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35 Meu Mundo

- O que está fazendo? - deitada na cama Jéssica para de folhear a revista me observando.

- Estudando - respondo, apesar de óbvio.

- Está muito esquisita esses dias, o que deu em você?

- Não sei do que está falando, estou normal.

- Normal?! Limpa a casa sem reclamar, não grita mais pelos cantos igual uma matraca, e até agora só te vi com livro didático, tem alguma coisa errada. - enumera com os dedos o comportamentos que considera atípicos.

- O que há de errado? Tudo o que falou são atitudes boas, não te incomodo mais cantando, cumpro minhas obrigações na casa e estudo. - dou de ombros- Em vez de ficar surpresa, devia fazer o mesmo.

- Você está me mandando
ser mais responsável? - a irritação é evidente no seu tom incrédulo - Quer saber, vou sair do quarto antes que eu pegue esse Atlas e dê com ele na sua cabeça.

Fico no quarto sozinha diante de capitais e cidades espalhadas pelo globo lembrando que antes as pessoas imaginavam a terra plana, cheia de monstros horríveis escondidos no mar, cada qual no seu território sequer fazia ideia do que havia além, não sabiam da existência de outras pessoas, costumes e crenças.

E o mundo tão grande era pequeno, no alcance apenas do que conheciam, alguns tomaram coragem, saíram por essas águas misteriosas atrás do novo, no entanto sem a menor sensibilidade tentaram impor sua vontades nas terras que encontraram, roubaram, subjugaram e até mataram o povo nativo, menosprezaram e destruíram sua cultura, e hoje estudamos os bravos exploradores, seus nomes estão nos livros e possuem estátuas em sua homenagem.

Desde sempre a vida é cruel e injusta.

Meu mundo não aparece nos livros de geografia, foi devastado por dores e monstros que ainda existem, entretanto ninguém os conhece.

O quão relevante é a minha história para alguém querer descobrir, será que posso por nesse mapa meu pai conduzindo minha mãe, Jéssica e eu ao abismo? Devo desenhar as mãos invisíveis que apertam meu coração e minha garganta me impedindo de respirar e trazendo a terrível sensação que vou morrer?

Paro a tarefa, encarando o mapa com vontade de chorar, meus pensamentos amargos são como tempestuosas águas que sempre me arrastam, procurando uma boia vejo a revista largada na cama de Jéssica, curiosa pego-a.

É um exemplar da Miss Teen, passo os olhos pelas páginas sem muito interesse, inevitavelmente penso em Bia e Tati, parece que foi numa época tão distante o dia que ríamos conversando sobre uma matéria dessa revista.

O conteúdo é leve, com textos sobre fofocas de celebridades, testes, horóscopo, dicas de como se maquiar, costumizar roupas, e até uma seção com fotos de garotos bonitos, os Misters da Semana, contudo o que me chama a atenção, não são esses belos colírios, e sim as vagas ainda abertas para o concurso de escrita.

Até agora não consegui escrever nada que eu ache bom, e mesmo que faço algo razoável sequer tenho celular, será que consigo mandar pelo computador da escola ?

- Te peguei - Jéssica puxa de mim a revista sorrindo com ironia. - Achei que era responsável demais para esses futilidades

- Idiota - sussurro chateada por ter vindo sorrateiramente, evitando sua cara de deboche volto para a escrivaninha.

Tento me concentrar outra vez no estudo, porém não aguento mais fazer a tarefa ou ver minha irmã tão a vontade jogada na cama com o pacote de bolacha, até o barulho da sua mastigação é irritante, comer no quarto suja tudo, traz formiga e sequer me oferece uma.

Jéssica é uma chata.

Sem paciência saio do quarto, logo no corredor sinto o delicioso cheiro de pão assando, na cozinha o rádio ligado revela o bom humor da minha mãe que balança discretamente o quadril ao som de uma música qualquer enquanto lava a louça.

- Que bom que veio, pode ver se água ferveu para mim - pede e fico surpresa por ter notado minha presença, será que tem olhos na nuca?

Obediente faço o que falou, no bule a água quente borbulha, então desligo e passo o café, o aroma do líquido preto rapidamente toma conta do cômodo.

- Estou testando uma nova receita - animada a mulher larga as panelas e coloca sobre a mesa uma vasilha com os pães caseiros que acabou de retirar do forno.

Apesar de estar de noite, nós tomamos café saboreando a deliciosa massa fofa e quentinha recheada com presunto e queijo, minha mãe mastiga com satisfação disfarçando o riso, é evidente o quanto está contente por ter obtido sucesso na preparação e não economizo nos elogios.

Notando seu entusiasmo começo a reparar no que não vi antes, Luísa realmente gosta de cozinhar, faz com prazer, é claro que é uma fonte renda, é cansativo,  muitas vezes fica até de madrugada preparando doces e salgados, contudo é nítida sua alegria em conseguir criar comidas tão saborosas, e chego a pensar que mesmo as horas sozinha noite adentro são boas para ela, assim como o tempo que passo devorando os livros.

Jéssica logo aparece na cozinha, com certeza atraída pela apetitosa fragrância, sem cerimônia senta-se a mesa, e nós três reunidas comemos entre risos e conversas.

Depois de algum tempo o bom humor da minha mãe vai esvaindo, após guardar o restante dos pães, com a certeza de que Fábio ainda vai demorar a chegar, a mulher manda minha irmã e eu dormir já que temos aula cedo.

Obedientes seguimos para o quarto, ao deitar minha mente viaja nas minhas lembranças indo direto para o olhar de Danilo, seu sorriso, sua voz, seu perfume. Sei ter certeza do motivo apenas cedo a súbita vontade que me invade, me levanto e pego minha mochila.

Deitada vestida com o moletom que ele me emprestou minha cama parece extremamente aconchegante e logo adormeço num sono tranquilo.

Ao acordar o clima agradável de ontem sumiu, meu pai não está no café da manhã, certeza que sequer voltou para casa.

O amor infinito que estava demonstrando a minha mãe acabou tão súbito quanto começou e agora no silêncio inquieto carregado de palavras não ditas, sufocadas pelo pão e o café, a mulher a minha frente mais parece um fantasma com seus olhos fundos, vazios, de quem chorou muito, dormiu pouco e perdeu o rumo.

Graças a Deus Jéssica e eu saímos para aula, deixando para trás nossa morada com os monstros que habitam ali, o ônibus faz seu trajeto de sempre e rapidamente estamos na escola, aproveitando os minutos antes do sinal bater vou ao banheiro, encaro a porta de madeira pixada me atualizando das novas bobagens que rabiscaram, de repente ouço sons abafados vindo de uma das cabine, alguém está tendo problemas em usar a privada ou...

Dou a descarga querendo sair depressa antes que veja alguma cena íntima demais, contudo assim que estou na pia levando a mão me deparo com Bia correndo para dentro, seus olhos avermelhados e rosto inchado denunciam o choro, ela rapidamente tranca-se numa das cabines.

Paro no meio do caminho em dúvida se devo ir ou tentar ajudar, claramente Bia não está num bom dia, a segunda opção vence e hesitante bato na porta:

- O que aconteceu? Está tudo bem ?

- Estou ótima, só quero ficar sozinha - resmunga com a voz embargada.

- Tem certeza!? Sei que estamos meio distante, mas pode conversar comigo. - insisto.

- Já disse que não é nada, me deixa em paz. - recusa nitidamente irritada.

Entendendo que não quer minha presença saio, tenho quase certeza que esse estado choroso deve ser por algo que o Leonardo fez, tento amenizar minha preocupação me convencendo que Bia não está sozinha, espero que Tati ou até mesmo a Sabrina possam consolá-la.

No corredor encontro Júlia e Gabriel, animados me contam sobre os preparativos da tarde de filme hoje, a garota não para de falar sobre seus outros amigos que chamou, pelo jeito tem o mesmo estilo sombrio dela.

O mais engraçado é que nunca vi Júlia tão sorridente e está planejando um cine trevoso, o clima que esperava era de apatia, medo, com espanto observo que ela é sempre mais do que parece.

Começo a imaginar como será as bebidas e comidas que terá, provavelmente biscoitos em forma de morcego, suco de uva para lembrar sangue, e a sala na penumbra com caveiras néon nas cortinas. Será que devo ir vestida de preto?

- Ma, você está ouvindo? - Júlia me tira dos devaneios.

- Estou sim - afirmo rápida.

- Que nada, estava no mundo da lua - Gabriel ri não acreditando em mim.

- Estava contando o quanto a Mel ama filmes, ela até faz alguns de stop motion, é muito impressionante, olha aqui - empolgada me mostra um vídeo no celular.

- É incrível - envolvida assisto a curta animação de uma garota que encontra uma flor mágica e então ganha poderes se tornando uma incrível feiticeira. O desenho tem fluidez nos movimentos, e encanta com sua simplicidade.

- É a mesma técnica usada nos filmes '' Noiva Cadáver '' e "Caroline" - com um sorriso cada vez maior começa a me explicar sobre esse estilo de dar vida a objetos inanimados, e claro o quanto adora Mel. Seus olhos chegam a brilhar enquanto fala, o que faz a dúvida surgir se tanto entusiasmo é pela animação ou pela garota.

Assim que entramos na sala, a primeira coisa que noto é a falta de Felipe outra vez, já são dois dias seguidos de ausência, sem alternativas interrompo o papo sobre cinematográfico para perguntar se os dois sabem de algo, para minha surpresa Gabriel pegou o seu número, porém desde daquele fim de semana na Júlia Felipe está off-line.

Minha mente logo é tomada pelos piores pensamentos possíveis, nos decorrer dos minutos seguintes tudo o que consigo fazer é tentar me concentrar sem sucesso na aulas. A apreensão que aperta meu peito me diz que algo sério aconteceu, sequer os elogios da professora Carla sobre minha crônica me alegram, na verdade me sufocam, principalmente quando pede para mim ler em voz alta.

Escrevi sobre como genuínos gestos de bondade podem mudar o mundo de quem recebe essa atenção e gentileza, como dar um simples cumprimento ao motorista do ônibus, levar alguns pedaços de bolo para sua vizinha, até ganhar um dia de salão gratuito.

- ''O bem é contagiante e poderoso, boas ações renovam as esperanças, transformam a vida." - Diante da sala término a leitura do meu texto, apesar do nervosismo que deixa minhas mãos segurando o papel molhadas de suor, minha voz saiu.

Para minha surpresa, em vez de vaias, recebo aplausos, Júlia e Gabriel  sorridentes me ovacionam influenciando a alguns outros colegas a fazerem o mesmo, envergonhada com a minha singela plateia me sento na cadeira sentindo as bochechas queimarem num calor bom de alegria.

Entre os poucos rostos que me parabenizam encontro o olhar de Danilo me observando com admiração, por instantes fico presa na escuridão das suas orbes que sondam, como se ele pedi permissão para conhecere o universo dentro de mim.

- Mandou bem nerd - inesperadamente Luciano invade meu campo de visão com seus dentes a mostra, apesar do sorriso irônico, levo como elogio .

Sabrina em um revirar os olhos bate de leve no ombro do garoto resmungando para Luciano não falar comigo, simplesmente ignoro o casal chernobyl sem me abalar com a provocação.

Na escola existe uma competição subentendida onde tentam se descartar, fazendo o que considera melhor para ter atenção, seja sendo babaca encrenqueiro como Luciano, ou linda e venenosa como a Sabrina, contudo hoje, nessa infernal disputa estudantil por minutos o pódio veio para uma nerd que vive nas nuvens acreditando num mundo melhor.

Oii, obrigada por sua leitura e estar acompanhando essa história. (mesmo demorando atualizar)

Marcela e Jéssica experimentando a nova receita de Luísa foi um bom momento, boa comida sempre une as pessoas, mas pão feito em casa não é capaz de mudar tudo.

O que será que aconteceu com Bia chorando, ou o sumiço do Felipe?

Me conta como que são os amigos de Júlia? E a sessão de filmes, será que é do jeito que a Marcela estava imaginando?

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Até mais 😘

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