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Capítulo dezessete
❝ 'Você vai me destruir ❞
POV - Catalina Belchior
Dezembro
Dizem que o final do ano no Brasil é mágico. E é verdade.
Estar de volta no meus país de origem, é como estar em casa , e uma parte de mim gostaria que eu pudesse ficar aqui para sempre. O apartamento da minha mãe ainda é mesmo de quatro anos atrás, localizado na área de Ipanema, bem próximo à praia. Também é a área Gay da cidade, e tanto os vizinhos de cima quanto os de baixo são casais gays, que já nos levaram para jantar duas vezes desde que cheguei.
O apartamento tem dois quartos, minha mãe comprou já pensando em quando eu viesse para cá. Adoro acordar com a luz do sol entrando pelas portas da varandinha com vista para o pátio interno do prédio. O cheiro leve de tinta a óleo na sala lembra a infância, quando minha mãe passava horas trabalhando no ateliê dela. Com o passar dos anos, minha mãe começou a pintar cada vez menos, e essa foi uma das razões pela qual ela se divorciou do meu pai.
Minha mãe sentia como se tivesse se desconectado de quem era. Ser dona de casa na capital da Espanha não era seu destino. E eu só queria que ela fosse feliz. E minha mãe está feliz, no Brasil, não há como negar. Ri o tempo todo, e as dezenas de telas coloridas lotando o cantinho que ela usa como ateliê, mostra que está fazendo o que ama.
—Bom dia — ela sai animada do quarto e me cumprimenta com um cantarolar alegre de uma princesa da Disney
—Bom dia — respondo meio grogue
—Credo Bolsonara, cadê a animação? Sente o cheiro. Cheiro do nosso Brasil feliz de novo
—Bolsonara mae? Eu sou uma patricinha, mas sou uma patricinha com classe mulher.
—Quer café? — ela pergunta
—Por favor
Me sento a bancada da cozinha, bocejando ao pegar o telefone para ver que horas são. Minha mãe não tem relógio em casa porque diz que o tempo aprisiona a mente, mas meu toc não me permite relaxar sem saber a hora.
Nove e meia. Não tenho a menor ideia do que ela planejou para nós hoje, mas espero que não envolva muita caminhada , porque meus pés estão doloridos da caminhada na barra da Tijuca ontem.
Estou prestes a devolver o telefone a mesa quando ele toca na minha mão. Sorrio ao ver o nome de Sira na tela. Devem ser em torno de três da tarde agora em Barcelona. Respondo ela rapidamente, minha mãe me fita da bancada
—Sira? Ou Pablo?
—Sira. E não quero falar sobre Pablo — murmuro
—Se ele ainda te manda mensagem é porque de fato se sente mal pelo o que aconteceu. Ele parece ser um bom rapaz minha filha, mas ainda é um adolescente, e adolescentes muitas vezes tomam decisões muito erradas
Não estou nem aí se ele se sente mal ou se tem a cabeça de adolescente. Mas mesmo assim, é muito difícil ignorar Gavi. Estou no Brasil a três dias e já vi tantas notícias sobre Pablo que me fazem revirar o estômago. Primeiro; eles foram eliminados nas oitavas de finais, isso me deixou bem mal, e segundo, de acordo com Sira, ele está péssimo, bebendo de maneira desenfreada.
Foi quase patético o jeito como tudo aconteceu. Eu consigo perdoar ele, mas não sei se conseguiria ver ele de novo depois de tudo o que passamos.
—Por que você não escuta o que ele tem a dizer? — o tom da minha mãe é cauteloso — Sei que você disse que ele não tinha uma boa explicação, mas talvez isso tenha mudado
Uma explicação? Como se explica o fato de você ser a segunda opção de um cara? Curiosamente, ele nem inventou desculpa, ele só disse a verdade, disse que tinha outra menina. Mas isso não foi o suficiente para mim.
—Já falei que não quero falar com ele. Pelo menos não agora — ela me entrega a caneca de café cheia — Eu fui humilhada mãe, por um cara que me prometeu o mundo, mas no fundo estava afim de outra garota. Sera que a gente pode parar de falar dele?
—Ta, não vou mais incomodar você com esse assunto. Mas me recuso a deixar você passar o resto das férias de mau humor
—Não estou de mau humor — protesto
—Por fora , não . Mas conheço você, Catalina Belchior de Luna. Sei quando está sorrindo de verdade e quando está sorrindo para o público. Até agora, foram três dias de sorrisos fingidos — ela se endireita erguendo os ombros — acho que está na hora de fazer você sorrir de verdade
—O que está querendo dizer com isso?
—Tinha pensando em caminhar pela praia hoje, mas mudança de planos, precisamos de algo drástico — da última vez que minha mãe usou a palavra "drástico" , ela foi parar em uma festa com a Anitta e a Bruna Marquezine em São Paulo e tingiu o cabelo de rosa
—Como o que? — pergunto , cautelosa
—Vamos ver a Claudette
—Quem é Claudette?
—Minha cabelelereira
Ah não. Agora é o meu cabelo que vai ser tingido de rosa. Tenho certeza. Por Dios. Por que aceitei vir para cá?
—Confia em mim, não há a nada melhor que uma boa mudança no visual para animar uma menina — ela tira a caneca da minha mão e pousa na bancada — vá trocar de roupa enquanto eu ligo para o salão. Vai ser tão divertido!
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Após quase quatro horas no salão e uma mudança verdadeiramente drástica, já que agora meu cabelo estava no tom de um loiro neve e curto, eu finalmente me vi longe das ideias loucas de minha mãe , me olhando no espelho a mais de quarenta minutos procurando a roupa perfeita para uma festa que Giovanna Lancelotti havia me chamado, mas não fazia ideia que roupa usar.
Não é a primeira vez que sou convidada para uma festa assim, já fui em muitas festas com a seleção brasileira, ou até mesmo com os jogadores do Flamengo, mas agora era outra história, meu nome estava na boca do povo, a garota que levou um pé na bunda do jogador espanhol mais cobiçado.
—Catalina minha filha , você está a quase uma hora dentro desse quarto. Coloca qualquer roupa de piriguete e vai
—A resposta é , eu não uso roupa de piriguete mãe. — suspiro frustrada me sentando na cama — quer saber, não vou
—Ah , mas você vai sim! Maria Julia tá vindo para cá, ela vai te arrastar para fora desse apartamento
—A Maju disse que não ia
—E você acha que Maria Júlia Andreoli perderia uma festa? — a garota entra pela porta do quarto , com um sorriso estampado no rosto — que saudade eu estava Lina! Você me abandonou por aqueles espanhóis gostosos
—Deixa o Tiago escutar isso
—Tiago manda mensagem no Instagram do Neymar todos os dias, ele já nem se importa mais — Maju é, três anos mais velha que eu, e uma das minhas melhores amigas no Brasil, nos conhecemos através da minha prima, que namora o irmão do namorado dela.
—Eu vou deixar vocês se arrumarem. Tem trinta minutos
—Estás bien Mama
—Fala em português comigo garota, tenho Google tradutor na mente não. — ela diz, antes de deixar o quarto
—Por isso eu amo sua mãe. Agora vai, coloca um vestido , um salto e vamos. A festa começou a uma hora atrás , e temos muito o que conversar
—Se for sobre o assunto que já sei, não temos nada o que conversar, foi algo de momento
—Momento? As indiretas que os dois postavam no Twitter mostrava outra coisa. Você transou com ele?
—Não né Maria Júlia! Como eu já disse, foi coisa de momento. Ele gosta de outra.
—Que merda em
—O que acha desse vestido?
—Uma tchutchuca, agora vai se trocar
Para quem disse que festas animavam o ânimo de uma pessoa, estavam completamente enganados. O cheiro de bebida e cigarro preenchiam o lugar, um MPB alto tocava no lugar do Funk que recém havia terminado. Era como se tivessem me jogado em um buraco com adolescentes na puberdade, mas o engraçado, a maioria eram adultos , com mais de vinte e dois anos, que apenas estavam bebados e inconsciente de seus atos naquele momento
—Podemos ir embora? — questiono Maju, que segurava uma garrafa de cerveja , tenho que gritar devido a música
—Acabamos de chegar Lina
—É eu sei, mas não gosto de festas
—Vamos ficar por mais umas duas horas , pode ser? Depois vamos para casa.
—Está bem. Eu vou ali pegar uma bebida
—Sim senhorita, vou estar lá naquele canto, o Tiago já tá chegando
—Tá bom
Passo entre a multidão de pessoas, diria que oitenta por cento famosos, atores da Globo ou cantores de Funk. Por um momento eu jurei ter trombado na Luisa Sonza.
Encaro a tela do meu celular brilhando, eram mais mensagens de Pablo, suspiro entrando na mensagem e faço o que deveria ter feito antes, bloqueio o número desligando o celular.
São quase quatro da manhã em Barcelona, e tenho quase certeza que está bêbado. E não quero ter que lidar com um Pablo bêbado pedindo desculpas a essa altura do campeonato.
—Uma cerveja por favor
—Duas — olho para o lado tentando não surtar quando percebo a pessoa que está ao meu lado, Chay Suede é com certeza mais bonito pessoalmente — Eu te conheço de algum lugar
—An, acho que não. Acredito que o famoso aqui seja você. Mas prazer, Catalina Belchior
—Prazer, Chay Suede
—É , sei quem você é. Você não deveria estar gravando novela ou algo assim no lugar de estar em uma festa, que convenhamos, as músicas são péssimas
—E você , não é nova demais para estar em uma festa?
—Tenho dezenove
Percebo seu olhar para minha boca, talvez esse não seja o melhor momento para beijar alguém, mas quem liga? Sou uma nova Catalina, não tem ninguém que me prende a conhecer pessoas novas.
—Quer ir para algum lugar?
—Na verdade, estou com uma amiga. E ela não lida com a bebida muito bem, preciso ficar de olho nela. Da última vez que deixei Maria Júlia sozinha em uma festa encontrei ela dormindo no chão perto da piscina , e.. — sinto minhas bochechas ficarem vermelhas — só para constar, eu falo muito
Chay começa a rir
—Percebi. Mas não esquenta, não ligo para a falação.
Olho ao redor , Maju está com o namorado, olho para Chay de novo. Um beijo, um beijo só não mata a pessoa. Claro, pode fazer ela de trouxa, mas só se você se apegar.
—Tá bom. Acho que podemos ir para algum lugar — ele sorri — então, o que fez o galã da novela das nove vir falar comigo?
—Você é bonita, isso é fato
—E fã da Manu Gavassi
—Ah Catalina, não acaba com o clima
—Foi mal — rio — mas sinceridade muitas vezes é bom sabia? Vai que sei lá , você me beija e aí eu vou lá e falo que você beija mal no Twitter para vingar minha idola
—Você não tem cara de quem faria isso
—É, não faria mesmo
—Então posso ter um voto de confiança seu? — ele questiona, se aproximando , sinto os músculos do ombros enrijecerem , como se eu não estivesse preparada totalmente
—Po.. — arranho a garganta — pode
Os lábios do homem tocam os meus , mas não sinto nada, seu beijo não tem nenhum efeito, é como se aquele beijo não fosse certo, não nos encaixamos, não da mesma forma que meu beijo e de Pablo encaixava
Para de pensar nele Catalina, ele é teu passado agora.
—Eu fiz algo errado? — Chay questiona, quando afasto o beijo
—Não, é só que... você beija bem, muito bem. Eu só, desculpa viu. Você é incrível Chay.
—Obrigada?
Ele franze o cenho quando praticamente saio correndo do homem. Completamente patética. Afundo o rosto na mão sentando na calçada, pensando na maneira como Pablo me tomou completamente para si, como após aquele dia que acidentalmente foi parar no meu quarto, ele se tornou uma parte da minha vida, da minha história. E eu odeio ele por isso.
E eu tenho a certeza que quando eu voltar para a Espanha, eu algum momento vou trombar com ele, e enquanto ele estará com alguma garota, eu estarei aqui, me impedindo de conhecer novas pessoas, porque meu coração não entende que tenho que deixar ele ir. Porque sou patética, e não sirvo para relacionamentos.
Do lado de dentro, você vai me destruir, do Jão, começa a tocar. Respiro fundo, como se Deus estivesse olhando essa minha humilhação lá do céu e querendo piorar a situação. Dois minutos depois, Maria se senta no meu lado.
—Quer ir embora?
—Por favor
—Você tem que esquecer ele Catalina
—Eu sei Maju. Esse garoto ainda vai me destruir . To te falando
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01. Eita depressão em! Barcelona perdendo , capítulo triste. Eu amo fazer as pessoas tristes. E antes que falem algo da Lina, fazem apenas três dias que tudo aconteceu , óbvio que ela estará confusa , e tudo oque aconteceu com ela estou me baseando em partes do aconteceu comigo
02. Escrever essa ao som de Luan Santana, super recomendo
03. Quem ainda não foi ler a Fanfic do Pedri, vão lá! 'steal my girl', está no meu perfil
Beijos da Yas (:
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