Juntos
Mariana
Era madrugada quando chegamos a Cananéia. Uma cidade praiana, pacata e pequena. Rodamos pelas ruas estreitas e depois de algumas voltas, achamos uma pousada com atendimento vinte e quatro horas e que por milagre, tinha um quarto disponível. Logo fizemos o check in e fomos direcionados ao nosso quarto. Era um quarto simples, com uma cama de casal, criados mudos e uma mesa com duas cadeiras. Todos os móveis eram em madeira e no estilo rústico. Uma poltrona na cor vinho ficava de frente para a cama e ao lado tinha um frigobar com algumas bebidas. Um banheiro aconchegante e uma varanda de que ao longe se via o mar, completavam o quarto.
Coloquei as nossas mochilas na poltrona e comecei a tirar o macacão.
— Desculpa não ter organizado isso direito. — Joao disse enquanto também terminava de tirar o seu macacão.
— Está sendo perfeito. E você nem teve tempo, né? Uma doida te atacou e em seguida já propôs um fuga.
— Pois é.
Ele passou a mão na minha bochecha.
Lancei lhe um sorriso e afastei-me dele para ir até a sacada do quarto em que estávamos. Fiquei olhando a noite, em silêncio e sentindo a brisa que vinha do mar.
Pela primeira vez na noite, me peguei pensando na loucura que eu estava fazendo e na consequência que ela teria. Entretanto, nem uma consequência seria maior que a leveza que eu estava sentindo naquele momento, nem que a alegria que a minha decisão e a minha vontade de estar perto do João me trouxeram.
— Está tudo bem? — João perguntou enquanto me abraçava, eu fechei os olhos e senti seus braços ao meu redor. Percebi que aquela era a melhor sensação do mundo e que não iria me contentar com nenhum abraço que não fosse aquele.
— Sim. — coloquei meus braços por cima dos dele e o apertei ainda mais ao meu redor. — agora está tudo bem. Tudo está no lugar. — afastei os pensamentos que quase tiraram a paz que eu estava sentindo e não os deixei me dizer o porquê eu não deveria estar ali.
— Você está cansada da viagem?
— Um pouco. Preciso tomar um banho. — falei deitando a minha cabeça em seu ombro.
E pensar no banho, eu nua, ele me vendo na claridade, de repente me deixou meio sem jeito. Uma coisa era fazer amor em cima de colchonetes, sem nada planejado, apenas movida pelo impulso de dizer que o amava e outra era estar com ele em uma pousada, praticamente foragida e com os ânimos mais calmos. Não sabia se estava preparada para que ele me visse nua, com as luzes acesas e as claras. Com todas as minhas imperfeições a mostra.
Minha vontade era ter tomado banho em casa e já estar cheirosinha para ele, mas minha mãe chegaria a qualquer momento e preferi ser rápida.
— Se quiser pode ir primeiro e eu vou em seguida. — acho que ele notou um pequeno desconforto em mim.
— Não. Vai você. Eu vou depois.
— Não quer vir comigo?
Mordi o canto da boca.
— O que está te aborrecendo?
— Não é nada, é só que... Bem, não tenho mais o corpo de nove anos atrás.
Ele sorriu.
— Não mesmo. Pelo o que vi mais cedo, na escola, está muito melhor agora. — eu sorri sem jeito. — Olha, eu vou lá e se caso você quiser entrar, estarei te esperando.
João me deu um beijo na testa, pegou uma toalha sobre a cama e se virou indo sentido ao banheiro. No caminho tirou a camisa a jogando na poltrona e me deixou babando com a visão daquelas costas fortes e escandalosamente deliciosa.
Ai minha nossa senhora das mulheres tentadas.
Como resistir desse jeito?
Mas para que resistir? Se naquele momento ele era meu e estava ali inteirinho para mim?
Que se dane as imperfeições!
Tirei a roupa, soltei o ar que eu estava segurando e me dirigi ao banheiro, agradecendo as deusas da depilação que a minha estava perfeitamente em dia.
Quando entrei, o chuveiro estava ligado e João estava de costas, se ensaboando. Fechei a porta atrás de mim e entrei no box junto com ele. O abracei por trás, colando o meu corpo nu ao dele e sentindo a água caindo entre nós.
— Não aguentei a tentação. — falei e senti o trepidar do peito dele, com a risada que soltou.
— Não aguente. Estou sempre a seu dispor.
João era alto e eu abraçada em suas costas, ficava abaixo dos seus ombros. Minhas mãos passeavam por seu peito forte e eu me sentia calma, ali com ele e a água morna que nos molhava.
— Minha vez. — João falou se virando e me virando de costas para ele.
Suas mãos passeavam por meu corpo, subiam e desciam pelo meu braço, entrelaçando as nossas mãos, enquanto ele encostava o queixo na curva do meu pescoço e deixava um rastro de beijos.
— Você é tão linda... Perfeita!
Senti sua ereção nas minhas costas e aí a minha vontade desenfreada de ser dele reapareceu, me virei de frente e o empurrei contra a parede. Isso fez um barulho ecoar pelo banheiro, enquanto nós dois riamos com medo de o barulho ter acordado os outros hospedes. João colocou uma mão em cada lado do meu rosto e me beijou. Enlacei uma das minhas pernas em sua cintura e nesse momento eu já não lembrava nem meu nome. Foi aí que ele me segurou com firmeza colocando uma mão na minha coxa que já estava apoiada em seu quadril e com a outra apertou minha bunda, me puxando para mais junto dele, me penetrando, me fazendo jogar a cabeça para trás e gemer de prazer.
Cada estocada era deliciosa e lenta, era como se ele estivesse se deliciando com meu corpo e vê-lo tão faminto me levava a loucura. João beijava meu pescoço, me lambia e enfiava os dedos em meus cabelos, enquanto não parava de movimentar para dentro e para fora de mim. Com um pequeno impulso coloquei a outra perna em sua cintura, a fim de senti-lo ainda mais fundo. Então percebendo o que eu queria, João me virou, me segurando como se eu não pesasse nada e me prensou contra a parede, fazendo assim com que eu ficasse presa entre o corpo dele e ela e deixando uma das suas mãos livres para que ela explorasse meu corpo, apertasse meus seios e levasse-os até a sua boca para que os sugasse, mordesse e lambesse. Quando eu já não aguentava mais tanto estimulo, me entreguei e desmoronei em tremores desritmados. Abri meus olhos e vi o homem maravilhoso a minha frente me olhando, admirando a minha entrega com olhos famintos. Em seguida apoiou sua cabeça em meu ombro e como se não aguentasse mais se segurar, também se deixou levar pelo prazer.
João fez amor comigo de novo e de novo foi tão "mais" do que eu tive todos os anos, que nem sei como descrever como eu estava me sentindo.
*
Saímos juntos do banho, eu com uma toalha em volta do corpo e João com uma em volta da cintura. Assim que abri a minha mochila para pegar uma roupa, meu celular começou a tocar e logo fiquei tensa. Quando o peguei, de imediato o rosto sorrindo do Breno apareceu na tela, me mostrando que era ele quem estava me ligando. Desliguei a ligação e me mantive de costas para o João. Ainda mexendo na minha bolsa, fiquei pensando no que eu estava fazendo. Eu sou noiva, com casamento marcado e estou aqui: em plena madrugada, agindo como se fosse solteira e me entregando para um amor do passado, sem antes resolver as coisas.
Mas eu amo o João! Isso não pode ser tão errado assim.
O telefone começou a tocar novamente e eu o peguei com raiva, só para ver que era Breno de novo. Esfreguei o meu rosto e mais uma vez encerrei a ligação. Que inferno! Todos esses dias ele não me ligou. O que quer agora?
Eu não podia atender.
O que eu iria dizer para o Breno?
Sem que eu pudesse controlar, minha respiração ficou ofegante e comecei a chorar em silêncio, demonstrando em lágrimas a culpa que eu estava sentindo, mesmo sabendo que João me observava logo atrás de mim.
O celular apitou avisando a chegada de uma nova mensagem.
"Espero que esteja tudo bem e que eu não esteja te acordando. Quando puder me liga. Te amo."
Te amo... Ele me amava e o que eu estava fazendo com o amor que ele destinava a mim?
Joguei o celular dentro da mochila, com muita raiva de mim mesma e tampei meu rosto com as duas mãos.
— Mari... — João falou cautelosamente.
Senti que ele estava se aproximando para me abraçar, entretanto, antes que ele se aproximasse mais, eu me virei, passei por ele, e não permiti a aproximação. Voltei para o banheiro e fechei a porta atrás de mim.
Fiquei me olhando no espelho, enquanto as lágrimas caiam pelo meu rosto.
O que eu estava fazendo?
Antes da ligação do Breno eu nem sequer estava me lembrando da sua existência.
Eu era uma pessoa terrível!
Eu nunca traí ninguém e ter feito isso justo com o Breno me deixava acabada. Ele sempre foi um namorado tão bom e era ele que estava ao meu lado todos esses anos. Eu tinha que ter sido forte, ter aguentado a tentação e terminado tudo com o Breno antes de começar algo com o João. Porque era o João que eu queria, porém, fico pensando: se eu tenho certeza que o quero, eu não devia me sentir assim...
Devia sim!
Pois era o sentimento de traição que estava fazendo com que eu me sentisse assim e não a dúvida de com quem eu queria ficar. Era o João que eu queria, mas apesar de amá-lo, eu devia fidelidade ao Breno.
Eu era tão egoísta!
Pensei somente mim e não pensei no quanto eu iria magoar o Breno. Se ele soubesse ficaria arrasado.
Mas e o João?
Eu estava sendo tão injusta com ele naquele momento.
Por que eu o deixei no quarto sozinho?
João merecia me ter inteira e não pela metade como eu estava. Não assim... Estragando tudo por causa da minha confusão.
O que eu fiz?
Ele também deve ter ficado arrasado!
No meio da minha confusão eu saí do quarto e entrei no banheiro, ao invés de conversar com ele e o contar como eu estava me sentindo.
Droga!
Alguns poucos minutos tinham se passado quando eu voltei para o quarto e João estava sentado na cama, usando uma cueca box preta e estava de cabeça baixa. Fui até ele e sentei-me ao seu lado.
— Desculpa. — sussurrei sem olhá-lo.
Ele apenas colocou a mão sobre a minha e entrelaçou nossos dedos.
— João, está tudo confuso em mim.
— Você está arrependida de ter vindo? — João olhava para baixo.
— Claro que não. — Falei com verdade.
Houve um instante de silêncio e por fim ele fez a pergunta que parecia estar ensaiando.
— Você quer ir embora?
— Não. Quero ficar com você.
— Mas você o ama, né? — Ele ainda não me olhava e senti o quanto ele parecia machucado ao me fazer essa pergunta.
— Não. Eu amo você. Só você! — falei de imediato e por fim ele me olhou — Mas eu gosto dele, tenho um carinho, talvez até como amigo. Afinal, foram muitos anos juntos. — João apenas balançou a cabeça assentindo e engoliu em seco.
Ficamos em silêncio novamente até que ele disse baixo:
— Você não quer mesmo ir embora? Se quiser voltar... Eu te levo. — me olhou e em seus olhos vi que ele estava me oferecendo isso, mas não era o que ele queria e doía oferecer. No entanto, o fazia só para fazer a minha vontade acima da dele. Enquanto dentro de mim, só de pensar em voltar, deu um aperto no peito e percebi com certeza que não era isso que eu queria. Me sentia péssima em estar traindo o Breno, mas me afastar do João era o que me parecia errado a fazer.
— Só se você não quiser mais ficar comigo.
Ele sorriu sem vontade e me olhou.
— Mariana... Mariana... Você acha mesmo?
Dei de ombros e fiquei olhando para as minha mãos, que no momento estavam pousadas em meu colo. João ergueu meu queixo com o indicador, para que eu o olhasse e falou olhando em meus olhos:
— Já perdi muito tempo da minha vida sem você, Mari. — ele me puxou para um abraço. — Mas quero te fazer feliz, te ter feliz ao meu lado e se ficar comigo for te fazer sofrer, prefiro que eu sofra com a distância de você. Só quero te ver tranquila.
— Mas você não entende que sem você, aí é que não fico tranquila. — falei com a voz chorosa e senti o trepidar do seu peito com um sorriso que ele soltou. — Me desculpa, João? Me desculpa pela minha reação ao telefonema, mas é que eu estou me sentindo culpada, confusa. Não tenho duvidas de que é você que eu quero, mas é inevitável me sentir mal com o que eu estou fazendo.
— Eu sei, linda. Te entendo.
Ficamos mais uns segundos abraçados até que ele passou a mão no meu cabelo molhado e disse:
— Vem cá.
João me pegou pela mão e me levou até o banheiro. Onde com uma mão secava meu cabelo com o secador e com a outra intercalava entre o cabelo e fazia massagem lenta nos meus ombros.
Ambos estávamos em silêncio e sentindo o peso da conversa que tivemos há pouco.
Quando terminou com o meu cabelo, João foi escovar os dentes, eu saí do banheiro e fui até minha mochila. Peguei a camisola que eu tinha levado, que era preta, de renda e alças finas, do tipo: "Tô pro crime".
Quando João desocupou a pia, foi a minha vez de escovar os dentes. Fiz um rabo de cavalo no cabelo e quando voltei para o quarto, ele me esperava na cama. Soltou um assobio e um sorriso largo quando viu o que eu usava, sorriso esse, que exibiu suas covinhas lindas e eu me derreti.
Pensei que ele iria me jogar na cama e fazer sexo comigo o resto da madrugada. Mas quando eu deitei ao seu lado, João me abraçou, me colocou para deitar em seu braço, de costas para ele, assumindo a posição conchinha, enquanto seu rosto se aconchegava na curva do meu pescoço e seu braço forte me puxava para perto, pela cintura.
Um arrepio percorreu meu corpo todo.
— Descanse, minha linda. Tenta não pensar em nada, você não merece ocupar seu pensamento, com nada que não te faça feliz.
Assenti e fiquei em silêncio, mas falei após um pequeno instante.
— João, eu te amo.
Ele não respondeu e eu não precisava de resposta. O repuxar dos seus lábios no meu pescoço me indicava que ele estava sorrindo e essa era a melhor resposta.
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