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Capítulo vinte
❝ parece perseguição , meu Deus ❞
POV - Catalina Belchior
Ao final da primeira semana em Barcelona, enfim tenho notícias de Sira, a garota estava viajando com Ferran para Andaluzia. E temos conversado menos por conta da minha faculdade.
Não estou particularmente entusiasmada com o café que marcamos, mas não posso dar um gelo nela. Tenho medo de acabar me encontrando com Gavi de novo, mas ela é minha melhor amiga, não vou ficar evitando - a para sempre. Trinta minutos depois de desligar o telefone, entro na cafeteria, e me junto a ela numa das mesas perto da janela.
—Oie — Sira me cumprimenta, um sorriso enorme estampado em seu rosto. Os cabelos castanhos solto sobre os ombros, o corpo curvilíneo em um vestido apertado.
Quando vê meu cabelo, arregala os olhos.
—Voce está linda loira! — ela exclama — linda demais , se o Ferran der uma bola fora ele vai ser trocado por mulher
Dou uma risada sincera
—Coisa da minha mãe — afundo na cadeira diante dela.
—Comprei pra você — ela aponta um dos cafés na mesa — acabei de chegar, ainda está quente
—Obrigada
Envolvo o copo, o cano do isopor esquentando minhas mãos. Acabei de atravessar a cidade às pressas, com um sol de trinta graus lá fora, mas sinto frio.
—Novidades?
—Nenhuma. Bom, tirando a parte que eu beijei um ou dois brasileiros e fui parar na choquei
—Choquei?
—Site de fofoca brasileiro — dou de ombros — parece que ter sido namorada de Pablo Gavi não foi o suficiente. Pegar Chay Suede faz você virar o auge no Brasil.
—Voce tava safadinha lá né? Ai volta para Espanha e vira uma advogada séria
—Advogada ainda não, estou só no segundo ano da faculdade Sira
—Para mim já é advogada, já posso cometer crimes que você vai me defender.
Tiro a tampa de plástico e dou um gole no café, fazendo uma careta em seguida. Esqueci de assoprar, o que resultou na minha língua queimada.
—Queimou a língua? — assinto, assoprando o café — tonta
—Me humilhando já essas horas Sira Martinez?
—E tem hora para te humilhar? — reviro os olhos e mostro o dedo do meio para ela — pode isso não. Tem conversado com o Gavi?
—Vi ele tem dois dias, e estou fazendo de tudo para não trombar com ele de novo. Me sinto patética com isso
—Não se sinta, ele foi o idiota
—Voce ainda fala com ele —afirmo
—Falo. Ele é amigo do meu namorado. Não tem como não falar, mas já deixei claro que estou chateada com o que aconteceu.
—Voce humilhou ele certeza
—Talvez um pouco. Me surpreende ele ter ido falar com você
—Estava ele , Pedri e Blanca
—A coitada, se sentiu mal depois que descobriu o porque vocês terminaram. Mas ela e Gavi conversaram, esclarecerem o que devia ser esclarecido.
—Podemos parar de falar dele? Prometi a mim mesma que voltaria do Brasil sem me preocupar com garotos. — dou outro gole no café, dessa vez menos quente, e olho para ela por cima do copo.
—Tudo bem. Vamos falar de coisas que interessam, quando você vai me convidar para uma festa de fraternidade? Você é a inteligente que faz faculdade, eu quero ir a festas
—E seu namorado deixa?
—E ele tem que deixar alguma coisa, Catalina? Ferran é mais baladeiro que eu. Nunca deixe ele, Pedri e Balde em uma festa sozinhos. Você nunca se sabe se seu namorado voltará com vida.
Rio, meio preocupada de isso já ter ocorrido.
O silêncio permanece por alguns minutos, enquanto Sira responde a mensagem de texto de Ferran. Fico mexendo no meu café. A tristeza em meu peito que surgiu quando começamos a falar de Gavi, se dispersa, e se transforma em uma pontada de emoção. Me sinto como se tivesse flutuando.
— Minhas aulas estão indo bem, e estou ansiosa para começar o estágio em uma advocacia. E em trabalhos universitários. Javi, o aluno do terceiro ano que gerencia os estágio, me indicou. Segunda que vem começo a trabalhar.
—Isso é incrível Lina! Tá vendo, já é quase uma advogada.
—E Javi também é um cara muito legal — e lindo demais, mas não menciono essa parte a Sira
O sininho junto da porta bate com força, e minha cabeça vira involuntariamente na direção dela. Na mesma hora, desvio o olhar e me encolho sobre a mesa, torcendo para o cabelo esconder meu rosto de quem acabou de entrar.
Que é ninguém menos que Gavi, Pedri, Frenkie e Raphinha.
Droga.
Talvez ele não me veja, talvez Sira me ajude a fugir antes que ele me veja aqui.
—Sira como eu fujo?
—Por que? — ela leva a cabeça em direção a porta — aí meu Deus, vai para o banheiro, se esconde em baixo da mesa, sei lá.
—Isso ja é perseguição viu
Não quero chamar atenção, por isso não me levanto de cara. Eles se aproxima do balcão, vários fãs indo até eles pedindo autógrafo. Tem algumas coisa nesses caras que muda o ambiente num nível molecular. São impressionantes , e não só porque são jogadores de futebol grandes , fortes e famosos. É a confiança com que andam, os insultos bem humorados que trocam entre si, os sorrisos fáceis que abrem para as pessoas.
Sei que deveria estar me escondendo, mas não consigo desviar o olhar. É quase criminoso ser tão atraente. Tá, estou olhando apenas para a nuca dele, mas é uma nuca bem sensual. E é tão fácil perceber que é um atleta. Os membros longos e os músculos tonificados sob as calças cargo e a camiseta apertada formam um conjunto sedutor que deixa meus dedos se coçando para tocar no cara.
Ai. Preciso parar com isso. Desejar Gavi está muito perto de gostar dele , e não estou pronta para abrir essa porta de novo. Se é que algum dia vou estar. Mas o bom senso chega tarde demais. Pablo já está se afastando do balcão e caminhando na minha direção. Sira abre um sorriso travesso, e eu a olho torto.
—Oi Sira. Oi linda
—Essa é minha deixa — Sira solta uma piscadela se juntando aos garotos, e Gavi ocupa o lugar vazio a minha frente e coloca um muffin de chocolate na mesa
Odeio ela.
—Trouxe para você
—Por que?
—Porque queria comprar alguma coisa para você , e vi que já tava tomando café. Então peguei um muffin. Pedri me falou que é seu favorito.
Levanto uma sobrancelha e viro a cabeça encarando Pedri, que solta um sorriso , sorrio falso para ele e volto a atenção para Gavi.
—Tá tentando me cortejar?
—To — Pablo praticamente me desnuda com os olhos castanhos brilhantes. — E adoro quando você fala difícil
—Aham — sufoco uma risada — Obrigada, mas acha mesmo que um muffin vai me impressionar?
—Não esquenta, vou pagar uma refeição completa no nosso encontro — ele me lança uma piscadinha — Qualquer coisa do cardápio.
Gavi e suas malditas piscadinhas sedutoras.
—Falando nisso, quando vai ser?
—Quando vai ser?
—Nosso encontro ué — Ele inclina a cabeça — to livre hoje, e amanhã tenho treino até as seis.
Ele é incorrigível. E lindo demais para o próprio bem. Há uma barba por fazer no queixo esculpido, como se não a fizesse há alguns dias, e minha língua arde. Qual é o meu problema?
—Legal — resmungo — mas não vou sair com você
—Hoje ou nunca?
—As duas coisas
Somos interrompidos pela chegada de um de seus amigos. — pronto? — pergunta o cara para Gavi.
—Cai fora, Frenkie. Estou flertando. — o amigo ri, então se vira para mim
— Catalina? Sou o Frenkie
Diz como se eu não soubesse quem ele é. Frenkie DeJong é ainda mais bonito pessoalmente, tem feições jovens que nem parece estar perto dos trinta, e isso faz meu rosto ficar vermelho de vergonha, pois eu facilmente o beijaria.
—Sou eu mesma
—Não queria interromper — ele se afasta, um sorriso mal contido nos lábios — Vou esperar la fora, para ele... hun... continuar flertando com você
—Não precisa. Já terminamos — arrasto a cadeira para trás e fico de pé
—Ah, mas não terminamos mesmo.
Achando tudo aquilo divertido, De Jong olha de mim para Pablo.
—Participei de um seminário de resolução de conflitos no colégio. Vocês precisam de um mediador?
—Bem, o taquígrafo que me segue por aí tá no intervalo do almoço , mas posso colocar em dia sem problemas . Gavi me chamou para sair, e eu recusei com educação. Pronto. Fiz todo o trabalho para você.
Frenkie ri alto o suficiente para atrair a atenção de todos a nossa volta, inclusive dos dois jogadores e de Sira que estão saindo do balcão.
—Qual é a graça? — Pergunta Pedri, curioso — ficou lindo o cabelo Lina
—Obrigada — me afasto um pouco — tenho que ir, vejo vocês por aí. Tchau Sira
Estou saindo quando escuto alguém gritar
—Você esqueceu o muffin!
—Não esqueci não — respondo, sem me virar.
🇧🇷🇪🇸🇧🇷🇪🇸
—O estágio é fácil, por enquanto você atende telefonemas, e passa os casos mais difíceis para a doutora, se ela te achar capacitada, talvez te de um cargo. Javi falou muito bem de você, espero que seja mesmo tudo o que ele disse.
Faço o meu melhor para não vomitar. Estou nervosa com o primeiro dia no estágio. Faltam três semanas para o natal, e ja sinto saudade das aulas. As vezes penso que não deveria ter aceitado o trabalho.
—Ok
Meu olhar se volta para o outro lado da sala, e vejo Javi organizando uma pilha de documentos diante de uma prateleira gigante apenas com pastas transparentes. São pilhas e mais pilhas , o que é uma visão perturbadora. Do outro lado dessa pilha, tem uma pilha de CDs de Rock Antigo. Não lembro da última vez que ouvi um CD de verdade — achei que , a esta altura , eram tão obsoletos quanto fitas e videocassetes. Mas Javi é alguém tradicional e já confessou ter um toca discos e uma máquina de escrever Underwood rara em seu quarto.
Nos conhecemos no fim do meu primeiro ano da faculdade, e já estou acostumada o suficiente com suas tiradas secas, uma piada suja , ou, no mínimo, um trocadilho infeliz. Também estou bastante certa de que tem uma quedinha por mim, se o papinho constante e os elogios forem alguma indicação. E acho que toparia sair com ele se me convidasse, mas toda vez que penso no assunto uma parte de mim protesta e me diz para sair com Gavi em vez disso. Não vou mentir — a jogada do Muffin foi.. fofa. Pretensiosa , claro, mas gentil o suficiente para me deixar sorrindo por todo o caminho de volta a Madrid.
Mas isso não significa que vou dar uma segunda chance a ele.
Olho de volta para minha mesa e me obrigo a prestar atenção no computador a minha frente. Pelos próximos trinta e cinco minutos tento não rir escutando as baboseiras que Pedri fala enquanto estou no telefone com Sira.
Uma vez que termino meu trabalho, coloco uma música da Taylor Swift no fone para organizar minha mesa antes de ir embora. Começo a cantarolar Mr. Perfectly Fine baixinho enquanto guardo alguns documentos. Quando estou prestes a sair da sala, Javi aparece com um sorriso torto.
—Estava cantando o que?
—Taylor Swift — faço um pausa, e sorrio — o álbum de Fearless
Ele corre a mão pelos cabelos, chamando minha atenção para os fios indisciplinados e escuros. Javi tem a aparência mais interessante que já vi. Pele bronzeada, cabelo preto, olhos castanhos meio dourados. Não consigo imaginar de onde seja. Suas feições e seu estilo são uma conjunção de elementos únicos que acho muito atraente.
—É, nunca escutei Taylor Swift. Não faz meu estilo de música — quando diz, acabo por lembrar da Playlist que fiz para Gavi onde o obriguei a escutar todas as músicas da Taylor
—Ah — eu e ele trocamos um olhar divertido — ninguém é perfeito não é mesmo?
—Acho que não. Enfim.. tem uma festa hoje, meu primo é do time B do Barcelona, e me chamou, acredito que seus amigos estarão lá.
—Ir até Barcelona para uma festa?
—Por que não?
—Quem é seu primo?
—Alarcon — assinto, já vi o garoto jogar algumas vezes — se você não quiser ir, mas gostaria muito que fosse
—É um encontro?
—Se você quiser que seja. Se não, podem ser dois amigos indo a uma festa juntos. Você que sabe. Encontro ou amigos. Pode escolher.
O rosto de Pablo surge na minha cabeça pois sei que ele pode estar lá, e isso me faz hesitar. Fico irritada, porque Gavi não faz parte da equação. Não estamos juntos. E Javi é um cara legal.
—O que me diz Catalina?
Sua voz maliciosa me faz rir. Encaro seus olhos escuros reluzentes e respondo:
—Encontro
🇧🇷🇪🇸🇧🇷🇪🇸
01. Festinha? Festinha! E que festinha em... 👀👀
02. Perdão a demora para atualizar, ensino médio, sabem como é
03. Perdão qualquer erro de português e espero que estejam gostando da Fanfic ❤️❤️ um capítulo dedicado para a Aninha pela demora para atualizar artdstarkey amo tu!
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