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Verdade Ou Desafio | Capítulo Onze

— Precisamos conversar — disse a ruiva, sentando-se na beirada da piscina natural e deixando seus pés ficarem submersos na água. Não parecia se importar com a barra molhada do vestido e Clarissa hesitou, sentada ao seu lado.

— O que houve? — Percebeu que Elisa estava um pouco tensa naquele dia, ela havia dito que a reunião com os vices comandantes do exército não havia ido tão bem e depois disso Clarissa não questionou mais. Ela sempre parecia estar estressada com algo ou lidando com algo importante.

— Lembrei do que você me perguntou sobre sentir falta de ar ou começar a tremer e o fato de ainda sentir isso... Não que não seja normal, mas não deveria ser tão intenso — começou, fazendo a loira franzir as sobrancelhas. O que ela queria dizer com aquilo? Estremeceu inconscientemente, sentindo que aquilo não poderiam ser boas notícias. — Eu voltei ao hospital, Cass. Sinto muito, deveria ter feito isso antes, mas achei que estando aqui...

— Liz, o que você está dizendo? — indagou, quando Elisa fez uma pausa. Sentia pontadas de nervosismo acelerando seus pensamentos, lhe deixando agitada.

Estavam de volta àquele mesmo local cheio de flores vermelhas e vegetação vívida, a água cristalina ondulava enquanto as pernas ficavam submersas praticamente até o joelho. Nem mesmo aquilo acalmou a loira.

— Você teve uma parada cardíaca, mas continua em um coma profundo, estado vegetativo. A alma está totalmente separada do corpo, mas ainda restam resquícios do corpo humano em você — completou, fazendo a loira arregalar os olhos. Se aquilo de fato significava o que achava que significava, se ainda estivesse em um hospital, mesmo que viva por meio de máquinas...

Você age como se ela já tivesse partido, não consegue nem ao menos dizer o nome dela. Era o que seu pai havia dito. Achou que era apenas uma forma sentimental de dizer que sempre estaria ao lado deles, mas...

— Essa ligação... — indagou, sentindo um nó sufocante se formando na garganta. Encolheu as pernas, voltando os olhos assustados para Elisa. Por um momento, não teve certeza se queria ouvir a resposta.

— Pode ser reatada. Não por você ou por mim, não é algo que possa ser feito, mas se você conseguir se reconectar, se alguma coisa acordar esta ligação e reatá-la, então... — Fez uma pausa, deixando que a loira completasse a ideia e Clarissa baixou o olhar.

— Então eu estaria viva de novo — murmurou, sentindo que tudo desabava dentro de si, por alguma razão estranha. Mesmo que ainda não se sentisse em casa, aquele lugar havia se tornado parte de quem era e voltar a ser a mesma Clarissa de antes, enfiada em livros, sem nunca imaginar que pegaria em uma espada de verdade... — Eu me lembraria? Me lembraria de você, Lena, Lucas... deste lugar? — perguntou e Elisa hesitou por um segundo, baixando o olhar para a água que ondulava e refletia a luz branca vinda do teto aberto.

— Não, não se lembraria e nem poderia me ver ou falar comigo — disse a ruiva, em um tom baixo e quase sem emoção. Clarissa mais uma vez tentou conter um calafrio, encolhendo-se. Sua mente pulsava com tudo o que havia acontecido desde que chegara ali, novas perguntas surgindo e fazendo sua cabeça latejar. — Mas eu daria um jeito de você saber que estou ao seu lado, se você quiser voltar. Posso pesquisar sobre essa ligação, podemos achar algum modo de reatá-la e procurar formas de...

— Como posso saber se tudo isso não é só uma alucinação, um sonho louco? — indagou, baixinho e lágrimas mancharam as bochechas, reluzindo tanto quanto os cachinhos loiros de boneca. Clarissa se encolheu, passando os braços em volta do próprio corpo e curvando-se em direção à água. Viu o reflexo das flores vermelhas distorcidas e da vegetação ondulando junto com a superfície cristalina, em imagens quase nítidas.

Voltaria se tivesse uma chance ou permaneceria ali? E se nada disso fosse real? Sentia que estava vivendo um sonho desde que chegara à Onyx e sabendo que estava em coma profundo em algum lugar na dimensão humana...

— Cass... — Elisa tentou falar, mas acabou deixando a voz morrer como se soubesse que não poderia lhe consolar. Ela também não parecia ter uma resposta, um modo de lhe provar que aquela era sua realidade dali em diante.

O silêncio caiu sobre as duas como um véu assustador e sufocante.

— Liz, só preciso ficar sozinha por um tempo — pediu, por fim e Elisa apenas lhe ofereceu um sorriso triste quando assentiu, inclinando-se em sua direção antes de se levantar. Lhe deu um beijo carinhoso na testa, tirando os pés da água e se levantando, ajeitando o vestido branco.

— Chame se precisar de mim — disse e a loira assentiu, pouco antes de vê-la atravessar o local e bater as portas duplas, deixando-lhe sozinha.

« ♡ »

Elisa havia dito que estaria na biblioteca e Clarissa esperava que estivesse sozinha, mas ouviu risadas ao passar pelas estantes e ir até uma das repartições com sofás, poltronas e tapetes confortáveis. Definitivamente era mais de uma voz se entrelaçando com as risadas.

Ficou tensa quando adentrou o local e viu Lynn sentada em uma das poltronas. Kenan também estava ali, junto com Arthur e Elisa. Clarissa viu que havia uma mesa no centro da sala com livros abertos, anotações e todos os tipos de material de pesquisa, mas aparentemente eles haviam desistido e agora estavam sentados quase em um círculo, bebendo do líquido prateado como se estivessem em algum tipo de festa particular.

Sabia que eles sempre estavam se ajudando nas diversas áreas, talvez Arthur estivesse ajudando Elisa com as armas e Kenan tinha experiência com lutas e armas, sabia que ele havia sido chamado para investigar a cena suspeita que envolvia Lena. E é claro que Lynn estaria ali, disso Clarissa não tinha dúvidas.

Pelos papéis espalhados e pilhas de informações, Clarissa julgou que eles haviam trabalhado um bom tempo antes de finalmente abandonarem toda a pesquisa. Elisa esticou-lhe o copo com o líquido prateado quando sentou-se ao seu lado, ajeitando-se em seus braços.

— Tudo bem? — indagou, fitando-lhe com os olhos dourados preocupados. A loira apenas assentiu, sem vontade de falar mais sobre aquilo.

Havia passado um bom tempo sozinha, pensando sobre o que Elisa havia dito. Ao mesmo tempo que daria tudo de si para voltar, sentia um aperto no peito ao pensar em se esquecer de tudo isso, de voltar a ser aquela garota imersa nos livros e nunca pensar que um dia poderia viver sua própria história.

Sentia que as possibilidades eram infinitas ali, mas o que aconteceria se voltasse? Seria a mesma Clarissa de sempre, mas desta vez em uma cadeira de rodas?

Acabou dividindo a bebida com Elisa, sentindo o gosto doce se desdobrar em milhares de sabores e a aflição em seu peito aos poucos de desfazendo, como um nó se afrouxando. Não conseguiu tirar os olhos de Lynn, sentia-se distante enquanto os outros quatro conversavam e riam como se estivessem em um bar de esquina.

Elisa pareceu perceber seu desconforto, passando a mão por sua cintura e acariciando suas costas de forma carinhosa, lhe acalmando. A ideia de se esquecer daquilo, de estar tão distante da ruiva, de não poder vê-la, lhe deixava em pânico. Já havia perdido Elisa diversas vezes, não queria perdê-la novamente.

Foi fácil se entrosar, conhecê-los por fora daquela versão profissional. Kenan era muito mais divertido do que parecia, Arthur não tinha nada a ver com aquele investigador sério que lhe interrogara.

Não conseguia tirar os olhos de Lynn, não conseguia parar de pensar em como ela parecia inofensiva, simpática. Aquilo lhe deixava enojada e um pouco confusa, fazendo-a questionar se havia tirado a frase de contexto.

Se não queria que Elisa se envolvesse, então que a tirasse do caminho também!

Como poderia tirar aquilo do contexto? Estava claro que ela estava falando da investigação, não era?

— Que tal um jogo de verdade ou desafio? — Foi Lynn que sugeriu, pegando uma das garrafas vazias caídas no tapete. Clarissa franziu as sobrancelhas, mas os outros pareceram animados com a brincadeira, colocando a garrafa no centro do círculo.

Já estavam sentados de forma organizada, então não precisaram ajeitar o lugar. Kenan apenas se inclinou e girou a garrafa, Clarissa não se importou em participar do jogo e permaneceu na roda, apesar de não achar aquilo uma boa ideia. Talvez fosse a bebida, mas sentia-se estranhamente apática.

Uma ponta da garrafa parou em Lynn e a outra apontava na diagonal para Clarissa.

— Verdade ou desafio? — ela sorriu, os olhos brilhando de uma forma que a loira achou assustadora. Desviou o olhar por alguns segundos, encarando as pinturas um tanto borradas no teto, as asas brancas e luminosas tão distorcidas pela bebida que não conseguia observar seus detalhes.

— Verdade. — Não arriscaria um desafio, não com Lynn, não cercada de querubins e não quando não sabia o nível de desafio deles. Imaginou o que eles fariam como desafio ali e não achava que Lynn tentaria algo na frente de Kenan, Arthur ou Elisa.

Mas estava curiosa para saber o que eles consideravam um desafio. Colocar fogo em algo com o poder da mente? Voar sobre as altas estantes e desviar delas como se fossem obstáculos de corrida? Ler algum livro demoníaco?

— Em uma situação de risco, salvar a si mesma ou salvar alguém que ama? Deixar a autopreservação falar mais alto e perder alguém muito importante ou se sacrificar em nome dessa pessoa? — Clarissa franziu as sobrancelhas. Que tipo de pergunta era aquela?

Percebeu que o olhar dela era incisivo demais, os lábios se curvavam em um sorriso desafiador e quase ameaçador que lhe deu calafrios. Sentiu-se enjoada e, por alguns segundos, Lynn fez um movimento quase imperceptível, inclinando a cabeça para o lado como se estivesse olhando ou gesticulando para Elisa. Aquilo era... uma ameaça?

Ninguém ali parecia ter notado a ironia na voz de Lynn.

— Eu me sacrificaria, mas faria questão de acabar com qualquer ameaça antes disso — respondeu, usando a voz mais seca que poderia reproduzir. Lynn apenas manteve o sorriso quando riu baixo, fixando os olhos nos seus e Clarissa quase pôde sentir as chamas de seus olhos lhe queimando, reduzindo-lhe a cinzas.

Manteve-se firme naquele jogo de encarar, mesmo sem saber exatamente onde estava se metendo. Ela os vira. Ou, pelo menos, sabia que Clarissa havia a escutado naquele dia em que a encontrara nos corredores da biblioteca.

— Clima pesado demais — Kenan revirou os olhos e então inclinou-se novamente, a garrafa girou por alguns segundos enquanto os outros observavam, com os devidos copos em mãos. Uma das pontas apontou para Arthur e a outra ficou em Kenan.

Arthur riu, os olhos cintilando de forma provocativa.

— E então, Kenan, quem é que tem o melhor beijo desta roda? — Clarissa quase engasgou-se com a bebida, Elisa não conseguiu conter a gargalhada e Kenan afundou-se no sofá como se pudesse desaparecer no meio dos olhares que todos lhe lançavam. Aparentemente, aquele grupo tinha mais histórias do que conhecia.

A garrafa continuou girando, se desfazendo apenas em um jogo de perguntas e respostas rodeado de risadas. Lynn continuou ali, lhe encarando ocasionalmente e agindo como se nada aquilo fosse estranho, Clarissa se esforçava para não pensar demais quando respondia as perguntas e a ignorava.

Era impressionante aquela intimidade entre eles, impressionante como se sentiu a vontade naquele lugar. Depois de ouvir e dizer tantas coisas comprometedoras, sentia que os conhecia há anos.

Quando se cansaram da brincadeira, Kenan, Arthur e Elisa foram organizar as pesquisas na mesa e Clarissa ficou para pegar as taças e as garrafas, só percebeu que Lynn também estava organizando as coisas na sala de leitura quando se abaixaram para pegar a garrafa do jogo.

Ela apenas lhe encarou, aqueles olhos dourados e flamejantes queimando, mas desta vez com um frio intenso. Clarissa manteve o olhar no dela, as duas se encarando por aqueles segundos que pareceram se estender por anos e fazendo os sons e imagens ao redor desaparecerem.

— Se eu perguntasse durante jogo onde está a adaga que fez aquilo com Lena, você seria obrigada a dizer a verdade? — indagou, o tom baixo e frio, a mesma voz seca de quando respondeu a primeira pegunta dela. Lynn parecia achar aquilo divertido, como se Clarissa fosse apenas uma criança irritada, capaz apenas de birra e nunca de algo maior. A loira conseguia ver isso em sua expressão, conseguia ver a dose de humor em seus olhos frios.

— Cuidado, Clarissa, aposto que consigo chegar em Elisa mais rápido do que você pode me pegar — disse, a ponta dos lábios se curvando em um sorriso ameaçador quando pegou a garrafa vazia e se levantou, afastando-se e deixando a frase pairar no ar. Então eles estavam mesmo planejando tirar Elisa do caminho, exatamente como fizeram com Lena.

Aquilo lhe fez estremecer, sentindo-se extremamente impotente e tão apavorada quanto Lynn queria que ficasse. Não tinha medo do que ela pudesse fazer consigo, era em Elisa que pensava e enfrentaria um julgamento sem provas se fosse o suficiente para deixá-la alerta.

Se ao menos soubesse se Elisa já estava ciente disso na investigação...

— Ele não tinha ninguém — disse uma voz masculina e estava tão perdida nos próprios pensamentos, encolhida em um canto do sofá enquanto esperava Elisa, que não percebeu Kenan parado à sua frente.

Estavam sozinhos ali, Elisa havia desaparecido com Arthur para levar alguns documentos, assinar alguns papéis ou algo assim e Lynn havia desaparecido entre as estantes. Achava engraçado como eles dividiam essa parte profissional e pessoal, como se tudo aquilo fosse uma brecha no tempo e agora todos voltassem às devidas funções.

Hm? — Ele riu baixo ao ver sua expressão confusa, sentando-se ao seu lado no sofá e afastando as almofadas estampadas. Elas combinavam com o tapete macio e colorido espalhado pelo chão de mármore branco.

— O garoto que bateu no seu carro naquela noite — falou, desta vez mais devagar e deixou os cabelos escuros caírem sobre os olhos, escondendo a expressão. Clarissa estremeceu, mas deixou que ele prosseguisse, mesmo sem ter certeza se queria ouvir o resto. — Tinha dezenove anos, nunca conheceu o pai, a mãe era alcoólatra e viciada em drogas, morreu de overdose quando ele tinha dez anos. Ficou em orfanatos desde então, nunca conheceu uma família, nunca foi bem na escola ou se sentiu acolhido lá, seguiu os mesmos passos da mãe e nunca teve dinheiro para pagar faculdade, estava perdido depois do ensino médio. Aquele carro era de um amigo, aposto que faria a entrega de alguma droga ou algo assim — completou e a loira sentiu um nó na garganta, uma sensação pesada que substituiu a raiva que sentia anteriormente. Era tudo o que sentia, raiva por ter sido arrancada de sua vida, mas agora... — Não estou dizendo que justifica toda a merda que ele fez ao entrar naquele carro ou que você deve perdoá-lo, mas as pessoas são complicadas e ele não queria machucar ou matar ninguém. Achei que pudesse te ajudar a compreender o motivo de estar... — Kenan fez uma pausa, Clarissa desviou o olhar. Morta. — Nesta dimensão — concluiu, dando de ombros.

Clarissa sentia apenas um vazio por dentro. Seus pais sempre lhe apoiaram, sempre tivera um lar estável e confortável, sempre tivera pessoas que lhe amavam ao seu redor e um bom suporte financeiro, sempre teve consciência e ouvira o suficiente de seus pais para não dirigir um carro depois de passar dos limites com qualquer bebida. Sentira tanta raiva, tanto ódio e julgara tanto as ações daquele garoto que nunca havia parado para pensar na história de fundo.

Kenan tinha razão, lhe ajudava a entender. Talvez se aquele rapaz tivesse uma vida estável como a sua, então não estivesse em Onyx hoje. Não podia culpá-lo por agir da única forma que conhecia, viver e sobreviver da única forma que aprendera.

— Obrigada por me contar, isso ajuda — disse, a sinceridade dançando nas palavras. Sentia aquele ódio dando lugar a outra coisa, sendo substituído por um sentimento de empatia e por uma raiva genuína de como as coisas eram, de como o destino acontecia.

Nenhum dos dois havia merecido aquilo, nenhum dos dois merecia morrer naquele acidente.

Kenan apenas sorriu e assentiu quando se levantou, prestes a se afastar. Clarissa apenas encolheu as pernas no sofá, mordendo o lábio de leve ao encará-lo novamente e perguntar, antes que ele sumisse dentre as estantes.

— Você e Elisa alguma vez... — Deixou a interrogação no ar, mas ele sabia que estava pensando na segunda pergunta. Arthur dera a impressão que todos ali haviam se relacionado em certo ponto e não conseguia imaginar Elisa e Kenan como um casal, mas...

Kenan riu, balançando a cabeça em negativa.

— Vai precisar perguntar para Elisa se realmente quiser saber. — E então desapareceu entre as estantes, sem lhe dar a chance de fazer novas perguntas. Clarissa não conseguiu conter um revirar de olhos, mas riu baixo quando afundou-se no sofá e se deixou ser engolida pelas almofadas coloridas.

Percebeu que não, realmente não queria saber.

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