Um Mês
Gina sentou-se para almoçar, ela indicou a cadeira ao lado, eu me sentei. O chefe colocou nossos pratos na mesa, o de Gina estava recoberto de prata, o meu era de cerâmica comum.
- Bom apetite.
Me virei ao meu prato e comecei a comer. Amy exasperou alto, eu olhei ao redor, Gina me olhava com admiração.
- O que eu fiz?
- Comeu antes de mim. - Gina deu de ombros. - Mas eu não me importo.
Dei outra garfada. Estava silencioso, exatamente como gosto. Era estranho ter tantas pessoas em pé quando havia cadeiras para todos, mas Gina parecia não se importar, óbvio que não.
- Seu compromisso das 13h está aqui.
- Só vou terminar de almoçar.
O mordomo assentiu. Eu a observei, ela comia pequenas garfadas e dividia seu prato por cores, provavelmente pela aesthetic. Ela me notou, desviei o olhar para a minha comida.
- Assim que minha segurança terminar, eu vou. - seu tom era passivo-agressivo, apenas tirei o prato da mesa e me levantei, uma empregada correu até mim e pegou a louça da minha mão, eu agradeci.
O escritório de Gina era lotado de pinturas rabiscadas e cheirava a lavanda, definitivamente o cômodo mais estranho. Mesas e cadeiras estavam dispostas como se fosse um spa, tive que segurar a risada ao perceber que esse era o tal "agendamento". Gina se jogou em uma maca, ao me notificar que Gina não corria nenhum perigo, me virei para sair.
- Aonde vai? - Ela levantou a cabeça para me olhar.
- Te dar privacidade.
- Você e Amy podem ficar.
Amy digitava furiosamente em seu laptop, não parecia que iria sair tão cedo. Me sentei em uma cadeira, percebi Gina deitar novamente e bufei. Eu não preciso de uma pessoa dependente de mim, mas preciso do trabalho. Que merda.
- O de sempre? - perguntou a massagista. Gina apenas grunhiu. - Você está muito tensa querida, tente relaxar, sua segurança está aqui.
Gina levantou a cabeça me procurando, nossos olhares se encontraram, ela sorriu. A massagista moveu a toalha, reparei numa cicatriz, onde ela foi esfaqueada. Era maior do que imaginei e tão recente, apenas uma semana, mal posso imaginar pelo o que ela está passando. Balancei a cabeça, ela é famosa, todo famoso é um monstro.
Quase adormeci ouvindo a música de meditação. Respire, inspire, repetiam as mulheres, assim o fiz e me permiti aliviar meu stress.
- Até mês que vem. - disse Gina acenando. Ela me olhou sorrindo. - Obrigada por ter ficado.
- É o meu trabalho.
- Claro que é. Eu vou indo. - apontou para a saída, eu a segui, ela olhou para trás. - O que está fazendo?
- Você pediu para que eu ficasse próxima.
Ela mordeu o lábio.
- É, eu pedi.
- Mudou de ideia?
- Eu gosto de companhia. - disse corando. - de alguém treinado para me defender, eu te pago pra isso então...
Eu assenti.
- Eu vou ao banheiro, você pode esperar do lado de fora.
Ela virou três corredores e trancou a porta após entrar. Me apoiei na parede enquanto mechia no celular.
- Olá. - o chefe se aproximou, ele era irritantemente sorridente e menor do que eu.
Balancei minha cabeça em sua direção.
- Bem vinda à família Linetti, eu sou Charles Boyle.
- Legal. - disse voltando minha atenção ao celular.
- Como se chama?
- Rosa.
- Prazer Rosa, sou Charles Boyle.
- Você já disse isso.
- Nós estávamos muito preocupados com você sabe quem. - disse me ignorando. - Como já deve saber, ela fora esfaqueada e demorou um mês pra contratar segurança, nós ficamos apavorados e se algo acontecesse de novo?
- Espera, um mês?
Ele assentiu.
- Segundo Amy, ela estava procurando uma segurança que parecesse uma modelo.
- Por que ela demorou todo esse tempo?
- Eu acabei de explicar.
A porta destrancou, Gina saiu zangada.
- Eu disse para comprarem o sabonete lilás, não o verde, esse fede. Cheira. - ela colocou-o na minha cara, fiz uma careta, era bem fedido. - Com quem conversava?
Olhei ao redor, nos estávamos a sós.
- Com Charles.
- Não confia nele, é bem fofoqueiro.
- Gina, por que demorou um mês para me contratar?
- Eu te contratei assim que conheci.
- Quero dizer, por que demorou para obter segurança? Você foi atacada.
- Não importa, eu não te pago pra ficar fofocando com colegas, agora volte ao trabalho em silêncio.
Me calei, toda a empatia que havia sentido de repente sumira. Era como se Gina tivesse me batido para me lembrar da sua verdadeira personalidade.
- Sim senhora.
não se esqueçam de comentar e deixar o voto <3
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