...
— Já me decidi, irei chamar ela de Cherry!

— Isso.. não vai ser nada bom.

• Opening:

•17 de setembro de 2021

— Escuridão... não vejo nada além de.. escuridão... por quê vocês são assim comigo ? E-eu não tenho culpa de ser defeituosa...

"Por que você está chorando?"

Fui criada pelo melhor cientista do país, ele era admirado por todo o mundo pelas suas incríveis criações.

Acreditava que meu criador tivesse planos melhores para mim ao ter me colocado no mundo, ele ficou tão feliz por ter conseguido me criar.. ele sempre quis ter uma filha, mas não conseguia ninguém por ser... feio.

— Filha.. diz papai!
— papai! papai! Te amo!

Os dias eram felizes, nunca mais vi aquele homem triste desde seu último fracasso. Ele me levava para brincar, tomar sorvete ... me sentia uma pessoa de verdade, uma humana.

Mas... a vida não passa de um mar de Rosas, realmente. Podemos nos cortar no meio de toda essa beleza, e o fim desse meu relacionamento com meu criador não foi diferente.

— Papai, o senhor está bem? Parece ter bebido muito, deixe me te ajudar! Ah, quase esqueci, eu preparei sua comida favorita!

— So-...

— Ah? Você quer dizer alguma coisa?

— So-some da.. some da minha frente, aberração! (soluça).

—Pa-papai, deixe eu ajudar o senhor, não está racionando o que di-

— NÃO ENCOSTE EM MIM! Você não é minha filha, nunca será! Eu.. eu tentei de verdade te encarar como minha filha, mas eu preciso acordar pra vida. Eu sou horroroso, mereço viver sozinho, então por quê ainda estou com você?

— Pai- não diga essas coisas, está me machucando...

— Machucando o quê? Você é uma sucata e apenas isso! Eu que te programei para ser o que é, se eu quisesse poderia ter feito coisa melhor ao invés de você!

—...

Aquelas palavras foram tão dolorosas quanto uma agulha perfurando um coração. Quem diria que ele descartaria algo que criou com tanto afeto, mas parece que ele não me vê mais que só uma máquina.. um pedaço de metal ambulante.

•27 de setembro de 2021.

No começo da guerra das máquinas contra pessoas eu não estava entendendo o que acontecia do lado de fora de nossa casa, tudo que era possível escutar era apenas gritos, explosões e coisas destruindo. Meu criador.. ele..

— E-ei, o quê você está fazendo, papai? Para por favor, não faz isso comigo! PAPAI!

— Você é a única arma que me restou, preciso reaproveitar!

Parafuso por parafuso ele foi me desmontando.. eu sabia. No final acabou que me transformou em uma arma fatal, fez meu núcleo conter uma poderosa arma capaz de destruir um país em questão de segundos.

Mas, por quê? Por que fez isso comigo? O que eu fiz? Me diga! E como se não bastasse esse problemão ele me deixou sem um braço... por quê? Bem, gostaria de não lembrar do momento em que meu criador e papai morreu em minha frente.

Lembro desse dia assustador, meu pai caindo diante de mim comigo sendo incapaz de mover um dedo para salva-lo na situação que havia me deixado, desmontada... tudo que me restava era assisti-lo caindo em câmera lenta sangrando.

Soldados? Não.. máquinas. As mesmas que minutos depois me montaram, retirando as minhas lembranças preciosas que eu tinha do meu criador, depois disso acontecer, tudo que tinha pelo chão era só um cadáver qualquer. Essa pessoa.. me é familiar.. Essas foram minhas últimas palavras, pelo menos até passar pela porta com outros android como eu, dizendo que me resgataram.

Qual motivo dessa matança? Máquinas e humanos sempre foram tão unidos... parece que estavamos enganados, mas.. quem foi o causador? Muito difícil de saber.

— Ei! Você é a novata que foi resgatada, não é mesmo? Eu me chamo 273°, mas pode me chamar de Umaro! Seja bem-vinda a nossa família.

Aquele Android, mesmo tendo uma guerra tremenda acontecendo, era possível ver que ele ainda era capaz de sorrir. O que ele era antes de se tornar um soldado?

Me vejo em uma zona de abrigo para robôs, pelo visto é aqui onde se equipam para o outro round, se saírem com vida. Pelo que parece todos tiveram suas lembranças boas com humanos apagadas, mas eu.. eu ainda sinto que lembro de algo..

— Oi, você.. você é como eu, não é?

— A-ah..?

— Dá pra ver nos seus olhos, você sente que está esquecendo de algo, está angustiada por isso, você sabe que isso é uma guerra desnecessária.

Aquela pes- não, não era uma pessoa. Aquela android era feliz e colocava firmeza em suas palavras, se é como eu então.. por quê era feliz? Mesmo não lembrando do que aconteceu antes, não consigo mais sorrir, sinto que não sou mais capaz de fazer isso.

— Me chamo Mio, sou a android 324. Sinto que seremos boas amigas!

Mio.. que nome bonito. Sua companhia é reconfortante para mim, uma amiga ein? Meus dias com Mio começaram a ser alegres e aos poucos eu voltava a sorrir, em plena guerra conversávamos como se tudo fosse normal! Como ambas não se lembravam de nada, então foi mais fácil de nos tornarmos melhores amigas, pois é como se tivéssemos nos conhecido desde nosso nascimento.

—  Já nos conhecemos a tanto tempo desde aquele dia que nos vimos pela primeira vez, não é?

— Sim

— Você sempre foi muito inquieta durante esse tempo que conversamos, mas acho isso legal em você.

— Também gosto de você, Mio!

— Ehehe. Aliás, tudo que sei é seu número de identificação, você não tem nome?

— ... não lembro.

— Ooh, isso é bom! Posso te dar um nome?

— Sim!

Aquela garota Android enquanto fazia uma pose tosca de super heroína, dizia enquanto apontava para mim.

— Você, a partir de hoje será... CHERRY!

— Cherry?

— sim, significa cereja. Minha fruta favorita!

— Ooh, gostei!

Mio era esperta, inteligente, bonita.. as vezes a invejo! Mas sou feliz em tê-la ao meu lado, às vezes ela sempre vem com um papo estranho de anjo divino que acabaria com toda essa guerra e traria salvação novamente para o mundo, mas para mim aquilo não passava de esperança, por isso apenas escutava com um sorriso no rosto. Pode ser delírio.. não, é esperança com certeza, e o mais engraçado é o jeito que ela é criativa para criar nomes engraçados!

— Eu acredito que o Ringo irá voltar um dia ... ele vai por um fim em tudo isso.. eu sei que vai.

— Ringo...

— Eu tenho fé no Ringo. — Ela falava sentada enquanto olhava para o teto sorrindo.

• Ending:

— Escuridão... não vejo nada além de.. escuridão.. Por quê vocês são assim comigo? E-eu não tenho culpa de ser defeituosa...

— Ei, acorde! Você está bem?

Vejo uma luz forte vindo.. seria isso um anjo? Essa face me conforta... Abrindo meus olhos eu vejo o anjo.

"Quem.. é você?"

Próximo capítulo:
Capítulo 5: Um novo amanhã