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Capítulo 15

Boa tarde amores. Me perdoem, mais uma vez, pelo atraso nas postagens. Reaprendendo a amar está me dando um trabalhinho para escrever. São tantas coisas que quero mostrar com essa história que as vezes me sobrecarrego.

Muito obrigada pelos comentários e votos. Vocês são demais.

Comecei a postar outra história aqui no wattpad. Porque eu pertenço a você já está disponível, quem quiser adicionar o link é esse : https://www.wattpad.com/story/105174073-porque-eu-perten%C3%A7o-a-voc%C3%AA

Agora chega de conversa e vamos ao capítulo, espero que gostem. Mil beijos.

Rule

Alguns dias depois...

Olho para a comida, mas não sinto vontade de comer. Meu estômago está embrulhado e meus olhos seguram lágrimas não derramadas. Levanto minha cabeça e os olhos da Lori encontram os meus, porém ela não diz nada, parece compreender que não estou bem.

— Você tá bem, tio Rule? — Mel pergunta.

— Estou princesa, só um pouco cansado — respondo desanimado.

Brinco com a comida mais um pouco e então sinto bracinhos em volta do meu pescoço. Mel deposita um beijo no meu rosto e seu carinho incondicional se torna meu estopim. As lágrimas que segurei até agora, se tornam livres e meu peito parece que vai explodir. É tudo tão grande, tão intenso e de repente eu preciso fugir. Afasto Mel dos meus braços, levanto-me e corro porta a fora. Ainda posso ouvir sua vozinha me chamando, mas não volto.

Ligo o carro e saio sem destino, preciso pôr a cabeça no lugar. Soco o volante e lágrimas turvam minha visão. Mas não paro, não importa o que aconteça. Tudo o que eu tinha, perdi. O que me resta nessa maldita vida?, grito. O rosto sorridente da Mel me vem à mente e sei que Deus está respondendo minha pergunta.

Estaciono o carro e encosto minha cabeça no volante. Deixo que as lágrimas rolem soltas enquanto tento me acalmar. Alguns minutos se passam e quando levanto meu rosto percebo onde estou. Desço do carro e caminho lentamente. Mesmo a luz do dia o lugar está vazio. Ando alguns metros e passo pelo enorme portão de ferro. Apenas o barulho dos pássaros é ouvido. Minhas pernas me levam automaticamente para o meu destino. Já vim aqui tantas vezes nesses dez anos que se tornou automático.

Paro em frente a lápide das duas pessoas mais importantes da minha vida. Os nomes grafados em preto na placa prateada. Agacho-me e faço o contorno com meus dedos. A faca que parece estar empunhada em meu peito se crava ainda mais. As lágrimas que com muito custo consegui controlar voltam com força total.

— Minha filha, minha princesa. Eu faria de tudo para te ter aqui comigo, para comemorar o dia de hoje com você. Eu te amo meu anjo, não importa onde você esteja ou quanto tempo se foi, o meu amor é maior a cada dia — digo entre lágrimas.

Creio que horas se passam e continuo na mesma posição. Perdido em lembranças, dos dias que eu era feliz. Uma garoa fina começa a cair e então percebo que preciso voltar para casa. Devo um pedido de desculpa para Mel, ela não deve ter entendido nada do que aconteceu.

Beijo a ponta do meu dedo e o levo até as lápides, contornando mais uma vez os nomes nelas escrito.

— Amo vocês!

Levanto-me e volto para o meu carro. Sinto-me um pouco menos angustiado, mas a dor. Esse nunca passa, apenas amansa.

Já é noite e alguns pontos da cidade estão cheios de pessoas se divertindo, brincando e vivendo sua vida como se nada de ruim pudesse acontecer. Como se a morte e a dor não as rondasse. Um dia eu fui assim, um homem feliz, despreocupado, sinto saudades dessa época.

Passo em frente ao bar da Lucy e algo me chama para entrar. Uma vontade de encher a cara para aplacar a dor, como já fiz tantas vezes, me toma. Porém lembro-me da promessa que fiz. Lembro-me do sorriso da Mel e por incrível que pareça lembro-me da Lori.

Eu não preciso disso — digo para mim mesmo.

Dou mais algumas voltas e finalmente volto para casa. Quando entro, tudo está em silêncio. Pela hora, Mel já está dormindo e creio que Lori também.

A sala está vazia, vou até a cozinha e em cima da mesa tem um bolo de chocolate com um cartão. Pego a folha de sulfite e abro. Um desenho colorido ocupa todo o espaço. Vejo três pessoas, Mel, Lori e eu de mãos dadas em um jardim. Um enorme sorriso molda meu rosto e sinto-me mal por ter saído da forma que sai.

Com o desenho nas mãos subo as escadas de dois em dois degraus. O andar de cima também está silencioso. Abro a porta do quarto da Mel e ela dorme tranquilamente. Aproximo-me e beijo o topo da sua cabeça.

— Te amo, princesa — sussurro.

Mel abre seus olhinhos sonolentos e depois de alguns segundos parece perceber quem sou.

— Tio Rule.

— Sou eu, meu anjo. Me perdoa?

Seus bracinhos me envolvem e ela beija o meu rosto.

— Te amo, tio Rule.

— Também minha princesa. Eu amei o desenho e o bolo — digo.

— O bolo foi a mamãe que fez.

— Vou agradecer a ela também. Agora volte a dormir.

Acomodo Mel de volta na cama e lhe dou um beijo de boa noite. Não demora muito ela volta a dormir. Saio do seu quarto para o meu. Tomo um banho e deito-me para tentar dormir.

***

Lori

— Mamãe, o tio Rule está triste comigo? — Mel pergunta preocupada assim que Rule sai correndo porta a fora.

— Não meu anjo.

— Então por que ele saiu correndo? — indaga. Seus olhos brilham por lágrimas contidas.

— Vem aqui. — A puxo para o meu colo e ela encosta sua cabecinha no meu ombro. Aliso seus cabelos e explico: — O tio Rule só está um pouco cansado, e as vezes quando estamos assim precisamos de um pouco de ar. Mas você não fez nada.

Mel levanta seus olhinhos e vejo a preocupação estampada neles.

— Mamãe, você me ajuda a fazer um bolo de chocolate?

— Um bolo de chocolate, claro.

— É o preferido do tio Rule, ele vai ficar feliz se a gente fizer bolo — diz já mais animada.

Sorrio para ela, Mel é um anjo em nossas vidas.

— Então vamos fazer o bolo.

Mel me ajuda a tirar a mesa e arrumar tudo. Enquanto preparo o bolo, ela faz um desenho.

— Terminei mamãe.

Deixamos o bolo e o desenho em cima da mesa e vamos assistir Tv. As horas se passam e nada do Rule voltar. Não preciso ser uma expert para perceber que ele não está bem hoje, na verdade desde o jantar de ontem que ele está mais calado que o normal. Não que Rule seja alguém que costume falar muito, mas sempre se esforça para manter algum diálogo comigo, já que com Mel o assunto parece não ter fim. A cena hoje na hora do almoço só me fez ter a plena certeza de que alguma coisa está acontecendo.

— Mamãe, o tio Rule não vai voltar pra casa? — Mel pergunta ansiosa.

— Logo ele chega, meu amor. Agora que tal tomar um banho e cama.

— Mas eu queria esperar o tio Rule — faz bico.

— Já está tarde meu anjo, você precisa dormir. Amanhã quando acordar, Rule já estará em casa.

Mel concorda meio a contragosto. Depois do banho a coloco na cama e conto uma história. Não demora muito e ela cai no sono. Sigo para o meu quarto, tomo um banho e me deito. Estou preocupada com Rule e não sei bem o que fazer. Penso em ligar para Nancy, mas não quero preocupa-la. Com muito custo consigo pegar no sono, mas como sempre tenho pesadelos.

Acordo assustada e não consigo dormir novamente. Viro de um lado para outro, mas nada de pegar no nosso. Decido me levantar e ir até a cozinha tomar um copo d'agua.

Desço as escadas e a luz da cozinha está acesa. Entro e Rule está sentado à mesa, comendo um pedaço de bolo.

— Mel disse que é o seu preferido. E pediu para que eu fizesse para te deixar feliz — comento.

Encosto-me no batente da porta.

— Está um delicia, obrigada — Rule me encara. — Me desculpa por hoje mais cedo.

— Não precisa se desculpar.

Vou até a pia e pego um copo d'agua.

— Preciso sim e também te devo uma explicação — diz.

— Não precisa falar nada se não quiser, Rule — digo me virando para encara-lo.

Rule fica em silêncio e penso que desistiu de falar. Mas então ele se levanta e me encara.

— Está uma noite agradável, quer sentar um pouco lá fora?

Assinto com a cabeça e saímos para a pequena área na frente da casa. Depois da garoa, a noite está um pouco mais quente que de costume. O vento chicoteia o ar, mas apesar de tudo está realmente muito agradável.

Rule senta-se em uma cadeira e eu em outra ao seu lado.

Fecho meus olhos e sinto a brisa bater em meu rosto. Quando os abro encontro os olhos do Rule em mim, eles carregam tanta dor que sinto um tremor percorrer meu corpo.

— Ontem foi o aniversário da minha filha — diz e meu coração se aperta.

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