01 - O noivado de Serena Romano
Eu ouvi a movimentação por toda a casa. Estava sem dormir naquela noite, ansiosa demais para conseguir pegar no sono. Ren Caruso, meu noivo, finalmente estava de volta. Ele era o homem mais lindo que eu já tinha visto na vida. Seus olhos castanhos, cabelos pretos curtos com alguns fios caindo na testa, e sua pele bronzeada o tornavam irresistível. Ren era cinco anos mais velho que eu e havia ido para os Estados Unidos estudar.
Nossas famílias tinham laços estreitos. Duas das famílias mafiosas mais poderosas de Porto Paradiso: Romano e Caruso. Eu tinha apenas 13 anos quando ele viajou. Ficamos noivos e ele partiu, deixando-me cheia de expectativas e esperanças. De vez em quando ele nos visitava, mas minha família era muito rigorosa. Eu ainda era muito jovem e mal podíamos dar as mãos. Só consegui beijá-lo quatro anos depois. Mas tudo com Ren era rápido, ele ficava por um ou dois dias e depois ia embora, como uma folha seca ao vento.
Olhei mais uma vez para mim no espelho e ajeitei meus cabelos num coque. Ele sempre elogiou o tom avermelhado dos meus cabelos. Passei um batom e conferi meu vestido rosé, que havia comprado meses antes para esperar sua chegada.
— Está pronta? — perguntou Lorenzzo Romano, a quem eu carinhosamente chamava de Loren, meu irmão mais velho. Ele tinha os mesmos olhos azuis que os meus, mas os cabelos eram mais escuros. Alto e forte, estava sempre vestido de forma elegante. Seu olhar triste ainda tentava disfarçar a decepção do ano passado.
— Estou sim.
Elena Bianchi, minha melhor amiga, também pertencia a uma família associada à máfia. Loren era apaixonado por ela, e não era para menos. Uma mulher linda, de cabelos lisos e longos, pretos, e olhos da cor de esmeraldas. Ele sempre gostou dela, mas quando ela fez 18 anos, os pais fecharam um acordo de casamento com a família Rossi da Sicília.
Ela se mudou para lá logo depois. Loren chegou a ir atrás dela, pediu que fugissem juntos, mas ela disse que não deixaria seu marido, Salvatore, e que o amava. Desde então, ele nunca mais tocou no assunto. A relação dos Romano com os Rossi sempre foi estremecida, assim como a dos Moretti com os Caruso.
A mansão dos Romano estava situada em uma área nobre de Porto Paradiso, uma cidade costeira italiana. Nosso sobrenome era influente e nós simplesmente conseguíamos tudo o que queríamos. A fachada da mansão era imponente e elegante. A estrutura tradicional, com telhados de cerâmica vermelha e detalhes em madeira escura, contrastava lindamente com as paredes brancas. Lanternas de ferro forjado alinhavam-se ao longo do caminho de entrada, iluminando suavemente a noite. As portas de madeira maciça estavam abertas, permitindo que a luz interior se derramasse para fora, criando um ambiente acolhedor e convidativo.
Era um dia realmente incrível.
Eu respirei fundo e comecei a descer as escadas, sentindo meu coração bater mais rápido a cada passo. Do alto da escada, eu conseguia ver o grande salão iluminado, repleto de familiares e associados, todos ansiosos para ver Ren novamente. O lustre de cristal pendurado no teto lançava reflexos brilhantes nas paredes, enquanto as conversas ecoavam pelo espaço. A atmosfera era de expectativa e excitação.
Quando cheguei ao pé da escada, vi meu pai, Giovanni Romano, conversando com o pai de Ren, Francesco Caruso. Eles pareciam estar discutindo algo sério, mas pararam ao me ver.
— Ah, Serena, você está linda — disse meu pai, com um sorriso orgulhoso. — Ren vai ficar encantado.
Eu sorri timidamente e me aproximei deles. Antes que pudesse responder, a porta da frente se abriu e Ren entrou. Ele parecia ainda mais bonito do que eu lembrava, com um ar de maturidade que o tempo na América lhe deu.
Seus olhos castanhos brilhavam e seus cabelos pretos curtos estavam perfeitamente arrumados. Nossos olhos se encontraram e ele sorriu, caminhando em minha direção. Usando um terno lindo azul petróleo com uma camisa preta. Sem gravatas. Ele as odiava. Estava ainda mais forte do que da última vez que eu o havia visto.
— Serena, você está deslumbrante — disse ele, pegando minha mão e beijando-a suavemente. — Senti tanto a sua falta.
— Eu também senti sua falta, Ren — respondi, sentindo minhas bochechas corarem.
A noite continuou com um jantar elegante e muitas conversas. Ren e eu nos sentamos juntos, trocando olhares e sorrisos. Loren observava tudo de longe, ainda com aquele olhar triste. Eu sabia que ele estava pensando em Elena, e meu coração doía por ele. Mas não importava o que ele fizesse, ela era uma Rossi. E diziam que o marido dela era tão perigoso quanto arrogante e temido por toda a Itália.
O jantar foi um verdadeiro banquete. As mesas, decoradas com toalhas de linho branco, eram adornadas com arranjos de flores frescas, como lavanda, jasmim e gerânios. Candelabros de ferro forjado lançavam uma luz suave e acolhedora sobre os pratos de porcelana fina. Cada mesa estava repleta de iguarias locais, desde antepastos deliciosos a massas artesanais e frutos do mar frescos, complementados por vinhos da região. O aroma de manjericão fresco e tomate maduro preenchia o ar.
Depois do jantar, Ren e eu fomos para o jardim, onde podíamos ter um pouco de privacidade. O jardim com glicínias roxas pendentes dos pergolados, buganvílias vibrantes escalando as paredes e dálias coloridas espalhadas pelos canteiros. As luzes suaves iluminavam as flores e a fonte de mármore central, que jorrava água em um ritmo calmante, criando um ambiente mágico.
— Serena, eu tenho algo importante para te dizer — começou Ren, segurando minhas mãos. — Durante meu tempo fora, eu percebi o quanto você significa para mim. Eu quero que saiba que, não importa o que aconteça, eu sempre estarei ao seu lado.
Eu sorri, sentindo uma onda de felicidade me envolver. — Eu também, Ren. Sempre estarei com você.
Ele se inclinou e me beijou suavemente, selando nossa promessa. Naquele momento, eu sabia que, apesar dos desafios que nossas famílias enfrentavam, nosso amor seria forte o suficiente para superar qualquer obstáculo. Pelo menos era assim que eu achava.
No jardim, as oliveiras estavam iluminadas com delicadas lanternas de vidro, lançando um brilho suave e romântico. O som tranquilo da água fluindo na fonte de pedra adicionou uma melodia serena ao ambiente. Caminhos de pedra serpenteavam pelo jardim, levando a pequenos recantos escondidos, perfeitos para momentos de privacidade. Eu senti o aroma doce das flores misturado com o ar fresco da noite, e o toque suave da brisa acariciando meu rosto. O jardim era um refúgio de paz e beleza, um lugar onde o tempo parecia parar e onde cada momento com Ren se tornava ainda mais precioso.
— Como foi a vida na América? — perguntei, tentando esconder a ansiedade na minha voz.
— Foi incrível, mas nada que compare a estar com você. Era até sobre isso que eu queria ver com você.
— O que? — minha curiosidade aumentou.
— Vamos ter que ir embora para Nova York. Assim que nos casarmos. Eu vim aqui formalizar nosso noivado e já providenciar o casamento. Para a semana que vem...
— Tão rápido assim? — minha surpresa era evidente.
— Já esperamos demais! Não acha?
— Verdade... — concordei, embora meu coração estivesse acelerado com a rapidez dos acontecimentos.
— Aliás, você disse para alguém que eu viria?
— Não. Meu pai me instruiu a não dizer nada a ninguém.
— Ótimo. — Ren olhava para os lados, parecia desconfiado, desconfortável. Apesar de isso ser normal para a Máfia, algo em seu comportamento me preocupava. — Agora vamos lá para dentro. Seu pai vai fazer o discurso.
Entramos na mansão, onde todos já estavam reunidos no grande salão. As luzes brilhavam intensamente, refletindo nos lustres de cristal e nas paredes decoradas com pinturas tradicionais. Meu pai estava no centro da sala, pronto para falar. Ele nos viu e acenou para que nos aproximássemos.
— Boa noite a todos — começou meu pai, sua voz firme e autoritária ecoando pelo salão. — Hoje é um dia especial para nossas famílias. Celebramos o retorno de Ren Caruso e o noivado dele com minha filha, Serena Romano.
Aplausos encheram a sala, e eu senti o calor do olhar de Ren ao meu lado. Ele apertou minha mão, e eu sabia que, apesar das incertezas, estávamos juntos nessa jornada.
— Que este noivado fortaleça ainda mais os laços entre nossas famílias e traga prosperidade para todos nós — continuou meu pai, levantando seu copo em um brinde.
Todos ergueram suas taças, e eu sorri para Ren, sentindo uma mistura de felicidade e apreensão. O futuro era incerto, mas com Ren ao meu lado, eu estava pronta para enfrentar qualquer desafio.
Foi numa fração de segundos que toda a minha felicidade se desfez num piscar de olhos. A luz se apagou no mesmo instante e tudo que ouvi foram tiros. Senti alguém me puxar no escuro para trás de uma mesa.
— É uma invasão! Protejam o chefe!
— Serena! — Era a voz de Ren, eu podia ver sua silhueta sendo iluminada pelos tiros. — Merda! Eles me encontraram!
— Ren! — Eu estava apavorada. Desesperada.
Ren tocou meu rosto com as duas mãos e me beijou suavemente.
— Um dia eu vou te achar! Tá? Espera por mim!
— O que está acontecendo? Ren!
— Venha comigo, Serena! — Meu irmão me puxou pelo braço e me levou protegendo-me da chuva de balas. Havia muitos corpos pelo caminho, destruição, desespero. A esposa do meu pai estava morta no chão com um tiro na testa, os garçons, seguranças. Quem quer que estivesse invadindo não tinha intenção de poupar ninguém.
Loren tentou me levar pelos fundos, mas já havia alguém na porta esperando. A casa toda estava cercada. O homem alto, de cabelos loiros, apontou uma arma para nós. Meu irmão talvez saísse facilmente daquela situação, mas comigo ali ele ficou limitado. Me odiei eternamente por isso.
O homem acenou para que voltássemos. As luzes se acenderam novamente. O salão que passei semanas planejando a decoração estava destruído. Ao centro do salão, meu pai e seus homens estavam enfileirados com as mãos amarradas nas costas e um homem apontando uma arma para eles.
Eu busquei Ren pelo salão com o olhar, parei por um instante e olhei desesperada para todos os lados. Senti algo gelado encostar nas minhas costas. Não precisava ser muito inteligente para saber que era uma arma. Eu caminhei tentando me segurar para não cair no chão. Meu estômago estava revirando.
Vi o pai de Ren morto e fiquei ainda mais apavorada. Eu mal conseguia ouvir o que acontecia. Estava tudo zunindo ao meu redor. O homem tocou meu ombro para me ajoelhar. Loren olhou para mim. Havia tanto medo em seu olhar, nunca o havia visto daquele jeito.
— Vai ficar tudo bem... tá?
Eu queria acreditar nisso. Queria mesmo.
Ouvi os passos secos dos sapatos entrando em nosso salão. O som ecoava ao bater no piso. Eu tinha medo de olhar para cima, de ver o rosto dele. Estava apavorada demais para isso. Eu pude ver seu reflexo num vidro quebrado. E depois ergui o olhar. Era alto, tinha cabelos longos e pretos, presos num coque, deixando alguns fios soltos. Tinha brincos nas orelhas, um olhar tedioso e frio, uma barba cheia e muito bem cuidada. A camisa branca, dobrada até o meio dos antebraços, deixava as inúmeras tatuagens à mostra. Ele pegou a garrafa de whisky, desenroscou devagar e serviu o copo. Sem gelo.
Bebeu o whisky num gole só e ficou olhando para a garrafa por um tempo. Enquanto minha família estava de joelhos, tremendo de medo. Ele se virou para meu pai e o encarou friamente.
— Giovanni Romano... — A voz dele era baixa, suave e melodiosa. Parecia estar calmo e isso era o que mais me assustava. — Eu fiquei muito aborrecido quando soube que você ia dar uma festa... E não me convidou. E uma festa de noivado com um Caruso. Não... Não era qualquer Caruso, né? Era Renaldo "Ren" Caruso.
Meu pai não movia um músculo. Meu irmão estava tremendo de raiva. O homem à frente deles, no entanto, parecia não se abalar, tinha uma postura imponente, um jeito de olhar que dava calafrios. Ele deu mais um passo para frente. Meu pai começou a falar, foi a primeira vez que ouvi sua voz trêmula daquele jeito.
— Moretti... — Eu até gelei quando meu pai disse o sobrenome dele. Era um sobrenome muito temido e seu novo líder não tinha nem uma fagulha de piedade. — Como soube deste noivado?
— Eu não mandei falar, Giovanni... — Ele se abaixou e segurou meu pai pelos cabelos. — Onde está o Ren... Hum? Eu me dei o trabalho de vir até aqui e aquele miserável fugiu. Fala!
— Eu não sei onde ele está — respondeu meu pai, sua voz trêmula de medo e dor. — Eu não vi onde ele foi!
Moretti soltou uma risada fria, sem humor. — Você espera que eu acredite nisso, Giovanni? — Ele puxou meu pai pelos cabelos, forçando-o a olhar para cima. — Eu sei que você está escondendo ele aqui.
— Eu não sei!
— O mais interessante, Gio, é que Ren foi jurado de morte há cinco anos, por mim, e teve que sair daqui às pressas. E aí, você manteve o combinado de noivado da sua filha com ele. O que pretendia com isso?
— Eu não tenho que dizer nada.
Moretti soltou meu pai e caminhou dois passos com as mãos na cintura. Ele olhou para ele por cima dos ombros e disse com uma voz gélida.
— Quando perguntei a você, disse que não sabia sobre Ren. Que provavelmente ele estava morto. Imagina a minha surpresa em saber que estava dando uma festa na sua casa... e um passarinho verde me conta que é o noivado da sua filha com o herdeiro Caruso?
Eu estava em pânico. Mal conseguia respirar. Eu nunca soube de nada disso. Eu nem desconfiava quando meu pai pediu para que não falasse nada sobre meu noivo.
— Moretti, já se passaram mais de cinco anos... ele era jovem! Imaturo!
— Eu também já fui jovem, Gio. Mas cresci aprendendo que você colhe o que planta. — Ele levou a mão às costas e tirou a arma que levava consigo e engatilhou a arma. — Nossa conversa vai ter que ser um pouco menos amistosa. Eu juro que tento ser gentil, mas você não ajuda.
Ele apontou para um dos homens do meu pai e sem pestanejar apertou o gatilho. Vi o sangue e parte de seu cérebro respingando na parede e escorrendo pelo chão. Eu estava custando a respirar. Loren sussurrou para mim.
— Calma... vai dar tudo certo.
Meu pai ainda estava no mesmo lugar. A lealdade da minha família sempre foi notória. Ele iria morrer ali, mas jamais entregaria Ren, ainda mais que seu pai estava ali, morto naquele salão. Moretti iria atirar outra vez, e pelo jeito que ele olhava, seria meu pai.
— Então, Gio? Nada?
Meu pai manteve-se calado e sério. Olhando para Moretti com desdém. — Morrerei com honra. Prefiro a morte a entregar um filho de um amigo.
— Que seja...
Eu nem vi a hora que comecei a correr, ou a hora que comecei a gritar, chorar. E nem o momento que me coloquei à frente da arma.
— Não! Meu pai não tem culpa!
— Serena! Fique fora disso! — Meu pai pedia desesperado.
— Não vou deixar! — Eu estava abraçada a ele fortemente, sentindo o rosto molhado.
Moretti me puxou pelos cabelos, arrastando-me para longe do meu pai. Eu lutei contra ele, mas sua força era esmagadora. Ele me jogou no chão, e eu senti a dor irradiar pelo meu corpo.
— Serena! — gritou meu pai, sua voz cheia de desespero. — Deixa minha filha fora disso!
— Tarde demais, Giovanni — disse Moretti, com um sorriso cruel. — Você teve sua chance.
Eu olhei para Loren, que lutava contra os homens de Moretti. Ele estava ferido, mas não desistia. Seus olhos encontraram os meus, e eu vi a determinação em seu olhar.
— Serena, eu vou te salvar! — gritou ele, com a voz cheia de emoção.
Moretti se aproximou de mim, segurando a arma com firmeza. — Vamos ver se seu pai muda de ideia quando sua vida estiver em jogo.
Eu senti o frio da arma contra minha têmpora, e meu coração disparou. Fechei os olhos, esperando o pior.
— Pare! — a voz de meu pai ecoou pelo salão. — Eu me entrego. Só não machuque Serena. Eu faço qualquer coisa.
Moretti sorriu, satisfeito. — Olha só, que nobre. Agora, Gio, você tem uma escolha. Ou me diz onde está o Ren, ou eu mato ela.
Meu pai olhou para nós, seu rosto uma máscara de dor e indecisão. Ele sabia que qualquer decisão que tomasse poderia ser fatal.
— Eu não sei onde ele está — repetiu meu pai, sua voz quebrada. — Mas, por favor, poupe minha filha. Farei tudo que você quiser.
Moretti suspirou, como se estivesse entediado. Tirou a arma da minha cabeça, e olhou para um de seus homens.
— Ele diz a verdade. Que droga! O miserável deve ter fugido no meio da bagunça e deixou todos os seus aliados para trás. — Ele se abaixou ao meu lado e me puxou pelos cabelos. — Você era a noiva dele... olha só. Sortudo do caralho.
— O que vamos fazer, Moretti? — Um dos homens perguntou sério.
— Ren deve vir buscar a joia dele, ou pelo menos é o que se espera. Mas do jeito que ele saiu daqui, talvez ele nunca volte. Mas... eu tive uma ideia melhor. — Ele se virou para meu pai. — Os Romano são os barões do transporte marítimo. E eu tenho tido muitos problemas com o transporte de alguns produtos meus. Me diga, qual foi o acordo para que o casamento acontecesse?
Meu pai hesitou. Tinha arrependimento em seu olhar. — Moretti, isso não é sobre minha filha. Deixe ela fora disso.
— Sabia... — Ele disse olhando para mim. — Que aquele homem ali não é o seu sogro? — Eu olhei para o corpo de Francesco no chão. — Aquele ali é o tio do seu noivo e seu papai sabia. Por que o líder Caruso é o putinho do seu noivo que tem mantido os negócios a todo vapor à distância desde que o pai dele morreu. O casamento com a filhinha dos Romano não passa de um negócio muito rentável. Conte a ela, Gio.
— Íamos... ampliar os negócios. E nos unir aos Lombardi.
— Humm. E quem são os Lombardi mesmo? Sua filhinha não sabe.
— Os seus principais rivais.
— Olha só... — Moretti olhou para mim de novo. — Eles estavam agindo pelas minhas costas favorecendo meu inimigo depois que eu forneci armamento para sua família por anos! Isso é justo, Serena?
— Não... — Eu respondi trêmula do fundo da garganta.
— O que eu devia fazer com eles? Hein, Serena?
— Não sei... — Respondi tensa, trêmula, gelada.
— Traidores tem que destino, hein? Serena?
— Eu...
— Qual, Serena? — Ele não gritava. Isso era o que me dava mais medo. Era a voz melodiosa que me dava medo.
— Morte...
— Isso mesmo. Mas sabe, eu sou muito gentil. E vou dar a chance de seu pai se redimir. — Ele se levantou e ajeitou os cabelos, bebeu mais um copo de whisky e olhou para meu pai. — Tudo que for do Ren, agora é meu. Todos os negócios, todas as alianças. Tudo! Tudo que vocês, Romanos traidores conseguiram para eles nas minhas costas.
— São 20 anos de negócios! — Meu irmão gritou ainda sendo segurado pelos homens de Moretti.
— Posso matar a Serena agora mesmo se preferir. E depois matar todos vocês. É a chance que dou a vocês.
Meu pai fechou os olhos e depois olhou para mim com o olhar triste. Se eu não estivesse ali, eles teriam tido uma escolha. Eles teriam tido uma outra chance. Mas ao invés disso, ele teve de se curvar, por minha causa.
— Tudo bem, Moretti. Estou de acordo.
— Isso é música para meus ouvidos.
— Mas poupe-nos, principalmente a minha filha.
— Ora, Gio, sou um homem de palavra. — Moretti me segurou pelo braço e me ergueu do chão e saiu me puxando. Eu senti um calafrio percorrer meu corpo, era quase como se pudesse ver minha vida passar diante dos meus olhos.
— Me solta! — Eu gritei tentando puxar meu braço e a cada tentativa falha ele apertava mais o meu braço.
— Moretti! Disse que pouparia minha filha!
— Serena! — Meu irmão gritava.
Moretti parou ainda me segurando pelo braço, olhou para mim e depois desviou o olhar para meu pai. — Eu disse, Gio. Tudo que for do Ren, agora é meu. Vou levar sua filha para mim.
Meu coração gelou. Foi a partir dali que minha vida virou um verdadeiro inferno.
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Primeiro capitulo já pegando fogo
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