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○1. - Pest-1


(ilustração da capa por minha autoria)

Não se passa um dia sequer em que a garota não recorda com angústia no peito àquele dia.

A chuva caía fina do lado de fora da Escola Santa Trindade, a qual Alex frequentou desde que aprendera a andar. Com a cabeça encostada na janela e os olhos perdidos nas finas gotas de água que escorriam pelo vidro, estava completamente alheia à aula da professora Neide sobre diagonais de um polígono.

O alarme de emergência disparou.

Ninguém se preocupou, como de costume. Afinal, simulações de situações de risco eram frequentemente impostas na escola pelo menos uma vez por semestre. O alarmante foi quando as luzes se apagaram, mergulhando a sala – e toda a instituição – em um breu, o que fez todos imediatamente olharem janela afora, à procura de luz.

Foi quando viram. Mais de uma dúzia de homens com roupas de proteção branca entraram às pressas na escola e as pessoas lá em baixo saíam aos montes, perplexas. Não era uma simulação.

Alex não conseguiu reagir. Ficou apenas olhando para o rosto pasmado da professora Neide enquanto essa tentava calmamente tirar os alunos da sala. Mas, ao olhar para a porta, uma feição conhecida chamou sua atenção. Ivan, seu irmão, irrompeu pela sala e a tirou do transe. Segurou em seu cotovelo e a puxou em direção à porta, costurando por entre as pessoas em pânico.

Nenhuma palavra foi trocada, mas no irmão mais velho ela sempre viu um porto seguro. Estavam indo para casa.




"Já foram registradas pelo menos 2.700 mortes em menos de uma semana por conta do vírus no litoral sul do estado de Amanaci."

"A pandemia do vírus que estão chamando de Pestilentia 1, ou PEST-1, já atingiu proporção mundial e botou o mundo inteiro em quarentena. A contagem de mortes já passa de sessenta e cinco milhões."

"Os sintomas do vírus assemelham-se ao Ebola, com a diferença de ser transmitido também pelo ar. Os sintomas iniciais incluem febre, dor de cabeça, dor muscular e calafrios. Posteriormente, a pessoa pode sofrer hemorragia interna, resultando em vômitos ou tosse com sangue."

"Os leitos de todos os hospitais pelo mundo inteiro estão lotados. Ainda não há casos de pacientes curados."

"As autoridades recomendam estritamente que não se saia de casa."



A rotina dos Annenberg consistia em se sentar no sofá de casa, em frente à televisão, e ouvir notícias como essas o dia inteiro. Lado a lado, pai, mãe e irmãos dividiam as refeições industrializadas que haviam estocado na casa com a esperança de que em breve teriam boas notícias.

Alex olhava por entre as persianas semicerradas. Os vidros embaçados os separavam de um mundo caótico lá fora.

Chovia todas as tardes em Amanaci. Não se via uma alma nas ruas. Aos doze anos, Alex era muito inteligente e precisou amadurecer rápido. Ela tinha medo do que aconteceria se abrissem a porta de casa.

Situações de pandemia como essa pareciam estar muito distantes de sua realidade.

Era algo que lia em livros de história e via em filmes distópicos. Membros da família e amigos esperavam em corredores de hospitais para receberem diagnósticos que já conheciam, mas a esperança era algo comum em todos. Cientistas iriam descobrir em breve algum meio de, ao menos, retardar a dissipação da doença.

— Deus está nos castigando? - Deixou escapar certa noite, quando a mãe fez questão de colocá-la na cama.

A pergunta a pegou de surpresa.

— De onde tirou isso, querida? - Seus finos dedos se entrelaçaram pelo cabelo castanho claro da filha.

- Vi na TV.

- Não deveria acreditar em tudo o que vê na TV. - Fez uma longa pausa e Alex teve certeza que viu seus olhos marejarem. Estavam cansados. A mãe nunca chorava em sua frente. - Vai ficar tudo bem, minha querida. Deus está conosco.

Para ser sincera, a garota nem tinha convicção de quem era Deus.




A noite lá fora corria fria enquanto Alex dormia mais uma noite mal dormida. Seus sonhos conturbados foram interrompidos por uma ardida sensação no braço direito. Acordou desnorteada, os olhos se acostumando ao escuro. Seu cérebro demorou a processar o que acontecia. Havia uma seringa em seu braço e sua mãe injetava algo tremulamente.

— O quê...? Mãe? - Alex levantou e por instinto tentou desvencilhar-se da sensação de queimação em seu braço. Outra silhueta escura sentada em sua calma segurou forte e carinhosamente suas mãos.

— Pronto, pronto, já acabou. - Seu pai a amparou. - Precisa acordar agora, filha.

Alex olhou no relógio. 3:47 da manhã.

Não pensou em questionar. Sua mãe tirou a seringa de seu braço e colocou um pequeno curativo.

No segundo seguinte, já estava fora do quarto. Acendeu a luz ao sair e murmurou algo como "Seja rápido" para o marido.

Sentada à cama, seu pai ainda não ousou soltar suas mãos.

— O que está acontecendo, pai?

Este por sua vez não conseguiu responder. Pôs-se de pé e abriu o armário da filha.

— Arrume suas coisas, Alex. Só o essencial, pode ser?

Era impossível tentar entender o porquê. Estavam condicionados àquela casa pelos últimos dois, três meses. Ela não conseguiu perguntar. Tanto o pai quanto a mãe pareciam à beira de um colapso nervoso. Tinha tantas perguntas que não sabia se questionar a injeção em seu braço era prioridade.

Correu para fora do quarto bem a tempo de ver sua mãe parada em pé ao lado do sofá com uma das mãos repousando pensativamente sobre seu próprio ombro enquanto batia um dos pés no chão repetidamente, de modo nervoso.

Ivan estava sentado no sofá com a luz da televisão iluminando seu rosto. Tinha um curativo em seu braço direito, assim como a irmã. Debruçado sobre os joelhos e com as mãos tapando a boca, parecia incrédulo ao ouvir a notícia. A garota correu para sentar ao seu lado e aumentar o volume da televisão.


"Notícia Urgente! A partir de agora até às 10 da manhã desta segunda-feira estaremos iniciando medidas de evacuação da cidade por conta da disseminação em grandes proporções do PEST-1. As autoridades afirmam que ao Norte, em Aracê, a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, há um lugar equipado para suportar grande parte dos habitantes."

Isso é perfeito!, Alex pensou. Por que estariam todos tão tensos?

Olhou para o rosto de seus pais, juntos lado a lado, e depois para o irmão, que não desviou os olhos da tela.

"Estaremos dando prioridade para as crianças e adolescentes menores de 17 anos. Apresentem-se com seus filhos até às 10 na estação de trem mais próxima. Equipes especializadas irão ampará-los até que os reencontrem em breve. Caso não seja detectado sinal do vírus no indivíduo, tiraremos primeiro os mais jovens daqui."


Silêncio.

O pai colocou a TV no mudo e olhou para o rosto dos filhos.

— O que estão esperando?

A esposa começou a chorar ao seu lado, mas virou a tempo de esconder as lágrimas e um soluço. Já estava recomposta.

Ivan olhou para a irmã.

— Não podemos ir sem vocês. - Disse exatamente o que ela pensava.

— É claro que podem, não sejam tolos. - A mãe conseguiu pronunciar. - É uma ótima oportunidade. Eles finalmente vão nos deixar sair desse ninho.

— Temos que ser rápidos. A transmissão já está no ar há quase uma hora. As estações de trem vão estar uma loucura. - Disse o pai.

- Pai, isso é loucura. - Ivan tentava soar calmo, mas estava impaciente. Puxava os cabelos da nuca como se tentasse agarrar-se à algo. - Uma criança não pode nem atravessar a rua sozinha! Eles querem que viajemos pra... Aracê sem vocês... Eu nunca estive em Aracê. Isso é loucura.

— Não vamos sem vocês! - Alex quase gritou, agora se permitindo chorar.

A mãe pensou em gritar, mas não é assim que queria que seus filhos se lembrassem dela. Ao invés disso, se colocou na frente da mais nova.

— Faça as malas, Alex. Não temos escolha. - A mão do marido pousou em seu ombro e ela entrelaçou seus dedos nos dele. - É o que posso fazer para dar a você e ao seu irmão a chance de uma vida melhor. - Seus olhos repousaram no filho mais velho. - Cuide da sua irmã, ok? Vamos estar juntos em breve.

Ivan não conseguiu responder. Aos dezessete anos, nunca imaginou tanta responsabilidade, mas passou confiança. Mais para si mesmo e para a irmã mais nova que o olhava do que para os próprios pais.

— Andem, saímos em dez minutos. 




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