Capítulo Quatro

Gustavo

Quando chegamos à Angels passamos direto na portaria e a fila gigantesca na porta me fez abrir um sorriso de orelha a orelha.

— É parece que essa balada é boa. — Lívia me disse sorrindo.

— Sim, ela é ótima, porque eu sou o dono. — Abri um sorriso para ela, que revirou os olhos sorrindo também.

— Convencido!

Fui até o escritório deixar uma papelada que tinha levado para avaliar em casa e Lívia foi atrás de mim e parecia encantada com tudo que via lá dentro. Era a primeira pessoa da família que vinha com a casa funcionando, o resto todo veio só no coquetel de inauguração que foi durante o dia e em uma comemoração bem intimista. Mas para mim a boate ficava linda mesmo, assim do jeito que está. Fervendo, com fila na porta, as luzes piscando e o bar funcionando. Perfeita! O escritório ficava no piso superior e tinha um vidro panorâmico que dava para ver a boate toda, mas quem estava em baixo não enxergava a parte de dentro. Decidimos colocar esse vidro para sempre estarmos de olho em tudo que acontece. Não dizem que o olho do dono que engorda o gado, então... Nós levamos esse ditado a sério. Estamos sempre presente e de olho em tudo.

— Muito linda! — Lívia sussurrou olhando a Angels.

— Gostou? — Ela balançou a cabeça afirmando e sorrindo — Eu também acho! Vamos descer? — Falei depois que liguei o computador e deixei os papeis sobre a mesa.

Chegamos ao térreo, encostamos no bar e avistei os três patetas Fernando, João e Rodrigo entrando. Logo me avistaram e vieram até mim. Cumprimentamo-nos e apresentei a Lívia a puxando pela mão e fazendo-a desencostar do bar que ficava atrás de mim.

— Galera essa é a minha prima Lívia. Lívia essa é minha galera.

Ela sorriu e os cumprimentou com um beijo no rosto. Trocaram uma ou duas palavras quando ela os parabenizou pela Angels. Enquanto isso, vi que João olhou para ela de cima a baixo e a encarou com um olhar que a devorava com os olhos, o que não foi muito diferente dos outros dois, mas João nem se deu ao trabalho de disfarçar. A música Latch de Disclousure começou a tocar, ela disse que amava essa música e foi para a pista de dança com os braços para cima dançando e curtindo a música. Estávamos os quatro com o corpo apoiado ao balcão do bar e ficamos os quatro a olhando se afastar. Fui o primeiro a desviar o olhar e olhar para o lado. Os três patetas encaravam a minha prima dançando como se ela fosse um pedaço de picanha em uma churrascaria. Tão de palhaçada né.

— Eiii! — Dei um soco no braço do Rodrigo que era quem estava do meu lado.

— Que porra é essa cara? — Ele reclamou chamando a atenção dos outros que estavam ao seu lado.

— Que porra é essa? Eu que pergunto. Parem de olhar para a Lili como se ela fosse um pedaço de carne.

Eles riram.

— Não temos culpa se sua prima é gostosa pra caralho. — Fechei a cara para o Fernando quando ele disse isso. — Foi mal. — Ele se desculpou rindo.

— Mas que ela é, ahhh isso ela é. — Retrucou o João sem tirar os olhos da pista e sem perceber meu olhar assassino.

— Olhem vou dizer, só uma vez. Fiquem longe dela, ela não é esses brinquedinhos que vocês pegam por aí. Ela é minha prima pô!

Eles continuaram rindo. Acho que riam de mim. Rodrigo colocou a mão no meu ombro e a outra no coração disse sorrindo:

— Cara, to apaixonado, não vou brincar com ela. Se ela quiser eu até caso. — Os outros palhaços gargalharam. Tirei a mão dele do meu ombro e revirei os olhos.

— Ei, to falando sério — Retruquei olhando sério para eles. Fernando veio para o meu lado e me deu um tapinha nas minhas costas.

— Estamos brincando cara, pode deixar que ajudaremos você a cuidar dela. Ela vai ser tipo a nossa mascote ta? — Os outros riram.

— Ah que bom! — Enfim pude soltar o ar e respirar com calma. Não podia permitir que minha prima virasse brinquedo na mão desses malas.

— Uma mascote muito gostosa. — Quis voar no pescoço do Rodrigo, mas ele continuou — Tenho dó de você, que tem que dividir seu ap com esse monumento.

— Para de graça Rodrigo, ela é minha prima.

— E daí? Já peguei várias primas minhas.

— Foi o que eu disse pra ele no telefone mais cedo. — Comentou Fernando.

— Eu pegaria fácil se ela fosse minha prima. — Completou João ainda sem tirar os olhos dela que dançava na pista. E agora ele era acompanhado pelos outros dois que a olhavam e só faltavam babar. Dei um peteleco na cabeça de cada um, que viraram para mim de imediato.

— Já disse ela é minha prima, não tem nada a ver. E parem de olhar para ela porra!

Eles balançaram a cabeça rindo e voltaram a olhar para a pista onde a gata da minha prima se acabava de dançar. Olhei em volta e vi que vários outros marmanjos a olhavam. Isso vai ser difícil. E pensar que a faculdade de medicina dura cinco anos, isso realmente vai ser difícil! Espero não enfartar até lá. E me juntei a eles a olhando e admirando cada movimento dela.

https://youtu.be/93ASUImTedo