Capítulo vinte e três
❝ pede ajuda na DM da Taylor Swift ❞

POV - Pablo Gavi

—O que rima com insensível? — Bato a caneta na mesa da cozinha, mais do que frustrado com a tarefa. Quem poderia imaginar que rimar fosse tão difícil?

Cortando cebola na bancada, Frenkie ergue o olhar e diz:

—Sensível

—Ah tá. Vou rimar insensível com sensível, genial.

Do outro lado da cozinha, Marc termina de colocar a louça na lava louças e se vira para mim, com o cenho franzido.

—O que você tá fazendo aí? Faz uma hora que está rabiscando nesse bloquinho.

—Escrevendo um poema de amor — respondo, sem pensar. Então comprimo os lábios, percebendo o que acabei de fazer.

Um silêncio mortal recai sobre a cozinha.

Frenkie e Ter Stegen trocam um olhar. Extremamente demorado. Pedri adentra a cozinha e fica encarando os dois, e em sincronia, os três me encaram.

—O que está acontecendo?

—Pablo está escrevendo um poema — De Jong segura a risada

Eles riem como se eu estivesse ficando doido, e talvez eu esteja. E esse não é nem o item mais maluco da lista de Lina. Sim, uma lista. A descarada me mandou uma lista de tarefas que eu tenho que fazer para ela aceitar sair comigo. Eu entendo ela para falar a verdade, Catalina não acredita em mim e está preocupada que vou estragar tudo de novo.

E estou apto a fazer todas as seis coisas dessa lista maluca. Alguns vão ser difíceis, não tenho dúvida, mas sou um cara esperto. Se consigo jogar em um campo e brigar com caras do dobro do meu tamanho, então certamente posso escrever um poema meloso.

—Só uma pergunta — começa Pedri

—Serio? — comenta Marc — Porque tenho muitas

—Vai. Pode falar.

Pedri cruza os braços.

—Está fazendo isso para a Lina? — assinto — cachorrinho

Faço uma cara feia pra ele, e vejo suas costas largas tremendo quando começa a gargalhar. Em meio ao riso consegue tirar o telefone do bolso e começa a digitar.

—O que está fazendo?

—Mandando uma mensagem no grupo, os meninos precisam saber disso.

—Odeio você

   Estou tão ocupado olhando para Pedri que não percebo o que Marc está tramando até ser tarde demais. Ele pega o bloco da mesa, da uma olhada e exclama.

—Puta merda. Ele rimou céu com corcel

—Corcel? O cavalo?

—O carro — murmuro — estava comparando os lábios dela com o corcel vermelho que tinha o sonho de ter quando criança. Usando minha própria experiência, esse tipo de coisa.

—Você deveria ter comparado com mel, seu burro.

   Ele tem razão. Sou um péssimo poeta. Sei disso.

—Pede ajuda na DM da Taylor Swift — Pedri diz e sinto a ironia em sua voz — marry me Juliet — ele começa a cantarolar o que me lembro ser o refrão de Love Story.

— Sério isso?

—i like shining things but I marry you with paper rings...

—É sério Pedri! Me ajudem, o que acham? Querida Lina..

—Que...

—Bundas tens — sugere Frenkie

—Só melhora — Pedri ri — Querida Lina, que bunda tens — ele digita no telefone de novo

—Quer parar de digitar essa conversa no grupo?

  Marc Ri

—Serio, por que está escrevendo poesia para essa garota?

—Porque to tentando reconquistar Lina. E escrever um poema é uma das exigências dela.

—Quais são as outras? — questiona Pedri erguendo o rosto do telefone

—Não é da sua conta.

—Se você se sair tão bem com o resto quanto com esse poema épico, vai ganhar a menina em
dois tempos!

—Valeu pelo sarcasmo — então pego o bloco de volta da mão de Marc e vou embora — aliás, da próxima vez que qualquer um de vocês precisar de ajuda com as mulheres, não contem comigo. E fechem a porta quando saírem

O riso de Pedri me segue por todo o caminho até o andar de cima. Entro no quarto, bato a porta e passo uma hora digitando o poema mais caído do mundo no meu laptop. Nossa. Estou me esforçando mais nesse poema maldito do que nos treinos.
Pego meu celular e escrevo para Lina.

Eu: qual é o seu e-mail?
Ela: [email protected]
Eu: entra lá

Dessa vez, Catalina demora bastante para responder. Quarenta e cinco minutos para ser exato. Já estou na trigésima página da leitura de um livro aleatório que peguei na estante de Aurora, quando o telefone vibra.

Ela: não mude de carreira, Emily Dickinson

Eu: ei! Você não disse que tinha que ser BOM

Ela: Verdade, nota 4. Mal posso esperar para
ver a colagem

Eu: Oq acha de purpurina? E fotos íntimas?

Ela: Se tiver uma foto das suas partes íntimas nessa colagem, vou tirar xerox e distribuir pelo CT

Eu: como se os garotos já não tivessem visto meu pau. Entenda, esse encontro tá no papo linda.

Sorrio e jogo o celular de volta na cama. Há uma longa demora, então meu celular apita novamente. Boa sorte com o Item 6.

Ela está tentando me intimidar. Rá. Boa sorte com isso. Catalina Belchior subestimou tanto minha tenacidade quanto minha desenvoltura. Mas vai descobrir isso em breve.

Uma semana inteira se passa antes que eu consiga riscar ouro item da lista. Já completei quatro dos seis, mas os dois últimos estão complicados. Tem um plano em ação para o sexto, mas o quinto é sinistro. Procurei em tudo o que é canto, até pensei em comprar na internet, mas essas coisas são muito mais caras do que eu pensava.

  É terça feira à tarde e estou com , Ansu, Pedri e Ferran. Viemos buscar Sira e Blanca no prédio do teatro que Blanca está ensaiando e vamos os seis para o centro de Barcelona almoçar.  Mas, no instante em que entramos no auditório escuro que as meninas marcaram de nos encontrar, meu queixo cai e nossos planos mudam.

  —Puta merda, aqui é um divã de veludo vermelho?

  Os garotos trocam um olhar confuso

—Hum... é — responde Ansu — Por quê?

  Já estou correndo na direção do palco. As meninas ainda não chegaram, o que significa que tenho que agir depressa.

—Anda logo

  Os passos dos três ecoam atrás de mim, e no momento em que começo a subir no palco, já tirei a camiseta e estou abrindo o cinto. Paro para pescar o telefone no bolso de trás e jogo para Pedri, que o pega sem titubear.

—O que está acontecendo? — exclama Ansu

   Tiro as calças, chuto para um canto e me jogo no divã só de cueca preta.

—Rápido, tira uma foto

  Ansu e Ferran não param de balançar a cabeça, como se não conseguissem entender o que está acontecendo. Pedri, por outro lado, dispensa as perguntas. Ele e Frenkie passaram duas horas fazendo corações de origami comigo no outro dia. Pedri posiciona o celular, os lábios se contorcendo incontrolavelmente.

—Espera — penso por um instante — o que você acha? Pistolinha com os dedos ou joinha?

—O que está acontecendo?

Nós dois ignoramos a cara perplexa dos meninos.

—Deixa eu ver o joinha — pede Pedri

   Abro um belo sorriso para a câmera e levanto os polegares. A risada do meu melhor amigo ecoa nas paredes do auditório.

—Vetado. Vai por mim, pistolinhas.

  Ele bate duas fotos, uma com flash, outra sem. E simples assim, mais um gesto romântico no papo. Enquanto me visto depressa, Ferran esfrega as têmporas com tanta força que parece que seu cérebro acabou de implodir. Ele me fita, embasbacado, enquanto subo a calça jeans até os quadris. E fica mais boquiaberto ainda ao me observar caminhando até Pedri, para ver as fotos.

  —Cacete, devia ser modelo.

—Você é muito fotogênico — concorda Pedri, com a voz grave — E, cara, seu negócio aparece nessa foto.

—Juro por tudo o que é mais sagrado — Ansu exclama — se um de vocês não me explicar o que acabou de acontecer, eu vou perder a cabeça.

—Nós vamos

—Uma garota queria uma foto minha mim divã de veludo vermelho, mas você não tem ideia de como é difícil encontrar uma porcaria dessas.

—Você diz isso como se fosse uma explicação, mas não é. —Ferran suspira como se carregasse o peso do mundo nas costas — vocês dois são loucos

—Somos conquistadores cara, é diferente.

—Conquistadores? Essa foi a coisa mais cafona que eu já... não, quer saber? Não vou entrar na sua. Vamos encontrar as meninas e almoçar.

 
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  Dois dias após o destino colocar um divã de veludo vermelho na minha vida, acelero na rampa de acesso à rodovia na direção de Madri, com Pedri sentado em silêncio no banco do carona. Nenhum de nós falou muito durante o trajeto de dez horas de volta de Londres, embora provavelmente por razões diferentes.

—Ainda não acredito que fizemos isso

—Viajamos dez horas até Londres só para conseguir o vídeo de um ex one Direction

—Você ama mesmo ela né?

—Niall Horan quem diga. — Respiro fundo abrindo a porta do carro

—Boa sorte

  Verdade seja dita, não tenho certeza se preciso de sorte. Todas as vezes que entreguei um dos meus presentes vergonhosamente românticos na porta de Lina, fui recompensado com um sorriso radiante iluminando seu rosto. Posso estar imaginando coisas, mas acho que ela ficou encarando minha boca com tanta atenção que parecia estar morrendo de vontade de me beijar. Mas não dei um único passo na direção dela. Não queria forçar a barra rápido demais.

  Vinte minutos depois, bato à porta dela, me obrigando a controlar o orgulho. Me sentindo o máximo pela forma como cumpri cada uma de suas exigências. As pessoas não entendem que teimoso posso ser.
Catalina não parece surpresa ao me ver. Provavelmente porque mandei uma mensagem avisando que estava a caminho. Não expliquei o motivo, mas ela olha para mim cara e inspira fundo.

—Voce não...

—O apoio de uma celebridade, milady

—Certo, entra aqui. Tenho que ver isso — com uma das mãos ela agarra meu telefone, enquanto me puxa para dentro do quarto

"Oi Lina! Aqui é o Niall Horan"

—Puta merda — os olhos dela estão marejados e as mãos trêmulas, estou sorrindo, triunfante

"Estou aqui em Londres e tenho uma mensagem importante. Faz um tempo que conheço Gavi — o Irlandês pisca para a câmera — E por muito tempo quero dizer cinco minutos inteiros. Mas o que é o tempo, na verdade?"

  Lina me encara. Ainda estou sorrindo. Meu plano inicial era juntar os cinco, mas claro é impossível. Não sei nem porque cogitei essa possibilidade.

"Ele parece um cara legal. Bonitão. E reza a lenda que é osso duro de roer no campo. E um grande fã também — começo a cantarolar This Town, a única que conheço — E isso é tudo o que preciso saber para dar meu apoio ao garoto. Então saia com ele. Meu nome é Niall Horan e aprovo esse garoto.

  O vídeo acaba. Lina está perplexa, as mãos ainda trêmulas. Ela me olha, como se nunca tivesse me visto na vida.

—Então — Pisco, inocente. — Que horas pego você amanhã?

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01. Vamos fingir que eu não sumi por dois meses e voltei como se nada tivesse acontecido. 😁😁

02. Gavi conquistando Lina novamente. Com Niall Horan eu estaria pedindo em casamento já

03. Espanha campeã, jogo do Brasil, atualização, eita que semana incrível!

Beijos beijos