Prologo
OBS : ⚔⚔⚔⚔ ← Representa quebra de tempo ou mudança de PV
"𝔒 𝔡𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔢𝔰𝔱𝔞 𝔰𝔢𝔪𝔭𝔯𝔢 𝔞 𝔢𝔰𝔭𝔯𝔢𝔦𝔱𝔞. 𝒜𝔪𝔦𝔤𝔬 𝔡𝔞 𝔪𝔬𝔯𝔱𝔢, 𝔢𝔩𝔢 𝔰𝔢 𝔢𝔰𝔠𝔬𝔫𝔡𝔢 𝔰𝔬𝔟 𝔬 𝔠𝔞𝔭𝔲𝔷 𝔭𝔞𝔯𝔞 𝔢𝔰𝔠𝔞𝔭𝔞𝔯 𝔡𝔞 𝔠𝔲𝔩𝔭𝔞. 𝔈 𝔣𝔞𝔠𝔦𝔩 𝔠𝔲𝔩𝔭𝔞𝔯 𝔞 𝔪𝔬𝔯𝔱𝔢, 𝔪𝔞𝔰 𝔬 𝔳𝔢𝔯𝔡𝔞𝔡𝔢𝔦𝔯𝔬 𝔳𝔦𝔩𝔞𝔬 𝔢 𝔬 𝔡𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬."
— Estou aqui com você, não vou sair! — O calor da mão da minha irmã na minha intensificava o momento. A cama do hospital parecia enorme ao meu redor, meu corpo pesando apenas 39 quilos na reta final. Talvez fosse só impressão, mas parecia sentir o câncer devorar minha carne a cada segundo que passava. No final, a única pessoa que permaneceu ao meu lado, e em quem sempre pude contar, era minha irmã. Olhei para a porta, na última esperança de que minha mãe ou meu pai entrassem para uma despedida, mas era em vão. A última mensagem que recebi de um familiar foi: "O caixão já foi comprado, não nos dê mais essa despesa." Lembro da minha irmã jogando o celular com força na parede, irada de raiva. Uma de suas lágrimas caiu no dorso da minha mão, trazendo-me de volta à realidade.
— Ei, você prometeu! — Minha voz saiu fraca como um sopro. — Como está o Ruan? Meu cunhado?
— Eles estão bem. O Arthur está cuidando do Ruan, e disse ao pequeno quando perguntou por você, que você estava descansando....
— E agora será eterno! — Ri, fraquinha.
— Para com isso! — Ela ficou brava. Era isso que eu queria. Minha irmã sempre foi uma bomba prestes a explodir, e provocá-la era meu passatempo favorito. Não seria justo ir embora deixando-a chorando. Ver suas lágrimas me fazia sentir ainda pior. Mas parece que sua raiva durou apenas alguns segundos. Para nosso alívio, choramos juntas. Liz encostou sua testa na minha e senti, pela última vez, seu suspiro.
— E no final, sempre nós duas. — Nesse momento, todas as minhas memórias voltaram de repente. Lembrei-me de cada detalhe, cada cheiro e toque. Cada risada, cada raiva, tédio e cansaço. Meu corpo parecia flutuar de tão leve. Toda dor havia desaparecido, e tudo o que eu sentia era o amor da minha querida irmã. — Se houver outra vida, quero você como minha irmã!
— Até na próxima vida. — Rimos juntas, brevemente.
— Se esse é seu último desejo, querida Ava... — De repente, senti meu peito afundar na cama como se uma bigorna tivesse caído sobre mim. Procurei a origem daquela voz grave e encontrei, sentado numa poltrona no escuro, apenas iluminado pela luz da lua, um homem com olhos vermelhos como de um lobo. Ele se levantou e veio em minha direção. Quis gritar, mas o ar parecia ter desaparecido dos meus pulmões. Todas as dores que eu não estava sentindo voltaram com força. Se Liz não o via, só podia significar uma coisa: era a morte. À medida que ele se aproximava, parecia que meus ossos estavam sendo triturados. Por fora, eu estava paralisada, mas por dentro, tudo estava rasgando e queimando. Ele se inclinou e sussurrou em meu ouvido: — Eu vou realizar seu desejo...
⚔⚔⚔⚔
— Minha senhora, acorde! — O ar parecia algo precioso naquele momento. Dei um pulo da cama, meio zonza, tentando enxergar ao meu redor, onde tudo que eu via era a luz de uma vela e uma senhora ao meu lado. Foi tudo um sonho? Quem é essa mulher? Onde está Liz?
— Kalinda... — Um homem com uma fantasia entrou no quarto com um castiçal na mão, iluminando-se parcialmente. — O que você fez? O que você fez? — Ele perguntou à Kalinda, que eu supus ser a mulher ao meu lado. O hospital estava pregando peças nos pacientes terminais novamente? Minha cabeça girava, eu estava enjoada e minha visão estava turva. Devia ser por causa dos remédios.
— Ah, eu quero água! — Pedi.
— Não é hora de beber água, levante-se agora! — Ele veio até mim, puxando-me bruscamente da cama pelo braço e me levando por um corredor estranho, enorme e escuro. Com a cabeça ainda zonza e a visão um pouco melhor, vi móveis e quadros estranhos e um tapete vermelho que se estendia pelo corredor, até uma escada enorme que descemos quase pulando. Caí por um breve momento, mas o homem me levantou, puxando-me pelo pulso. Sentia o chão frio sob meus pés quando finalmente paramos. Ele abriu uma porta enorme, que fez um barulho estrondoso ao se abrir, seguido por um silêncio absoluto. Olhei para a frente, tentando entender o que estava acontecendo. Vi pequenos pontos de luz amarela que pareciam fogo. Minha visão ainda estava embaçada e eu tentava me acostumar com toda aquela escuridão. Onde estavam as luzes da rua? Estava havendo um apagão?
— Lorde Uldaric, por se juntar à tirana e traidora Kalinda Uldaric, será sentenciado à morte por decapitação! — Uma voz à minha frente, um pouco distante, disse.
— Você está ferrado! — Disse, com a mão na cabeça. — Tá bom, pessoal, chamem o médico, não estou me sentindo bem. — Vi uma sombra diante de mim com um instinto de proteção.
— Vossa majestade não tem como provar que foi minha filha, mas mesmo que não acredite, poupe-a e mate a mim. Eu sou o culpado por toda a criação dela, eu sou o culpado de tudo! — O homem à minha frente se ajoelhou diante das luzes. Quando meus olhos se acostumaram, vi alguém com uma armadura preta decapitar o homem à minha frente com facilidade e rapidez, como se cortasse uma folha de papel. O sangue espirrou em mim, e sua cabeça caiu aos meus pés enquanto seu corpo tombava à minha frente.
— Ai meu Deus! — Que merda estava acontecendo ali? Vendo melhor, percebi uma armada inteira de homens em armaduras e seus cavalos. Aquelas bolinhas amarelas eram flechas em chamas. Que merda é essa? — Ok, podem parar, não é engraçado fazer esse tipo de peça em um ambiente com pacientes terminais! — Meu corpo tremia inteiro. Mal tinha acabado de falar e a senhora ao meu lado teve o mesmo destino daquele homem. O pânico tomou conta de mim e corri de volta para dentro, subindo as escadas entre tropeços, até ser parada por uma dor forte nas costas. Estava diante de um quadro de uma mulher com cabelos claros ondulados, usando uma tiara e um vestido de gala verde, com uma mancha próxima aos lábios. Ao seu lado, havia duas meninas e, em pé, o homem que estava morto lá fora. Ao vê-la, senti medo, mais medo do que aquele sonho louco, mais medo do que aquela dor nas costas. Olhei para o lado, onde havia um espelho enorme, e vi duas flechas cravadas em mim. Caí no chão sem conseguir andar, cuspindo sangue e implorando para que aquilo acabasse logo. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo de verdade. Eu estava desorientada, sem entender nada, só conseguia ouvir passos fortes se aproximando. Tentei me arrastar pelas escadas laterais e, quando cheguei ao fim, entre algumas cortinas, vi o mesmo homem do sonho no hospital. Não sabia direito o que estava acontecendo, só sabia que ele estava ali. Desta vez, consegui vê-lo claramente. Ele estava com uma máscara preta com um pequeno cristal na testa. Eu sabia que era ele pelos olhos vermelhos e pela roupa branca. — Me ajuda...
— Querida, isso já vai acabar! — Disse com um semblante triste.
— Eu te avisei Kalinda— O outro homem diz me puxando ele era tão forte que sentia como se minha perna fosse deslocar. Fui puxada pelas pernas e arrastada pelas escadas por um homem em armadura até lá fora, onde as pedras pequenas arranhavam meu rosto. Eu não conseguia me mexer direito, não conseguia respirar. Aquela mesma sensação da última vez com Liz me invadiu; a leveza e os momentos, todos os meus momentos. Só tinha um problema: aqueles momentos, sentimentos, risos e toques não eram meus. Eu não sabia quem eram aquelas pessoas nesses momentos, quem era aquela mulher, o que estava acontecendo? Quando o homem mascarado de olhos vermelhos apareceu, parado à distância, percebi que ao seu lado havia uma pessoa com uma luz na região dos olhos e nariz. Parecia uma mulher, mas eu não conseguia enxergar seu rosto direito. Os outros pareciam não vê-la, e percebi quando ela atravessou um dos homens de armadura. Sabia que era coisa da minha mente, um sonho muito louco. Ela se abaixou até mim com um sorriso travesso. "Não repita tudo de novo, Ava, quer dizer, Kalinda". Sussurrou no meu ouvido e se levantou com o mesmo sorriso travesso, voltando para o lado do homem. Seu sorriso se transformou em tristeza e, com um leve aceno, os dois desapareceram.
Fui puxada pelos cabelos para ficar de joelhos, sentindo as flechas entre minha coluna. Isso vai acabar rápido, é só um sonho. Era o que passava na minha cabeça enquanto minhas lágrimas se misturavam ao sangue que escorria do meu nariz e boca. Olhei para o homem de armadura preta, que segurava meus cabelos com força. Ele era alto e eu só conseguia ver seus olhos verdes escuros pela fresta da armadura. Ao me olhar, seus olhos pareceram clarear, e toda a raiva se transformou em uma grande questão em seus olhos. Suas mãos afrouxaram na minha cabeça. Ele parecia não me reconhecer.
— Eu te amei como nunca amei ninguém. Agora espero que você me deixe em paz e que esse feitiço saia de mim. — O homem ruivo no cavalo com uma coroa disse, com a voz embargada. Ele se aproximou de mim, tendo a mesma reação do cavalheiro.
— Quem é você? — Os dois perguntaram ao mesmo tempo, como se estivessem em um programa de entrevistas. Dias antes, eu assistia algo assim com Liz. É, isso é um sonho muito lúcido. Sorri.
— Eu quero acordar. — Disse, ainda sorrindo. Novamente, a segunda sensação me invadiu quando senti uma lâmina entrar em mim. Não consegui ver qual dos dois fez isso, mas a dor não se comparou à da primeira vez. Sentia que meus ossos estavam sendo triturados novamente, meus músculos se rasgando. Estava paralisada por fora, mas por dentro, parecia estar sendo banhada de álcool na carne viva.
To be continued....
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro