02
Capítulo dois
❝ Jude Bellingham é um gato ❞
POV - Catalina Belchior
Estou no Catar! E isso é simplesmente incrível. Não tão estranho assim , principalmente quando seu pai é o preparador físico da seleção espanhola.
Mas eu nunca estive presente em um estádio gigantesco assistindo a copa do mundo ao vivo, o máximo que já fui , foram aos jogos de Barcelona, Real Madrid e alguns jogos do Flamengo quando vou passar as férias no Brasil.
E desde que me mudei para a Espanha minha vida vem se resumindo em Faculdade e jogos . Quando você faz faculdade de Direito, não tem tempo para absolutamente nada. Mal conheço os jogadores da seleção. Alguns jogadores já até tentaram me levar para cama, neguei inúmeras vezes, não quero arranjar problemas com fãs loucas que dizem que vão se casar com eles.
Eu também não estava interessada em nenhum deles. E, infelizmente, os que me atraem, nem reparam em mim. Até hoje.
Quando Sira falou que íamos à uma festa preparada pelos jogadores da seleção inglesa, no hotel deles, não tive grandes esperanças de conhecer alguém. Parece que todas as vezes que vamos a uma dessas, os garotos só querem saber de pegação. Mas hoje conheci um cara de quem meio que gostei.
Jogador da seleção inglesa, Jude Bellingham , é bonito e até agora não deu uma de babaca. Está levemente sóbrio, usa frases completas e não disse "caralho" nem uma vez sequer desde que começamos a conversar. Ou melhor, desde que ele começou a falar. Eu não contei muitas coisas, mas estou satisfeita em ficar aqui de pé, ouvindo, porque isso me dá tempo de admirar seu queixo perfeito e o jeito fofo como seu cabelo faz cachos perto das orelhas.
Para ser sincera, talvez seja melhor eu não falar nada. Garotos bonitos me deixam nervosa. Parece que meu cérebro dá um nó. Fico sem filtro e, de repente, estou contando que fiz xixi nas calças durante uma excursão no terceiro ano, que morro de medo de marionetes ou que tenho um transtorno obsessivo‐compulsivo leve e começo a arrumar o quarto de outra pessoa no instante em que ela vira as costas. Então é melhor só sorrir, concordar e, vez ou outra, soltar um "Sério?", para que eles saibam que não sou muda. Só que, às vezes, isso não é possível,especialmente quando o cara bonito em questão pergunta algo que requer uma resposta de verdade.
—Então, seu pai é preparador físico da seleção espanhola, mas você é brasileira?
—Isso. Meu pai é espanhol e minha mãe brasileira, eles se conheceram em uma viagem que ela fez para Madri. —Jude sorri, as covinhas aparecendo — Minha mãe praticamente fugiu para a Espanha só para se casar com ele. Ela queria ser descolada. Quando eu tinha quinze anos, me levou para um estacionamento vazio, tirou um baseado do bolso e disse que íamos fumar juntas. Ela nunca foi uma mae muito normal
Meus lábios enfim param de se mexer, como que por milagre. Mas os olhos de Jude já estão vidrados. Consigo conter o suspiro esperando ele se afastar, mas não faz nada, então ficamos nos encarando por um tempo.
—Olha, preciso ir ao banheiro, depois a gente se fala — digo me afastando.
Nem sei por que tento falar com eles. Começo todas as conversas nervosa com a possibilidade de passar vergonha e acabo de fato passando, porque sempre fico nervosa. Estou fadada ao fracasso. Com outro suspiro, vou à procura de Sira, que provavelmente está atracada com o namorado , Ferran Torres, que também é da Seleção espanhola e joga pelo Barcelona. Fico impressionada com o fato de terem conseguido fazer uma festa na área da piscina do Hotel e ninguém ter saído preso daqui ainda.
Não encontro Sira em lugar nenhum. Com um pop ensurdecedor estourando as caixas de som, pego o celular na bolsa para ver a hora e descubro que já é quase meianoite. Mesmo depois de oito meses tendo completado dezoito, ainda sinto uma pontinha de alegria toda vez que fico fora depois das onze, que era a hora que eu tinha que estar no quarto de hotel quando ia viagens com meu pai. Ele era um defensor fervoroso do toque de recolher.
Na verdade, é um defensor fervoroso de tudo. Duvido que já tenha quebrado uma regra na vida, o que me faz pensar em como ele e minha mãe conseguiram ficar tanto tempo casados. Ela é um "espírito livre", o oposto do rigor exagerado dele, mas acho que isso só prova que a teoria de que os opostos se atraem tem algum mérito.
—Lina! — grita uma voz feminina por cima da música. Sira aparece e me dá um abraço apertado.
Quando se afasta, basta uma olhada em seus olhos reluzentes e nas bochechas coradas e sei que estava aos pegas com o namorado. Está tão agasalhada quanto a maioria das meninas no local. A calça jeans é cintura alta, e os saltos das botas de couro são tão altos que não entendo como consegue andar. Mas está linda e chama muita atenção quando entrelaça o braço no meu.
Tenho certeza de que, olhando nós duas assim, lado a lado, as pessoas se perguntam como podemos ser amigas. Às vezes, eu me pergunto a mesma coisa. Quando meu pai foi contratado como preparador físico da seleção, eu mal ia aos treinos, e no primeiro dia que fui por sorte Sira estava lá , pois alem de namorada de um dos jogadores, é filha do técnico, Luis Enrique, a partir daí começamos a conversar e viramos melhores amigas. Sira é do tipo que gosta de se divertir, e eu a menina comportada que estuda direito e organiza todos os eventos de caridade.
Se não fosse pelo meu pai, provavelmente nem teríamos nos conhecido direito, mas nos vermos nos treinos quase todos os dias levou a uma amizade de conveniência, que acabou se transformando num vínculo verdadeiro. Tão verdadeiro que, muitas vezes Sira vai para o Brasil nas férias me visitar, quando pode estar com Ferran.
Mas, apesar de a nossa amizade ter começado o ano com força, nos afastamos um pouco. A faculdade, a distância. Sempre aproveitamos ao máximo quando vou para Espanha.
—Vi você conversando com Jude Bellingham! — ela exclama — vocês ficaram?
—Não — respondo, desanimada.— Acho que o assustei.
—Ah, não. Você contou que tem medo de marionetes? — ela pergunta, antes de soltar um suspiro exagerado. — Você tem que parar de mostrar que é louca logo de cara. Sério mesmo. Guarde para depois, quando estiver namorando o cara e for mais difícil ele fugir.
Não consigo segurar o riso.
—Obrigada pelo conselho. Viu que a namorada do Pedri está aí?
—Eles estão namorando?
—Não sei. Mas ela parece ser alguém legal, e Pedri merece ser feliz
Ano passado eu dei um fora nele por que não queria me relacionar com ninguém, e me arrependo atualmente disso, Pedri Gonzales é um cara incrível, e muito bonito. E claramente faz meu tipo. Mas um relacionamento para mim parecia loucura a um ano atrás, e eu havia acabado de conhecer o cara.
—E aí? Quer ir embora ou ficar um pouco mais?
Olho ao redor mais uma vez. Meu olhar recai num canto, pessoas aproveitando na piscina, outras curtindo a música. Alguns jogadores pegando louras gatas. A visão me faz sufocar um gemido.
—Topo ir agora—admito. — não está tocando uma Taylor swift, uma Lana Del Rey, que tipo de festa é essa?
—Uma festa onde ninguém tem bom gosto musical.
—Poderia estar tocando uma garota de Ipanema, Carolina Bela, ninguém tem Cultura nesse lugar não?!
—Garota de Ipanema já basta você né Catalina
—Tá vendo, sou tão importante que escreveram uma música sobre mim. Quase que tive duas, se minha mãe tivesse colocado meu nome de Carolina não Catalina, como qualquer brasileiro normal
Sira ri
—Vamos embora então, Catalina
Levanto as sobrancelhas.
—Desde quando você aceita sair de uma
festa antes da meia‐noite?
—Ferran já vai embora também , e meu pai vai me matar se eu não estiver no hotel até uma hora
O treinador da Espanha consegue ser mais rígido que meu pai, acho que é comum para treinadores. A única razão pela qual eu e Sira viemos à festa é o fato de ser a única que iremos vir enquanto estivermos aqui; depois só treinos e jogos, e talvez um dia de compras, se minha alma de velha colaborar.
—Posso dar um pulinho no banheiro antes? — pergunto a ela — Encontro você lá fora.
— Tá, mas não demora. — assinto com a cabeça
Ela vai em direção à porta da frente. Por sorte, o banheiro está sem fila, quando me aproximo da porta do banheiro, ela se abre e uma loira maravilhosa sai dele. Ela leva um susto ao me ver e, em seguida, abre um sorrisinho pre‐ sunçoso e ajeita a barra do vestido. Com o rosto ardendo, desvio o olhar, envergonhada, e espero até que tenha chegado à escada antes de pegar a maçaneta da porta. Mal encosto nela e a porta se abre de novo, então outra pessoa sai.
Meu olhar se choca com os olhos castanhos mais vivos que já vi. Só preciso de um segundo para reconhecer de quem são. Quando isso acontece, meu rosto fica ainda mais quente. Pablo Gavi .
Isso mesmo, Pablo Gavi . A estrela mais jovem da seleção espanhola e do Fc Barcelona. Vi ele de relance algumas vezes durante os treinos, mas nunca chegamos a conversar ou sermos apresentados, seu rosto sexy e perfeito foi capa do jornal espanhol semana passada, e venceu o golden boy de 2022. Desde que ganharam o campeonato espanhol , o jornal tem entrevistado todos os jogadores, e não vou mentir: a matéria com Gavi foi a única em que prestei atenção.
Porque o cara é lindo demais.
Assim como a loira, ele leva um susto ao deparar comigo no corredor, mas, também como ela, recupera‐se depressa e abre um sorriso para mim. Então fecha o zíper da calça.
Ai, meu Deus.
Não acredito que ele acabou de fazer isso. Fico encarando ele por alguns segundos, mas parece não se importar. Ergue uma sobrancelha, dá de ombros e vai embora. Nossa. Então tá.
Só isso já deveria bastar para me deixar enojada. Não estou nem falando do sexo no banheiro. A fechada de zíper já o colocaria direto no rol dos babacas.
Mas saber que ele acabou de transar com aquela garota no banheiro dispara uma onda de ciúmes em mim pela qual não esperava. Não estou dizendo que quero fazer sexo aleatório no banheiro, mas... Tá, mentira. Eu quero, e muito. Com Pablo Gavi, pelo menos, quero. Pensar em suas mãos e seus lábios no meu corpo desencadeia uma onda de arrepios quentes pela minha coluna.
Por que não posso me divertir com um cara no banheiro? Sou adulta, droga. Deveria estar aproveitando a vida, fazendo besteira, "me encontrando", mas não fiz merda nenhuma o ano todo. Fico aqui, me agarrando ao ideal de vida regrada que meu pai me impôs desde quando eu ainda usava fralda.
Estou cansada de ser cautelosa. E boazinha. Ainda preciso estudar para duas provas e escrever um trabalho, mas quem disse que não posso tirar um tempinho para me divertir também? Estarei voltando para o Brasil em um mês. E sabe de uma coisa? Vou fazer bom uso dele.
🇧🇷🇪🇸
01. Não sei se ficou muito bem explicado, mas Lina conhece um jogador ou outro. Ela e Gavi nunca chegaram a se conhecer por que ela não muito aos treinos. Conhece mais Ferran por conta da Sira
02. Por mais que essa fanfic seja uma adaptação de "o erro", Sira Nao sera nossa Ramona dessa história, amo muito a Sira e quero trazer uma nova personalidade, então a história com a Ramona será um pouco mudada
03. Próximo capítulo sera de social media, peço que por favor não pulem!
¡Beijos gente! 🤍
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