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Juninho Maravilha

Charlie subiu as escadas. Ele precisava regar as plantas e ver se Demian não havia derrubado Tiffany do criado mudo. Também precisava atualizar a fanfic antes que Eloá aparecesse na janela pra o importunar, assistir os capítulos perdidos da novela e continuar a ver o dorama que tinha parado no meio por causa do maldito casamento.

Para um desocupado, Charlie tinha muitas obrigações.

Ele percebe que Demian havia arrombado os inúmeros cadeados que protegiam a porta do quarto. A porta está entreaberta e ele respira fundo, puto, mas se mantendo indiferente. Charlie estava cansado demais pra ir brigar com Demian agora, entretanto isso não o impedia de o amaldiçoar mentalmente pelo resto de seus dias.

O demônio abre a porta e entra, logo se trancando no quarto, com um suspiro.

Charlie percebe que o quarto dele estava diferente.

Diferente ao ponto de não ser o quarto dele.

A sala em que ele se encontrava agora era escura, mas alguma luz avermelhada esquisita vinha de uma imensa janela de vidro na parede na frente dele, o que fazia com que tudo fosse iluminado por uma atmosfera sombria e melindrosa. Do lado de fora do vidro, se tinha como vista cachoeiras de lava e almas sendo torturadas pela eternidade. Se podia ouvir gritos de horror ao longe e a música "é na sola da bota é na palma da bota" tocando em looping infinito, juntamente com explosões que faziam com que o chão tremesse um pouco e desse a impressão de que o teto iria desabar. A decoração do cômodo era estranha, com paredes forradas de veludo preto, enfeitadas com machados de guerra sujos de sangue seco e objetos de tortura, pendurados artisticamente junto com pratos de porcelana portuguesa e xícaras importadas. No chão, tapeçarias indianas sobrepostas em cima do piso de madeira envernizada, e arranhandores para gatos, daqueles altos que parecem árvores e servem também para que os animais deitem. Havia dois gatos deitados, um deles era cinzento e o outro da raça sphynx, aquela sem pêlos, e ambos pareciam muito nobres. As coisas ficavam ainda mais esquisitas quando se via um tigre adulto deitado em um cantinho repleto de almofadas, dormindo feito um anjo.

Charlie abriu a porta que havia acabado de fechar o mais rápido que conseguiu, mas quando foi ver, a porta não dava mais no corredor de sua casa, e sim diretamente para um abismo imenso, tão alto que o demônio não conseguia ver o fim. Aquilo era uma desgraça. Ele sabia muito bem de quem era aquela sala, e odiava estar ali com todas as suas forças, pois seria uma estadia exaustivamente longa e insuportável e ele tinha que admitir que tigres o deixavam meio desconfortável. Charlie fez um barulho de decepção juvenil com a garganta e fechou a porta novamente, de forma violenta e derrotada. Quando se virou para a sala, deu um grito assustado, pois alguém que não estava lá antes agora jazia sentado atrás da mesa chique de carvalho que ficava na frente do janelão de vidro.

Ele.

O filho da puta.

Klaus acariciava um gato preto, gordo e extremamente peludo que dormia em seu colo. Ele estava de olhos fechados, como se estivesse recebendo a brisa da manhã em seu rosto, ou como se estivesse tomando sol em Acalpuco. O homem era bonito; tinha dreads compridos e prateados presos em uma espécie de rabo de cavalo, que se contrastavam com sua pele negra e os chifres vermelhos que davam uma volta por sua cabeça. Estava todo vestido de preto, de uma forma que o fazia parecer extremamente chique como um CEO frio e calculista repousando em sua cadeira tão cara quanto as tapeçarias embaixo dos pés de Charlie.

Ele abre os olhos. As pupilas eram pretas como carvão.

- Charlie, você aqui de novo? - Klaus diz, com um tom extremamente decepcionado, como se fosse uma mãe chateada por o filho ter quebrado os copos pela vigésima vez no mês.

- Você fala como se eu tivesse vindo pra cá porque me deu na telha e não por você ter ME ARRASTADO ATÉ AQUI DE FORMA INVOLUNTÁRIA AO SE INFILTRAR NO MEU QUARTO.

Charlie odiava Klaus. Ele nem se esforçava para disfarçar isso.

Klaus franziu o cenho, travando a mandíbula, tentando disfarçar seu incômodo com a gritaria.

- Pode fazer o favor de não gritar? Vai acordar minhas crianças. - Ele disse com a voz melodiosa, acariciando o gato calmamente. Os gatos na árvore de gatos também dormiam, e ele não queria que fossem acordados pelos gritos de um idiota, mas não podia gritar com o idiota para que não gritasse, então se manteve impassível. Klaus não era calmo. Klaus não gostava de que gritassem com ele. Klaus começava guerras apenas por estar entediado ou por terem derrubado o seu Danone no chão, então ser calmo não era uma de suas características mais fortes, mas ele estava trabalhando naquilo, e estava até conseguindo. E além do mais, ele não podia desossar ninguém na frente de seus gatos, muito menos na frente de Juninho Maravilha, o tigre. Pontanto, se fosse para matar Charlie por gritar com ele, precisava ser em um lugar a parte.

Charlie bufou. Ele odiava Klaus de todas as formas possíveis.

- Sente-se, por favor. - Ele disse para Charlie, com toda a pompa e educação que estava tentando ter, pois sua terapeuta tinha lhe dito que gritar com os subordinados e ameaçá-los de morte sempre que cometessem um erro não era algo saudável. Charlie se jogou na cadeira acolchoada e muito mais cara do que um rim dele seria, e ficou o encarando com sua típica cara de peixe morto.

- O que tu quer comigo? - O protagonista perguntou, querendo acabar com aquilo o mais rápido que podia.

- Vi que ganhou uma nova cicatriz no rosto. O que aconteceu? Da última fez que lhe vi, havia apenas uma.

Klaus falava enquanto se servia de chá. Ninguém sabe de onde o bule havia aparecido. Ninguém sabe de onde a xícara, o píres com biscoitos e o vidrinho com açúcar havia aparecido, também.  Mesmo assim, não houve grandes questionamentos sobre, pois Charlie estava muito ocupado alimentando seu ódio pelo demônio à sua frente.

Não é como se Charlie fosse alguém de sentimentos vívidos e ardentes, sendo eles de qualquer natureza. Ele sentia raiva das coisas como sentia afeição e desprezo; de forma cautelosa e quase invisível, como fogo de palha, já que qualquer coisa que ele viesse a fazer era apagada por sua aura de desânimo. Mas com Klaus era diferente. Klaus deixava Charlie tão puto quanto os filmes de comédia romântica água com açúcar de tema natalino o deixavam. O que com certeza, era muita coisa.

Não é como se ele não tivesse seus motivos. Klaus tinha lhe dado sua primeira cicatriz no rosto, uma gigantesca bem abaixo dos olhos, que praticamente dividia seu rosto ao meio. Também tinha arranjado com que ele fosse preso no vazio, e o tinha feito ficar vagando por alguns bons anos ali antes que Cheryl negociasse para que ele tivesse uma casa. Também tem o trabalho de Departamento de Conspirações do inferno. O único demônio em sã consciência que gosta de trabalhar ali é Demian. E além de tudo isso, Klaus também era estupidamente bonito, e Charlie tinha uma tendência a odiar gente bonita.

- Fui sequestrado e chicotearam a minha cara. - Ele disse, quase cuspindo na cara do outro - O que quer comigo?

Klaus respirou fundo. Ele odiava que o apressassem em seus assuntos. Ele era a figura de autoridade ali, e estava tomando chá de camomilla, e ninguém deveria ter culhão suficiente para atrapalhar ele em seu chá. Klaus colocou uma colherinha de açúcar em sua xícara Kintsukuroi, que era remendada com ouro. Misturou o açúcar, e deu um golinho educado, avaliando a doçura. Logo, pegou mais uma colherinha de açúcar, misturou e bebeu.

Depois de quase um minuto no ritual do açúcar, mergulhou um dos biscoitos no chá, e finalmente respondeu Charlie, mas não a resposta que ele queria, é claro.

- Antes de qualquer coisa, quero saber como está Cheryl. Continua sem beber sangue humano?

Klaus começou a encher uma xícara de chá para Charlie, em meio a sua fala. Era compreensível sua preocupação com Cheryl, já que eles eram amigos de longa data e que ele havia sido convidado para o seu casamento humano, mas não pôde comparecer. O tigre do outro lado da sala parece estar quase acordando, e troca de posição, abrindo a boca com suas presas enormes. Juninho Maravilha podia engolir Charlie inteiro em uma só tentativa.

Charlie já havia se acostumado com a idéia de que provavelmente iria morrer naquela sala, de um jeito ou de outro, pois de alguma forma estranha, ele sentia que Klaus queria esganá-lo, apesar da aparente calma.

O que não era total mentira.

- Pelo o que eu sei, a última vez que ela bebeu sangue foi o meu, e foi uns quinze dias atrás. Agora me fala porquê diabo eu tô aqui.

Ele ignorou novamente as questões de Charlie sobre os seus motivos para estar ali, pois ele só iria dizer quando quisesse. Klaus mordeu mais um dos biscoitos e empurrou a xícara de chá que havia enchido para Charlie, esperando que ele bebesse, então começou a falar:

- Quando se é imortal e se tem mais de mil anos nas costas, é normal passar por crises. É quase como se nós regredissemos para a adolescência a cada cem anos, e passássemos por um tipo de puberdade, aonde todos os nossos sentimentos são confusos e nós sentimos aquela obrigação de que precisamos mudar. Portanto mudamos, e nos achamos os donos de tudo e de todos, até que então nós amadurecemos novamente e pela milionésima vez percebemos que estávamos cruelmente errados.

Charlie beberica o chá - que é péssimo - enquanto houve Klaus tagalerar sobre a juventude. Charlie franze o cenho e respira fundo, morrendo por dentro em meio ao monólogo. Ele não iria sair dali hoje. Klaus amava desviar dos assuntos e fazer discursos longos, tão longos quanto a eternidade.

- O que eu quero dizer, Charlie, - Ele continuou, agora o encarando intensamente, segurando a xícara de chá de Camomilla entre os dedos de forma bastante elegante - É que quando se é jovem, tudo faz sentido. Porque você é burro. - Ele respira fundo, fechando os olhos por um momento, como se estivesse tentando se acalmar dentro de sua própria cabeça - Mas a coisa, Charlie, é que você não é jovem, não está passando por nenhuma dessas crises, não há nenhuma interferência externa significativa que implique as suas ações, E AINDA ASSIM CONTINUA SENDO O IDIOTA MAIS BURRO QUE EU CONHEÇO.

O gato que estava em cima do colo de Klaus acorda em susto, quando ele aumenta o tom de voz e quase quebra a xícara contra a mesa, se levantando.

Dois anos de terapia indo por água abaixo.

Charlie se sentiu minimamente intimidado, mas logo esse sentimento passou. Mesmo assim, ele não ousou sair da cadeira ou fazer qualquer comentário. Não por medo de Klaus, e sim, por medo de Juninho Maravilha, que havia acordado com o surto do dono e agora estava em pé. O bicho era enorme.

Klaus respirou fundo, agora em pé. Ele também era enorme, já que tinha quase dois metros de altura.

- Lucius, me dê o arquivo do Charlie.

Um outro demônio apareceu. Ninguém sabe como e nem de onde. Ele apenas surgiu. O novo demônio tinha um moicano, óculos escuros e usava um sobretudo vermelho. Lucius entregou uma pasta preta para Klaus, e do mesmo jeito que apareceu, sumiu.

Klaus começou a folhear o arquivo. Tinha muitas páginas.

- Eu espero que você tenha noção de que o único motivo para que esteja vivo até hoje, é que eu me esforço. Eu me esforço para te entender. Eu até te dei um cacto para ver se você criava responsabilidade. Eu lido com você faz anos Charlie, e sempre que eu penso que você vai melhorar, você desanda com tudo. Teve a coisa de 30 anos atrás, que qualquer outro demônio diria que a solução era te exterminar, mas não, eu te dei uma chance, PELA DÉCIMA VEZ eu te dei uma chance, e fiz com que continuasse vivo, cumprindo uma pena no vazio. E agora, eu te dou dois dias de liberdade para poder talvez se divertir um pouco em meio à um casamento cheio de humanos imundos e deprimentes, e a única coisa que eu deixei CLARA no contrato, de que você deveria estar em casa antes de 48 horas, você quebra. - Klaus estava bravo. Ele gesticulava e balançava papéis na cara de Charlie, como se fosse estapeá-lo com eles. Juninho Maravilha, o tigre, agora estava andando pela sala com uma almofada cor de rosa na boca. - E QUEM DERA FOSSE SÓ ISSO. AQUI CONSTA, QUE DE ALGUMA FORMA, FORMA ESTA QUE NINGUÉM FAZ A MENOR IDÉIA DE QUAL SEJA, VOCÊ RECOBROU SEUS PODERES. OS PODERES QUE EU TIREI PRA EVITAR QUE FIZESSE MAIS MERDA.

Klaus tinha perdido todo o controle que ele tinha. Charlie já estava acostumado em começar conversas com ele tomando chá como um lorde inglês e terminá-las com ele rosnando feito um animal, então nem estava tão chocado.

O gato que antes estava no colo de Klaus agora havia subido na árvore de gatos e estava deitado junto com os outros, encarando Charlie como se fosse muito divertido ver ele se ferrar. Juninho Maravilha andou mais um pouco pela sala, segurando a almofada na boca, e achou que os pés de Charlie seriam um ótimo lugar para se deitar.

Um tigre se deitou em cima dos pés de Charlie.

Charlie estava nervoso, mas apenas suspirou. Tudo aquilo era uma grande merda.

E ainda por cima, quem havia conseguido a liberação de dois dias havia sido Cheryl. Talvez ela se ferrasse também. Ou não.

- Eu fui sequestrado no meio do casamento. Teve um tiroteio. Eu fui parar em outra dimensão. Tinha uma bola de magia do mal sombria e o caralho, e essa merda fez que eu começasse a pegar fogo. Eu não fiz nada. Agora manda o teu bicho horroroso sair de cima d-

Juninho Maravilha afunda um pouco mais as presas na almofada, a qual acaba rasgando ao meio. O estofado caí no chão. Charlie decide não ofender mais o tigre.

Klaus estrala os dedos e mais uma almofada aparece para que Juninho possa destruir.

- Eu não me importo. Você quebrou um contrato comigo. E quem quebra contratos comigo, paga com a alma.

Ele se sentou novamente, recobrando a calma. Bebeu mais um gole de seu chá.

Não era como se Klaus fosse uma pessoa terrível. Ok, ele era, já que era um demônio, mas não tanto. Ele não pegava as almas dos outros para desperdiçar, pois isso seria muita falta de educação, e ele era um gentleman; mesmo que só ele achasse isso. Demônios em geral tem em sua dieta algo específico: Sangue, sexo, energia vital, entre outros. Charlie se alimentava de nicotina, pois ele não era um demônio muito forte nem importante. Klaus se alimentava de almas.

Charlie não ligou muito de ter que dar a alma pra Klaus. Não era como se valesse muito mesmo.

- Mas eu não quero a sua alma. A sua alma não presta e provavelmente me daria dor de estômago. Por isso, eu quero que caçe pra mim. Traga uma alma decente pra mim, e eu deixo que fique com seus poderes. Eu posso até pensar em lhe tirar de seu exílio, se no dia eu estiver de bom humor. - Ele diz, se servindo novamente de chá. Um gato da árvore de gatos mia. O tigre nos pés de Charlie muda de posição, deitando de barriga para cima feito um filhote pedindo carinho. Mas ele ainda tem unhas enormes.

Os pés de Charlie estão dormentes.

Mesmo assim, ele gosta da oferta. Sair do exílio equivale a poder ir para a superfície, roubar dinheiro humano e comprar mangá. Mesmo que ele pudesse simplesmente roubar o mangá, sem a primeira etapa.

- Vou lhe dar um mês, já que você é péssimo com prazos. Você tem permissão para sair do exílio nesse tempo, para poder ir atrás da alma, contudo que vá trabalhar com o Demian. Se você fizer alguma outra merda nesse meio tempo, saiba que eu mesmo farei questão de arrancar a sua pele com os meus próprios dentes. - Klaus disse, dando um sorriso, e bebendo o resto do chá.  Juninho Maravilha rasga mais uma almofada, e logo começa a lamber a canela de Charlie.

- Eloá Bluinze. Fugiu do céu por não querer reencarnar, morreu enquanto fazia parkour, tem cabelo azul e lê minha fanfic. Pega a alma dela e meu trabalho de merda está feito. - Charlie falou, se arrepiando com o tigre fazendo sua perna de picolé.

Klaus revirou os olhos.

- Vá embora. Eu não quero almas já mortas. Faça o que eu disse que talvez eu não te mate. Quando matar alguém, me invoque. Agora suma daqui.

Klaus se recostou em sua cadeira chique, tal qual uma lady francesa, e comeu mais um biscoito.

- Juninho, pare de lamber esse imundo. Vai acabar te dando verme.

Juninho Maravilha para de lamber Charlie, e se levanta, voltando a andar pela sala.

Charlie se levanta com dificuldade por ter tido os pés amassados, e vai até a porta, mandando Klaus tomar no cu mentalmente. Quando ele a abre, ele está no corredor de casa de novo.

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