06 - Desobediente
Eu gelei quando me dei conta do que fiz. Ele olhava surpreso e depois de um tempo levou a mão ao rosto e olhou para mim com as sobrancelhas franzidas.
— Você tem coragem... o último que fez isso eu fiz questão de cortar a mão dele.
Eu engoli em seco. Seria esse meu destino? Perder a mão, morrer, ser estuprada? O que ele planejava para mim? Eu tremia só de pensar.
— Eu não me arrependo. — Me arrependi sim. Ainda mais crescendo numa família mafiosa também. Meu pai jamais levaria um desaforo desses ainda mais de uma mulher.
— Hum. Se acha que isso vai me fazer mudar de ideia, está muito enganada. Eu até gosto de uma mulher mais... selvagem.
— Seu doente.
— Achou ruim que descobri seu segredo? Que você gostou do que viu? — Ele deu uma gargalhada.
— Zomba de mim? Eu sou uma piada para você?
— Não, mas confesso que você me diverte bastante.
Eu virei as costas e caminhei até a porta para a destrancar. Vi só a mão dele batendo na porta violentamente. Eu congelei ao sentir a respiração dele atrás de mim. Minha nuca começou a arrepiar e aquela sensação se espalhou por todo meu corpo.
— Não vai a lugar nenhum. Ainda não terminei com você. — A voz dele raramente aumentava o seu habitual tom. Era sempre baixo e suave. Como se cobrisse o fato dele ser um maníaco.
— Vai fazer o que comigo?
— Vai tomar um banho comigo.
— Seu babaca! — Eu disse sem olhar para ele.
— Vamos. Ou prefere que eu arraste você até lá. E se estiver com vergonha saiba que já vi tudo o dia que te dei banho. Viu como sou gentil? Até banho dei em você.
— Isso não é gentileza, seu cretino pervertido!
Ele não ligou para minha objeção. Ficou apenas me olhando com um sorrisinho devasso nos lábios. Eu soltei o ar dos meus pulmões de forma cansada. Eu não tinha muito o que fazer. Eu confesso que olhei para todos os lados à procura de uma arma. Talvez tivesse alguma ali ou qualquer coisa para me defender.
Entrei no banheiro de cabeça baixa segurando meus braços em frente ao meu corpo. O espaço era imenso, quase do tamanho de um quarto. As paredes eram revestidas com mármore branco, que refletia a luz suave dos lustres de cristal pendurados no teto alto.
No centro do banheiro, havia uma banheira de hidromassagem, feita de mármore negro polido. Ao lado da banheira, uma mesa de apoio de vidro sustentava velas aromáticas e toalhas de algodão egípcio, dobradas com perfeição.
A área do chuveiro era igualmente impressionante, com portas de vidro, com chuveiros de teto. O piso de mármore. Duas pias de porcelana branca estavam embutidas em uma longa bancada de mármore, com espelhos enormes que iam do chão ao teto. Cada pia tinha sua própria torneira dourada. Entre as pias, havia um arranjo de flores frescas.
Devo confessar que pelo menos bom gosto ele tinha. E eu, como estava planejando estudar arquitetura, era quase automático eu notar detalhes como esses. Ele parou diante de mim e tirou meu vestido sem nenhum pudor. E ficou analisando meus seios enquanto isso. Tocou meu mamilo delicadamente e ficou os observando de forma luxuriosa. Era para o Ren ver isso. Não ele. Eu me sentia desconfortável, mas ao mesmo tempo era como se meu corpo ansiasse pelo toque dele.
— Adoro como seus seios são redondinhos e seus mamilos são rosados. Você tem sardas pelo seu colo. A maioria dos homens gosta de mulheres lisas como porcelanas, mas eu... amo essas sardas.
Eu desviei o olhar tentando não gostar de seus elogios. E não admirar o corpo nu dele na minha frente. Eu estava fraquejando. Estava me deixando levar. Não podia olhar para ele com outros olhos que não fosse ódio. Eu tinha que odiá-lo com todas as minhas forças.
— Não adianta me elogiar. — Disse ressentida. — Nada vai apagar o que você fez.
— Não estou te elogiando porque quero te agradar. Eu apenas aprecio coisas bonitas. Quando vejo alguma coisa bonita eu quero para mim.
— Como um souvenir? — Eu disse entre os dentes.
— Pense como quiser. Agora vamos tirar essa calcinha. — Senti os dedos dele tocando na parte de cima do tecido da minha calcinha. — Arrepiou? Ninguém nunca tinha tocado aqui antes de mim?
Eu fechei os olhos envergonhada. Estava paralisada com as mãos ao lado do corpo. Eu mal conseguia respirar. Ele tirou a minha calcinha devagar e eu tentei controlar meu corpo que não parava de arrepiar em nenhum momento.
— Que coisa mais linda... — Ele disse finalmente depois de passar muito tempo analisando. — Afaste as pernas, querida, quero ver ela direito.
— Isso é desconfortável. Disse que ia fazer eu querer e eu não quero.
— Eu tô só olhando direito. Não tive tempo de ver aquele dia.
— Por favor... — Ele não me deu ouvidos seus dedos afastaram os lábios e devagar eu senti algo estranho percorrer meu corpo. Quase como um choque, uma corrente elétrica. — Não me toque!
Ele parou quando segurei sua mão. Ele olhou para mim sério ainda me tocando. Eu queria que ele parasse. Precisava que ele parasse.
— Acha que pode me dar ordens?
— Por favor... não me toque...
— Está ruim? Ou é por que você gostou que eu te tocasse? E se... — Seus dedos encaixaram dentro dos lábios. Ele começou a mover devagar. Meu ventre parecia se aquecer e esse calor se esparramou pelo meu corpo. Quando minha respiração começou a ficar trêmula eu me afastei rapidamente o empurrando com as duas mãos em seu peito.
— Você... — Eu comecei a dizer lutando para respirar normalmente. — Disse que eu tinha que querer. Eu não quero.
Ele franziu o cenho e depois olhou para baixo não concordando com a situação. — Ok.
Ele não disse mais nada e depois entrou na área de banho e ligou o chuveiro. Eu entrei e senti a água quente sobre o meu corpo. Estava encolhida, tentando não transparecer meu nervosismo. Ele se aproximou de mim e começou a me ensaboar comigo ainda de costas.
— Pode ter qualquer mulher. — Eu disse não controlando o choro. — Por que eu? Eu guardei tudo para o Ren.
— Porque eu quis assim. Eu quero você e assim será. Tudo que é do Ren agora é meu. Estou vivendo a vida que seria dele. — Ele tirou os meus braços de cima dos meus seios e os ensaboou devagar. As mãos dele estavam por todo o meu corpo. E eu não sabia nem como reagir diante daquilo. Eu simplesmente não conseguia.
— O que vai fazer comigo?
— Você é minha. Farei com você o que eu quiser.
— Eu odeio você... — Eu disse encarando ele desta vez. Com as costas no azulejo frio.
— Eu não ligo. Não precisa me amar, só tem que obedecer.
Eu saí do banho me sentindo um lixo. Algo comum desde que tive o desprazer de conhecer Moretti. Uma série de humilhações sem fim. Ele soltou os cabelos que estavam presos num coque e deixou o roupão cair deitou-se na cama completamente nu. Eu fiquei encolhida perto da porta desejando correr dali.
— Eu posso ir para o meu quarto? Por favor...
— Não...
— Eu já fiz tudo que mandou! Eu jantei com você, usei a porra do vestido que você quis, eu vi você foder na minha frente, deixei que me desse banho, o que mais você quer de mim?
— Vai dormir aqui comigo.
Eu olhei ao redor desesperada e vi a janela aberta. Se eu me jogasse dali tudo se resolveria. Era melhor morrer do que passar por isso. Corri até a janela já pronta para me jogar. Eu nem cheguei perto, ele me agarrou pela cintura e me carregou de volta. Eu me debati sem parar .
— Me solta!
— O que pensa que está fazendo? — Ele disse irritado.
Eu dei uma cotovelada nele que me soltou rapidamente. Eu continuei correndo, mas ele me passou uma rasteira e me derrubou no chão e me puxou pela perna. Moretti montou sobre mim tentando me segurar enquanto eu batia nele sem parar.
— Me deixe em paz! Odeio você! Odeio com todas as minhas forças.
— Quer competir com força comigo?
Eu ergui o corpo com uma alavanca e me virei. Eu nem me importei que estávamos os dois totalmente pelados numa luta corporal – injusta – no chão do quarto. Ele forçou um dos meu braços para trás e foi naquele momento que vi debaixo da cama algo num brilho metálico. Eu virei rapidamente dando outra cotovelada nele e nem vi onde acertei.
— Desgraçada!
Eu me arrastei até debaixo da cama e finalmente alcancei, no mesmo instante que ele me puxou mais uma vez pela perna. Com as mãos trêmulas me virei para ele e engatilhei a arma. Ele parou olhando para mim. Eu apontava a pistola para ele já pronta para atirar.
— Se vai atirar, é bom acertar, Serena. Se não acertar, será muito pior para você.
— Não tenho medo de você.
— É bom você ter.
Eu respirei fundo, tentando controlar o tremor em minhas mãos. Sabia que não podia hesitar. Mas antes que pudesse apertar o gatilho, Moretti se moveu com uma rapidez surpreendente. Em um instante, ele estava segurando meu pulso com força.
A pistola caiu da minha mão, deslizando pelo chão. Moretti me forçou contra o chão imobilizando-me com seu corpo. Eu lutei, tentando me soltar, mas ele era muito mais forte.
— Eu avisei, Serena — ele sussurrou, sua voz fria e ameaçadora. — Agora, você vai aprender a me respeitar.
Senti o desespero crescer dentro de mim. Ele me levantou do chão do jeito que eu estava mesmo e me arrastou pelos cabelos até a sacada do quarto.
— Eu tento ser gentil. Até banho eu te dei e como você me paga? Querendo me matar!
— Me solta! Está me machucando!
— Vai ver o que é machucar!
Ele chegou bem perto da sacada, me pegou no colo enquanto eu tentava me soltar, mas foi em vão. Quando dei por mim, ele me agarrou firme, passou as minhas pernas pelo parapeito e me jogou.
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