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Medo de não existir

O som do mar preenchia todos os sentidos de Frank. A água e seu vai e vem o fazia se sentir estranho, quase como se estivesse flutuando, ou quase como se estivesse morto.

Ele estava encarando o céu estrelado, e eram tantas luzes que ele mal se sentia em algum lugar real. Estava de noite, e era frio. Frank sentia um vazio imenso no peito, e esse vazio parecia estar crescendo e crescendo, ao ponto de que em algum momento ele se tornaria o próprio vazio, e depois, não seria mais nada. Era meio desesperador não ser nada.

- Você também explodiu?

Frank voltou um pouco para si ao ouvir aquela voz, pois ela o dava medo. Era como se toda vez que Itzel falasse, algo dentro dele quebrasse de formas horríveis. Ele se esforçou para não sair correndo, já que seria inútil por aquilo tudo ser apenas um sonho, e também porque ele tinha que parar de fugir das coisas feito um covarde. Itzel agora estava sentada do lado dele e Frank teria que lidar isso.

Ele se levantou, sentando-se ao lado dela, ainda tentando manter uma certa distância. Abraçou as próprias pernas, e continuou olhando as estrelas por algum tempo, até resolver falar algo.

- Não sei. Você explodiu? - Frank se esforçou para perguntar. Era difícil forçar uma conversa comum com a pessoa que tinha o decapitado.

Itzel colocou os braços sobre os joelhos, aonde apoiou o queixo. Ela sentia o mesmo vazio que Frank, mas nem por isso eles haviam se tornado próximos ou empáticos um com o outro.

- Explodi. Levei Aretha junto.

Se o mar não existisse, ali estaria em completo silêncio. Frank olhou para Itzel. Ele estava em sua forma de caveira, mas de alguma forma estranha, era possível entender o que ele sentia.

- Você matou ela?

- Pode-se dizer que sim.

Frank ficou quieto. Ele estava com medo de mais alguém ter morrido. Ele nunca havia conhecido Aretha de verdade, mas apesar de tudo, ela não parecia ser alguém tão ruim.

A maré começou a encher. A água do mar começou a molhar os pés dos dois.

- Eu estou com medo. - Foi o que Itzel disse, depois de algum tempo de silêncio desconfortável. Frank olhou para ela de novo. Era difícil entender o que se passava na cabeça de sua mestre, e também era difícil entender o que se passava em sua própria cabeça naquele momento, já que conversar com ela de forma tão pacífica o deixava confuso.

Ele ficou quieto, sem perguntar o porquê dela sentir aquilo. Frank também estava com medo, e talvez apenas isso bastasse.

- Se meu corpo explodiu e eu sou imortal, mas não me regenero, como eu vou continuar viva?

Itzel perguntou, não parecendo estar falando especificamente com Frank, já que olhava para o céu. Mas mesmo assim, Frank resolveu responder.

- ... Sua consciência vai existir pra sempre, mesmo sem corpo. Quando o que sobrou da sua carne começar a se decompor ou a ser alimento dos animais, você vai estar lá, só não vai poder fazer nada.

Era um pensamento meio perturbador, e Frank sabia disso. Sabia que ela iria passar por aquilo algum dia e que ele também iria passar, inevitavelmente. Mas ela ainda podia fazer pedidos. Podia pedir um corpo novo e indestrutível. Podia pedir para virar um robô como nos filmes que Frank havia visto enquanto vigiava Charlie. Podia até mandar ele fazer o maldito portal imediatamente, e ele iria ter que fazer, e assim a existência eterna e miserável a qual agora ela estava destinada iria se extinguir. Afinal, aquilo não era exatamente um sonho, já que Itzel não estava sendo simplesmente projetada pelas memórias dele. Ela estava ali de verdade. Frank tinha a alma fundida com cada um de seus mestres sempre que invocado, e às vezes, conversas por sonho aconteciam. Isso fazia ele se lembrar de Ulukie. Ulukie também podia entrar nos sonhos dele, mas diferente de Itzel, ele não era assustador. Ao menos não sempre.

Itzel deu um suspiro. Ela parecia um pouco desolada, mesmo que ela não fosse de aparentar muita coisa. A maré continuou a subir aos poucos, mas eles não saíram da onde estavam. Itzel deitou de barriga para cima, encharcando a própria roupa e o cabelo cacheado. O céu estava ficando meio vermelho. Era o amanhecer.

- Porquê você atirou em si mesmo tantas vezes? - Itzel fez uma nova pergunta, agora de forma direta para Frank. O cabelo cor de rosa dela flutuava um pouco sobre a água, como se fosse feito de algas, ou algodão doce.

Ele deu um suspiro trêmulo.

- Você me dá medo. Ia me usar de novo. Ou ia matar todos ali, ou ia me pedir o portal. E eu não posso lutar contra você, então eu luto contra eu mesmo. - Frank nunca tinha dito um período tão longo para Itzel, muito menos sem demorar no mínimo uns dois minutos para pensar na resposta antes de falá-la em voz alta. Itzel destruía toda a autoconfiança que ele tinha apenas pelo fato de existir, mas daquela vez, Frank não pareceu ligar. Ele continuou abraçado em suas próprias pernas, e quase parecia com uma criança triste, se ignorassem os quase dois metros de altura e o crânio com chifres.

- Você me chamava de senhora. Ou de mestre. Nunca de "você". - Foi o que Itzel disse, se esparramando na água, boiando um pouco. Ela não parecia brava com isso. Ela só estava ressaltando a novidade.

Frank olhou para ela de novo. Ele não conseguia mais ser tão formal com ela, apesar da hierarquia ser bastante óbvia em sua visão. Ele era um servo. Mas ela tinha matado gente, e feito o inferno na vida dele, e ele não queria servir uma pessoa assim. "Você" pareceu o pronome correto, e por isso ele iria usá-lo.

Frank permaneceu em silêncio. A maré continuou subindo, e as ondas começaram a ficar mais violentas. Agora a água estava quase em seus joelhos. Itzel continuava boiando, seguindo o movimento das ondas.

- Eu quero que tire minha imortalidade.

Itzel disse depois de mais um pouco de tempo em silêncio. O céu estava cor de rosa, e o sol surgia no horizonte.

Frank gelou.

- Não. - Ele disse, irredutível.

Itzel deu um suspiro com a negativa do outro. Lentamente voltou a se sentar, de forma estranha, já que agora a água estava na altura de seus ombros.

- Não?

- Não.

Ela se perguntou se Frank queria que ela passasse por aquilo. Que continuasse viva e sem corpo, apenas uma consciência vaga e perdida sentindo os restos de sua carne e cinzas se espalhando pelo planeta de todas as formas possíveis. Itzel sabia que merecia. Ela sabia. Ela tinha a total convicção de que havia feito coisas horríveis e de que Frank a odiava, mas aquilo parecia um pouco pior do que ela havia pensado que seria quando ela fosse punida por todos seus pecados.

- Eu não fiz tudo isso pois um dia eu acordei e pensei: Nossa, que belo dia para matar membros da elite, tomar um castelo e abrir um portal. Não foi assim. Sim, eu decidi tomar aquele castelo para alimentar o meu orgulho, sim, eu queria abrir um portal que você disse que era extremamente perigoso, e sim, eu cortei sua cabeça fora e mais meia dúzia de coisas horríveis, mas eu não acho que e-

Uma onda meio violenta se chocou contra os dois, fazendo Itzel engolir um pouco de água e se encharcar mais ainda. Frank aproveitou a deixa para falar. Ele sentia como se tivesse algo preso na garganta, como uma vontade terrível de vomitar, e percebeu que tinha começado a tremer um pouco. Talvez fosse frio.

- Isso tudo não é apenas sobre você, Itzel. - Frank colocou as mãos ao redor da cabeça, se esforçando para soar mais calmo do que realmente estava. Ele não era de falar essas coisas ou se impor contra os outros.

Itzel calou a boca. Pela primeira vez na vida ela realmente entendeu que tinha feito merda. Não só consigo mesma, mas com muita gente, e que nada que ela falasse ou fizesse iria mudar isso. Illa provavelmente deveria odiar ela agora também. E até os deuses. Ao menos com os deuses o ódio seria recíproco.

Ela deu um suspiro e se encolheu um pouco, e Frank se esforçou para continuar falando.

- Sendo mortal novamente, você morre por ter tido seu corpo explodido. Sendo mortal novamente, eu viro mortal também, e morro por conta da cabeça decapitada. Ou por conta dos mais de quarenta tiros. - Frank respirou fundo, gesticulando de forma nervosa com as mãos - E talvez eu seja um servo horrível, e eu nem mereça existir, já que eu não presto para conceder um único pedido seu pois todos os seus pedidos acabam machucando alguém de alguma forma e eu não concordo com isso, mas eu agradeço aos deuses por não concordar pois você é completamente egocêntrica e ferrada emocionalmente, e não importa o que eu faça eu não vou poder te mudar. E mesmo que eu esteja sendo tão egocêntrico quanto você por não querer conceder seu pedido de querer morrer para não sofrer mais, eu espero que eu não seja tão vil e ruim quanto eu estou pensando que sou agora, e que eu esteja sendo apenas muito mau comigo mesmo por pensar assim, pois se eu for tão ruim quanto você me faz pensar que sou eu devo ser um total monstro. E eu não gosto de me odiar tanto assim. Não mesmo.

Frank estava com voz de choro. Ele não podia morrer. Não antes de Ulukie morrer, pois ele já sofria demais e Frank não queria ser mais um dos motivos para isso. Ele também não podia morrer antes de encontrar o narrador da maldição de Charlie, pois mais gente acabaria se prejudicando, como foi com Aretha. Ele também não queria morrer pois morrer o assustava, e mesmo que Frank odiasse mostrar dessa maneira as fraquezas que ele tinha, ele estava disposto a implorar para Itzel para que ela não o fizesse fazer aquilo. Implorar para ela nunca havia dado certo, mas ele iria tentar de novo, pois a ideia de morrer agora o assombrava. Frank não se incomodava de morrer uns meses depois de resolver todos os seus assuntos pendentes, já que ele precisava conceder os desejos de Itzel mesmo sem querer fazê-los, mas morrer naquela hora parecia extremamente complicado, complicado de uma maneira que sua mente cansada não estava querendo lidar.

Itzel ficou quieta, e respirou fundo. A água agora estava na altura do pescoço dela, e um pouco abaixo dos ombros de Frank. As ondas continuavam vindo, mas os dois já haviam se acostumado a seguir o ritmo delas.

- Não sei se você é mau, mas com certeza é melhor que eu. Nem se preocupe com isso.

Itzel disse e o silêncio voltou a se prolongar. Depois de um tempo, Itzel começou a murmurar preces baixinho, para qualquer um dos deuses que a estivesse ouvindo, mesmo que ela tivesse certeza que todos eles a odiassem. Frank ficou quieto a encarando, e quando a água já estava na altura do queixo dela, ela terminou de rezar baixo, e o encarou de volta. Ficaram se encarando e a troca de olhares parecia uma conversa, e Frank ficou aliviado de saber que Itzel não parecia pretender o obrigar a tirar a sua imortalidade imediatamente. Mesmo assim, Itzel permaneceu quieta e voltou a encarar o céu, quase como se em esperança de que um raio caísse do céu e a partisse no meio.

A água já estava na altura de seu nariz. As ondas se chocavam contra o seu rosto e contra os ombros de Frank. Eles se olharam de novo e Frank se perguntou para quem ela estava rezando, ou porquê. Como se lesse pensamentos, ela disse:

- Eu tenho medo de não existir. Você não?

Mais uma onda veio contra eles, e Frank acordou em susto.

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