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O limite do quadrado amarelo

Ulukie apareceu no bar e olhou para todos como se nunca tivesse visto qualquer uma daquelas pessoas durante a sua vida inteira. 

Ele guardou a arma, respirando fundo e tentando se acalmar o suficiente para saber aonde colocar as mãos, já que resistia ao impulso de colocá-las ao redor da cabeça e gritar aos céus que tudo estava acabado. Foi necessário todo o autocontrole que ele obviamente não tinha para que conseguisse encarar aquele povo sem ter um ataque nervoso. Ele não estava com cabeça para explicar tudo; Explicar tudo era só perder mais do tempo que ele não tinha, portanto resolveu ser rápido e não dar grandes desculpas. 

- EU VOU EMBORA. TCHAU. - Declarou aos berros, já tirando o cartão do bolso para que pudesse chamar o elevador. Ulukie estava meio transtornado e tinha certeza absoluta de que seu desespero era bem visível, mas não se importava de ser taxado de louco, pois se realmente fosse, não seria como se muitas pessoas fossem ficar surpresas. E ele estava com pressa. Tudo na vida de Ulukie era banhado em pressa. 

Demian nem Loydie se comoveram muito com a agonia alheia, pois estavam jogando cartas e já estavam acostumados com a gritaria, já que naquele lugar sempre tinha alguém gritando. Cheryl franziu um pouco o rosto, mas também não disse nada, e continuou bebendo algum drink esquisito que havia feito com o resto de bebida que tinha sobrado depois de ela e Demian terem acabado com quase tudo. Charlie nem percebeu nada. Ele estava com um score alto no tetris, e nem se anunciassem a terceira guerra mundial dando tiros de canhão no teto ele iria se abalar ao ponto de se distrair da tela de seu gameboy.

Frank se levantou em susto, enquanto Ulukie já havia fechado a porta atrás de si e chamado o elevador. O estagiário se aproximou, meio preocupado. Era meio difícil lidar com o humor volúvel do chefe; Uma hora ele parecia odiar a existência de todo ser vivo da terra, e na outra, parecia estar fugindo da máfia. Nas duas situações existia apenas uma constante: Aflição em sua forma mais pura e exasperada possível.

- O que houve? - Perguntou, tentando soar calmo, mesmo que não ver o demônio esquisito que havia entrado ali a alguns minutos nem a fantasma que também deveria estar no banheiro fosse meio estranho. Frank não podia aparentar desespero pois o papel de  desesperado era de Ulukie, não dele. Se Frank perdesse o controle, quem diabos iria impedir que o outro tivesse um colapso? E o que inferno aconteceria se o chefe realmente surtasse de vez? Tentou não pensar muito nas respostas para essas perguntas, pois aquilo apenas o levaria para uma espiral de pensamentos complexos e emaranhados que não lhe mostrariam solução alguma. Não que ele culpasse o chefe por estar nervoso, já que tudo era tão difícil e complexo que uma hora realmente se tornava impossível de manter a calma, mas talvez aquilo fosse ruim para o coração ou coisa pior. E tudo isso preocupava Frank, como sempre.

Mas não era como se pudesse piorar muito, de qualquer jeito. Estresse podia matar, mas Ulukie iria morrer dali a alguns dias mesmo que fosse um monge budista.

- Houve coisas. Preciso ir pra firma e avisar o povo acima da gente. Isso aqui já não é mais da minha alçada, Frank, isso aqui já virou coisa de louco. - Ulukie começou a bater na porta, impaciente, ao mesmo tempo que gesticulava falando com Frank. Os elevadores nunca eram rápidos quando se precisava deles. - Mas você vai ficar aqui até eu resolver tudo, ok? - Deu uma de suas armas pra o outro, enquanto começava a chutar a porta, como se chutá-la fosse agilizar o processo de chegada do elevador. Ulukie não queria deixar Frank sozinho. Ele nunca iria admitir, mas se preocupava tanto com ele que preferia fingir que não ligava, para que o sentimento não se intensificasse. -  Se você atirar em si próprio de novo eu te mato, mesmo que seja impossível no seu caso. Me chama se precisar. Não faz besteira. Se cuida. Essas coisas e tal.

Antes que Frank pudesse dizer qualquer coisa ou empurrar a arma de volta para o chefe, o elevador chegou e Ulukie entrou nele feito um raio. As portas se fecharam. Logo, ele não estava mais ali.

***

Ulukie estava no elevador, batendo o pé no chão de forma frenética, sentindo sua própria alma se contorcer enquanto ouvia Raindrops Keep Falling on My Head, do B.J. Thomas. Músicas de elevador eram um de seus maiores pesadelos, junto com os elevadores em si, já que ficar parado por quase um minuto ouvindo música calma fazia ele se sentir mais ansioso ainda. 

E ainda por cima estava frio. Ulukie estava sem camisa, enrolado em seu casaco, parecendo um dependente químico que tinha sido espancado, já que ainda estava sujo de sangue. O cansaço estava batendo. Ele precisava dormir.

Quando finalmente o elevador chegou aonde deveria, ele apressou os passos pelo corredor pequeno com chão de mármore, indo até a porta branca e pesada que ficava no final do mesmo, a abrindo. 

A sala em que se deparou era pequena e meio esquisita. As paredes eram de um tom claro, e tinham janelas grandes de vidro, que pareciam dar em algum lugar esquisito do universo, aonde todas as realidades se uniam de alguma forma estranha, e ao mesmo tempo, não. Era esquisito. Era uma loucura. Ninguém realmente se importava com isso, no entanto.

Haviam três mesas de escritório amontoadas ali, junto com uma cafeteira, um bebedouro de plástico, algumas caixas de papelão e uma bicicleta enferrujada. A única alma viva ali, além de Ulukie, era uma mulher que estava sentada em uma das mesas, falando com alguém pelo Skype. Seu nome era Ive-Tyodoria, mas ela já havia perdoado os pais por isso. Chamavam ela de Ty. Parecia ter em torno dos 40 e poucos anos, e usava roupas de estilo meio hippie com chinelos de dedo, tudo o que não se espera do que a princípio era algum tipo de secretária.

Ty era uma mulher aparentemente comum em suas formas, com ombros e quadris de largura aproximada e um rosto típico de regiões do norte da Europa. O que não era comum nela, no entanto, eram as escamas prateadas que brilhavam com um arco-íris no ponto onde a luz batia diretamente, os cabelos brancos de fios um pouco mais grossos que o cabelo humano, e mais importante que isso, o chifre de aproximadamente dez centímetros saindo de sua testa, espiralado e pontudo. Tinha olhos de pupilas enormes e amarelas flutuando em um mar verde-musgo. Parecia uma sereia unicórnio, só que sem a cauda de peixe. 

Ulukie fechou a porta atrás de si e foi até uma das mesas, do outro lado da sala, sem falar nada. Se agachou, mexendo nas gavetas, procurando papéis, xingando baixo e quase fazendo aquela maldita escrivaninha se desmontar de tanto que ele a chacoalhava.

- Tá tudo bem aí, Luke? - Ty perguntou, se reclinando em sua cadeira giratória cor de rosa, logo após desligar a chamada do Skype. Ela estava falando com um webnamorado. 

Ulukie não respondeu algo audível, apenas murmúrios, e logo colocou meia dúzia de pastas empoeiradas em cima da mesa. Ty respirou fundo, girando um pouco em sua cadeira de rodinhas.

- Eu ainda não aprendi a adivinhar pensamentos, sabia? Você precisa me contar o porquê de estar seminu e todo fodido, e eu não posso sair desse quadrado para te estapear até que desembuche, então ao menos fale alto.

Ela fez um movimento com os braços, mostrando o quadrado amarelo desenhado no chão, que tomava o espaço exato de sua mesa e cadeira, quase como se fosse uma vaga de estacionamento só que maior. Aquele quadrado era um aviso idiota de "Fique ao menos a três metros de distância dessa mulher peixe ou você pode virar pó.", mesmo que isso não fosse lá muito claro.

Ty tinha a maldição de transformar em pó toda a criatura viva que ela tocasse, mesmo que sem a intenção. Tipo o Thanos, mas sem o estralar de dedos e sem volta. Já era dois anos sem matar ninguém por acidente. Dois anos sem fazer nada muito interessante além do que ver TV.

E ela pretendia que continuasse assim.

- Ao menos se você me estapeasse diminuiria meu sofrimento. - Ele murmurou, ainda agachado procurando algo nas gavetas. 

Ty fechou a cara por um segundo, antes de dar um riso engasgado. Ela acendeu um cigarro de forma despreocupada, e bebeu um gole de água, pois estava tentando ser saudável. 

- Você é mesmo um emo incorrigível. Cadê o Fran-

A mulher peixe foi interrompida por Ulukie, que agora finalmente havia parado de bagunçar arquivos antigos. Ele havia achado a ficha de Charlie e seu caso.

- Aconteceu um bando de merda, Ty. - Falou, se levantando de repente - E eu acho que todo mundo vai morrer. - Ulukie entrou no raio do quadrado amarelo no chão, parecendo que ia desmoronar sobre o próprio peso. Ty se afastou um pouco, ainda com o ar risonho, batendo as costas da cadeira na mesa. Ela tinha medo de tocar nele sem querer. Ulukie nunca seguia as regras do maldito quadrado, mas ela até que gostava disso, na medida do possível, apesar da onda de pavor que lhe causava a possibilidade de transformar ele em cinzas por ocasionalmente ter encostado o dedão do pé na panturrilha do menino.

- O quadrado, Luke. E você está péssimo. Quê que fizeram contigo? - Ela perguntou, meio preocupada. Ty conhecia ele desde que era um moleque catarrento e chorão de cinco anos de idade, e já estava acostumada com todos os seus ataques nervosos - ... Não me diga que a narrativa que a gente tá cuidando é alguma de apocalipse - Concluiu, franzindo o cenho. Ele estava sujo de sangue, então faria sentido que fosse, apesar de ser estranho que alguém no cargo dele se machucasse assim em uma narração simples. 

- O apocalipse já aconteceu com os dinossauros. Nós somos os monstros pós apocalípticos. - Ele declarou, ainda meio mórbido, com um olhar espantado. Colocou a ficha de Charlie sob a mesa de Ty. Ulukie queria conseguir parar de tremer de forma tão idiota. -  O que tá acontecendo é pior. Tem um cara da 19298B narrando a gente agora. 

Ty demorou um pouco pra lembrar do que se tratava os caras da 19298B. Quando lembrou, soltou uma exclamação de surpresa, e foi pegando o telefone. 

- Ah. Isso é meio ruim, né? Puts. Foi esse cara que te machucou assim? - Perguntou, depois de ter discado o número de um dos superiores a eles, agora com o telefone entre sua bochecha e ombro, esperando ser atendida. Ty estava tão tranquila com a situação que Ulukie acabou ficando mais nervoso. 

- Não foi ele. Foi outra coisa. Aquela menina que abriu o portal clandestino pro casamento. Foi ela. Ela explodiu. Aconteceu que... - Ele começou a zanzar pela sala. Ty entrou em ligação com um dos chefes, enquanto folheava o arquivo de Charlie para dar informações. Ulukie resolveu se entupir de café enquanto isso, em uma decisão saudável e nada autodestrutiva.

Depois de quase meia hora, Ty saiu da ligação. Tinha conseguido encaminhar tudo para que lidassem com o caso da melhor forma possível, mesmo que fosse complicado, já que o tal narrador só apareceria quando bem entendesse e era bem difícil de rastreá-lo.

Ulukie estava encolhido do outro lado da sala com seu terceiro copo de café.

- O que disseram? - Ele perguntou, a encarando.

- Colocaram gente mais experiente pra tentar rastrear ele. Não acho que vá demorar muito para o encontrarmos. E o Frank? Ficou lá com o... - Ty olhou com o canto do olho para o nome da ficha em cima de sua mesa - Com o Charlie lá?

- Ficou.

- Bem, é pra ele continuar lá até resolverem, pelo o que me falaram. Precisa ter alguém de olho.

- Ok, então eu vou voltar lá e-

- Você foi tirado do caso. - Ty anunciou, sem muita gentileza. Ulukie franziu o cenho. Ele não fazia ideia do que tinha feito de errado para que chegasse naquela situação. Ele sabia que tinha cometido erros no protocolo de como deveria agir em certas situações, mas nada tinha sido tão grave para que o enxotassem de um trabalho em que estava dando todo o seu sangue e suor para que fosse concluído.

- ... Por quê?

Ty respirou fundo.

- Pega o banquinho.

- O quê?

- Pega o banquinho, Luke.

Ulukie encarou ela como se fosse louca. Ty continuava o tratando feito uma criança, mesmo depois de tantos anos, e era bem difícil não xingar ela por isso, mas ele não queria parecer um adolescente histérico querendo provar que já é adulto. Logo, acabou se dando por vencido e foi buscar a merda do banquinho.

O banquinho estava junto da bicicleta enferrujada de Ty, que não era usada à décadas, já que depois que ela descobriu a maldição que tinha, as coisas ficaram complicadas demais para que pudesse passear ao ar livre. Ulukie o pegou e colocou ali, dentro do limite do quadrado amarelo, e se sentou, dando um golinho em seu copo de café preto, tão forte que poderia ressuscitar um defunto.

- Larga o café. Você vai ter um treco se continuar bebendo isso como se fosse água.

- Eu não mando você largar o cigarro.

Ty riu, Ulukie não. Mesmo assim, ele xingou baixinho e jogou o resto do café em um vaso de planta que estava em cima da escrivaninha dela.

- Você tem 19 dias de vida. - Ela disse, fazendo questão de se manter o mais distante possível dele. Ty obviamente morria de pena do menino, e isso era inegável. - Você tem que aproveitar o resto que te sobra, não ficar se matando pra resolver coisas que tem mais gente capacitada que possa resolver. É isso. Você meio que conseguiu uma aposentadoria. Não brigue comigo.

Ulukie colocou as duas mãos no rosto, com um suspiro. Que bosta. Ele estava sendo demitido por terem pena da vida miserável dele.

- E em vez de falarem comigo, falaram com você pelo telefone para falar pra mim? Tipo, ah, a gente não quer mais que ele trabalhe aqui por causa da ética de que uh, gente terminal tem que aproveitar a vida deles e não ficar enfurnado num escritório. Mas bem, eu fiquei enfurnado quinze anos da minha vida nessa merda de escritório na esperança de que achassem uma cura pra a merda da minha maldição e não aproveitei porcaria de vida nenhuma. Incrível. Bela lógica. Parabéns a todos os envolvidos. - Ele bateu palmas, com um sorriso irônico. Era inacreditável que esperassem que ele tivesse grandes planos para seus últimos dias de vida quando toda a extensão dela foi baseada na hora que ele iria morrer. Ulukie não tinha sonhos a se realizarem como ir para a Disney ou coisa parecida. Ele não precisava de pena e tratamento especial.

Ty teve a decência de não falar que os chefes tinham coisas mais importantes para fazer do que prestar condolências a um jovem com uma corda no pescoço, por isso a informação não chegou até ele pessoalmente, já que foi exatamente isso que foi dito à ela.

- É. Desculpa. 

Ulukie se encolheu, sentado no banquinho. A primeira vez que sentou ali, tinha cinco anos e chorava desesperado. Agora, quinze anos depois, não estava muito longe de chorar tanto quanto antes.

- Não vão tirar o meu cartão, vão? - Perguntou, a encarando com uma esperança desesperada.

- Não. Você não foi demitido.

- Só fui descartado por minha colaboração não ser mais importante já que vou morrer daqui a um tempo. Saquei. Nada igual a uma demissão. Mesmo assim, eu vou voltar e vou ficar lá com o Frank, já que ainda posso usar o elevador. - Ele declarou, e Ty sabia que nada no mundo poderia fazê-lo mudar de ideia.

Ela suspirou, cuspindo fumaça para cima, depois de dar uma tragada no cigarro de menta. Aquele estava sendo um dia complicado.

- Porquê?

Ulukie ficou quieto por um tempo, tentando achar um motivo bom. No final, acabou falando a verdade, mesmo que ela fosse ridícula.

- Eu não quero deixar ele só.

Ty ergueu uma sobrancelha em descrença com os motivos de Ulukie para gastar o resto de sua vida em uma missão infernal. Era esquisito ver ele se importando em não deixar alguém sozinho, já que durante toda a vida ele evitou se apegar muito às pessoas. A mulher apagou o cigarro em seu próprio cinzeiro de vidro, desviando o olhar para a janela que mostrava o universo em sua forma mais esquisita, e tentou pensar em um jeito fácil de se falar o que queria falar naquele momento.

- Eu não sei se vai dar pra você ir agora, Luke.

O tom da mulher peixe era cauteloso e esquisito. Ulukie a encarou, cansado, querendo saber que tipo complicação haveria de ter agora, logo quando ele precisava falar algumas coisas com Frank. Ele sabia que não havia sendo a melhor pessoa pro estagiário, já que só jogava a merda em cima dele e esperava que ele aguentasse. Ao menos, queria poder resolver isso antes de morrer.

- Por que diabos? - Ele perguntou.

Ty suspirou e encarou o menino com toda a presença de espírito que podia ter, tentando lhe passar o mínimo de confiança.

- Promete que não vai surtar?

Ulukie deu um riso engasgado. Ele não podia prometer uma coisa dessas. Mesmo sem resposta, Ty resolveu falar logo.

- Seu pai ligou. Ele quer que você entre na disputa pelo trono. 


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