Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 3

(Ícaro)

A casa do Samuel é um sobrado, enfrente à praia.

Todos estão na extensa varanda do andar de cima, vendo o festival de fogos de artifício, comendo e comemorando mais um ano que se inicia.

Vim para a cozinha pegar mais um copo de Sprite e me deparo com Kaynon, que acaba de sair do banheiro social. Assinto com a cabeça e ele se aproxima.

— E aí? — "Cumprimenta".

— E aí. — Respondo. Ficamos nos encarando por alguns segundos. Sei que há algo estranho pairando no ar. E dentro de mim também. — Quer refrigerante? — Aponto para a garrafa de dois litros sobre a mesa. Kaynon nega com a cabeça, puxa uma das cadeiras e senta. Olho para a escada, para constatar que ninguém está descendo. — O que você quer com a Amanda, cara? — Pergunto, me impressionando comigo mesmo pela pergunta que fiz. Eu realmente queria perguntar isso?!

Ele franze as sobrancelhas por uns segundos e por fim enche um copo com refrigerante.

— Por que ela tinha que espalhar pra todo mundo?! — Questiona, e então sinto meu sangue ferver. É como um instinto protetor. Que estava dentro de mim e eu não havia descoberto. Não até agora, tendo a chance de esclarecer todas as coisas.

— Nós somos melhores amigos! — Falo entre os dentes.

— Pensei que a Sarah fosse sua melhor amiga!

Aperto os lábios e inspiro devagar. — Algum problema?

— Nenhum. — Responde, e passam-se mais alguns segundos em silêncio total.

— E então? — Pergunto.

— Então o quê?

Respiro fundo e solto o ar, fazendo um pequeno barulho com a boca. — Por que você tentou beijá-la?

Ele pensa um pouco. — Isso não deveria ser da sua conta!

— Mas é. — Ponho o copo novamente sobre a mesa. — Se você acha que pode vir do seu país de primeiro mundo achando que, por conta disso, você é melhor...

— Escuta, você quer chegar aonde?! — Me corta. — A questão aqui não era por que eu tentei beijar a Amanda?! Minha vida pessoal ou o país onde vivo não deveria fazer diferença alguma! A não ser que você seja um ignorante!

Respiro fundo novamente e cerro os punhos. — Você gosta dela!

Kaynon sorri e franze a testa. — Você gosta dela? — E consigo perceber a ironia em sua voz.

Analiso sua pergunta e penso no que responder, mas antes que eu tenha tempo para isso ouvimos Samantha descer as escadas.

— Vim pegar água. — Anuncia.

Apoio-me nos braços da cadeira à minha frente e levo as mãos à testa. Quando levanto a cabeça novamente Kaynon já está terminando de subir as escadas.

Olho para Samantha e percebo que ela já estava me encarando.

— O que houve aqui? — Suas sobrancelhas estão franzidas e consigo perceber a preocupação em sua voz.

Ignoro sua pergunta sentindo meus músculos ainda tensos, mas assim que dou uns passos em direção à sala, ela põe a mão direita em meu ombro e me faz parar.

— O que houve aqui, Ícaro?! — Sua voz é firme e cheia de uma autoridade que impressiona. Ela tem um jeito natural de manipular as pessoas.

Respiro fundo. — Não sei! — Respondo, então me solto da sua mão e ando em direção ao sofá.

— Não sabe?! Como assim "não sabe"?! — Samantha questiona assim que chega à sala, ficando à minha frente.

Fecho os olhos e tento me acalmar para não descontar nela todo o fluxo de emoções que se passa dentro de mim agora.

— Por favor, Samantha... — Começo, com os olhos fechados.

— Ai, meu Deus! — Ela senta ao meu lado e põe uma das mãos na minha perna. — O que aconteceu naquela cozinha, Ícaro?!

Abro os olhos e viro-me para ela. — Caramba, Samantha! — Exclamo e me levanto. — Como você é insistente!

Mas assim que me viro ela também levanta, põe as duas mãos sobre os meus ombros e me empurra contra a parede. — Sobre o que vocês estavam falando, Ícaro?! — Pergunta séria e compassadamente.

Franzo o cenho enquanto a encaro nos olhos, já sabendo que não vou poder escapar mesmo do seu interrogatório.

— Responde, Ícaro! — Pressiona, aumentando o volume na voz.

— O idiota do Kaynon tentou beijar a sua irmã, caramba! — Elevo finalmente o tom de voz e me desfaço outra vez das mãos de Samantha, mas me deparo com Amanda em pé no alto da escada, me encarando com os lábios entreabertos.

Solto um suspiro frustrado, balanço a cabeça e ando a passos largos em direção ao quintal, ouvindo as passadas rápidas de Amanda atrás de mim. Droga!

Quando chegamos ao quintal eu viro em sua direção e ela logo para à frente da porta, me encarando sem reação.

— Ícaro! — É o que diz, e então respira fundo. Está com as sobrancelhas franzidas.

— Eu não...

— Você brigou com o Kaynon?! — Ela pergunta, dá uma rápida olhada para trás e depois caminha até mim sobre o gramado.

Levo as mãos à cabeça e dou passos curtos de um lado para o outro. — Eu...

— Então você se preocupou com isso?! — Ela pergunta, e tenho certeza que consigo ver um fio de esperança em seu olhar.

— Olha, Amanda, eu só... — Tento explicar e espero que ela me corte outra vez, mas ela apenas fica em silêncio, escutando-me com toda a atenção possível. — Eu...

Franzo as sobrancelhas e percebo a confusão que se forma dentro de mim.

Minha mente não para de voltar ao episódio que aconteceu um ano atrás.

Estávamos no aniversário de 15 anos da Sarah. A festa já estava no final e eu tinha ido para o lado de fora já desatando o nó da minha gravata. Eram aproximadamente 3 horas da manhã e quase todos os convidados dançavam dentro do salão. Apenas nós dois estávamos fora.

Amanda estava com um vestido azul claro, e seu cabelo laranja ainda estava na altura dos seios, com as pontas enroladas.

"O que você está fazendo aqui fora, sozinha?" Perguntei, me aproximando. Ela estava em pé a alguns metros da piscina, com os braços cruzados. Quando ouviu minha voz, virou em minha direção e abriu um largo sorriso, movimentando o pescoço para trás.

"Estava planejando dar um pulo nessa piscina. Começar o ano com uma atitude radical!" E então sorriu novamente, já abaixando a coluna e descalçando os pés de seus saltos dourados.

"Nossa, que radical!" Exclamei com ironia e me aproximei, retirando a gravata que eu havia acabado de desatar e também o terno.

Quando viu que eu havia tirado o terno, ergueu as sobrancelhas e abriu um sorriso satisfeito. Tirou o par de brincos das orelhas, o colar e a pulseira do seu braço esquerdo. Sorri de volta para ela e tirei os sapatos, as meias e, por último, a camisa.

Amanda olhou para mim com os olhos arregalados e a boca aberta em formato de "O". Abri um meio sorriso malicioso e ergui as sobrancelhas.

"Está frio, Ícaro!" Ela exclamou, meio boba e sem reação.

Sorri novamente. "Não importa!" Então corri em direção à piscina e, antes de pular, a puxei comigo.

No instante seguinte sentimos o choque com a água extremamente gelada em nossos corpos. Quando nos erguemos para a superfície percebi que ainda estávamos de mãos dadas, e acabamos ficando frente a frente.

Eu não sentia nada por ela, mas naquele momento estávamos a apenas alguns centímetros de distância, ambos molhados na piscina, em um lugar lindo, com a música do salão ao fundo. Começamos a nos encarar por muito tempo, e o sorriso sumiu dos nossos lábios, deixando apenas um clima constrangedor entre nós.

Se fosse em um dos filmes que a Safira gostava de assistir, aquela seria a cena do beijo perfeito. E nenhum de nós tinha dado o primeiro beijo. Era mágico demais.

Mas como disse: eu não sentia nada por ela. Ou pelo menos até o momento em que nossos lábios se encontraram.

Eu segurei o seu rosto com as duas mãos e a aproximei devagar. Em nenhum momento ela hesitou, então apenas continuei. A puxei, e logo nossos lábios se colaram. Ela pôs as mãos pelas minhas costas e o resto foi automático. Era uma sensação gostosa e eu queria mais, mas quando abri os olhos eu só consegui sentir vergonha.

Vergonha e raiva de mim mesmo. Porque eu havia beijado uma das minhas melhores amigas.

"Me desculpa por isso!" Foi o que falei.

Amanda continuou me encarando. "Não, foi... Bom!".

Eu segurei o olhar por mais uns segundos, com um pouco de pena dela — e de mim mesmo — e depois virei o rosto para sair da piscina.

Foi quando vi o corpo de Sarah do outro lado da grande janela de vidro do salão. Ela estava com uma das mãos no vidro, nos olhando como se tivéssemos acabado de cometer o pior erro de nossas vidas.

Saí da piscina com ódio de mim mesmo e deixei Amanda lá. E depois fiquei com mais ódio de mim ainda porque a última vez que me referi a ela naquele dia foi com um "Vamos esquecer o que houve aqui."

Eu não poderia ter sido mais idiota e cafajeste do que aquilo! E nós três ficamos estranhos por vários meses, tudo por minha culpa.

Entretanto o tempo foi passando e eu percebi que, na verdade, eu nunca esqueci o que houve ali.

— Você o quê? — Ela ainda espera que eu complete.

De repente, me sinto envergonhado na frente dela. Porque o Kaynon fez exatamente o que eu deveria ter feito: evitado aquele beijo, evitado tê-la magoado, evitado me apaixonar.

— Me desculpa! — Então mudo o olhar de direção e saio do quintal, andando diretamente para a varanda, onde estão todos, onde esse assunto não poderá ser mencionado tão cedo. 

Deixo-a sozinha novamente. Fazendo o que há um minuto atrás queria ter evitado. Cometendo o mesmo erro outra vez. Evitando encarar a realidade. O que há de errado comigo?!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro