Almoço de domingo
Capítulo três
João
A minha vontade quando cheguei perto dela, era de ter a agarrado e a beijado, da mesma maneira de anos atrás e depois de beijá-la, xingá-la por ter ido embora e terminado comigo tão sem motivo como ela fez. Aí então, eu iria exigir saber o motivo dela ter me abandonado sem nem uma satisfação, sem me dizer o porquê estava fazendo isso, iria querer saber por que de ela não ter chorado junto comigo a perda do nosso filho e tantas outras coisas que eu queria ouvir e dizer, coisas que ensaiei inúmeras vezes todos esses anos. Entretanto, fiquei tão sem reação, com a garganta seca e as mãos suando, que só consegui responder monossilábicamente a tudo que o Miguel me perguntava.
Depois do reencontro me vi mudo, mal aproveitei o resto da inauguração com meus amigos e não parava de pensar naqueles olhos lindos me olhando, como se me repreendessem por algo que eu tivesse feito, mas as minhas lembranças me mostravam que eu fui a vítima nessa história toda.
No dia seguinte, minha mãe me convidou para almoçar com ela. Era domingo e quando cheguei a sua casa, me espantei com mais um almoço em conjunto. Além da minha mãe, estavam presentes a Isa, Jean, seu filhinho Arthur e a tia Carla mãe da Isa.
— Não acredito! Deu certo de novo esse almoço! — Falei quando entrei na sala e encontrei todos sentados nos sofás.
— Pois é, João. Nós só nos encontramos quando você voltou e depois você se isolou de novo. — Isa falou, enquanto vinha me abraçar.
— Ah, amor! O cara é empresário famoso, não tem tempo para os pobres mortais. —Jean disse risonho.
O marido da Isa e eu, ficamos amigos e o cara era muito gente boa.
— Que nada! — respondi sorrindo.
Após cumprimentar o Jean, abracei a minha mãe, a tia Carla, passei a mão na cabeça do Arthur e me joguei no sofá.
— Que nada? — Isa colocou a mão na cintura, sorrindo e continuou falando: — Deixa de ser modesto. As meninas da loja me contaram por mensagem — Isa tinha uma loja de lingerie no centro da cidade. — que ontem a balada nova estava maravilhosa, lotada e os Angels são gatos e o negro e único solteiro, tem umas covinhas lindas. — Ela revirou os olhos para a parte que falou das minhas covinhas.
Todos riram e eu fiquei sem jeito.
— Realmente a inauguração foi ótima e a Angels estava lotada.
— Queria tanto ter ido, mas o nosso Arthurzinho, ontem ficou meio molinho, até achei que fosse ficar doente. — Isabela olhou carinhosamente para o filho de apenas dois anos, que brincava no chão da sala.
— Não faltará oportunidade para vocês irem. — falei.
— Queria ter ido, para rever seus amigos e sócios. Eu os vi, vocês ainda estudavam Direito. — minha mãe falou pensativa.
— Eles dormiram em um hotel e foram embora hoje cedo, mas prometeram voltar.
— Ah que bom, na próxima espero vê-los.
Assenti.
— Mas e aí... Tinha bastante gente da nossa época da escola? — Isa perguntou.
Tentei me manter impassível, mas acho que não consegui.
— Encontrei com o Miguel, ontem. Estava com a esposa dele e... a... — limpei a garganta. — Mariana.
Um silêncio tomou conta da sala e eu tentei quebrar o clima.
— Acho que estava com o marido dela também, mas eu não o vi. — dei de ombros tentando não parecer afetado.
— Noivo. — Isa me corrigiu.
— E como você se sentiu? — minha mãe perguntou preocupada.
— Normal. Passei meu telefone para o Miguel. Vamos marcar qualquer coisa.
— Ah, que bom. Quando vocês marcarem também quero ir. — Isa falou sorrindo com normalidade. Ótimo! Pelo menos ela tentava me passar normalidade.
— Mudando de assunto, no próximo mês, vai ter a festa das notas azuis no Santa Gênova. Você adorava, quando estudava lá. Lembra, filho?
— Lembro. — Sorri com a lembrança. — Eu me acabava de dançar, cantar e participava de todas as atividades.
— Era incrível como você era bom em tudo que se designava a fazer. — Isa falou saudosa. — Eu ficava mega orgulhosa quando as menininhas suspiravam por você e eu dizia que éramos como irmãos.
Ri largamente.
— Jean, você tinha que ver como a Isabela era popular na escola. Eu sofria para cuidar dela.
— Cara, sério, eu nem quero saber desse passado Dálmatas da Isa.
Todos rimos e tia Carla perguntou pensativa:
— Passado Dálmatas? Nunca tivemos um cachorro dessa raça.
Isa gargalhou e Jean explicou:
— Sogra, passado Dálmatas: Cheio de manchas negras.
— Ahhh... Tá! Prefiro não saber então. Para mim, minha filha sempre foi um anjo.
— Isso, mãe, e ainda sou. — Isa sorria fingindo inocência.
Minha mãe se levantou para ver a lasanha e tia Carla a acompanhou até a cozinha. Enquanto isso a Isa me fazia prometer que iria com ela a festa das notas azuis e Jean tentava fugir de todo jeito desse programa "de volta ao passado".
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