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Capítulo vinte e cinco
❝ então tá ❞
POV - Pablo Gavi
Pela quarta vez essa semana, saio do treino querendo esmurrar a parede. A falta de habilidade e bom senso de alguns dos outros jogadores da defesa é insuportável. Estava disposto a pegar leve com os mais novos, mas não tem desculpa para a maneira como os caras do time B jogaram essa semana.
Os treinos de troca de passes foram um desastre. Os garotos corriam em câmera lenta, e se eles queriam de alguma forma passar a jogar no time principal, não é jogando dessa forma que isso vai acontecer.
Ao ir para o vestiário , percebo que não sou o único frustrado. Tem muita cara feia a minha volta, e até Pedri está surpreendentemente quieto. A única pessoa que tem um sorriso no rosto é Raphinha, que recebeu muitos elogios do treinador por seu desempenho hoje.
—Gavi — Xavi aparece na minha frente — Quero falar com você depois do banho.
Merda. Repasso o treino depressa na minha cabeça, em busca do que posso ter feito de errado em campo, mas não me parece arrogância achar que joguei bem.
Trinta minutos depois, quando entro na sala do treinador, ele está a mesa com um olhar sombrio que aumenta minha agitação. Porra. Foi o passe errado que dei no início do treino? Não. Não pode ser.
—O que houve? — Eu sento, tentando não demonstrar como estou abalado.
—Vamos direto ao ponto. Você sabe que não gosto de perder tempo — Xavi se recosta na cadeira — entraram em contato comigo
—Quem?
—Times da premier league — Meus olhos quase pulam para fora da cabeça. — Olha, não é segredo nenhum que você está na mira de muitos times ingleses grandes. Manchester United e Chelsea estão na briga querendo você
Meu Deus.
—Por isso, conseguimos o ok da La Liga, para renovar seu contrato e registrar você como jogador do time principal. Você irá jogar usando a camisa seis
—A que era sua?
Mal posso assimilar a informação. Tudo o que consigo fazer é olhar para o treinador.
—Sim. Você é bom, Pablo. Pra cacete. Não queremos você em outro time que não seja o Barcelona. E ninguém melhor que você para usar o número que um dia foi meu.
Cara. Isso não pode estar acontecendo. A tentação é tão forte que sou capaz de saborear o gosto da vitória. Jogador na equipe principal para o time que cresci torcendo. Um garotinho da La Masia agora usando a camisa seis.
—Voce reconsiderou seus planos para depois do fim da temporada?
Minha garganta fica mais seca que areia. Meu coração dispara. Quero gritar "Sim! Reconsiderei!" Mas não posso. Fiz uma promessa a minha irmã. E, por melhor que seja a oportunidade, não é o suficiente.
—Não, não reconsiderei — dizer isso é a morte. A morte.
—Olha, Pablo. — seu tom é estudado — eu entendo o por que você não querer renovar seu contrato. De verdade.
Tirando minha irmã, e agora Pedri, o técnico é a única pessoa que sabe o que está acontecendo.
—Mas é do seu futuro que estamos falando. Se você abrir mão disso, filho, vai se arrepender para o resto da vida. Garanto.
Não precisa de garantias. Sei que vou me arrepender. Merda, já me arrependo de um monte de coisas. Mas a família vem em primeiro lugar, e eu dei minha palavra. Não posso voltar atrás agora, não importa o quão tentador seja.
—Olha treinador, obrigada pela oportunidade, de verdade. — Engulo um caroço de desespero e levanto, lentamente — mas não tem como eu renovar o contrato, minha irmã e minha mãe precisam de mim, meu pai precisa de mim.
Saio da sala deixando Xavi ali. Preciso ocupar minha mente. Preciso ver a Catalina.
🇧🇷🇪🇸🇧🇷🇪🇸🇧🇷
—Tem certeza de que é isso que você quer?
A voz suave de Catalina e sua expressão tímida fazem meu peito doer. Não sei por que ela me pergunta isso, porque obviamente é a última coisa que quero fazer. É o que tenho que fazer.
Peguei um trem direto para Madri depois do treino e não perdi tempo em contrário sobre a conversa com o técnico, mas depois bateu um pequeno arrependimento. Deveria ter guardado para mim. Depois que a gente começou a sair, falei para ela dedos meus planos para o futuro, e embora não tenha dito em voz alta, sei que Lina não concorda com eles.
—Não queria dizer não. Mas tive que fazer isso. Aurora espera que eu volte para quando a temporada acabar.
—E seu pai? O que ele espera?
Feito a cabeça na pilha de almofadas em sua cama. Tem o cheiro dela. Doce e feminino, uma fragrância relaxante que diminui um pouco da tensão acumulada no peito.
—Ele sempre quis que eu largasse o futebol e ficasse cuidando dele. É o que a família faz. Ajuda quando é necessário. E uns cuidam dos outros.
—À custa dos seus sonhos?
—Se for o caso, sim. — Toda essa conversa é pesada demais, então eu a puxo para mim — Vai, vamos colocar esse filme. Preciso de uns tiros e umas explosões para me distrair.
Catalina pega o laptop e da play no filme, mas quando tenta colocar o computador entre nós, eu o passo para meu colo, para que não haja nenhuma barreira a impedido de se aninhar ao meu lado. Adoro abraçar Lina. E brincar com seu cabelo. E me abaixar para beijar seu pescoço sempre que me dá vontade.
Não namoro ninguém desde o colégio, mas estar com ela é diferente do que era com minhas antigas namoradas. Catalina parece... mais madura, acho. Naquela época, a gente só falava besteira e preenchia o silêncio se agarrando. Mas Lina e eu conversamos de verdade. Falamos sobre nossos dias, treinos e aulas, infância , o futuro. Mas não é a única coisa que fazemos. Vi Lina quase todos os dias desde o primeiro encontro, e fomos bem safados nessas ocasiões. O dia da festa do Sergi? De outro mundo.
Com vinte minutos de filme, Lina se vira para mim de repente.
—Ei. Pergunta
—Manda ver
—Estamos namorando?
—Não sei, você quer namorar? — seus olhos castanhos brilham
—Bem, agora não sei mais
Sorrindo, me inclino para deixar o laptop no chão e pulo em cima dela. Lina grita quando a coloco de costas e aperto meu corpo contra o seu, me escorando num dos cotovelos para fita-lá.
—Mentirosa — acuso — Claro que você quer. E, para sua informação, é isso que estamos fazendo.
Ela fica com uma expressão pensativa no rosto por um momento e então assente.
—Então tá
—Ah, que generoso da sua parte linda. A gente devia mandar fazer camisetas combinando: 'Então tá'
Catalina explode numa gargalhada que faz cócegas em meu queixo. Adoro esse riso. É tão verdadeiro. Tudo a respeito dela é verdadeiro. Já saí com muitas garotas que fazem joguinhos, que dizem uma coisa quando querendo dizer outra, que mentem ou manipulam para conseguirem o que querem. Mas Catalina não. Ela é aberta e sincera. Quando está chateada ou irritada, me diz. Gosto disso.
Baixo a cabeça para dar um beijo nela. Movo os quadris para frente, e só esse tantinho de atrito me arranca um gemido. É insuportável essa necessidade de me aliviar. Minha respiração fica ofegante a medida que vou avançando em direção ao cós da calça legging. Lina interrompe o beijo, tenda sob o toque.
—Hum... — suas bochechas ficam coradas — Não posso. To naqueles dias.
—Naqueles dias?
—Queria que eu dissesse que estou menstruada? — fico quieto — Tá vendo? Naqueles dias é melhor. Deita, quero provocar você um pouco.
Me provocar é tudo o que ela faz. Catalina tira minha camiseta e explora cada centímetro do meu peito. Sinto seus lábios macios e beijos fugazes ao longo da minha clavícula. Arfo quando ela me beija mordiscando meu lábio. Catalina se alinha ao meu lado.
—Sei que esperava mais, mas estou cansada para isso
—Não se preocupa. Tudo o que você faz comigo é sensacional e incrível. — Enfio os dedos em seus cabelos —Ei, pergunta
—Manda ver
—O próximo jogo do Barcelona vai ser na véspera de ano novo. Sei que você prefere o Real Madrid... mas topa ir?
—Eu vou sim. Mas provavelmente atrasaria um pouco. Vou encontrar um cara da turma de direito.
Deito de lado e estreito que os olhos para ela. Uma sensação estranha e desconhecida me invade. Fico surpresa ao perceber que é ciúme.
—Que cara?
—Calma, seu bobo. É só um cara da minha turma. Temos que fazer um trabalho em dupla, um estudo de um caso. A gente se encontrar algumas vezes.
—Ah, é? — Faço uma pausa — Ele é bonito?
—Acho que não é de se jogar fora. Magro demais, mas algumas meninas gostam disso. — Quando percebe minha expressão, Lina ri ainda mais alto
—Rá, quem tá com ciúmes agora?
—Não to com ciúmes — minto
—Tá sim! — Ela se aproxima e me dá um beijo sonoro nos lábios. — Mas não precisa, tenho namorado, lembra?
—Temo mesmo
Merda, agora sei como ela se sentiu na festa, na outra noite. Esse aperto possessivo no peito é... algo novo. Não gosto da sensação, mas não posso impedir que venha. A ideia de Lina com outro cara é inaceitável. Não vou tão longe a ponto de dizer que ela é minha, mas.... bom, ela é minha. Para abraçar, e beijar, e fazer rir.
Isso mesmo, minha.
—Que horas são? — ela pergunta — to com preguiça demais para levantar a cabeça
—Sete e trinta e dois
—Quer terminar de assistir ao filme?
—Claro — me abaixo para pegar o laptop, que apita no instante em que eu o toco — Hum, tem alguém ligando para você no Skype
—Rápido veste a camisa!
—Por que?
—Porque é a minha mãe!
Se eu ainda tinha algum resquício de ereção, ela desaparece num passe de mágica. Visto a camisa e ajeito meu cabelo , enquanto Lina acomoda o computador no colo. Seus dedos pairam sobre o botão, então ela olha para mim.
—Vá uns vinte e cinco centímetros para a esquerda se você não quer que ela te veja.
—Você não quer que ela me veja?
—Eu não ligo. Na verdade, ela sabe tudo sobre você, então seria melhor dar um oi. Mas entendo se não quiser conhecer minha mãe agora.
—Por mim tudo bem — dou de ombros
—Então se prepara. Eu já te contei que minha mãe é meio doidinha né?
—Querida!! Você atendeu! — o vídeo preenche a tela, revelando uma morena muito atraente que parece jovem demais para ser mãe de uma menina de dezenove anos.
—Oi mãe — cumprimenta Lina — que horas são aí?
—Uma da tarde. Está um sol aqui. Acabei de voltar da praia. Ipanema sente saudades de você! E um cara gostoso se mudou para o apartamento da frente. — não entendo nada o que ela fala, mas pela cara de Lina não foi coisa boa
—Mãe!
Catalina comentou que a mãe é extravagante, impulsiva e que age mais ou menos como uma adolescente. Agora vejo que não estava exagerando.
—Foi mal foi mal. Mas fazer o que, tenho quarenta e quatro anos, querida. Espera que eu viva como uma monja?
Sua resposta faz com que eu solte uma risada nasal, e olhos castanhos da mãe de Lina se estreitam.
—Catalina Belchior de Luna, tem um homem sentado ao seu lado? Pensei que era uma pilha de lençóis. Se identifique senhor.
Sorrindo, me aproximo da câmera para que veja meu rosto.
—Boa tarde, sra. Belchior.
—Sra. Belchior não querido, pode me chamar de Ligia. — ela muda do português para o espanhol em fração de segundos
—Ligia. Sou Pablo.
—O Pablo?
—Sim mãe, o Pablo — Confirma Lina, com um suspiro.
Lígia olha de mim para Lina, em seguida faz uma cara séria.
—Querida, gostaria de um momento a sós com Pablo. Vá dar um passeio ou algo assim.
Meu olhar alarmado olha para Lina que tenta não rir.
—Ei, você disse que não tinha problema — ela da um beijo na minha bochecha — Vou ao banheiro, fiquem a vontade.
Á medida que Catalina pula para fora da cama, literalmente me abandonando , o pânico toma conta. Lina me deixou a mercê da mãe. Merda. Deveria ter me escondido quando tive a oportunidade.
—Ela já foi?
—Ja.
—Ótimo, não se preocupe. Vou ser rápida. E só vou dizer uma vez, então escuta bem. Lina me disse que ia dar outra chance a você, e apoio totalmente essa decisão. Então, se magoar minha filha, vou pegar o primeiro avião , aparecer na sua porta e espancar você até a morte.
—Não vou magoa-lá , prometo.
—Ótimo
E , juro, a mulher tem personalidade múltipla, porque, num piscar de olhos , está radiante de novo e me enchendo de perguntas. Respondo as perguntas aleatórias que ela atira na minha direção. Mas não me importo. Três minutos depois, o telefone de Lígia toca e ela diz que precisa atender, mas que vai ligar de volta.
—Como foi? — questiona Lina quando retorna ao quarto
—Vocês são idênticas — rio — quer fazer o que agora?
—Preciso de um banho
—Posso ir com você? — sorrio e ela me da um peteleco
—Seu sem vergonha
—Você me deu um peteleco? — ela me da outro — e outro?
Agora é ela quem está rindo, quando começo a fazer cócegas nela sem parar. Enquanto se contorce na cama e tenta escapar de meus dedos, chego a várias conclusões.
Um: nunca me diverti tanto com uma menina na vida
Dois: não quero que isso acabe nunca
Tres: acho que posso estar me apaixonando por ela.
•Como eu amo eles!! Eu demorei um pouquinho mais para atualizar porque eu estava ocupada fazendo edits tristes para vocês 🤪🤪
•O que acharam do El Clássico de ontem?
Obs: vao ler minha fanfic do Pedri e do Frenkie, se passam no mesmo universo dessa 🤍🤍
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