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26 Vaga-lume De Marte

Ando pelos corredores sentindo os olhares incisivos sobre mim, parece que cada aluno dessa escola resolveu me encarar, suas feições severas e intimidadoras começam a me perturbar.

O que há de errado comigo, porque estão me observando assim? Presto atenção na minha blusa para conferir se não coloquei do avesso, ou está suja de pasta.

De repente a multidão se afasta abrindo passagem para Sabrina, a loira caminha altiva em minha direção.

Para na minha frente me analisando com desdém e então grita com fúria

- Sua horrosa, cabelo duro!

Todos ao redor riem, procuro por meu amigos que também estão gargalhando, Sabrina não para com seus insultos, aos poucos outras pessoas se juntam a ela me xingando, as vozes altas ecoam estrondosas como trovões.

Em lágrimas tento pedir para se calarem, porém assim que abro a boca meus dentes caem no chão, apavorada me abaixo tentando pegá-los.

Abro os olhos confusa passando a mão pelo colchão procurando os meus dentes, de súbito o quarto é iluminado pelo relâmpago que estoura no céu

Logo percebo que era apenas um pesadelo, me levanto da cama indo até a janela, pelo vidro vejo a chuva cair fortemente lá fora com seus raios e trovões.

As batidas do meu coração acelerado tomado pelo medo do sonho terrível se sobressaem aos barulhos da tempestade, e só por garantia vou até o espelho do banheiro, apesar do alívio de não estar Banguela, o vazio de ter perdido algo continua em mim.

No reflexo observo o meu cabelo solto, bagunçado e armado gritando para mim o quanto sou errada, não me encaixo.

Minha mente é tomada por todas as vezes que fui ofendida, araiva me domina, não quero mais esse cabelo, não quero outra vez ser xingada, não quero mais ser vista como feia.

Com urgência abro as gavetas da pequena comoda, a maioria tem toalhas, rolos de papel higiênico e absorventes, porém consigo encontrar o que quero.

Ninguém nunca mais vai me chamar de cabelo duro.

Decidida aperto a tesoura com força, os tufos negros caem da minha cabeça com dificuldade, entretanto insisto com o objetivo de arrancar todos os fios.

O que eu fiz?

A consciência do meu ato me atinge de súbito, imediatamente interrompo o corte em choque, como vou sair de casa horrível desse jeito?

O espelho sem piedade reflete a minha angústia e falta de beleza.

Arrependida volto para quarto revirando o guarda roupa pego a primeira touca que encontro, me deito outra vez. Me sentindo feia e burra, choro até adormecer.

- Marcela levanta, se eu ter que ir andando até a escola você vai ver - Jéssica me sacode.

- Você é uma chata - resmungo sonolenta.

- Caramba, o que aconteceu ? - minha irmã exclama com espanto encarando minha cabeça.

- Não é nada, me deixa. - murmuro procurando a touca.

- Me conta agora o que você fez com o seu cabelo - questiona insistente.

- E-eu não devia ter cortado - as lágrimas escorrem fartas pelo meu rosto, entre os soluços do meu choro tento explicar : - Me chamam de cabelo ruim.

Jéssica vendo o meu desespero me abraça com tanta intensidade que chega a incomodar, contudo não quero se afaste.

- Também ouço isso, sinto muito, sei que dói, porém você tem que entender que seu cabelo é lindo, você é linda - grudada em mim, suas lágrimas molham meu rosto misturando-se com as minhas.

Subitamente minha irmã se afasta secando o rosto envergonhada, sequer lembro a última vez que a vi chorar.

- A gente vai ter que ir a escola, mas vou dar um jeito no seu cabelo, confia - compromete-se a me ajudar.

- Não sei se consigo sair daqui. - confesso insegura.

- Você vai por essa touca e andar como se fosse uma coroa, o que importa é a atitude, sua confiança que te faz linda. - me encoraja.

Sem outra alternativa coloco o gorro e me visito rápida com Jéssica me apressando, logo fico pronta e vamos para cozinha.

Na mesa reparo que minha mãe está de pijama com o semblante cansado e apático encarando o copo de café sem dar um gole na bebida.

- Não vai trabalhar hoje? - pergunto duas vezes sem obter resposta, está absorta nos próprios pensamentos e não me ouve, certamente mal vê o que acontece ao seu redor.

Meu pai não deve estar em casa já que não veio tomar café da manhã, será esse o motivo do incomum comportamento da minha mãe? Não me lembro de ter ouvido alguma discussão de madrugada.

Será que está bem? Fico me questionando enquanto estou no ponto, como de costume logo minha vizinha vem conversar comigo, falo com dona Maria, enquanto Jéssica não para de mexer no celular.

A senhora está animada hoje, contando com orgulho do forno micro-ondas que comprou, o eletrodoméstico deixou dona Maria fascinada, num certo momento ela pergunta se está me incomodando com assunto.

- Claro que não, eu gosto de conversar contigo, a senhora é minha amiga - confesso para a mulher que parece não perceber o quanto sua atenção e gentileza me fazem bem.

- Marcela você é uma menina tão boa - dona Maria me elogia - Está convidada para estourar pipoca no meu micro-ondas, eu compro para nós, você também pode vir Jéssica.

- Obrigada, vamos adorar - aceito por nós duas.

- O ônibus chegou, tchau dona Maria - Jéssica quase me arrasta para dentro do veículo.

Sem hesitar minha irmã se junta com suas amigas, ao contrário de mim que fico em pé por instantes olhando as pessoas ao redor sem saber onde sentar, encontro um banco vazio e sigo para o lugar.

Coloco os fones de ouvido ignorando o garoto que senta do meu lado algum tempo depois, é claro que não é um completo desconhecido, todos os dias vejo essa gente na minha escola, contudo é tão ruim ficar aqui longe dos meus amigos.

A estranheza se repete quando vou para aula e ocupo uma das carteiras vazias no fundo, vez ou outra o olhar interrogativo de Felipe me encontra, todavia ignoro.

Permaneço calada enquanto os minutos se arrastam lentos e infinitos, prolongado o meu incômodo, não apenas pelas fórmulas inteligíveis de química, mas porque tudo hoje está diferente, a sala parece maior mais assustadora e me sinto perdida.

Meu desconforto é tão forte que sequer olhar para o Matheus me alegra, ele está usando seu moletom vermelho e sorrindo lindo como sempre, porém sua risada não me causa aquela sensação de sol radiante cegando meus sentidos e iluminando minha vida.

O que será que diria se visse como estou agora?

Provavelmente ia rir de mim, a lembrança das gargalhadas das pessoas me insultando me faz sentir pequena e desprotegida, por mais que tenha sido um sonho é muito próximo de como fui humilhada pela Sabrina na frente de todos no refeitório.

- Marcela - meus pensamentos são interrompidos, para minha confusão é o Gabriel quem me chama.

- Que foi? - pergunto sobressaltada, será que caiu minha touca de alguma maneira?

- Essa atividade é em grupo, vem fazer comigo e a Jú - o garoto convida, aliviada me junto aos dois.

Olho para a folha com as questões imprensa sem ter a mínima ideia do que fazer, como vou passar para o segundo ano sem conseguir entender a matéria?

Já não bastava matemática, agora também tenho química, física e biologia para tornar a minha vida na escola totalmente desafiadora e estressante.

Saudades de quando as aulas eram fáceis.

Essa atividade é como tentar decifrar uma língua morta para mim, contudo Júlia tem muita facilidade em compreender os hieróglifos e consegue montar as fórmulas estruturais orgânicas, enquanto fico triste de descobrir que o luz do vaga-lume vem da bioluminescência que é causada pela reação química da lactoferrina com o oxigênio.

Essa aula é tão chata que deixa até o brilho do vaga lume complicado e sem graça.

- Parecia que o céu ia desabar ontem. - a fala de Júlia chama minha atenção.

- Não ouvi chuva nenhuma, tenho o sono pesado. - Gabriel solta um riso satisfeito.

- Acordei com os trovões. - admito entranto no assunto.

- Toda vez que vejo algo assim penso o quanto a gente é pequeno perto da natureza, não sei como nós somos poluimos, desmatamentos e acabamos com plantas e animais, porque basta uma chuva forte e toda a humanidade morre. -Júlia diz reflexiva.

- Que mórbida. - deixo escapar.

- Tsunamis, terremotos, secas, incêndios, inundações...vai dizer que todos esses desastre naturais não são a terra se defendendo das pessoas?! - questiona, contudo não é preciso uma palavra minha, porque concordo com o seu argumento.

- Não sabia desse seu lado ecológico. - comento admirada com Júlia, como pode os outros tratarem ela como invisível sendo que tem tanto a oferecer.

- E tem como não ser, se destruímos a terra onde vamos morar?!

- Em marte - Gabriel afirma, porém sou risada ao pensar em ter como vizinho um ser humanoide pequenino e verde de antenas, como nos desenhos, o garoto me olha sério, meio ofendido - Não é brincadeira, há tempos tentam colonizar o planeta vermelho, acredito que um dia os seres humanos irão morar lá.

- Se isso realmente acontecer, provavelmente estaremos mortos, porém aposto que só quem tiver muito dinheiro irá fugir da terra ... Vai ser tipo um novo modo de segregação, vão livrar das pessoas indesejadas. - Júlia teoriza.

- Nem precisa pensar tão distante assim, hoje já tem vários jeitos de fazer uma pessoa separar uma pessoa, persegui-la até se sentir errada, excluída, anormal... e se afastar por contra própria. - digo entristecida, confessando nas entrelinhas o que passo.

- Pois é... - Gabriel balança a cabeça num suspiro.

Os dois trocam olhares significativos e mudam de assunto, focando outra vez na aula.

Sei porque agiram assim, Gabriel e Júlia são ofendidos e silenciados, porém são muito mais interessantes que aqueles que zombam deles.

É tão injusto! Algumas pessoas acreditam que simplesmente podem decidir quem deve ser respeitado, aceito e quem deve ser excluído, não deveria ser assim.

Todos nós temos que ser tratados com respeito!

Entretanto o que estou dizendo, essa touca é a prova que a única coisa que fiz foi aceitar as ofensas e me machucar.

Depois de uma eternidade o sinal para o intervalo toca, caminho para fora da sala conversando com Gabriel e Júlia, é incrível o quanto me sinto bem com eles, o papo flui com naturalidade.

- Presta atenção por onde anda, gazela - Luciano reclama após esbarrar de propósito em Gabriel, e segue rindo com os amigos.

- Idiota -sussurro irritada.

- Todo dia ele faz isso - o garoto fala com de tédio, já acostumado.

- Não é nenhum um pouco original, mas é compreensivel a falta de imaginação, ele é do tipo que tem mais gominho na barriga que cérebro. - Júlia comenta desenhosa.

- Você me preocupa - encaro-a seria e logo caímos na risada.

Vamos para o refeitório enfrentar o desafio diário por comida: a fila. Além de quilométrica, as pessoas ficam todas grudadas umas nas outras, é um falatório, uma bagunça.

Enquanto espero em pé para pegar merenda, consumido os poucos minutos do intervalo, Tati vem até mim com Bia em seu encalço.

- Oi, a gente pode falar com você? - Bia pergunta tímida.

- Vai, eu guardo o seu lugar - Gabriel oferece.

- Não quero conversar - afirmo com meu olhar fixo nos cartazes colados nas parades sobre alimentação saudável.

Finjo não ouvir seus apelos, as duas percebem minha rejeição e finalmente se afastam.

Bia e Tati afirmam serem minhas amigas, porém a Sabrina me ofende, me humilha, me mágoa e não ligam.
Se não querem me ver, entender e ouvir, não vou fazer o mesmo comigo.

Vou me respeitar e me aceitar, não faz diferença se tentarem me descriminar como se não me quisessem nesse planeta.

Por mais que me sinta invisível, eu sei que tenho o meu brilho, e as pessoas certas vão ver.

Após uma eternidade torturante o sinal anunciando o fim do dia letivo toca, respiro aliviada no mesmo instante como se ouvisse a mais doce melodia.

Não aguento mais estar nessa escola com a incomoda sensação que a qualquer hora alguém vai descobrir o horror que está o meu cabelo e zombar.

Caminhando entre os alunos para a saída me questiono se a Jéssica se esqueceu de mim, ela viu meu sofrimento com o cabelo todo picotado com aquela tesoura e se comprometeu em me ajudar.

- Ma - Felipe se aproxima sorrindo para mim.

Nesses poucos segundos avalio se devo mesmo ficar afastada dele também.

- O que foi? - questiono.

- Quer almoçar em casa? Minha mãe vai fazer lasanha hoje, é de berinjela, preciso que coma a minha parte - brinca

- Quero - sorrio aceitando o convite, depois dessa manhã péssima, é uma boa oportunidade de alegrar meu dia.

- Ô Marcela! - reconheço o grito de Jéssica.

- O que você fez? Ela parece brava - Felipe sussurra ao vê-la andando com passos firmes e decididos em nossa direção.

- Aonde você pensa que vai? Nós temos um compromisso agora. - minha irmã pergunta com seriedade.

- Tchau má, a gente se vê depois - Felipe se apressa em ir embora.

- Qual compromisso? - fico curiosa enquanto a sigo.

- Vamos na tia da Dara.

Oii, obrigada pela sua leitura.

O que pensam da atitude de Marcela em cortar o cabelo?

E da Jéssica consolando-a?

Marcela decidiu se manter longe de Bia, Tati e Felipe, concordam com isso?

Vocês também sentem às vezes invisíveis, de outro planeta?

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Até mais 😘

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