Capítulo 8
Boa noite meus amores... Vamos conhecer mais um pouquinho da história do Rule. Muito obrigada por todo o apoio.
Beijos
Volto para o quarto e Mel ainda está conversando com a mãe, é incrível como uma criança tão pequena pode ter tanto assunto. Agradeço a Lexy por ter cuidado dela e ela nos deixa a sós.
— Mel, princesa. É hora de irmos pra casa – digo me aproximando.
Ela me olha com aqueles olhinhos pidões.
— Só mais um pouquinho — pede, fazendo sinal com os dedos.
— Só mais um pouquinho e vamos embora.
— Viu mamãe. Eu disse que o tio Rule é o melhor tio do mundo — praticamente grita com um sorriso enorme no seu rostinho.
Sorrio e observo a interação entre as duas, ou melhor, da Mel com a mãe, da poltrona ao lado da cama e o pouquinho acaba se tornando mais de meia hora.
— Tio Rule, podemos i no paque? — Mel pergunta assim que entramos no carro para irmos para casa.
— Vamos almoçar primeiro e depois te levo no parque, tudo bem?
— Sim! — Pula animada em sua cadeirinha.
Quando vou dar partida meu telefone toca, é Nancy nos convidando para o almoço, que aceito na hora.
— Vamos almoçar com a tia Nancy, princesa.
— Eba! Eu amo a tia Nancy.
— Ela também te ama muito.
Dou partida no carro e sigo em direção a casa da Nancy e do Scoth.
Chegamos e como sempre a mesa tem comida para um batalhão. Mel faz todos sorrirem com suas perguntas de criança, mas o ponto alto da refeição é sua declaração.
— Obigado, tio Rule, tia Nancy e tio Scoth. Eu nunca fui tão feliz igual quando tô com vocês — Mel fala com tanta simplicidade que todos se emocionam.
Como alguém tão pequeno pode causar sentimentos tão grandes?
— Você que é nossa alegria, Mel — Nancy é a primeira a falar. Os olhos embargados, ela se levanta a pega Mel nos braços que a agarra em um abraço apertado. — Continue sempre essa princesa linda.
Nancy e Scoth nunca puderam ter filhos, e sei o quanto isso os machuca. Por isso quando entrei para a corporação eles praticamente me adotaram.
— Nancy tem razão Mel, você que é nossa alegria — Scoth fala emocionado.
Mel encara Nancy com os olhinhos preocupados.
— Tia Nancy, puque tá cholando? Eu deixei você tiste?
— Não meu anjo, estou chorando de felicidade.
— De felicidade? – pergunta sem entender.
— Sim, porque você nos faz muito felizes.
Mel sorri e limpa as lágrimas que caem pelo rosto da Nancy. E eu tento segurar as minhas próprias.
— Então não chola tia, quando tá feliz tem que sorrir — Mel fala e todos rimos da sua inocência.
— Pode deixar, princesa que vou parar de chorar.
Mel sorri ainda mais e abraça Nancy novamente.
— Eu também quero abraço — diz Scoth fazendo cara de triste.
— Eu também — entro na onda.
Mel vem até nós e gruda seus bracinhos em nosso pescoço depois deposita vários beijos em nossa bochecha. Primeiro no Scoth e depois em mim.
— O que acha de me ajudar com a sobremesa? — Nancy pergunta para Mel.
— Tem toita de maçã? — Mel questiona curiosa.
— Não sei, vai ter que ir até a cozinha comigo para descobrir.
Mel corre e começa a puxar Nancy para cozinha.
— Vamos tia Nancy, tô culiosa.
As duas deixam a mesa e Scoth me encara.
— Aconteceu alguma coisa, Rule? Você não parece muito bem — pergunta.
Não consigo esconder nada do Scoth, acho que ele me conhece como ninguém.
— Estou preocupado com a Mel.
— Alguma novidade que eu não estou sabendo? — pergunta cauteloso.
— Hoje o Dr. Mitchel disse que a mãe da Mel pode acordar a qualquer momento, mas a grandes chances que ela acorde sem memória devido a uma lesão no lobo temporal — solto de uma vez.
— Entendo. E você está preocupado com o que vai acontecer com a Mel caso isso aconteça.
— É claro que estou. — Levanto-me da cadeira inquieto. Minhas mãos passeiam por meus cabelos tentando dissipar a nuvem de confusão que paira sobre minha cabeça. — Eu amo demais a Mel, sei que pode parecer loucura, mas é a verdade. Ela me salvou Scoth, não quero que ela sofra.
— Ninguém quer isso, Rule. Nós daremos um jeito.
— Eu sei que daremos, mas a que preço?
— Isso eu não posso responder, mas você precisa se acalmar. A Mel precisa de você, e nesse estado não vai conseguir passar a confiança que ela precisa para não se sentir perdida. Ela vai achar em você o porto seguro e você precisa ser forte pra isso, Rule. Então deixa pra esquentar a cabeça quando realmente acontecer. Pelo que sei só vamos ter certeza de algo quando a mãe da Mel acordar, então não adianta chorar pelo leite que ainda não foi derramado.
— Você tem razão — digo, já me sentindo um pouco mais calmo.
— Hora da sobremesa rapazes.
Nancy e Mel retornam com uma bela torta de maçã, a preferida da Mel.
Depois da sobremesa seguimos todos para o parque e passamos a tarde lá, Nancy preparou uma bela cesta e fizemos um piquenique no final da tarde. Era tudo o que eu precisava pra ter certeza que independente do que vá acontecer, tudo vai dar certo. Precisa dar.
***
— Os batimentos estão estáveis.
Ouço vozes ao meu redor. Elas parecem tão perto e tão distantes ao mesmo tempo. Meu corpo está pesado, meus olhos querem se manter fechados, mas por algum motivo eu sei que preciso abri-los. Luto contra o sono que quer me dominar, alguém precisa de mim. Mas quem? Não consigo me lembrar, não consigo lembrar de nada. Nada.
Onde estou?
Quem sou eu?
Por mais que me esforce minha cabeça parece em branco.
Meu corpo se agita, sinto que estou me mexendo mesmo que lentamente.
— Ela está acordando.
Mais vozes. Preciso abrir os olhos.
—Vamos lá, acorde. Lute pela sua vida, pela sua filha.
Filha? Eu tenho uma filha? Mas como não me lembro dela?
Abro um pouco meus olhos e me deparo com um teto branco. Devo estar em um hospital, minha cabeça dói, minha garganta está seca. O que aconteceu? Por que estou aqui?
De repente um rosto entra no meu campo de visão. Um senhor de meia idade sorri para mim.
— Consegue me ouvir? — pergunta.
Balanço a cabeça positivamente. Ela parece pesar uma tonelada.
— Perfeito.
Ele se afasta um pouco, mas posso ouvi-lo falando com outra pessoa.
Giro minha cabeça devagar e vejo um homem e duas mulheres próximas a cama que estou, todos de jalecos brancos. Nos meus braços fios estão ligados e parecem injetar algum tipo de liquido que não sei identificar. Assusto-me e tento puxa-los do meu braço.
Uma mulher se aproxima e delicadamente pousa aos mãos nos meus ombros para me conter.
— Fique calma, ou vai se machucar. Não precisa se preocupar, você está segura conosco.
Olho para seus olhos cor de mel e de alguma forma ela me inspira confiança.
— Consegue falar alguma coisa? — pergunta.
Demoro alguns segundos para processar sua pergunta, afinal não sei o que falar. Decido começar pela pergunta que julgo ser a mais importante nesse momento.
— Quem... — Minha voz soa muito baixa, falhada. — Quem...
— Não se esforce, querida. — Ela se vira, pega um copo de água e aproxima dos meus lábios o canudo que está no copo. Sorvo um pouco da água e sinto um pequeno desconforto ao engolir. — Isso deve ajuda-la. Quer tentar novamente?
Respiro lentamente antes de tentar novamente.
— Quem... Quem sou eu? — consigo finalmente dizer. Muito baixo, mas ela consegue me entender, pois me olha espantada.
— Você não se lembra?
Apenas balanço a cabeça negativamente.
— Você se lembra do porque está aqui? — pergunta o senhor de antes.
— Não... Não... Me lembro de nada — digo.
O senhor e a mulher se entreolham, mas nenhum dos dois diz nada.
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