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10 A Vida É Assim

- Eu sou linda, inteligente, corajosa e forte. Eu sou simpática e alegre, as pessoas querem estar comigo, faço amizade facilmente - Repito essas afirmações encarando os olhos negros no espelho.

Numa tentativa de falar até se tornar verdadeiro, toda aquela história de teoria da atração, pensamentos positivos, onde sou a responsável pela criação da minha realidade e posso ter tudo o que desejo a partir do que lanço no universo. Coisa de energia e frequência.

Parece absurdo, contudo tenho que ter uma esperança, preciso mudar minha vida.

- Marcela vem tomar café !! - O grito da minha mãe ecoa pela casa.

Rapidamente me seco, visto a roupa, para evitar ser enforcada por minha genitora que me lança um olhar fulminante quando entro na cozinha.

Sei que está brava, porém não é comigo, meu pai saiu de madrugada ontem, depois de mais uma briga entre eles, que mesmo com o fone de ouvido, com uma meditação guiada, consegui escutar.

Distraída minha mãe liga a televisão, está passando o noticiário local, a discussão foi tão feia que deixou ela estranha assim. Talvez queria ver o jornal para ter a sensação que meu pai está assistindo na sala no seu ritual matutino.

Meu pai ainda não voltou para casa, não sei onde deve estar, tenho medo que logo apareça no jornal : É encontrado corpo de homem bêbado jogado na esquina.

Uma mistura de tristeza e vergonha me faz morder a bochecha tentando esquecer esses pensamentos.

Acabo de tomar meu café e vou para o ponto com a Jéssica esperar o ônibus.

- Bom dia meninas - Dona Maria cumprimenta simpática como sempre e logo começa a nos atualizar das fofocas do bairro.

Entendo seu interesse pelos nossos vizinhos, vive sozinha na sua casa, deve fazer isso para se distrair.

A gente sempre busca modos de fugir da nossa realidade, da solidão, nos filmes, nas novelas, nos jogos, nas músicas, no celular.

E por mais que às vezes incomode o jeito abelhudo de Dona Maria, não posso negar que também faço fofoca, ela é inofensiva, então paciente presto atenção a idosa que fica feliz em ser ouvida

- Tenho uma coisa para você - Dona Maria sorri e entra na sua casa, rapidamente sai com uma pequena flor. - É uma rosa de pedra.

- Muito obrigada - Corro para guardar em casa.

- Lembra do pé de hortelã que ela te deu? -Jéssica provoca assim que volto a esperar o ônibus do seu lado

- Essa é uma suculenta, ela é linda, forte e resistente. - Procuro um nome para minha flor.

- Tem que ser para sobreviver a você. - Zomba insensível

Decido focar minha atenção no celular e ignorar suas ofensas gratuitas, não sei por que me trata com tanta grosseria, contudo é pior se levar para o coração.

Pesquisando na internet encontro Maia, na mitologia grego romana, é a deusa da primavera, da terra e do renascimento, é a inspiração para o nome do mês de maio. E escolho esse nome para minha flor.

A condução finalmente chega, da janela vejo dona Maria segurando uma xícara sentada na cadeira de balanço, lembro do Ângelo, meu pé de hortelã, pobrezinho morreu seco.

Respiro fundo buscando paciência para aguentar mais esses cinquenta minutos sem pirar, hoje está sendo um tédio, queria estar em qualquer outro lugar, menos na escola.

Olho para trás, é quase inevitável fugir da vontade de ver Matheus, ele é um imã que me atrai, então percebo Júlia, sua voz se perde pela sala sendo abafadas pelos risos e conversas, acho que ninguém além de mim percebe que falou.

Está sentada no fundo, sua carteira é a última encostada na parede, longe dos outros alunos, parece que sua presença é errada, uma peça que não se encaixa no todo, perdida na classe.

Será que ela sente como se estivesse sobrando, fosse dispensável? É quase invisível.

Existem pessoas que são assim, como sombras e outras que são a própria luz, não faço ideia do motivo de uns serem vistos e outros viverem no anonimato.

Será que também sou uma sombra? Uma qualquer facilmente esquecida.

- Marcela? Te fiz uma pergunta...- A voz da professora Fabíola me traz a realidade.

- Pode repetir, por favor - Peço envergonhada

- Não ouviu, estava pensando no que fazer para arrumar o cabelo ruim dela. É uma lerda... - Sabrina debocha de mim causando risos baixos dos outros.

- A Terra divide-se em quatorze principais placas tectônicas. É o movimento delas que causa terremotos e tsunamis. - Isa diz confiante.

- Sua resposta está correta Isabela, você devia seguir o exemplo da sua colega. Agora copie a matéria - a professora me repreende.

Concordo balançando a cabeça, queria mesmo ser como a Isa: bonita, popular, os garotos desejam ficar com ela, as meninas querem ser suas amigas, estar como ela. É invejada, admirada e até odiada, mas nunca esquecida.

A minha vida está longe de ser incrível desse jeito então tento me concentrar na aula de geografia para ser ao menos uma boa aluna.

Depois de séculos, o sinal finalmente toca, no intervalo, o pátio sempre silencioso com suas paredes de tijolos amostra ganha vida com o movimento e o som dos alunos conversando, rindo andando de um lado para o outro.

Com os fones no ouvido música na mente, o mundo ao redor some, ignoro o corredor cheio de gente, andando com a expressão mais séria que consigo fazer vou até o bebedouro.

O caminho é longo, porque um grupo de garotos está parado perto, eles ficam olhando a bunda das meninas quando se inclinam para beber água, soltando comentários nojentos, são uns idiotas.

Me arrependo profundamente por não ter pego minha garrafa, todavia Jéssica ficou me apressando, parece que a única função dos caras na escola é constranger o máximo possível as garotas.

- Que cara, parece que quer matar um - Bia ri quando me ver.

- E quero, por mim exterminava todos os garotos idiotas daqui - Reclamo.

- Mexeram com você no bebedouro?! - Tati mostra sua frustração.

- Não adiantou erguer a música no último, ainda deu pra ver os olhares e sorrisos safados.

- São uns ridículos, no treino sempre tem um ou outro cara que fica secando a gente jogar, é tão desconfortável. Dá um ódio, já tentei brigar, mas o professor falou que estava exagerando, é só um olhar, não arranca pedaço.

- Ontem na apresentação os moleques me olharam de um jeito que fez eu me sentir envergonhada, suja, deu vontade de sair correndo e chorar. - Tati confessa. - Eu sei que estava dançando, mas não era por isso que queria ouvir aqueles comentários escrotos sobre mim.

- É tão chato não poder sentir alegria em fazer o que gosta porque tem moleque imbecil por perto. - Bia resmunga indignada. - Queria muito me sentir livre e segura para jogar tranquila, me vestir do jeito que gosto.

- Será que esse dia chega? O dia da gente ser vista como uma pessoa e não ser mais incomodada por olhares e comentários de homens inconvenientes - Questiono entristecida.

- Não sei, mas eu vou continuar dançando e usando a roupa que quero. Os olhares e comentários intimidam, porém não vou deixar esses nojentos tirarem meu prazer de ser eu. - Tati afirma determinada.

- Está certa, mas agora vamos comer - Falo e descemos para o refeitório.

- E a bronca que o professor André te deu - Felipe relembra achando a situação engraçada.

- Um exagero ele te expulsar da sala outra vez , mas conta o que tinha no papel? Era um bilhete de algum gatinho pedindo para ficar com você? - Tati fica Curiosa

- Era um desenho do professor dizendo que ele tinha que usar sutiã - Confesso

- Meu Deus, ahaha. Que bom que o André não viu. - Bia lê meus pensamentos.

- Quem te enviou? - Felipe indaga comendo com vontade seu segundo prato de macarrão.

Desceu antes das meninas e eu, e conseguiu repetir, apesar da fila quilômetrica.

- O papel foi parar comigo por puro azar, ainda não consegui um jeito de contar sobre a advertência. - As palavras escapam de mim sem saber por que omiti o Danilo.

- Dá nada, seus pais só vão te xingar, palavras não doem - Bia tenta me acalmar.

- Fácil falar, porque não é com você - Retruco, sem confessar que as coisas que meu pai diz quando está nervoso machucam sim, seus insultos são cruéis vindo com seu olhar cheio de ódio e desprezo.

- Calma aí - Bia levanta as mãos em sinal de rendição.

Talvez esteja exagerada na minha reação, entretanto por mais que não saibam o que passo é inevitável não me irritar por diminuirem minha dor.

Às vezes estar em casa é horrível, estou sempre mentindo para mim dizendo que está tudo bem , porém tem dias que me sinto muito cansada, é pesado demais fingir que não me incomodam os gritos, é exaustivo agir como se os xingamentos não me magoassem, e doloroso conviver com tanta briga.

Depois de comer Felipe vai na biblioteca pegar o violão e toca para nós suas músicas favoritas.

Como no outro dia várias pessoas sentam ao redor dele fazendo uma roda, a todas comprimento com um sorriso simpático, é assim que vou conquistá-las, ser lembrada.

Apesar de estar sentindo minha mão molhada de suor, faço de tudo para me manter sorridente, e sentada com a postura certa, para parecer mais confiante.

Me esforço para entrar nos papos paralelos, e sou tratada por esses desconhecidos com gentileza, vai ver a música desperta a empatia nas pessoas.

- Olha aquilo - Sussurrando Bia chama minha atenção.

Vejo o motivo do seu espanto, Tati e Sabrina estão cochichando, dando risinhos como se dividissem um assunto confidencial.

- Desde quando elas tem segredinhos? Quando ficaram tão unidas que não vi? - Pergunto incrédula.

- Não sei...- Responde Bia incerta.

- Tudo certo para hoje à tarde, né? - Fico enjoada ao ouvir sua voz, Sabrina é nauseante.

- Sim, vai ser maravilhoso - Tati está animada.

- Depois a gente se fala fofa - A loira deixa um beijo estalado na bochecha de Tati e sai.

Observo seu andar dançante, enquanto se afasta, sem compreender o que acabei de presenciar, será que vi direito, isso foi real ou estou tendo alucinações?

- Desde quando são tão amigas? - Estou atônita.

- Estou tentando me enturmar para ficar mais fácil de me aproximar do Danilo - Dá de ombros - Vocês deviam tentar serem amigas da Sabrina também, assim a gente faz parte do grupo e temos mais chance com os garotos .

- É uma boa ideia Ma, a Sabrina pode não ser tão ruim quanto parece - Bia pondera.

- Com certeza é pior - Reviro os olhos, não confio na loira.

Contudo falam tanto na minha cabeça que chego a me questionar que talvez elas estejam certas, não deve ser tão ruim estar com a Sabrina, quem sabe estar por perto até diminua minha antipatia por ela.

Afinal devo ter esperança, ver o lado positivo da vida e das pessoas, pelo menos é isso que a meditação guiada diz.
Ser luz para atrair luz

Oii, fico muito feliz em saber que você está aqui lendo.

Será que Marcela consegue conviver em paz com Sabrina?

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Até mais 😘

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