eu estou em modo tão automático e flutuante que só percebo que estou soluçando quando ele me afasta de si.

— Por que você está chorando? — Pergunta.

Fecho os olhos e permito que as lágrimas escorram livremente, porque eu as segurei por tanto tempo e seria tão injusto se eu lutasse contra tudo isso agora! Seria tão injusto se eu agisse como a Sarah de antes e perdesse todo esse momento por conta de uma mágoa ou de orgulho! Seria tão injusto quanto foi naquela época, porque eu decidi desaparecer e tirá-lo da minha vida sem dá-lo ao menos uma chance de se explicar. E teria sido tão mais fácil se eu tivesse sido mais acessível, mais paciente, mais calma. Seria tão mais fácil se eu tivesse sido quem estou sendo agora.

Não faço a menor ideia de como responder à sua pergunta, só sei que ouvir sua voz depois de tanto tempo me faz chorar ainda mais. Acho que em algum momento cheguei ao ponto de imaginar que nunca mais o veria na minha frente ou o ouviria outra vez. Mas cá estamos nós. Mais uma vez em um encontro inesperado. E eu não sei como reagir a isso.

— Sarah, por favor, você está me deixando preocupado! Não era assim que eu esperava te reencontrar! O que houve com você?

Balanço a cabeça e passo o dedo por minhas bochechas, tentando limpar as lágrimas.

— Acho que senti sua falta! — Falo em tom baixo e ouço-o sorrir delicadamente.

— Você acha?! — Então ele volta a se aproximar e me envolve com seus braços. É impressão minha ou ele está muito mais forte que no início do ano?! — Eu também senti sua falta... Sarah! — Diz, fazendo-me soltar um sorriso bobo e impensado.

Envolvo suas costas com meus braços e fecho os olhos, encostando meu rosto em seu peito e ouvindo seu coração bater.

— Você está bem? — Pergunta.

Me afasto e balanço a cabeça.

— Quando você chegou? O que está fazendo aqui?

— Cheguei semana passada. — Responde e caminha até o banquinho, sentando-se. — Rafael vai pedir Jasmin em casamento hoje. — Fala.

Sento-me ao seu lado, alguns centímetros depois.

— Nossa! — Abro um meio sorriso. — Felicidades para eles! — Respiro fundo e olho para o salão. — Safira também está namorando. E Ícaro também.

Levi ergue as sobrancelhas. — Nossa, que legal! Fiquei feliz em ver que ela está bem!

Sorrio. — Ela está ótima! Graças a Deus! Ele foi muito bom para nós!

— Ele sempre é bom para nós, Sarah! — Responde, e eu percebo como senti falta de ouvi-lo chamar meu nome.

— É verdade! — Abro outro sorriso e ficamos em silêncio por uns segundos.

— E você, como está? Como passou esse ano? — Pergunto.

— Eu estou bem. — Assente com a cabeça. — Esse ano foi bem corrido e cansativo, mas aprendi muito! Só não foi melhor porque não consegui manter nenhum tipo de contato com você. O que houve?

Balanço a cabeça e abaixo o olhar. Antes eu me orgulharia disso e o enfrentaria, mas agora só consigo sentir vergonha por ter sido tão covarde e por tê-lo deixado passar por tudo isso sozinho.

Mas fugir da verdade também seria covardia agora. E acho que temos muito a resolver.

— Eu estava magoada. — Respondo, depois de pensar bem em como começar a lhe contar.

— Por quê? Como assim?

Respiro fundo. — Eu estava lá.

— Lá onde? Quando?

— Quando você beijou aquela garota. — Falo, mas ele está com uma expressão duvidosa. — No aeroporto. — Acrescento, e Levi ergue uma sobrancelha assustado.

— O quê?! — Pasma, como se não soubesse do que estou falando.

— Eu só queria entender, sabe... — Mordo o lábio inferior. — Por que você fez aquilo? — Balanço a cabeça. — Nós tínhamos resolvido tudo! Eu... Eu estava tão feliz!

— Espera, eu... Eu não estou entendendo aonde você quer chegar! — Balança a cabeça.

— Sabe, Levi... Eu mudei muito durante esse tempo. Fiquei muito tempo sozinha e fui aprendendo a ser mais controlada, mais madura, mais calma e paciente, e eu realmente não quero brigar. Sim, é verdade que senti muita raiva de você e fiquei muito magoada por muito tempo, mas eu já te perdoei! Não sei se você está namorando com ela ou... Sei lá! Atualmente não sei mais nada da sua vida, mas eu só queria entender por que fez aquilo comigo!

— Não, Sarah. Eu é que não estou entendendo nada disso! Que história é essa de beijo?! Do que você está falando?

Suspiro. — Por favor, Levi, eu realmente não quero discutir com você! Já disse: não estou mais com raiva, não vou me zangar com você então não precisa ficar na defensiva! Mas se não quiser falar sobre isso, está tudo bem, eu...

— Não! — Ele me corta. — Eu não sei o que você acha que viu, mas eu nunca beijei mais ninguém depois de você, Sarah! Eu te fiz uma promessa. Eu disse que iria esperar por você e foi exatamente isso o que fiz. Eu não descumpro minhas promessas. Eu esperei por você e posso garantir que ninguém ocupou meu coração e meus pensamentos durante todo esse tempo a não ser você. Eu realmente não sei do que você está falando!

Assim que Levi conclui começo a me sentir estranha. Será que ele está mentindo para mim? Eu tenho certeza que o vi beijando uma garota, tenho certeza! Vi sua farda, sua família estava perto e eu enxerguei perfeitamente, não tenho dúvida nenhuma disso! O que está acontecendo, afinal?

— É sério que você está duvidando de mim?! Eu não beijei ninguém, Sarah! — Ele segura minhas mãos e me faz encará-lo. — Não beijei ninguém. — Balança a cabeça. — Você foi a única.

Penso no que ele está afirmando e começo a matutar em minha cabeça. Não sei se acredito.

Volto no tempo por uns minutos e tento trazer à memória cada detalhe daquela cena novamente. Eu tinha acabado de chegar ao aeroporto e estava procurando por ele, mas antes de me aproximar demais o avistei beijando uma garota e dei logo as costas. Fiquei com tanta raiva que não queria correr atrás e nem exigir nenhuma explicação, só queria distância. E foi o que fiz.

Mas então paro para pensar na roupa que ele estava vestindo. Era uma calça bege com um cinto preto grosso, uma bota preta e uma camisa vermelha, além de um boné da mesma cor da calça. Ele estava fardado.

Arregalo os olhos e o encaro.

Não. Não pode ser.

Ele estava fardado!

Uma teoria começa a se formar em minha mente e eu começo a me culpar antes mesmo de saber se é verdade, porque se for, passei por tudo isso atoa. Senti raiva, mágoa e ódio dele sem motivo algum! O tirei da minha vida sem motivo algum e nem lhe dei chance para se explicar.

— Levi, você estava fardado? Naquele dia? — Pergunto.

— Sim. Foi uma exigência da diretoria para eles nos reconhecerem quando fossem nos buscar no aeroporto do Canadá.

Respiro fundo e fecho os olhos com força.

— Então não era só você. Tinha mais pessoas... — Falo para mim mesma, já sentindo o peso forte de todas as minhas atitudes precipitadas sobre mim. Safira estava certa. Eu deveria ter lhe dado uma oportunidade. Teria evitado tudo isso.

— Sim, fui com mais quatro amigos: três homens e uma mulher. — Responde.

Balanço a cabeça.

Sim, foi isso mesmo. Agora lembro.

Há alguns metros do casal se beijando havia mais algumas camisas vermelhas por perto, mas meu ciúme me fez reparar apenas no cara de costas beijando outra menina. Eu senti ciúmes e ódio de um cara que nunca foi o Levi. E eu o fiz pagar por quase um ano inteiro por um crime que nunca cometeu.

Como pude ter sido tão idiota, tão precipitada e tão imprudente?!

Se eu tivesse ficado só mais um minutinho, eu teria percebido que não era ele. Mas eu estava cega. Eu só queria ter razão, só queria estar certa, só queria sair ganhando. E todo esse sentimento só me fez perder. E eu machuquei não apenas a mim, mas a ele também, que não tinha culpa de nada.

Suspiro demoradamente e coloco as duas mãos na minha testa, enrugando-a um pouco. Eu não acredito que fiz isso! Não acredito que me coloquei em toda essa situação dessa forma, nessa intensidade e por tanto tempo! Tudo foi um mal entendido! E nossa relação foi afetada completamente apenas por culpa minha! Eu pensava que estava sofrendo, mas na verdade a grande vítima era ele!

Que droga, Sarah!

— Ei, você está bem? — Levi pergunta, depois de observar minha longa sessão de autopiedade.

Franzo as sobrancelhas e o encaro com o olhar do gato de botas do Shreek.

— Me perdoa, Levi! Por favor, me desculpa! Foi tudo um mal entendido, eu... Eu pensei que fosse você, eu não sabia, eu só... Eu fiquei com ciúmes e pensei que estivesse com outra, me desculpa, por favor! Eu troquei o chip e te bloqueei, meu Deus, me perdoa! Eu te deixei muito mal, eu não quer... — Começo a me explicar totalmente envergonhada e nervosa. Estou quase chorando e implorando seu perdão de joelhos! Mas paro de falar no meio da frase quando ele coloca as duas mãos no meu rosto, imprensando minhas bochechas.

— Eu te amo, Sarah! — Balança a cabeça concentrando o olhar na minha boca. — Nada que você faça vai mudar isso! — Então me beija. Pela segunda vez. E é ainda melhor do que o primeiro beijo. Porque dessa vez não há preocupações, nem medo, nem futuro incerto. Dessa vez somos apenas nós dois e o mundo, não tem viagem, nem intercâmbio, nem uma irmã morrendo, nem um continente de distância, nem um ano inteiro sem contato pela frente. Dessa vez eu quero deixá-lo ficar, eu quero deixá-lo me amar, porque ele faz isso perfeitamente, faz melhor que ninguém!

Abraço seu pescoço com as duas mãos e confio que ele não vai quebrar meu coração outra vez. Ele não vai porque nunca fez isso — e nunca seria capaz! Eu estava apenas presa em minha própria fábula, em minha própria mentira. Fechei os olhos para quem ele era e para o que realmente aconteceu. Mas dessa vez não. Dessa vez eu vou deixar que ele tome as decisões.

Levi se afasta lentamente, passando a mão no meu rosto e analisando cada detalhe meu.

— Passar todo esse tempo longe de você me fez apenas perceber que eu te quero muito mais do que imaginava! Namora comigo?

Apenas sorrio. E esse é nosso legado para a humanidade.

Eu nunca fui fã de histórias de amor, nunca coloquei tanta fé que elas poderiam ser tão incríveis e mexer tanto com a gente. Mas Levi me fez descobrir uma coisa nessa vida: borboletas no estômago podem ser tão reais quanto o nosso medo de encontrá-las. E por incrível que pareça, eu estou feliz por tê-las aqui. Porque elas viraram não apenas uma parte de mim, mas uma parte de quem ele me tornou. E eu sempre irei amá-lo por isso! 

Oiiii amores, tudo bem com vocês??

Nunca mais fiz uma nota, então vim aqui apenas bater um papo com vocês! Esse é o último capítulo de DDA (PASMEM), por isso queria saber o que vocês acharam desse final, do desenvolvimento dos casais, da vida deles, da trilogia em si... E aí?!?! Conversem comigo, vai!!

OBS: ainda vou fazer a atualização do Epílogo e também da playlist. Se quiserem, também faço a entrevista com os personagens, assim como fiz em ADI. O que acham?

Respondam aqui SIM ou NÃO para a entrevista.

PS: quem responder "sim" deve enviar logo as perguntas para os devidos personagens (pode ser uma ou quantas quiserem).

PS2: Para quem ainda não conhece ou não sabe como funciona a entrevista, vou explicar: se o livro acabou e você ficou com alguma dúvida sobre algo ou sobre algum personagem, você pode ter a oportunidade de conversar diretamente com ele. Sim, isso mesmo! Basta mandar a pergunta e direcioná-la a quem você quiser que responda. Mais à frente eu atualizarei um capítulo com todas as respostas! Sigam o modelo abaixo:

PERGUNTA: (ex.1) "Samantha, quando você percebeu que gostava do Leo?"; (ex.2) "Levi, você conheceu alguma garota que te chamou atenção quando estava no Canadá?"... Enfim, esse é o modelo. SEJAM CRIATIVOS!

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⏩ (MUDANDO DE ASSUNTO) ⏩

Quem aqui já viu meu livro novo?????

O QUÊ???? VOCÊ AINDA NÃO VIU?????? FALA SEEEEEERIO!!!! TÁ ESPERANDO O QUÊ???? CORRE LÁ, MERMÃO!!!!

Gente, já atualizei minha obra nova (que começará a ser publicada em julho) e ela está disponível para vocês adicionaram às suas bibliotecas e listas de leituras. A sinopse já está lá e muito em breve vou atualizar o próximo pra vocês!!! É uma obra de ficção científica (com um pouco de fantasia, drama, romance, ação e aventura) chamada OS IGUAIS.

(Pra quem tem dúvidas/curiosidades sobre o gênero: sim, OI também é uma obra cristã, mas vou aprenzentá-la de uma forma bem diferente do que estão acostumados.)

Enfim, galera... É isso. Espero (de verdade) vocês por lá! Grande beijo e fiquem com Deus!! Beijos 😙❤

- SophiieM ❤