Capítulo 7
Bom dia meus amores... Obrigada pelo carinho e pelos comentários. Irei responder a todos.
Beijos, Carol
Três meses depois....
— Tio Rule, acorda.
Sou despertado por pequenas mãozinhas que me sacodem. Mel se remexe na cama ansiosa. Hoje vamos visitar sua mãe no hospital e tenho a impressão que ela mal dormiu a noite por isso.
— Bom dia, princesa – digo ainda meio sonolento. Mel está de joelhos ao meu lado na cama.
— Bom dia, tio Rule. Podemos ir ver a mamãe? – Seus olhinhos pidões brilham de expectativa.
— Podemos, meu anjo. — Viro—me para ver a hora no relógio da cabeceira ao lado da cama. — Mas ainda está cedo Mel.
Ela abaixa sua cabecinha de forma triste. Levanto seu queixo para que olhe para mim novamente.
— Vamos tomar café primeiro, então vamos passar para comprar algumas flores pra enfeitar o quarto da sua mãe e depois vamos vê—la. O que acha?
— Então vamos logo tio – diz já pulando da cama e indo em direção a porta.
— Ei mocinha – chamo e Mel se vira para mim. — Você já escovou os dentes?
Ela balança a cabeça de forma negativa e lanço um olhar de repreensão para ela.
— Já to indo tio — diz e sai correndo.
Mel é a alegria da casa, a alegria da minha vida. Nunca imaginei que depois daquela noite do acidente minha vida mudaria completamente. Para melhor. Mas essa pessoinha conseguiu fazer isso por mim, com seu jeitinho meigo Mel me conquistou. O carinho que ela me trata e vê—la feliz é tudo o que preciso para me sentir bem novamente.
O estado da mãe da Mel continua na mesma. Os médicos a tiraram do coma induzido, porém ela não voltou como o esperado. Agora a única coisa que nos resta é esperar. E essa espera que me mata, não saber o que vai acontecer. O departamento de polícia não conseguiu achar nada sobre elas e Mel também não me deu mais nenhuma informação que pudesse ajudar. Ela chegou a falar mais algumas coisas sobre esse tal "homem mau", mas nada que pudesse servir de pista para achar o paradeiro dele e desvendar esse mistério.
Eu continuo de "férias prolongadas" da corporação e ainda não tenho uma previsão de retorno, pelo menos não enquanto não resolver a situação da Mel. Ela não tem documentação, nem nada do tipo e isso me preocupa, pois logo ela terá que frequentar uma escola. Outra coisa que não sai da minha cabeça é pensar em como será quando a mãe dela acordar, o que irá fazer? Será que vai levar Mel para longe? Eu não sei se iria aguentar mais essa perda. Mel se tornou muito importante para mim, é como minha filha e faço tudo por ela. Não posso mais imaginar minha vida sem essa pequena por perto.
— Ponto, tio, já es escovei os dentes e lavei o rosto – diz Mel ao retornar para o quarto.
— Vou tomar um banho e já preparo nosso café. O que acha de assistir um desenho enquanto isso?
Ela balança a cabeça com um sorriso e corre de volta para o seu quarto.
Tomo um banho rápido e depois de pronto vou pegar Mel para tomarmos café. Preparo seu cereal com leite do jeito que ela gosta e eu tomo apenas um café preto.
— Acabei tio, podemos ir? — pergunta assim que acaba de comer.
— Agora, podemos.
Arrumo Mel na cadeirinha do carro e dou a volta para entrar. Coloco um DVD de desenho e seguimos até a floricultura que fica próxima ao hospital.
— O que acha dessas aqui Mel? — pergunto apontando para um punhado de flores do campo.
— São lindas, a mamãe vai gostar.
— Então vamos levar.
Pago pelas flores e voltamos para o carro, agora rumo ao hospital.
Trago Mel dia sim dia não para ver a mãe. Ela sente muita falta dela e por mais que eu me esforce para que ela tenha de tudo, nada pode substituir a mãe. Me corta o coração quando Mel acorda chorando de madrugada, chamando por ela. Por isso tento mantê—las o mais próximo possível. O médico também disse que isso ajuda na recuperação, que mesmo inconsciente a mãe pode sentir a presença dela e isso pode até ajudá—la a acordar.
Cumprimento as enfermeiras na recepção e vamos para o quarto. Mel entra correndo e só para ao lado da cama.
— Bom dia mamãe, nós touxemos foles — diz para a mãe.
Pego Mel no colo e a sento na beirada da cama. Ela deposita um beijo na bochecha da mãe e começa a conversar com ela. Conta sobre o dia de ontem, sobre o parque que a levei e sobre o que comeu.
— Senhor Jackson — chama uma enfermeira que acabou de entrar no quarto. — O Dr. Mitchel gostaria de conversar um momento com o senhor.
— Claro! Será que pode ficar de olho na Mel por um instante?
— Fique tranquilo que eu cuido dela.
— Mel! — Ela se vira para me olhar. — Vou sair um minutinho e já volto. A enfermeira Lexy ficara com você.
— Tá bom, tio Rule.
— Obrigado — digo para a enfermeira que me responde com um sorriso tímido.
Saio do quarto e vou em direção do consultório do Dr. Mitchel, o médico que cuida da mãe da Mel.
Bato de leve na porta e ele pede que eu entre.
— Bom dia, senhor Jackson.
O homem de meia idade se levanta da cadeira atrás da sua mesa e me estende a mão.
— Bom dia, dr. Mitchel. A enfermeira Lexy disse que o senhor precisava falar comigo. Aconteceu alguma coisa?
— Sente—se, por favor – diz apontando a cadeira em frente à mesa.
Sento—me e ele volta a falar:
— Na verdade aconteceu — diz categórico. — A mãe da Mel teve uma melhora significativa no seu quadro e posso dizer que a qualquer momento ela irá acordar.
— Isso é uma ótima notícia. — Ele me olha receoso e percebo que algo não está certo. — Ou não é? — pergunto.
— Claro que é. Porém senhor Jackson... — Ele faz uma pausa e começo a ficar apreensivo.
— Sem rodeios Dr. Mitchel. O que o está preocupando? Ela terá alguma sequela do acidente?
— Veja bem senhor Jackson, os últimos exames que realizamos na paciente mostra uma pequena lesão no lobo temporal. Achamos que esse pequeno trauma pode levar a uma perda de memória parcial ou até mesmo total.
— Como assim perda de memória? — pergunto como um idiota.
— Ainda não podemos afirmar nada. Somente quando a paciente acordar que saberemos, mas a uma grande chance que isso aconteça.
— Mas seria algo passageiro ou permanente?
Meu Deus, como Mel se sentira se sua mãe acordar e não se lembrar dela.
— Como disse senhor Jackson, não podemos precisar nada nesse momento. Enquanto a paciente não acordar, tudo o que temos são hipóteses. Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para que ela saia da melhor forma possível desse acidente, mas não podemos garantir nada.
— Entendo Dr. Mitchel. Me desculpe, mas não quero nem imaginar como Mel ira se sentir se isso acontecer. Ela é apenas uma criança e já está passando por tantas loucuras nesses últimos dias, não é justo que agora aconteça mais isso.
— Senhor Jackson, é muito bom saber que se preocupa com essa criança e que ela não está sozinha. Mas não podemos evitar certas coisas, infelizmente.
— Eu sei — digo.
— A única coisa que nos resta agora é esperar e rezar para que tudo acabe bem. Achei melhor avisa—lo para que não seja pego de surpresa.
— Eu agradeço por isso Dr. Mitchel.
Levanto—me da cadeira e estendo a mão para me despedir. Saio do consultório sem saber o que pensar. A mãe da Mel sem memória? Senhor não permita que isso aconteça. Encosto—me na parede e passo minhas mãos nos cabelos tentando clarear os pensamentos.
— Rule — Ouço alguém me chamar. — Está tudo bem?
Levanto minha cabeça e encontro os olhos piedosos de Margareth.
— Oi Marg — a chamo pelo seu apelido. — Mais ou menos. E você o que faz aqui, você está bem? E o bebe? — pergunto preocupado.
— Estamos bem, não se preocupe. Vim apenas fazer uma ultrassonografia de rotina. Nada demais — responde com um sorriso.
— Já sabe o que é? — pergunto me referindo ao bebe.
— Uma menina — diz com um sorriso de orelha a orelha.
— Parabéns. Conrado não veio com você?
— Veio, mas precisou sair correndo para uma audiência e eu fiquei para almoçar com uma amiga que trabalha aqui no hospital. E você o que faz aqui? A Mel está bem?
— Vim justamente traze—la para ver a mãe.
— E ela como está?
— Acabo de sair da sala do médico responsável. Ele disse que ela pode acordar a qualquer momento.
— Mas que ótima notícia, Rule.
— Sim, é uma ótima notícia — digo, e as palavras do Dr. Mitchel me vem à mente. "Achamos que esse pequeno trauma pode levar a uma perda de memória parcial ou até mesmo total."
— Então por que você parece tão transtornado com isso?
Encontro os olhos de Marg e repito as palavras do médico.
— Ela sofreu uma lesão no lobo temporal e pode ser que acorde com uma perda total ou parcial de memória.
— Oh Rule! — Marg leva as mãos a boca espantada pela notícia. — Sinto muito. Coitada da Mel.
— Eu não sei nem o que pensar, Marg — digo derrotado.
Ela se aproxima e deposita uma mão no meu ombro antes de me olhar no fundo dos olhos e dizer bem séria:
— Não se preocupe Rule, no fim tudo ficará bem. Não se esqueça do que dizem Deus escreve certo por linhas tortas.
— Tomara que você tenha razão, Marg. Estou perdido, essa menina me trouxe de volta a vida. Ela conseguiu fazer o que eu, e tenho certeza que todos ao meu redor, não tinham mais esperanças de acontecer.
Não fui em que salvei Mel daquele acidente e sim o contrário, foi ela quem me trouxe de volta a vida. Ela quem me trouxe o sorriso e a alegria de viver de volta. Ela me fez ver um futuro além de uma garrafa de bebida.
— Não sabe como fico feliz de te ver assim. Mel foi um milagre na sua vida. Tente não pensar muito sobre o que vai acontecer. Mel precisa de você agora.
— Você tem razão, Marg. Obrigado por tudo.
Deposito um beijo e seu rosto e ela sorri.
— Agora preciso ir, mas aparece lá em casa pra conversarmos qualquer dia desses. E leve a Mel.
— Pode deixar.
— Agora preciso ir. Tchau, Rule e se cuida.
— Tchau Marg, mande lembranças para o Conrado.
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