Frente a Frente
João
Jurei que ia seguir em frente e era isso que eu iria fazer. Tentei mandar mensagens para a Mariana, na tentativa de conversarmos, mas percebi que ela não queria, quando me mandou uma mensagem seca, me mostrando a realidade: Ela ia se casar, então guardei o que sentia e decidi pôr um ponto final no que nem começou.
Miguel me ligou convidando para um jantar em sua casa e eu de cara aceitei. Tinha contratado um administrador para me ajudar com a Angels, já que agora não tinha mais meus amigos comigo, para revezarmos nas noites.
Andei saindo com uma morena gata, essa semana e para que eu não me sentisse sozinho entre Miguel e Vanessa e Isa e Jean, perguntei se podia convidá-la para o jantar e ele disse que não via problema nenhum. O nome dela era Mônica e era uma excelente pessoa. Não tinha pensamentos românticos e estávamos saindo mais como amigos, mesmo. Nos pegávamos de vez em quando, mas era só isso, pois além de ser desapegada, ela era médica o que a deixava com horários bem corridos.
Arrumei-me, peguei a Mônica na sua casa e segui para a casa do meu amigo.
— E aí, cara? — o cumprimentei quando ele veio me receber na porta da frente da sua sala imponente. — Essa é a Mônica. — apresentei-a.
— Prazer em te conhecer, Mônica. — ele deu um beijo em seu rosto e ela respondeu que era um prazer conhecê-lo também. — Vamos entrar, Jean e Isa já chegaram também.
Miguel morava muito bem e quem o via sendo tão simples, não imaginava que ele era um dos donos de uma das maiores empresas de eletrônicos do país. Sua casa era grande e muito luxuosa.
Da porta eu já ouvia as risadas da Isa e logo me dirigi para onde eles estavam. Apresentei a Mônica a todos, como minha amiga, e ela foi bem recebida e bem aceita por meus amigos, apesar de visto um pequeno olhar de desdém da Isa para ela. Enquanto isso, uma moça uniformizada nos servia bebidas.
— E aí, Mônica, como você deu o azar de conhecer o João? — Miguel perguntou.
— Bom, foi uma sorte imensa. — ela sorriu — Eu estava esperando um táxi depois de sair da Angels e ele me ofereceu uma carona. Como eu já estava a noite inteira o olhando, claro que de cara aceitei.
— Como todas as mulheres que ele oferece carona. — Isa disse revirando os olhos.
— Isabela! — Jean chamou a sua atenção e Vanessa riu.
— Por acaso estou mentindo? — Isa perguntou ofendida.
— Está tudo bem, Isabela. — Mônica disse rindo. — Eu sei bem o quanto João é desejado. Sendo dono da Angels então... Faz com que dez entre dez mulheres que frequentam a casa noturna, o queiram. — ela deu de ombros.
— Opa, que essa estatística está errada. Eu fui lá e não o quero. — Isa fez uma careta.
— Nem eu. — Vanessa ergueu o dedo, rindo e dando um gole em sua bebida.
— Tudo bem. Então oito em cada dez.
Todos estávamos nos divertindo, quando Miguel foi informado sobre a chegada de alguém e a empregada foi receber. Meus olhos se direcionaram para a porta e em seguida em quem estava entrando. Um arrepio tomou meu corpo, no momento em que percebi que quem tinha chegado, era a dona daqueles olhos verdes penetrantes, acompanhados dos cabelos loiros quase ruivos e um sorriso inesquecível, que por mais que eu tentasse não sentir, esse sorriso sempre fazia o meu coração pular.
Quando nossos olhares se encontraram, o sorriso que ela estava dando ao cumprimentar o irmão congelou e eu percebi que ela não imaginava que me encontraria aqui.
— Amigaaa! — Isa a cumprimentou. — Como você está linda!
E realmente estava. Mariana usava um vestido verde que deixava seus olhos ainda mais verdes e lindos.
— Para, Isa. Você que está. — respondeu envergonhada.
Mariana cumprimentou a todos e quando chegou a minha vez, foi rápida demais. Em seguida parou em frente à Mônica e eu a apresentei.
— Mari, essa é a minha amiga, Mônica.
— Amiga... — ela pensou alto e logo pareceu se envergonhar. — Como vai Mônica?
— Bem. — Mônica respondeu sorrindo, alheia ao que a Mariana representava para mim.
— Agora o clubinho está completo. — Vanessa disse sorrindo. — Eu, Jean, Breno e agora você, Mônica, somos os intrusos nesse clubinho de amigos de infância.
— Ah, vocês são todos amigos de infância? — Mônica perguntou.
— Sim. E João namorou a Mari. — Isa falou, Mari engasgou com a bebida que começou a beber e aí eu tive certeza que a minha amiga Isabela não estava nada feliz com a presença da Mônica ali. Era a segunda vez, em poucos minutos, que ela soltava uma das suas.
— É passado — me apressei em dizer e notei que a Mariana fechou a cara e continuei: — Mariana está noiva e vai se casar em pouco tempo.
— Sim, me caso em breve. — Mari falou, sorrindo para a Mônica.
— Que legal. Parabéns.
— Obrigada. — Mariana respondeu secamente.
Ela não me olhou mais.
A noite seguiu, jantamos e a comida estava uma delicia. Após o jantar ficamos na sala, bebendo e conversando. Eu tentei chamar a atenção da Mariana durante alguns assuntos, no intuito de que ela me olhasse e parasse de me evitar, mas ela continuava determinada a fingir que eu não estava ali. Até que em um determinado momento, em que a Mônica foi ao banheiro, Mariana se aproximou de mim e disse com uma taça de vinho nas mãos:
— Namorando, hein?
Olhei para ela e ergui uma sobrancelha.
— Não estou namorando. — falei simplesmente.
— Ela é legal, você se deu bem.
— Não me dei tão bem quanto você, que se deu tão bem que até vai se casar.
Com a minha visão periférica, vi que ela me olhava. Foquei na Isa, que contava para os outros, algo que o Arthurzinho tinha aprontado e dei um gole em minha bebida, sem ainda olhar para a Mari.
— Sobre o beijo...
— Que beijo? — a interrompi. — Aquele que foi um erro?
Ela me olhou e soltou o ar, parecendo brava.
— Você sabe que foi.
— Eu não sei de nada. Só sei que eu não vou me casar, sou livre. Então o erro só pode ter sido seu. — dei de ombros e percebi que ela iria me xingar, mas foi freada pela volta da Mônica.
— Oi, voltei.
— Livre, né? Sei... — Mari disse indo sentar-se ao lado da Isa.
Mônica a acompanhou com o olhar.
— O que foi isso? — ela perguntou com a testa franzida e olhando para a Mari.
— Nada. Vamos nos sentar ali.
Peguei na mão da Mônica e a levei até mais próximo de onde os outros estavam. Percebi o olhar da Mari em nossas mãos entrelaçadas, mas me concentrei na conversa e tentei me manter envolvido nela e não pensar nos olhos que pareciam me fitar com algum sentimento, que eu não sabia qual. Na verdade eu sabia, mas preferia fingir que não, para não me machucar mais.
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