Cap. 1-Cicatrizes
Hillary
Eu acordei ofegante naquela manhã. Não era a primeira manhã em que eu acordava assim e muito provavelmente não seria a última, mas não deixava de ser cansativo.
Eu já havia sonhado com aquilo várias vezes e em todas era tudo tão real que parecia que se eu esticasse o braço enquanto dormisse, poria tocar no rosto daquele homem de cabelos brancos e olhos azuis que mesmo coberto de fuligem e machucados, era o homem mais bonito que eu havia visto.
Em todos os sonhos, eu podia saber quantos anos haviam se passado, em que época os acontecimentos ocorriam.
Mas o que aquilo significava? Eu não fazia ideia. E nem adiantava eu anotar o sonho no caderno de Emma, porque eles sempre eram iguais e eu já havia memorizado cada detalhe.
Emma. Minha nossa, como sentia falta dela. Sem ela, eu me sentia tão perdida e sem rumo.
Eu sabia Dylan e logo depois que ele saiu, eu tentei conectá-lo. Pelo que eu havia entendido, ele havia acabado de pousar na terra.
"Eu deveria estar aí com você..." Eu falei para ele naquele dia.
"Não Hillary. Isso é algo que eu tenho que fazer. Você deve ficar e cuidar dos cacos que um dia foram nossa cidade. Eu sei que você é a única que pode nos unir novamente." Ele me respondeu. Sua voz parecia tão séria que eu tive que lembram a mim mesma de com quem eu estava falando.
"Está bem. Mas assim que meu trabalho aqui estiver completo, eu vou encontrar você." Eu disse, determinada.
"OK. Mantenha todos a salvo. Não morra." Depois disso, ele cortou a conexão e eu saí do palácio. Tudo estava tão destruído naquele dia, que foi bem difícil para mim aceitar que aquilo algum dia foi a minha querida Cidade Do Céu.
Haviam fantasmas humano andando de um lado a outro, perguntando o que havia acontecido. E já que eles eram inúteis, havíamos posto todos para dormir antes que a matança começasse.
Nós dissemos que a cidade estava passando por reformas. Eles acreditaram.
Scott, meu namorado, era voluntário no hospital e por isso, não nos víamos muito. E mesmo que a nossa relação não partilhasse de tantas conversas quanto eu gostaria, eu ainda sim sentia falta dele.
Os pais de Emma haviam discutido logo após a batalha, mas os dois continuaram a ajudar no que puderam.
Os meus pais não se importavam muito com nada. Fiquei impressionada quando eles foram lutar na guerra, porque normalmente eles não eram muito participativos em assuntos do estado. Minha mãe era uma mulher baixinha, assim como eu, tinha um grande sorriso.
Meu pai tinha cabelos negros e barba. Ele trabalhava muito e era bem sério. Eu quase não o via, mas todas as vezes que ele estava em casa, era o mais gentil possível comigo.
Meus pais me consideravam perfeita e isso era ruim às vezes. Acho que era para compensar o fato de terem me abandonado. Só que nada vai curar essa ferida. O que eles precisavam fazer agora era finalmente agir como meus pais e me ajudar a cuidar dessa cidade destroçada.
Os pais de Emma continuavam trabalhando junto com os arcanjos para cuidar daqueles que foram feridos e reconstruir os muros e as áreas da cidade que foram destruídas.
Além disso, havia a grande questão de não saber aonde Deus estava.
Eu me perguntava, todas as manhãs, o que Emma estaria fazendo? O que ela faria se estivesse aqui? E será que ela estava a salvo?
Dylan
A Terra era um lugar estranho. Eu nunca havia visitado antes e não sei se me arrependia. As ruas eram sujas, haviam pessoas estranhas em toda a parte e os carros ainda não estavam na rua.
Eu andava no asfalto, olhando os prédios ao redor. Aonde eu encontraria o portal para o Inferno nesse lugar?
Não havia como procurar especialistas, não sem saber quem eram eles.
Naquela cidade, parecia só haver charlatões e pessoas esquisitas.
Num ponto da cidade, as ruas começaram a ficar mais e mais cheias até se tornar praticamente insuportável andar.
Haviam muitas cores e luzes por todos os lados e prédios tão altos que me lembravam O Grande Palácio no Céu.
Era uma confusão de sons e cores que me deixavam zonzo.
"Quinta Avenida". Era o nome daquela rua internal.
Eu queria sair dali, só queria encontrar Emma.
Emma. Os cabelos loiros e olhos castanhos vieram a minha mente e eu me tornei mais determinado a andar. Precisava encontrar um meio de ir até ela. E não iria descansar até conseguir.
Emma
Eu estava em algo que me lembrava um metrô. Era escuro e andava por caminhos tortuosos.
O chão e as paredes daquele grande cilindro eram de um material estranho, com riscos vermelhos brilhantes, com uma textura que me lembrava cerâmica, ou vidro, talvez.
Eu apertei os olhos para enxergar e vi três formas humanóides em pé, perto de mim.
-Onde estou?-perguntei, confusa, me sentando.
-Nós estamos indo para o meu palácio. Você desmaiou quando saímos do portal. É uma reação normal para quem viaja pela primeira vez.-relatou uma voz masculina com a qual eu já estava familiarizada.
Mike estava distante de mim e eu sinceramente estava agradecida. Não iria perdoá-lo tão cedo. Pelo bem ou pelo mal, ele me usou e eu não suporto pessoas assim.
Podia-se supor que Lúcifer era quem estava próximo de mim. Não só pelo cheiro de perfume misturado com enxofre, quanto pela aura esquisita e poderosa que emanava dele.
Eu recuei instantaneamente. Ele riu ao notar o que eu fiz.
-Acalme-se. Eu não vou te fazer mal, já disse.-ele falou.
-Senhor, estamos chegando.-disse uma voz feminina.
-Ótimo.-ele disse.
Eu pude ver sua mão perto de mim e eu a segurei. Ele me ajudou a levantar e eu pude ver que havia uma pequena janela ali que dava para o lado de fora.
O que eu vi com certeza não era aquilo que eu esperava.
Eram imensos arranha céus de obsidiana e rubi, que reluziam sob a luz de uma imensa falsa lua amarelada e flutuante, posicionada em algo que deveria ser como o centro da cidade.
O "céu" era na verdade, um teto negro e se assemelhava a terra socada. Haviam carros passeando por ruas iluminadas por archotes com cores que variavam passeando por todos os sete filamentos do arco-íris.
Mesmo assim, a iluminação era fraca demais para possibilitar que eu pudesse ver com clareza o interior daquele estranho metrô voador.
Havia um grande castelo, muito parecido com o do Céu, de Cristal Quartzo escurecido e com uma grande pedra roxa bruxuelante.
-Então esse é...-começo, ainda perplexa.
-Sim, é.-disse Lúcifer, se aproximando de mim e da janela.-Seja bem-vinda ao Inferno, Emma.
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