"Acho que gostei da maneira como você anestesiou toda a dor
Agora o dia sangra
Ao anoitecer
E você não está aqui
Para me fazer passar por tudo isso
Eu baixei minha guarda
E então você puxou o tapete."

Lewis Capaldi - Someone you loved.

Depois do meu histórico de namoros, que apesar de poucos, foram fracassados, tudo que eu mais queria era distância de garotos.
Na verdade eu queria ficar longe de tudo e todos, já era solitária antes, mas estava melhor,  as pessoas não me magoavam por motivos e histórias bobas.

Malcolm Ward.

Um garoto lindo, não era um dos mais populares do colégio, mas também não era invisível, podia ter qualquer garota que quisesse.

Eu consegui me afastar de tudo, até ele aparecer. Foi gentil e atencioso comigo, só ficou lá me deixando ignorá-lo, foi tão doce da parte dele...

Naquela semana, com ele sempre no meu pé, fosse na escola, na rua ou na costumeira sorveteria, me fez sentir especial, eu precisava daqueles elogios e de tanto o ignorar até me senti mal, e decidi ceder.

Ficamos amigos e essa amizade era tão boa, ele me fazia rir tanto e de alguma forma me alegrava, mesmo não me conhecendo mais do que as pessoas diziam na escola, ele foi meu amigo,… por um tempo.

Malcolm tentou me beijar um dia e eu me afastei, aí ele falou coisas idiotas como um "Ah qual é? O que custa um beijo? Você já fez mais do que isso. " Eu briguei com ele por isso e ficamos sem nos falar por alguns dias.
Depois ele apareceu e pediu desculpas, parecia estar sendo sincero e quase implorou.

Apesar de tudo, a gente ainda quer acreditar que existem garotos bons, e é nisso que acreditamos.

Eu dei uma segunda chance para Malcolm… Sarah tola!

Ele parecia estar mesmo interessado em mim, mas eu não me sentia segura comigo mesma, então, achei que talvez o contando a razão da minha insegurança, ele fosse compreender.

Decidi me abrir e escrevi uma carta falando sobre coisas que nunca tinha tido a coragem de falar com ninguém, falei sobre como a vida estava sendo difícil para mim e do quanto eu me sentia sozinha.

Não o tipo de solidão de achar que vou ficar sozinha para sempre, sem amor ou assim. Estou falando daquela solidão, que parece que não sobrou nada dentro de nós, como se o mundo tivesse sugado tudo e ficasse tudo um completo vazio. Ou ainda, como se estivesse se afogando e ninguém te jogasse uma corda. É assim que eu me senti depois do que Malcolm me fez, e quando se está afogando nesse tipo de solidão, a gente se agarra a qualquer coisa, não importa o quão ridículo seja, até a uma pedra nos agarramos e ela nos leva para mais fundo, até percebermos que já é tarde demais.

…

Assim que mandei aquela carta, achei que talvez ele fosse compreender e ser meu ombro amigo, mas ele fez o contrário e transformou meus mais profundos sentimentos, num espetáculo público.

Ninguém sabia quem tinha escrito aquilo além de eu  e Malcolm, mas isso não foi o suficiente para me fazer sentir melhor.
" Quem escreveu isso, só pode estar querendo chamar atenção "

Eu estava mais depressiva e isso não era nenhum drama, por isso, eu não entendi porque ele fez isso comigo... Ele nem ao menos reagiu, agiu como se nada tivesse acontecido, e isso me machucou.
Destruiu meu espírito.