Esquecer
Jonas
Achei que nunca sentiria uma dor tão grande na minha vida, mas senti. Senti tanta dor ao perder Raul de uma maneira tão absurda, tão brutal, tão sem sentido que talvez por isso doa tanto, é uma dor misturada com raiva. Uma raiva enorme. Raiva que estou sentindo agora e agradeço a Deus por aqueles escrotos terem sido presos se não... Não sei se aguentaria o ódio que tenho dentro de mim e iria fazer justiça com as minhas próprias mãos.
A dor de perder alguém que morre é uma dor absurda misturada com a saudade de não ter alguém que você tanto ama mais perto de você. Raul era mais que um amigo, era um irmão, e com ele foi embora nosso grupo todo, porque a tristeza tomou conta de Nicolas. Eu e ele apenas terminamos o ultimo ano da escola juntos, não nos encontrávamos mais, não saiamos, não riamos. A nossa tão sonhada formatura foi sem brilho e sem graça. E também junto com Raul perdi a Lana, que se era ruim vê-la com ele, era pior não vê-la mais. Ela se fechou num casulo de tristeza, que nem Vic com toda sua alegria conseguiu tira-la de lá. Os pais dela por várias vezes tentaram ajuda profissional, pois a depressão que ela se encontrava, fez com que ela mudasse por completo. O sorriso e a alegria tão característicos da sua identidade sumiram de vez, deixando apenas um rosto que carregava uma dor e uma tristeza tão parecida com a minha. E que em nada combinava com aquela jovem tão linda e cheia de vida que conheci desde pequena e me apaixonei a cada dia.
O pior é que me lembro de me pegar várias vezes pensando que se Raul não existisse ou eu tivesse enxergando ela antes que ele, Lana poderia ser minha. Minha namorada!
Balancei a cabeça me batendo mentalmente, por ainda deseja-la. Eu não posso! Não posso por ela, não posso por Raul e não posso por mim. Tenho que esquecê-la ou isso vai acabar comigo. Talvez se eu não tivesse tanto desejado estar no lugar dele será que ele estaria aqui? Cuidado com o que deseja!
Sentia-me péssimo com o que desejei e toda vez que pensava nisso, parte de mim morria junto com Raul, morria com a perda do meu circulo de amigos, morria com a perda da minha garota que nunca foi minha. E eu só queria esquecer essa dor, só queria esquecer tudo. Levantei–me da cama em um pulo, enxuguei uma lágrima que rolava pelo meu rosto, fui até meu pai e disse que eu precisava sair daqui, queria estudar fora e sair de Cananéia por um longo tempo. Ele tentou me convencer a ficar. Mas foi em vão. Eu precisava sair daqui. Precisava! Ia sofrer de longe, mas não conseguia ficar aqui, não conseguia ficar perto da Lana, nem de toda essa intensidade de sofrimento, angustia e sentimento de culpa que se abate em mim toda vez que vejo algo que me lembra de tudo que vivi nessa cidade. E foi o que eu fiz por um longo tempo. Parti para longe e tentei esquecer essa dor. Esqueci.
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