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CAMINHOS CRUZADOS

Olho-me no espelho por mais tempo do que eu normalmente faço. Estou tentada a voltar para o quarto, abrir uma das minhas gavetas no closet, puxar uma caixa para fora e olhar para a gargantilha pela vigésima vez.

Oh, Deus, que há comigo que não consigo parar de pensar na atitude de Bernardo Dousseau em ter se preocupado em me arrematar aquela joia? Sequer consegui dormir direito esta noite e nem foi por estar preocupada com Antony — em partes, era —, mas por não ser capaz de parar de pensar naquele homem e em sua atitude.

Passei boas horas sentada na cama, com os pensamentos vagando em meu marido enquanto olhava para a joia brilhante frente aos meus olhos. Precisei de algum esforço para escondê-la na caixa, fechar com o cadeado e esconder no closet. Antony nem pode desconfiar de que fui presenteada por Dousseau. As coisas piorariam consideravelmente.

A senhorita Marie me deu algumas notícias de meu marido ao longo da noite. Bêbado como estava não tinha condições alguma de voltar para casa, por isso, Emilien o levou para sua cobertura e o deixou passar a noite lá. Fiquei mais aliviada em saber que estaria bem cuidado e em segurança.

Pela manhã, ao me levantar, a vontade de pôr as mãos na gargantilha, senti-la e ficar relembrando do sorriso de Bernardo e de sua gentileza em me presentear — uma completa desconhecida para ele — quase me dominou. Fiz algum esforço para ignorar meus desejos e ir direto para o banheiro. Agora estou aqui, frente ao espelho, ainda me esforçando para não ceder às minhas vontades. Eu não posso ficar pensando em Bernardo desta maneira e nem posso arriscar que Antony descubra sobre a gargantilha. Dentro de algumas semanas direi que comprei em alguma joalheira.

Fecho os olhos e faço uma prece mental para Deus, pedindo perdão por ter de mentir ao meu marido deste jeito.

Marido este que, aliás, ainda não chegou. E já passam das nove da manhã. Onde estará esse homem?

Lavo o rosto após a higiene bucal. Sigo para o quarto, sento-me à penteadeira e escovo meus cabelos, reprimindo a vontade de pegar o telefone e ligar para Antony e saber de seu paradeiro. E se ele foi direto para a galeria trabalhar? Não quero incomodá-lo. Talvez eu devesse ligar para Dupont..., mas também titubeio nesta decisão. O homem é tão ocupado quanto. Suspiro, decidindo que se meu marido não aparecer até por volta do horário do almoço, não hesitarei em telefonar para ele.

Para meu alívio, vinte minutos depois, Antony chega em casa. Usa as mesmas roupas da noite anterior, sua camisa branca, inclusive, tem alguns respingos de sangue, e não sei dizer se é dele ou de Bernardo. Levanto-me do meu lugar no mesmo instante e vou em sua direção, preocupada. Abraço-o forte, depois me afasto e o analiso um instante. Seu rosto está lesionado, naturalmente, uma vez que Dousseau o acertou.

Chèrie... — murmuro, tornando a abraçá-lo. — Você está bem?

— Estou, ma chèrie. Não se preocupe — diz, amável, e retribui ao meu abraço. — Quem te trouxe para casa?

Meu corpo trava entre os braços dele. O amargor toma conta de minha boca, e meu coração acelera tanto que tenho medo de que Antony possa sentir as batidas descompassadas e loucas. Minha consciência acusa – eu precisarei mentir para meu marido e isso é tão errado!

Deus, perdoe-me por isso, rezo enquanto ainda estou nos braços de Antony.

— Ann, responda-me — exige, com voz de comando.

— Marie... a acompanhante do monsieur Dousseau me chamou um táxi, chèrie. — Sinto o corpo dele se retesar a menção do sobrenome de Bernardo. Apesar disso, ele não diz nada, apenas acena em positivo e beija o topo de minha cabeça.

— Vou tomar um banho, trocar de roupa e ir para a galeria — diz, de um jeito frio.

Não tenho tempo para respondê-lo. Antony já desfez nosso abraço e entrou no banheiro.

Vencida pela vontade, corro até o closet, aproveitando da breve ausência de meu esposo, puxo a caixa para fora, coloco a senha do cadeado e tomo a gargantilha em mãos. Observo-a por um ou dois minutos inteiros, sentindo algo tão... estranho dentro de mim. Penso em Bernardo, em seus olhos, seu sorriso, gentileza. Penso na sua audácia de, mesmo nós dois não sermos íntimos, em me chamar pelo primeiro nome. Fecho os olhos e consigo visualizar seus lábios pronunciando meu nome.

É tão... Sexy, que se diz?

Horrorizada, balanço a cabeça, desfazendo-me desses pensamentos. Guardo a joia de volta à caixa, tranco-a novamente e a empurro para o local mais fundo. Volto ao quarto, pego meu terço na gaveta do criado-mudo, ajoelho-me na cama e rezo. Rezo pedindo perdão a Deus pelos meus pensamentos inadequados e pelas minhas mentiras.

Já tem uma semana desde o evento beneficente de Dupont. Uma semana desde a briga de Bernardo com Antony. Uma semana desde que recebi esse presente estúpido entre meus dedos.

Sentada, de pernas cruzadas, praticamente escondida dentro do closet, estou segurando a joia novamente, encarando-a, analisando-a com cuidado, sendo impossível não reprisar em minha mente todos os acontecimentos daquela noite: do momento em que conheci Bernardo ao momento que me deixou aqui na porta.

Embora eu tenha relutado, estar aqui, todos os dias na última semana, segurando essa gargantilha estupidamente cara, cedi às minhas vontades e cá estou, com os pensamentos vagando em Bernardo Dousseau e em como eu desejo muito – muito mesmo – poder colocar esse adorno em meu pescoço. É uma bela peça, isto é inegável, e meu interesse nela foi muito sincero. Sorrio pela milionésima vez ao me recordar da atitude gentil dele de arrematá-la para mim.

Desfaço o sorriso, guardo a joia de volta ao seu esconderijo e saio para meu quarto.

Não sei o que há comigo e por que fico tão mexida com esse gesto de Dousseau. Ora, ele é apenas um cavalheiro. Tenho certeza que ele teria feito o mesmo com qualquer outra mulher.

— Não seja patética, Ann-Marie — repreendo-me, tirando minhas roupas de dormir e vestindo outro par que está sobre minha cama e previamente escolhi um dia antes. — Bernardo realmente não faria isso com qualquer outra. Ele está interessado em você, não percebe?

Paro de falar comigo mesma e me viro para o espelho comprido. Olho-me por alguns instantes, não conseguindo realmente me achar bonita. O que Bernardo poderia ter visto em mim, afinal? Tudo bem, eu não sou de toda desajeitada, nem deselegante, tampouco muito feia. Porém, também não sou um modelo de beleza. Não sou bela como aquela Marie. Há milhares de outras mulheres muito mais interessantes e belas do que eu.

Tomo um susto quando um soar alto ecoa pelo quarto. Viro-me e, sobre o criado-mudo, vejo o celular de Antony. Ele deve ter saído para o trabalho e se esquecido do aparelho. Aproximo-me e não reconheço o número identificado na tela. Resolvo atender a ligação, pois pode ser algo importante:

— Alô.

Não recebo resposta alguma por alguns segundos.

Pardon. — É uma voz feminina. — Liguei para o número errado. Desculpe o incômodo.

Eu nem tenho tempo de responder, pois a mulher do outro lado da linha já desligou.

Termino de me arrumar e decido por levar o celular de Antony para ele na galeria. Confiro minha carteira, documentos e alguns francos. Chamo um táxi e, vinte e cinco minutos depois, estou a caminho. O conjunto de lojas no corredor de um dos principais centros de Paris foi herança de meu pai e meu sogro, amigos desde a infância. Como filha única, não poderia assumir os negócios quando meu pai se aposentasse – era necessário um homem, segundo meu pai. Por isso, meu casamento com Antony foi arranjado, e é ele quem está no comando da galeria, desde que nos casamos, há cerca de dez anos.

Caminho pelo extenso corredor, observando as lojas alocadas. A maioria é de roupas, muitas delas de marcas. Outras são usadas como restaurantes, pequenos cafés, chocolatarias, cervejaria, fast-food. Sigo até o final do extenso corredor pavimentado e viro à esquerda, subindo alguns lances de degraus até o escritório de Antony. No percurso, cumprimento alguns funcionários do prédio, como um segurança e o zelador.

Encontro a porta de seu escritório fechada. Frequento a galeria muito pouco, mas o bastante pra saber que quando a porta está fechada significa que Antony não está. Provavelmente deve estar resolvendo alguma coisa. Mesmo sabendo desta pequena regra, arrisco-me a dar duas batidas no vidro e chamá-lo. A falta de resposta apenas confirma o que já sabia.

Uma auxiliar de limpeza está vindo por um dos corredores, e eu a abordo:

Excusez-moi. — Sorrio quando a mulher para para me atender e olho em direção ao escritório de meu marido. — Por acaso sabe me dizer onde Antony Leclerc está?

A simpática senhora olha em seu relógio de pulso.

Monsieur Leclerc sai meia hora para o café neste horário, madame. Ele frequenta o Avenue Coffee, logo aqui em frente.

Agradeço pela informação e sigo para o local indicado. Antes de atravessar a rua, localizo o café. Tem uma fachada de vidro e, daqui, posso ver as mesas elegantes e refinadas distribuídas pelo salão principal. Atravesso a rua, empurro a porta de vidro e procuro Antony dentre os clientes – que são muitos, ressalto. Encontro-o apenas um segundo depois. Está na companhia de Emilien. Os dois conversam e riem discretamente de alguma coisa. Aproximo-me rapidamente, pondo meu melhor sorriso no rosto. Estou perto de alcançá-lo quando sou abordada:

Mademoiselle, precisa de ajuda? — Viro-me, reconhecendo essa voz de algum lugar. Dou de cara com uma moça, jovem, talvez não mais do que vinte e oito, cabelos acastanhados, estatura média e muito bonita. Embora suas roupas sejam elegantes e o corte pareça ter sido sob medida, é nitidamente o uniforme da cafeteria. Ela deve ser a gerente ou supervisora, sua vestimenta não esconde a escala hierárquica a qual pertence dentro deste estabelecimento. — Je suis Juliette, em que posso ajudar?

Madame — corrijo-a gentilmente. Ela acena em positivo. — Vim me encontrar com meu marido, Antony Leclerc.

Tenho a impressão de vê-la perdendo a compostura por apenas um segundo. Seu sorriso amigável no rosto vacila, quase de forma imperceptível, mas vacila. Ela deve o conhecer, claro. Se meu esposo é um frequentador assíduo deste café, seu nome obviamente é reconhecido.

— Claro — ela diz, cordial, recuperando sua postura, que, aliás, não compreendi porque chegou a vacilar. — Acredito que já o tenha localizado. Fique à vontade, madame Leclerc — diz-me. — Pedirei a alguém para vir retirar seu pedido.

Estou abrindo a boca para dizer que não pretendo ficar, mas a mulher já me deu as costas e está se afastando.

— Ann? — Antony me chama, surpreso. Quando me viro em sua direção, ele já está a um centímetro de mim, olhando-me atentamente, as grossas sobrancelhas franzidas, mãos no bolso, os lábios finos apertados. — O que está fazendo aqui? — Eu o sinto segurando a tensão atrás dos dentes.

Salut, mon chèrie cumprimento-o e o abraço por um segundo. — Você se esqueceu de seu celular em casa. Vim trazê-lo — explico, revirando a bolsa atrás do telefone. Ainda estou procurando pelo aparelho quando sou agarrada pelo braço e levada até a mesa onde está acompanhado do amigo. — Salut, monsieur Dupont — cumprimento-o, e ele me responde erguendo sua xícara de café em minha direção.

Antony arruma uma terceira cadeira para mim ao seu lado.

— Uma bela surpresa, non, Antony?

— Certamente — ele diz, mas seu tom de voz denuncia o contrário. Não compreendo sua postura, eu apenas vim trazer seu celular, uma vez que ele poderia receber ligações importantes. Ignoro seu mau humor, afinal, não sei como foi seu dia até o momento — embora ainda nem seja o horário do almoço direito — para deixá-lo irritado e decido cumprir com a missão que me trouxe até aqui.

Enquanto Antony pede um café para mim, reviro a bolsa outra vez atrás de seu telefone.

— Aqui está, mon ange — digo, encontrando o aparelho e o entregando. Antony o toma em mãos e me dá um sorriso. — Você o esqueceu em casa, sobre o criado-mudo, considerei que seria importante para você.

— Oh Ann, não deveria ter se dado o trabalho. Eu notei mesmo ter me esquecido do celular, mas não era necessário ter se incomodado desta maneira. Há o telefone em meu escritório para qualquer urgência ou contato comigo. De qualquer maneira — continua, verificando a tela do telefone —, agradeço sua preocupação. Você é mesmo uma mulher incrível.

Fico feliz com seu elogio — afinal, Antony não é lá muito dessas gentilezas — e me inclino para deixar um beijo em seu rosto.

— Você recebeu uma ligação, porém era engano — informo. Meu esposo ergue o olhar para mim. Sua expressão é marcada pelo franzir dos sobrolhos.

— Atendeu meu celular? — A voz está controlada, entretanto, reconheço seu desagrado pela minha atitude.

— Sim. Pensei que poderia ser algo importante.

Ele baixa o olhar e verifica a tela novamente. Vejo uma linha tensa surgir em seu maxilar quando vê o número no histórico de chamadas recebidas.

— Conhece este número, Antony? — pergunto, meio desconfiada.

Ele guarda o celular no bolso de seu casaco muito rapidamente, ao mesmo tempo em que Juliette surge trazendo meu café, um copinho de água gaseificada e um pequeno chocolate amargo ao lado da xícara sobre o pires.

Non, mon amour. Como disse, foi apenas um engano.

— Deseja algo mais, monsieur Leclerc? — Juliette pergunta. Observo-a por um segundo, tentando afastar da cabeça de que conheço esta voz de algum lugar.

Non, Gautier. Je vous remercie.

Com apenas um aceno de cabeça, a moça se afasta.

Antony e Dupont retomam o assunto logo em seguida. O assunto é, como sempre quando Emilien está envolvido, investimento, negócios e bolsa de valores. Retiro um livro em minha bolsa e, enquanto degusto do café, faço minha leitura. Uma vez que não entendo nada do que meu marido e seu amigo estão conversando, e para não me sentir deslocada, entediada e uma intrusa, ler me fará me desligar do mundo, dando o espaço e a liberdade de meu esposo para conversar com o colega.

Leio bem umas quinze páginas quando, por fim, Antony me convida para irmos embora. Ele me deixará em casa, almoçaremos e depois retornará para o trabalho. Dupont paga sua parte no consumo e se despede, alegando estar atrasado para alguma reunião. Depois de Antony pagar sua parte, ele me pede um segundo para ir até ao banheiro antes de seguirmos para casa.

Decido esperar por ele no lado de fora da cafeteria lendo o restante do capítulo. Estou saindo, distraída enquanto procuro onde marquei a página, quando esbarro em alguém na porta de vidro. Desequilibro-me nos saltos e só não caio porque sou amparada.

Je suis désolé — lamento, com uma risada sem graça, recompondo-me. Ao erguer os olhos, deparo-me com o homem que eu menos esperava ver neste momento.

— Ann-Marie — ele diz, surpreso ao me ver. Um sorriso galante brota no canto de sua boca, fazendo aquela covinha irritantemente charmosa. Pestanejo três vezes, só agora me dando conta de que Bernardo, outra vez, me chamou pelo primeiro nome.

Monsieur Dousseau — digo, do jeito mais formal que encontro. Empino o nariz e corrijo a postura. Eu preciso colocar este homem em seu lugar. — Desculpe pelo esbarrão. Eu estava distraída.

— Eu notei — afirma, com um sorriso divertido. Suas sobrancelhas se balançam um instante em minha direção e, um segundo depois, o homem fica sério. — Está acompanhada de seu marido? — pergunta.

Oui — digo apenas.

Bernardo semicerra os olhos em minha direção e depois vasculha o local, como se a procura de Antony.

— Entendo — murmura, olhando-me novamente. — E como tem passado, desde a última semana? — indaga, mostrando um real interesse.

— Muito bem, obrigada — tento soar o mais evasiva possível. Não posso dar corda a este homem. Conheço Antony, se ele me vir conversando com Bernardo... teremos outro escândalo aqui, e eu não quero isso. — Eu preciso ir, monsieur Dousseau. Vou esperar Antony lá fora. Excusez-moi — digo. Já estou com metade do corpo para fora quando o ouço dizer:

— Volte sempre.

Giro nos calcanhares e o encaro. Ele está ali, a meio metro, com as mãos no bolso e o sorriso meio brincalhão, meio galante.

— Do que está falando?

Com um passo adiante, ele vence a distância entre nós.

— Oh Ann, vai me dizer que não sabia? — murmura, para que somente eu o escute me chamar ainda mais intimamente. Meu corpo estremece ao som do meu nome em seus lábios. — Sou eu o proprietário desta cafeteria — ele joga a bomba assim, em cima de mim, e se afasta, dando-me as costas e adentrando mais o estabelecimento. — Espero que tenha apreciado nosso café, madame Leclerc. — Sua formalidade é um nítido deboche.

O ar parece faltar em meus pulmões. Deixo a cafeteria no mesmo instante, respirando fundo o ar parisiense. Controlo a respiração e tento, de alguma maneira, entender por que Antony frequenta a cafeteria de Dousseau. Fecho os olhos e regulo minha frequência cardíaca. Esforço-me ao máximo para não pensar em como parece que Bernardo e eu tivemos nossos caminhos cruzados. 

 Olá, amores turo pom? Será se o Antony tem uma amante sim ou óbvio? AHHAHA

Espero que tenham gostado do capítulo. Comentem e deixem estrelinhas. Amanhã tem mais. Beijos no core. <3 


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