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Capítulo dez
❝ it's me, hi, I'm the problem is me ❞
POV - Catalina Belchior
Pela primeira vez na vida, não estou com raiva do meu pai por me fazer sair no dia do meu aniversário. Queria evitar qualquer coisa e ficar no hotel, mas ele insistiu em sairmos para jantar. E Sira escolher o lugar mais apropriado possível. E devo a eles um favor, do contrário, não estaria sentada ao lado de Pablo Gavi.
Em todo caso, ainda não sei o que acho dele, estou feliz por ele ter vindo ao meu aniversário. Pablo não deixou uma boa primeira impressão quando saiu do meu quarto daquele jeito, mas não posso negar que a segunda aparição foi um sucesso. Então acho que tenho um pró, e um contra, por enquanto.
Ou melhor, dois prós. Sira e Gavi trocaram de lugar na metade da noite, ficamos conversando, e sua mão parou em minha coxa por baixo da mesa fazendo uma carícia. Que fez meu coração bater acelerado e tão alto que encobre o som das pessoas conversando no restaurante. Ainda estamos conversando, dessa vez incluindo o pessoal no assunto, quando seus lábios se aproximam da minha orelha.
—De zero a dez, o quanto você se importa em dar uma fugidinha rapidinha?
—Hum.. dois?
—Que bom — ele se levanta e sussurra para mim — me encontra no banheiro
Ele sai da mesa dizendo que precisa ir ao banheiro e dando uns dois minutos, faço o mesmo, recebendo olhares de Sira e Pedri ao mesmo tempo. Nem meu pai e nem Luis perceberam , então não me dou o trabalho de inventar uma desculpa para o camisa vinte e seis da seleção.
—O que estamos fazendo aqui? É um banheiro, qualquer coisa que queira fazer aqui, é nojento.
—Quer ir a um outro lugar então ? Acredito que o banheiro seja o mais seguro — ele solta um sorriso malicioso, enquanto tranca a porta. O lugar até que é arrumado, e está cheirando a material de limpeza, como se tivessem acabado de limpar
De repente o corpo de Pablo pressiona o meu, e tudo o que consigo sentir é o seu cheiro. Suspiro quando sua boca toca a minha , porque não vi o beijo chegando. Os músculos rígidos do peito de Gavi estão tensos sob a camisa. A insistência sedutora de sua língua , deslizando por meus lábios entreabertos e enchendo minha boca.
Passos os braços por seu pescoço e correspondo o beijo ansiosamente. Num piscar de olhos, ele entrelaça minhas pernas em sua cintura me colocando sentada na bancada da pequena pia. Pablo me beija com uma vontade insaciável, chupando minha língua como se fosse bala.
—Voce é tão linda — ele joga as palavras contra meu pescoço antes de afundar os dentes nele
Não tinha percebido meu pescoço tinha tantas terminações nervosas. Estou pegando fogo, cada centímetro de pele formigando com o toque dele, se arrepiando cada vez que seus lábios tocam minha pele febril.
—Está com um perfume gostoso — digo inalando seu cheiro
—Chama-se chuveiro. Sabão, xampu, água quente
—Nu. Sei disso — começo a me esfregar em sua coxa. Nunca fiz isso antes, e a noção de que qualquer um poderia bater na porta e acabar com o todo o clima fazem meus quadris se moverem mais depressa
—Ah, linda, faz mais, vai? —murmura ele
Minha.Nossa.
Esse tipo de papo para mim é... novidade.
Ele faz um caminho de beijos pela minha pele até chegar em minha boca, enfiando então a língua bem fundo. Se , há uma semana, alguém tivesse me dito que Pablo Gavi estaria me agarrando em um banheiro de restaurante, eu teria morrido de tanto rir.
Mas aqui estamos, e é bom demais. Um ruído desesperado escapa de minha boca, mas é imediatamente engolido por outro beijo faminto de Gavi. Ele respira com dificuldade contra minha pele. Enquanto todo seu corpo treme. Seus braços me envolvem, me descendo da bancada da pia e me apertando com força contra o peito forte, á medida que nós dois nos recuperamos , ambos com a respiração ofegante e o coração batendo em uníssono. Um minuto inteiro se passa, até que ele me solta e se afasta.
E com a boca junto ao meu ouvido, diz com a voz rouca.
—Feliz aniversário
Começo a rir. Não tenho ideia do motivo, mas é tudo tao surreal que me pego tremendo, o que provoca uma gargalhada profunda dele.
—Obrigada
E então ele pega minha mão e me leva até a porta. Pablo faz uma pausa diante dela, curvando-se galantemente antes de abrir para mim.
—Depois de você, linda
Ah merda. Essas quatro palavrinhas derretem meu coração, transformando tudo numa maçaroca quente e grudenta dentro do meu coração. Pelo menos agora sei como me sinto a respeito disso tudo. Acho que posso estar gostando dele. Bastante. E para piorar, seus lábios roçam os meus por um breve momento.
—Puta. Merda. — a voz rouca de Pedri faz nós dois darmos um pulo afastando os lábios — que merda é essa Pablo? E a conversa que tivemos a uma hora atrás?
—Entao né — o garoto ao meu lado coça a nuca , e as bochechas brancas ficam de um tom avermelhado
—O que está acontecendo? — dessa vez Ferran aparece de mãos dadas com Sira
—Eles estavam dentro do banheiro, se beijando!
—Catalina e Pablo? — o camisa onze da seleção questiona
—Nao. Adão e Eva. Sim, Catalina e Pablo. Olha para esses dois, a cara deles de quem se pegaram loucamente no banheiro. Ai meu Deus, não sei se consigo conviver com isso.
—Voces só perceberam agora que estava rolando algo? — a fala de Sira me faz olhar torto para ela — sem surtos gente, isso estava óbvio
—Galera, estamos aqui ok? Como disse Sira, sem surtos, e aceitem a realidade
—Vai ficar sem carona quando voltarmos para Barcelona, Pablo Gavira. E você Catalina Belchior, vamos conversar depois
Pedri sai andando. E eu e Gavi nos olhamos tentando não rir. Gosto da maneira que nosso cérebro funciona da mesma forma.
Sua mão entrelaça a minha e passamos por Sira e Ferran.
—O banheiro é todo de vocês.
Sabe aqueles sonhos horrorosos em que você está andando pelo corredor da escola ou subindo no palco de um auditório para fazer um grande discurso, e de repente percebe que está completamente pelado , com todo mundo olhando para você? E então aqueles pares de olhos vão ficando maiores e maiores, e parecem laser queimando sua pele?
É o que estou vivendo nesse momento. Estou vestida, claro, mas apesar das inúmeras garantias de Sira de que não tem ninguém olhando para mim, sei que os olhares curiosos da torcida enquanto seguimos ao nosso lugar no estádio, não são coisa da minha imaginação.
Maldito sites de fofoca!
Foi parar em tudo, Rolling Stones, Vogue, tabloides espanhóis, e claro, na Choquei, as fãs brasileiras de treze anos devem estar procurando meu endereço a essa hora.
—Isso é tão humilhante — murmuro , tentando tampar o rosto com um boné que peguei de meu pai — a gente pode ir embora?
Sira ergue o queixo em uma pose obstinada.
—Não! Você precisa mostrar as pessoas que não da a mínima para o que as revistas e sites de fofoca estão dizendo. E aliás, não é mentira, é? Gavi só faltava enfiar a língua na sua garganta quando te deu aquele beijo de despedida noite passada
Falar é fácil. Meu cérebro sabe que eu não deveria me preocupar com as imbecilidades do Twitter, mas meu estômago não recebeu o recado. Toda vez que as palavras #catalinavadia voltam a minha cabeça, minhas entranhas se contorcem, mortificadas.
Garotas me xingando, dizendo que roubei o garoto delas, que estou usando Gavi apenas para fama.
Que merda está acontecendo com as pessoas? É muito irritante que se achem no direito de destilar o veneno mais doloroso como bem entendem, sem dar a mínima para quem está recebendo o ódio. Não estou nem chateada com as notícias circulando, mas sim com quem inventou a internet e entregou aos idiotas do mundo uma plataforma na qual podem despejar toda sua maldade
Merda de internet.
—Essas pessoas são imbecís ok? E essas meninas, estão morrendo de ciúmes porque você é que em está em um relacionamento com o garoto de ouro delas
—Não estamos em um relacionamento
—Espere então até ele marcar outro gol para você hoje
Assim que ela termina de falar, os jogadores entram em campo. Meu olhar se encontra com o de Gavi. O silêncio dispara entre nós dois, mas ambos sabemos os pensamentos dos outros, ele provavelmente já viu o que estão falando, e esse pensamento tem um efeito devastador sobre mim. Estava doida para falar com Pablo desde a noite passada, mas não sei se depois dessa ele vai querer falar comigo, o cara sempre deixou claro que não queria entrar em um relacionamento, pelo menos não por agora.
Quinze minutos, é o tempo que passa, o jogo está parado, e estou torcendo para a Espanha detonar a Alemanha no jogo. Meus olhos estão cansados, e mal presto atenção no jogo.
—Nem um gol, caramba, gastaram todos contra a Costa Rica foi? — resmungo me recostando na cadeira — VAI PEDRI, FAZ SEU SHOW GATINHO
Mas a bola passa na lateral do gol. Solto uns xingamentos em português, mais como um resmungo. O primeiro tempo está tão parado que da um desânimo para qualquer um que esteja assistindo. E acaba assim o primeiro tempo, em zero a zero. Ótimo, meu dia não teria como piorar.
—Eu estou a um passo de ir embora
—Ah para, foi um primeiro tempo ruim só, no segundo melhora, pode ter certeza
E melhorou. Aos 62 minutos, Morata fez um gol, mas levou apenas vinte minutos para que a Alemanha pudesse empatar com um gol de FUELLKRUG, aos 83 minutos.
—Sira pelo amor de Deus, não aguento mais tanta humilhação quando se trata da Alemanha.
—Pois se prepare, que a humilhação não vai vir. — eu aperto a mão de Sira quando Jordi Alba dribla o jogador alemão jogando a bola para Balde que faz um passe para Pablo que chuta para o gol
Toda a torcida vai a loucura. Vibrando. Grito pulando, e percebo que estou a beira das lágrimas quando Gavi vem correndo até onde estamos. Sentadas muito próximos do campo. Tudo o que consigo fazer é olhar para ele, pasma. Está suado, mas tem um sorriso tão fofo no rosto corado, que não me importo.
Nossos olhares se encontram por um instante de parar o coração, e então ele faz a última coisa que eu poderia imaginar.
Ele se abaixa e me beija.
Na boca. De língua.
Bem ali, no estádio, no meio da multidão. Depois de marcar um gol, para mim.
Sira está de queixo caído, mas tem um sorriso enorme estampado no rosto enquanto o celular está em uma das mãos. Pablo da aquele sorriso torto que amo tanto.
—Esse foi para você , linda
—Eu adorei. Mas acho melhor você voltar
Ele me da outro beijo antes de voltar para o campo. E por causa da ação logo após o gol, Gavi recebe um cartão amarelo. Me sinto culpada por instante, mas percebo que ele não se importou quando deu outro sorriso antes do jogo continuar. E o jogo se encerrou assim, em dois a um, com a vitória da Espanha, um gol dedicado a mim e Pablo Gavi recebendo cartão amarelo depois de deixar o campo para me beijar.
Quarenta minutos depois estou parada na porta do vestiário esperando o camisa nove sair. Mas quem sai primeiro é meu pai, seguido pelo treinador.
—Temos que conversar mocinha
—Conversar o que?
—Você sabe muito bem Lina. Aliás, que Atacante você, aprendeu com sua mãe não foi?
—Tal mãe tal filha , não? — agora Gavi quem finalmente sai, recebendo um olhar de meu pai, que faz o garoto encolher os ombros — não liga, ele só finge ser bravo assim
—Finjo não, sou uma pessoa muito brava
—Quem ve até pensa Papa. Superprotetor? Sim. Bravo? Jamas
—esta acabando com minha imagem de pai bravo, Lina
—Tchau Papa
—Estou de olho em vocês
—Quer ir lá para o Hotel? — Gavira questiona, quando meu pai sai — ficar assistindo filme, ou simplesmente só ficar conversando
—Pode ser.
—Acho que depois desse jogo, eu mereço ver você usando minha camisa no próximo
—Não tenho uma, acho que vou precisar ganhar
—Está pedindo uma camiseta para mim?
—Talvez — dou de ombros enquanto saímos do estádio, as mãos entrelaçadas — vai me dar uma?
—Acho que tenho uma extra na mala, pode ficar com ela
—É vermelha né? Não pode ser azul, azul trás um azar absurdo
Ele ri. E assente com a cabeça
—Sim Lina, é vermelha
—Lina? Você nunca me chamou de Lina — sorrio — eu gostei
—Eu gosto que você gostou
Não demora muito para chegarmos no hotel, e no segundo em que me acomodo na cama de Gavi as palavras do Twitter voltam a rondar minha mente , e a represas que estava lutando para manter intacta a noite inteira, se rompe. Faço uma tentativa frenética de enxugar as lágrimas transbordando dos olhos com a manga do casaco antes que Pablo perceba.
Mas é tarde demais.
—Ei. Não chora — ele me envolve em um abraço deitando minha cabeça em seu peito
Droga. Não acredito que estou me acabando na frente dele. Dou uma fungada enquanto Pablo acaricia o topo da minha cabeça.
—Desculpa. Nem sei porque estou chorando
—Não precisa pedir desculpas Lina, e sabe sim. Eu vi os posts do Twitter. E não liga para o que as pessoas falam tá bom? Nos beijamos, e daí? Eles não mandam com quem eu me relaciono ou não. Essas pessoas não sabem o que falam. Não se deixe abalar por elas. As pessoas falam porque tem boca
—Esse vai ser meu novo dilema
—Boa. Deveria mesmo
—Obrigada. Por tudo. Sério.
—Não me agradeça, linda. Quer fazer o que? — ele pergunta quando solto o abraço — se quiser podemos descer até a área da piscina
—Vamos ficar aqui. Conversando, gosto de conversar com você.
—Então vamos conversar. Sobre o que quer conversar?
—Sendo sincera, não sei — rio , ele se deita na cama batendo no espaço vazio ao lado dele, me deito ali aconchegada a ele enquanto o espanhol passa os dedos entre as mechas do meu cabelo
—Você me disse naquela noite que nasceu no Rio de Janeiro — o nome da cidade sai com um sotaque fofo de sua voz — como era sua vida no Brasil? Antes de se mudar para a Espanha
—Era boa, mas me mudei para a Espanha, aí meus pais se separaram, fiquei naquela de Espanha e Brasil, até ir morar oficialmente na Espanha. Mas eu gosto do Brasil, por mais de algumas coisas ruins do país em questão de educação, segurança, até mesmo da saúde pública. É um país lindo, com suas riquezas, e belezas únicas.
—Quero conhecer lá um dia. Qual cidade você recomenda? Além do Rio
—Olha, Salvador, Gramado , Ouro Preto, são cidades muito lindas para conhecer, Vila Bela no Mato Grosso também. O Brasil é lindo.
—Você bem que poderia me levar para conhecer essas cidades né?
—Quem sabe um dia, quando eu for de férias para lá. Mas e você, nasceu em Los Palacios né?
—Los Palacios y Villa Franca. É uma cidade bonita.
—Se mudou para Barcelona com quantos anos?
—Meus pais também são divorciados , então eu ficava nessa de Barcelona e Sevilla. Já que meu pai atualmente mora em Sevilla. Mas me mudei oficialmente para Barcelona com dezesseis anos. Por conta do contrato com o time.
—Seu pai que te ensinou a jogar bola?
—Sim. Tomei o gosto do futebol por conta dele, sempre me apoiou, quando comecei a jogar em times pequenos quando ainda era criança, até de conseguir de fato um contrato com um time grande. Mas por questões de falta de tempo, mal tenho contato com ele, pelo menos não tanto quanto devia.
—Vocês não tem uma relação boa atualmente?
—Na verdade não. Ele se da melhor com uma caixa de cerveja ou uma garrafa de conhaque.
Isso só me deixa mais triste. Nem passa pela minha cabeça não ser próxima dos meus pais. Mesmo tendo personalidades tão diferentes, sinto uma ligação forte com os dois.
Pablo fica em silêncio, e não me sinto à vontade para fazer mais perguntas. Se ele quiser contar mais, vai continuar.
—Bom, você faz faculdade do que? — ele pergunta mudando de assunto
—Direito
—Futura advogada então ?
—Esse é meu plano A. Meu Plano B era cursar Psicologia caso Direito não desse certo. Tenho talento para ler as pessoas. E ouvir sem julgar. Talvez eu consiga usar isso durante um tribunal.
—Então quer dizer que você tem um talento para ler as pessoas. Você consegue me ler?
—Ainda não consegui decifrar você
—Nem eu. — sua risada rouca aquece minha voz — do que você tem mais medo?
—Provavelmente dependência
—Depender do que? — ele pergunta curioso — drogas?
—Pessoas.
—Caramba...
—Sinto que a dependência emocional é a pior que existe, você vive sua vida inteira apenas para aquela pessoa, das atitudes daquela pessoa. Não quero ser alguém assim, quero ser igual minha mãe. Quando percebeu que não queria mais, se separou, não ficou presa a um relacionamento da qual ela não amava mais a pessoa
—Como sua mãe é?
—Aparência ou personalidade?
—Os dois — tiro o celular do bolso da calça entrando na galeria — essa é ela
—Vocês se parecem
—Falam isso sempre — rio — você acha que se parece mais com sua mãe ou seu pai?
—Meu pai. Minha irmã é a cara da minha mãe.
—Qual você acha ser seu pior defeito?
—Está tentando me decifrar , Catalina?
—Um pouco. To conseguindo?
—Não sei. Mas respondendo sua pergunta, sou bem bagunçado
—Voce parece organizado
—Eu sou bem limpinho. A bagunça é do outro tipo.
—Bom, se você é uma bagunça , eu sou um desastre natural
—O mais lindo que já vi — ele deixa um beijo em meus lábios — e qual seu maior defeito?
—Bom, mesmo que você não perceba, nós dois temos coisas em comum. E você é a única pessoa que não faz com que eu me sinta obrigada a fingir o que eu não sou
—O que você está fingindo ser?
—Perfeita
🇧🇷🇪🇸🇧🇷🇪🇸🇧🇷🇪🇸
01. Conversa profunda desses dois. Cara, mas que capítulo maravilhoso esse viu? Acho que vou ser obrigada a fazer um Edit desse capítulo e postar no tiktok
02. Próximo capítulo vai ser social media, referente a essa capítulo aqui. Não pulem!
03. Criei uma conta no insta para postar coisas da Fanfic, quem quiser ir lá é @/sparklygavi
Kisses
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