Gustavo

Quando meu tio Jonas entrou em contato comigo me perguntando sobre a faculdade que a minha prima ia estudar e se eu podia ver apartamentos próximos para ela morar, ele parecia preocupado e eu não pensei duas vezes e ofereci meu apartamento a ele, dizendo que ela podia ficar aqui pelo tempo que precisasse. Mas hoje, quando finalmente isso aconteceu, eu me senti meio estranho. Morei em uma republica por cinco anos enquanto eu fiz a faculdade de direito, sempre dividi tudo com o pessoal, mas depois que eu e os caras montamos a Angels e ela se tornou sucesso, logo comprei meu Ap e já me acostumei a morar sozinho. Hoje quando a Lívia entrou com as suas novecentas e noventa e nove malas, tive uma sensação de que ela iria invadir meu espaço. Mesmo ela chegando na dela e super contida, me senti meio invadido, mas acho que isso é falta de costume, logo vou me acostumar com a sua presença. Tentei deixa-la o mais confortável que eu consegui e quando me despedi do meu tio, jurei a ele que cuidaria dela e a defenderia com a minha própria vida se preciso fosse. Quando eles foram embora, ela saiu para acompanhar a família até o carro e eu sentei no sofá pensando como seria daqui pra frente.

Vê-la tão mulher e tão independente, em nada me lembra daquela bebezinha que peguei no colo. Tudo bem que eu também era um bebê, mas me lembro de tudo como se fosse hoje. Cresci sempre apaixonado pela princesa Lívia e assumi o papel de irmão mais velho com louvor. Sempre ajudei cuidar dela, porque sempre a achei frágil e indefesa e olhe agora! Já é uma linda mulher e quando eu digo linda é linda mesmo. Ela é a cara da tia Lana só que com os olhos cor de Mel.

Tivemos pouco contato nos últimos anos, o que foi bom, porque me conhecendo como me conheço, sou um poço de ciúme e sei que se eu estivesse com ela na época em que os namoradinhos começaram a aparecer, ela não teria namorado ninguém até hoje. Eu teria afastado os marmanjos um a um. E pensando nisso tenho que dar um jeito de manter o Fernando, o Rodrigo e o João longe dela.

Saí dos meus pensamentos quando ela voltou abrindo a porta do ap e sentou-se na outra extremidade do sofá. Um silêncio estranho se instalou entre nós. Decidi inventar um compromisso inexistente pra dar espaço para ela se habituar a casa. Saí dizendo que ia até a Angels, mas do caminho tentei ligar para a Bruna para convencê-la a sair comigo hoje à noite.

Bruna era uma ex/atual namorada, era ex pra ela e atual para mim, temos um rolo desde a época da faculdade, namoramos por uns seis meses no último ano, mas ela me disse que não queria nada sério. Desde então só nos encontrávamos de vez em quando para um sexo rápido no qual saíamos satisfeitos, apesar de eu querer algo mais e ela só querer me usar. Meus amigos insistem que tenho que partir pra outra e esquecer a Bruna, que ela só vai me dar valor e ver o que perdeu quando não me tiver mais lambendo o chão que ela pisa. Mas não acho que estou lambendo o chão que ela pisa, só não tenho tempo vago pra sair procurando mulher, nem mesmo enquanto estou na Angels, e enquanto eu tiver sexo fácil com ela vou aproveitar. Sem falar que não consigo resistir a ela, nem aqueles cabelos ruivos e aos olhos verdes. Sem falar dos seios fartos e do corpo escultural que me deixam com um tesão do caralho. E pelo o que sei, ela não sai com mais ninguém além de mim, então... Ainda sou importante e o combinado continua valendo.

— Fala Gustavo! — Ela me atendeu

— Oi gata, vamos nos ver hoje?

— Hummm hoje, só um minuto — Ele me deixou esperando uns segundo na linha e continuou — Ok, vamos, mas tem que se agora e rápido, por que marquei de sair com umas amigas.

— Opa, por mim tudo bem.

— Ta. No seu apartamento ou no meu?

Na hora me lembrei da Lívia e seria melhor evitar levar mulheres no ap por enquanto.

— No seu!

— Ta, te espero em cinco minutos.

— Combinado. — Iria tirar a tensão do dia com a Bruna, e eu já estava mais que feliz, posso até me sentir usado por ela às vezes, mas essa é a forma mais deliciosa de ser usado por alguém.