Decidida
Capítulo oito
Mariana
Foi uma droga de dia.
Dias.
Um pior que o outro, um após o outro. Nos quais eu me via pensando e desejando o beijo do João, os lábios dele nos meus. Como eu era tão covarde? Como eu podia não ter coragem para enfrentar tudo e ficar com ele?
Fiquei pensando que eu poderia me arrepender por não tomar uma atitude ou depois poderia me arrepender por ter tomado a atitude errada e ter decepcionado tanta gente. Eu só queria um sinal, um único sinal divino, que pudesse me dizer o que fazer. Alguém que viesse do futuro e me dissesse qual a escolha certa a tomar. Um sinal de Deus que me dissesse o qual caminho escolher.
No mesmo instante o meu celular vibrou e me tirou dos meus pensamentos sofredores, com uma mensagem do meu irmão que dizia:
"O sábio não se senta para lamentar-se, mas se põe alegremente em sua tarefa de consertar o dano feito."
William Shakespeare
Seria esse o sinal?
Não... Para de ser louca, Mariana!
Mas será que eu estava com medo e lamentando, ao invés de lutar enfrentar tudo e todos para ficar com quem eu amava?
Será que colocar todos acima da minha felicidade, a fim de não decepcioná-los, era certo?
Fiquei pensando e toda aquela história estava me sufocando. Decidi sair e tomar um ar. Coloquei uma roupa leve e fui dar uma volta na cidade.
Inicialmente andei sem rumo e estava andando a sei lá quanto tempo, eu andava rápido, meus pulmões sedentários já estavam queimando e eu estava exausta, mas pelo menos era o meu corpo que estava me matando agora e não os meus sentimentos. Peguei o caminho do mirante que ficava no ponto mais alto da cidade. Assim que cheguei me joguei cansada no chão e abracei meus joelhos tentando recuperar o fôlego.
Fiquei olhando lá de cima a cidade onde cresci. Tantas histórias vivi ali. Boas e ruins... Mas houve muito mais momentos felizes. Fiquei olhando para o horizonte sentindo o vento bater no meu rosto e pedindo silenciosamente uma ajuda aos céus para decidir a minha vida.
Fechei meus olhos e pensei como era a minha vida em Portugal e sem que eu pudesse controlar, uma tristeza tomou conta de mim ao pensar em voltar para aquela vida que de nada tinha a minha personalidade e aí abri meus olhos novamente contemplando a cidade que cresci a minha frente... Ali era meu lugar.
Mais que depressa tive a minha resposta.
Ali era meu lugar!
Com o João que eu iria ficar.
Desenvolvi essa ideia e eu poderia abrir um escritório de engenharia aqui. Pensei na minha mãe e ela teria que se acostumar com isso, assim como me acostumei com a vida que ela me impôs. Ela teria que me ajudar financeiramente, depois do dano que ela me causou emocionalmente.
Levantei-me e voltei correndo o caminho que percorri. Assim que entrei na cozinha da casa da minha família, respirando com dificuldade, mas me sentindo feliz, dei de cara com a Maria.
— Você acha muita loucura eu jogar tudo para o alto. — perguntei a assustando.
— Tudo o que, menina?
— O casamento, o Breno, Portugal, tudo... Jogar tudo para o alto para viver o meu amor com o João?
— Que sua mãe não me escute, mas acho que essa é a decisão mais acertada que você já teve.
Dei um beijo nela e sorrindo subi para o meu quarto. Peguei meu celular e tinha duas ligações perdidas da Isa, aí liguei de volta.
— Oi, amiga. — ela atendeu.
— Vi suas ligações perdidas.
— Liguei para te chamar para irmos hoje a festa das notas azuis no Santa Gênova. Minha mãe trabalha lá e disse que este ano será maravilhosa. Talvez não seja tão legal como quando éramos alunos, mas vai ser legal relembrar.
— Tô dentro! Você sabe me dizer se o João vai estar lá.
— Posso convencê-lo a ir.
— Por favor, então faça isso.
— Posso saber o que está planejando?
— Sim. Decidi que já perdi tempo demais na minha vida e agora quero recuperar o tempo perdido, pegando de volta o que as armações da minha mãe me tiraram.
— Assim que se fala, garota! Mas, amiga, esteja preparada para uma rejeição, porque ele está bem triste desde o jantar na casa do Miguel, na verdade a última vez que conversei com ele, João estava decidido a seguir em frente.
— Ele vai seguir em frente sim. Mas comigo ao seu lado.
— Ah, que agora ela me encheu de orgulho.
Ri no telefone com a minha amiga, conversamos mais um pouco e quando desliguei fui me preparar para a noite em que pegaria de volta as rédeas da minha vida e recomeçaria a minha história com o João de onde paramos.
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