Só amor
João
— Acorda, dorminhoca. — Dei um beijo nela.
— Hummmm...
— Anda, gata! Já perdemos o horário do café da manhã na pousada.
— Mas acabamos de dormir. — Mari se virou para o outro lado, colocando a perna por cima do lençol e deixando suas coxas a mostras. A pele branca, em contraste com o pouco pano preto e pela renda da ponta da camisola, chamaram a minha atenção e perdi um tempo olhando para aquelas pernas de fora.
Passeei com a minha mão por seu corpo, deixei um rastro de beijos por suas costas e percebi que meu toque a estava afetando.
— Acordar assim é bom. — ela falou ainda virada de costas para mim.
— Casa comigo que te acordarei assim todos os dias. — ela ficou imóvel, como se estivesse digerindo o que eu acabei de dizer.
— Preciso ir ao banheiro.
Mari levantou correndo, foi ao banheiro e me deixou rindo. Percebi que a assustei com o que eu disse. Pensei que ela teria que casar comigo, sim! Deitei de barriga para cima, com a cabeça apoiada nas mãos e imaginei como a vida ao lado da Mari seria maravilhosa. Sorri mais largamente ao pensar em nós dois dividindo uma casa e o quanto seria perfeito. Alguns minutos se passaram e ela voltou do banheiro, depois de escovar os dentes e pentear os cabelos, mas ainda usando aquela camisola que mais mostrava do que cobria.
— Vamos? Agora estou acordada e me troco em cinco minutos. — ela tinha os olhos inchados de dormir, estava sem maquiagem e era a mulher mais maravilhosa que eu já vi. — Por que você está sorrindo?
— Porque eu sou um cara de sorte. — Levantei-me, peguei-a no colo e a deitei na cama, me deitando por cima dela.
Ela riu alto.
— A gente não ia sair?
— A gente vai, mas não agora.
— Aonde você vai me levar? — ela estava tão linda que eu só queria beijá-la e a beijei.
— Agora já não sei mais nem onde estou.
Ela riu e eu fiquei ainda mais tentado a beijá-la de novo.
— Você não estava com pressa?
— Eu estava com pressa, mas que homem resiste a uma mulher tão linda dessas, logo de manhã?
Mari rolou para cima de mim e ficou por cima. Passou o nariz pelo meu pescoço e desceu com a mão pelo meu peito, passando pela a minha barriga até chegar a minha cueca e com um aperto no meu pau ela sussurrou:
— Não resista, gato.
Puta que pariu! Essa mulher é muito foda.
Virei-me, ficando por cima, colocando-a na cama e de pressa arranquei a sua camisola. Por mais que ela fique linda nela, Mari fica ainda mais linda nua. Deitei por cima de seu corpo, a beijando com vontade e fazendo a minha língua passear na sua boca. Isso era tão bom. Ela era boa... Maravilhosa.
— Promete que será para sempre minha? Promete que dessa vez é para sempre?
Ela arfou.
— Prometo... Para sempre.
Aí eu já estava completamente louco de desejo e cada vez mais apaixonado por aquela mulher. Se é que tinha jeito de eu ficar mais apaixonado por ela.
*
Já era mais de meio dia, quando finalmente decidimos sair para o passeio que eu planejei. Almoçamos em uma das ilhas paradisíacas que rodeava Cananéia e enquanto isso, pesquisei na internet algum ponto turístico que poderíamos visitar. Acabei encontrando uma ilha que era conhecida por ser morada de golfinhos, onde os turistas sempre se apaixonavam pela vista perfeita. Pensei que como a Mari sempre foi louca por animais, ela iria adorar o passeio e assim foi. Quando uma família de golfinhos começou a nadar em volta da nossa lancha, Mari aplaudiu sorrindo, parecia encantada e ver a felicidade nos olhos dela, me enchia de alegria. Ela me abraçava muito e por diversas vezes me olhou como se eu fosse o que ela sempre quis. Tenho certeza que eu também a olhava do mesmo jeito.
Dizer que o dia foi inesquecível era pouco. O dia foi... Caralho! Não tem como descrever. Foi o melhor dia da minha vida. Mari e eu vivemos como se fossemos somente nós dois, como se o nosso passado não tivesse peso nenhum, como se nada pudesse nos separar e eu tentei me manter firme nesse pensamento, apesar de o fantasma da porra do noivo ainda me assombrar.
Durante o dia, Mari mandou mensagem para o irmão e contou que estava bem. Miguel por sua vez quando descobriu que ela estava comigo, me mandou a seguinte mensagem:
"Cuida da minha irmã ou eu te mato."
Respondi:
"Ela nunca foi tão bem cuidada na vida."
Imediatamente ele respondeu:
"Que bom ou você é um homem morto."
Mandei uma carinha gargalhando e ele mandou mais uma mensagem.
"Nunca torci tanto por alguém, quanto torço por vocês. Quero que sejam felizes e se eu fosse vocês, nem voltaria. Fiquem por aí e sejam felizes."
Fiquei pensando no que ele quis dizer com: "se eu fosse vocês, nem voltaria". Mas logo Mari me abraçou, me mostrando algo que ela tinha visto e estava encantada, me tirando dos meus pensamentos sombrios e me trazendo de volta todo para ela.
Liguei para a minha mãe, que não pareceu muito feliz quando contei que estava com a Mari, sabia que ela tinha muitas reservas sobre esse relacionamento e sobre eu sofrer de novo. Minha mãe viu o quanto eu sofri no passado, entretanto ela apenas me disse para ter cuidado para não me machucar novamente e mandou que eu me divertisse. Mariana ouviu todas as respostas que dei durante a conversa e percebi que ela ficou desconfortável.
— Ela não gosta muito de mim, né? — Mari falou após eu desligar a chamada com a minha mãe.
— Ela, só não quer que eu sofra de novo.
Mari sorriu sem vontade.
— Vou mostrar para ela que eu também não quero que você sofra. — passou a mão no meu rosto e me deu um beijo.
Já estava quase anoitecendo quando voltamos para a pousada e só foi entrarmos no quarto para fazermos amor e nos perdemos no corpo um do outro, em meio a sorrisos e risadas altas, quando derrubávamos algo. Tomamos banho juntos e não nos desgrudávamos, era como se cada segundo juntos, fosse para compensar o tempo que ficamos longe um do outro.
No pouco tempo em que fiquei sem destinar toda a minha atenção a ela, foi quando tive que enviar uns e-mails para fornecedores e conversar com Carlos, que eu tinha contratado para me auxiliar na administração da Angels. Avisei que voltaria logo e ele me garantiu que tomaria conta de tudo.
Saímos para jantar, e acabamos parando em uma hamburgueria retrô. Ela era toda ambientada com objetos, móveis e até os uniformes das garçonetes eram no estilo antigo. Tinha letreiro luminoso por toda parte, o chão era de piso quadriculado em preto e branco e o balcão era ornamentado com a lateral de um Cadilac, de modelo dos anos cinquenta.
Naquele dia estava acontecendo um especial Elvis Presley, com uma banda tocando ao vivo e assim que entramos, Pretty womam nos encheu os ouvidos. Mari e eu estávamos de mãos dadas e quando ouvi a música, ergui seu braço para o alto e a fiz dar um giro passando por baixo do meu braço. Sorríamos felizes.
Fomos encaminhados para a uma mesa com bancos estofados em couro, que ficava em um canto a meia luz.
— Vou te dar uns amassos, aqui nesse cantinho escuro.
— Estou torcendo para que faça isso. — ela me respondeu com um sorriso safado.
Nos acomodamos e logo fomos atendidos.
— Olá, boa noite, o que vão querer? — uma garçonete chamou nossa atenção.
Mari pediu um milk-shake e eu uma cerveja. Assim que a moça nos deixou a sós, eu falei baixo e sedutoramente:
— Amo você.
Ela sorriu satisfeita e me beijou. Começamos uma conversa sobre a sua profissão e Mari falava com tanto orgulho da engenharia, enquanto eu sorria ao vê-la contando dos diversos trabalhos maravilhosos que fez. Vez ou outra ela parecia sem jeito ao falar do escritório que dividia com o noivo em Portugal, mas eu fingia não me importar com cada vez que ela citava o nome dele, mesmo quando por dentro eu tinha vontade de matá-lo, pelo simples fato de ele ter ficado tanto tempo com a minha Mari.
— Você está tão linda hoje. — dei um beijo nela. — estava ontem — dei outro beijo. — tenho certeza que vai estar amanhã — mais um beijo — E sempre.
— Ah... Você está cego, o amor é cego. Por isso diz que sou linda e que me ama.
— Eu não só digo que te amo, eu sinto que te amo com todo o meu corpo.
— Ah, mas ele está tão galante! Acho lindo! — ela me deu um beijo. — Mas olha, você me vê bonita, mas na verdade é como naquele filme O amor é cego, eu sou muito feia e você que pensa que eu sou bonita, por que me ama.
Sorri para ela.
— Se for por esse raciocínio, então eu também sou feio?
— Creio que sim. Na verdade torço para que sim. Assim ninguém mais vai te querer além de mim.
Rimos desse papo sem pé nem cabeça, conversamos sobre outros filmes que gostávamos e a noite seguia maravilhosa. Mari e eu comemos um lanche delicioso e assim como o dia, a noite estava perfeita. A banda cantava várias músicas do Elvis e o público aplaudia e cantava junto. Assim que a música tocada acabou, a banda a anunciou uma pausa e disse que logo voltaria com mais Elvis.
Mari aproveitou a pausa da banda para ir ao banheiro e fiquei sozinho tamborilando os dedos na mesa, enquanto a esperava voltar.
Agora que ela não estava aqui tomando toda a minha atenção, eu olhei melhor o ambiente e percebi que no canto perto do bar, tinha um jukebox. Sorri quando vi e tive uma ideia imediatamente. Levantei-me, comprei a ficha, fui até o aparelho, esperei a minha vez e escolhi a música When a Man Loves a Woman do Michael Bolton.
Quando eu estava voltando para a nossa mesa, uma moça loira e bonita me pegou pelo braço, ergueu minha mão e colocou um papelzinho com o número do seu telefone nele.
Não sei o que faço para isso acontecer comigo!
Em seguida ela piscou para mim e foi sentido o bar. Sem pensar duas vezes, amassei o papel e estava voltando para a mesa, quando vi que a Mari estava de pé ao lado dela, me observando. Minha loirinha tinha visto toda a cena anterior, estava nitidamente irritada e com os braços cruzados na frente do peito... Deu ruim!
— Me declaro completamente inocente. — já fui logo me defendendo. — Eu ia jogar fora. — Mostrei o papel amassado.
Mas Mari não disse nada, apenas pegou o papel da minha mão, foi sentido à loira e entregou o número de volta para ela. Em seguida apontou para mim, disse algo sorrindo para loira, que estava com cara de poucos amigos, finalizou com um tapinha no ombro dela e voltou para a nossa mesa.
— Mari...
— Mari, nada! Deixo você sozinho cinco minutos e quando volto você já está dando corda para outra loira?
Eu sorri.
— Eu não estava...
— Tá... Não quero saber! Já resolvi.
— O que você disse para a moça? — perguntei ainda sorrindo.
— Eu disse: Olha, sabe aquele negro, bonito, forte, com aquelas covinhas lindas? Então, ele é meu e acho que você esqueceu seu número de telefone com ele.
Eu gargalhei e ela continuou:
— Que mania que essas mulheres têm de te dar telefone! Eu queria ter feito isso naquela noite no pagode, que aquela moça também te deu um numero, mas me segurei.
Eu ri largamente e disse:
— É por isso que eu te amo, mulher.
Coloquei uma mão de cada lado do seu rosto e a puxei para um beijo.
— Acho que a teoria do filme O amor é cego não se aplica para nós, ou então se aplica só para mim, porque viu como você é lindo!
— Sou nada. Linda é você!
When a man loves a woman
Can't keep his mind on nothin'else
He'd trade the world
For a good time he's found...
A primeira estrofe da música que escolhi no jukebox começou a tocar e no mesmo instante me levantei, estendi a mão para a Mari.
— Dança comigo?
Ela olhou em volta e me olhou sorrindo.
— Mas não tem ninguém dançando.
— Melhor assim. Tem mais espaço para nós.
Mari abriu ainda mais o sorriso.
— Você é louco!
— Completamente louco por você. Vamos?
Com vergonha olhou em volta mais uma vez.
— Que vergonha, João.
— Anda logo, gata!
Mari fechou os olhos e suspirou, em seguida os abriu, deu um largo sorriso e aceitou o meu pedido segurando a minha mão. Começamos a dançar, com todos os olhos da lanchonete nos acompanhando. Enquanto a música que eu escolhi tocava alto.
— Você sabe que essa música fala sobre o quanto um homem vira um idiota quando ama uma mulher?
Ela assentiu.
— E eu sou a prova viva de que isso é verdade, desde que coloquei meus olhos em você me sinto o mais idiota de todos.
Ela suspirou.
— Somos da mesma espécie de idiota, então.
Dei um beijo em sua testa e em uma rápida espiada a nossa volta, percebi que mais casais também dançavam.
— Você já parou para pensar o por quê passamos tudo que passamos? Porque teve que acontecer com a gente? — me perguntou.
— Já. Todos esses anos.
— E aí? A que conclusão chegou? — ela levantou a cabeça para me olhar.
Continuávamos dançando, agarrados e apaixonados.
— Nenhuma. A não ser que mesmo depois de todos esses anos, eu continuo te amando.
Ela riu com a cabeça encostada em meu peito e parecia completamente feliz com a minha resposta.
A Música acabou, eu a beijei virando-a teatralmente em meus braços e houve algumas palmas pelo nosso pequeno show.
Voltamos para a nossa mesa, eu me sentia feliz, completo e parecia que tudo estava no lugar.
— Você me deixou com vergonha.
Dei de ombros.
— Eu queria dançar com você. Na verdade, só de te ter nos meus braços, quero muito mais com você.
Ela me olhou com um sorriso safado, pegou a minha mão que estava pousada em sua coxa e escorregou para debaixo da sua saia. Adorei que ela estava usando uma saia. Então subi minha mão, até chegar à sua calcinha. Mari suspirou, mas não a afastou e percebi seu rosto ficar vermelho. Olhei em volta e ninguém nos olhava. Como estávamos no fundo da lanchonete e estávamos sentados em um sofá inteiriço, as pessoas a nossa frente, estavam alheias ao momento que estávamos tendo.
Ela virou-se de frente para mim, colocou as pernas sobre a minha e se alguém nos olhasse, pensaria apenas que estávamos de frente um para o outro conversando e namorando inocentemente.
— Acho que é você que me deixa completamente louca por você.
Ambos começamos a rir.
— Paro ou continuo? — Perguntei.
— Com certeza continua.
Ri com o rosto no pescoço dela, voltei a passar a mão nas suas coxas, subindo em direção a sua calcinha. Quando cheguei a sua virilha, puxei a sua calcinha para o lado e comecei a massageá-la. Mariana gemia baixo e com os olhos fechados encostou a cabeça no meu ombro.
— João... Preciso que você feche a conta e me leve daqui.
— Não precisa me pedir duas vezes, minha linda.
Saímos da lanchonete, nos agarrando, nos amando e felizes. Mal sabíamos que como diz a música o para sempre, sempre acaba e nosso sempre estava próximo de ter fim.
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