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Capítulo 6


Manter a distância física, muitas vezes não é suficiente para manter o sentimento longe do coração.


Capítulo seis

Isabela

Meu coração batia acelerado e descompassado.

Talvez por estar lembrando de todo o desprezo que eu estava vivendo na mansão, por comparar os gestos carinhosos do Othon com os que eu nunca mais havia recebido do Pietro, mas quando vagarosamente Othon uniu seus dedos aos meus eu tive muita vontade de lhe pedir um abraço para sentir seus braços em mim novamente como na noite anterior, no entanto, isso parecia tão errado e ao mesmo tempo também tão certo que pensei ser a carência que estivesse me fazendo ter pensamentos inoportunos, contudo, eu nunca havia sentido aquilo por homem nenhum depois que conheci o Pietro e como explicação, aquele arrepio e a intensidade que eu estava sentindo ao olhar para o meu segurança, só podia ser os meus sentimentos que estavam bagunçados.

Othon olhava para baixo e para as nossas mãos entrelaçadas enquanto com a outra ele fazia carinhos e parecia pensar...

No que ele estava pensando?

Então ele me olhou e eu não conseguia mais só olhá-lo e apenas olhá-lo...

O que está acontecendo comigo?

Meu coração saltando no meu peito.

Cortei o contato visual imediatamente e olhei para o celular ficando de pé em seguida e soltando a minha mão da dele.

— Já está com fome? — falei a primeira coisa que me veio à cabeça para acabar com o momento e ele me encarou parecendo confuso. — Já são onze e meia podemos pensar no almoço. Estou ansiosa para cozinhar para você novamente.

Othon se levantou ficando perto de mim, mas como era mais alto me fez olhar para cima.

— Vou te ajudar novamente, Chef.

Sorri e o seu sorriso em resposta ao meu, me fez pensar imediatamente o quanto ele era bonito, não só bonito, era lindo e qualquer mulher ficaria completamente louca ao vê-lo, o que me fazia pensar como era impossível ele não ter tido ninguém em nove anos. Balancei a cabeça como se para afastar o pensamento que eu não devia ter e me virei depressa, fui com Othon para a cozinha e lá íamos começar novamente a minha diversão e quem sabe com a mente ocupada eu parasse de pensar e sentir tanto.

Resolvi fazer um risoto de palmito com queijo, mais uma vez usando os poucos recursos que eu tinha e coloquei Othon para descascar e picar a cebola enquanto eu ia separando os ingredientes. Ele se sentindo muito habilidoso começou a usar a faca como se tivesse uma vasta experiência no ramo, até que em poucos segundos começou a piscar repetidas vezes e logo imaginei que era por causa da cebola, vi ele passar as costas da mão nos olhos e ainda segurando a cebola, o que o fez chorar ainda mais. Rindo fui até ele.

— Você tinha que ter lavado a cebola e a faca que a cortou, que aí seus olhos não teriam ardido.

— E como faço para parar de chorar? — perguntou, tentando abrir os olhos.

— Espera. — Coloquei as minhas mãos em seus olhos enxugando as lágrimas e mantive seus olhos fechados.

Eu estava parada bem à sua frente e ele estava se sentando com a cabeça erguida para mim, minhas mãos fechavam seus olhos e fiquei olhando a sua boca que sorria. Inevitavelmente a vontade de beijá-lo voltou e eu respirei fundo e fiquei séria, fixando meus olhos na boca dele que estava bem à minha frente. Arrastei minha mão pelo seu rosto, enxuguei as lágrimas provocadas pela bendita cebola e com o toque em sua pele meu corpo começou a esquentar, com isso engoli com dificuldade, tentei controlar a minha respiração que entregava que algo em mim havia mudado e então me afastei dele, sorrindo envergonhada e falei:

— Anda, vem até a pia para lavar a mão.

Othon abriu os olhos e inocente aos meus pensamentos impróprios foi até a pia.

— Essa cebola dos infernos me fez chorar mais do que os meus problemas.

Ri do seu drama e quando ele já havia parado de chorar o pedi que se sentasse que eu faria todo o resto, então enquanto ele me observava fui fazendo o preparo do risoto, cozinhar me dava uma alegria e uma sensação de bem-estar indescritível.

— Você tinha que se ver enquanto cozinha, você transmite uma satisfação enorme.

— Olha, cozinhar e os projetos sociais envolvidos com literatura são coisas que me deixam radiante. Amo quando sou elogiada por um prato ou por um tempero, do mesmo jeito que amo quando estou lendo para as crianças e vejo seus olhinhos interessados ou quando converso com um jovem sobre um livro e o vejo me dizer o que achou de cada capítulo. Eu fico encantada e sabe, é por esse encantamento que já desviei muito dinheiro que Pietro me dava para gastar com futilidades e o usei ajudando a biblioteca pública. Eu paguei a última pequena reforma, fiz uma doação de livros para renovar o acervo e pretendo futuramente colaborar com uma brinquedoteca educativa.

— Você tinha mesmo que ver o brilho nos seus olhos enquanto fala.

Ri, me sentindo envergonhada.

— Imagino mesmo que estejam, pois eu amo isso e fico pensando o quanto Pietro é mesquinho e podia muito ajudar vários projetos e com isso dar um pouco de cultura e educação para tantas crianças, mas ele nem sequer me ouve. Penso que se eu não tivesse fechado o meu restaurante eu poderia ajudar essas instituições com o lucro dele, mas... — Me calei e o desanimo com o que fiz com a minha vida voltou e dei de ombros para não continuar a falar, mas balancei a cabeça como se dissipasse o pensamento ruim e continuei: ⸻, enfim, fiz muito para a biblioteca enquanto eu não tinha um segurança marrento atrás de mim e contando para o meu marido cada passo meu.

Ele riu um sorriso largo.

— Desculpa por isso. — Piscou para mim.

— Desculpado. — Ele piscou?

Após eu terminar o almoço nos sentamos à mesa e comemos o meu risoto que Othon não parava de elogiar, o que era música para os meus ouvidos e eu sorria de orelha a orelha.

— Cumprimentos à Chef. Ela arrasou! — falou, pousando os talheres no prato.

— Para! Fico com vergonha.

— Você nunca tinha que ter fechado o seu restaurante, você nasceu para isso. Olha o que você faz com poucos recursos.

— Modéstia à parte eu era muito boa no que eu fazia.

— No que você faz.

Assenti e sorrindo mudei de assunto falando da chuva que não parava de cair. Ficamos falando de amenidades até que depois do almoço me deu uma moleza, repentinamente eu espirrei e Othon me disse:

— Vai lá descansar que a louça é minha.

— Sério? Porque não vou insistir.

— Vai lá e deixa comigo.

Sem me fazer de rogada eu o ajudei tirar a mesa e voltei para a sala, antes de me deitar no sofá dei uma espiada pela janela e ainda chovia. Era uma chuva incessante que dava pequenas tréguas e logo voltava a cair e isso me preocupava, pois o solo não ia secar e provavelmente as máquinas não conseguiriam mexer nas estradas, mas pensei que eu não estava mesmo interessada em voltar e até aquele momento o meu retiro estava muito bom, até melhor do que quando o planejei, já que no primeiro momento não havia pensado em uma companhia e Othon estava sendo uma excelente.

Deitei-me no sofá e liguei a televisão no canal de notícia local para ver como estavam as estradas e o pouco que vi ainda falavam sobre manter o racionamento de alimentos e se manter dentro de casa, pois todas as estradas ainda estavam ou interditadas ou com risco eminente de deslizamento. Assisti mais um pouco, entretanto sem que eu pudesse evitar peguei no sono depois de mais alguns espirros e uma leve dor de cabeça.

Acordei sem saber por quanto tempo dormi, com os olhos e a garganta ardendo, olhei em volta e não vi o Othon, então levantei fui ao banheiro, escovei os dentes e refiz o meu rabo de cavalo, pois meu cabelo estava uma bagunça, depois joguei o cobertor nas costas e saí na varanda onde o encontrei sentado no degrau da frente, olhando para as árvores que balançavam com o vento e estavam em todo o entorno do chalé. Sentei-me ao seu lado e me sentindo culpada falei:

— Você tem suas coisas para fazer e está aqui, preso comigo, ?

Ele virou-se para mim e me olhando falou, sério:

— Não consigo pensar em nada para fazer lá se a minha ocupação está aqui.

Sem saber o que responder, sorri balançando a cabeça em negativo, depois olhei por alguns minutos para a garoa que caía, até que falei o que estava martelando meus pensamentos:

— Não é possível que não apareceu ninguém que te quisesse em nove anos.

Ele deu de ombros olhando para frente, mas depois olhou para mim e disse:

— Nenhuma que eu quisesse.

Assenti, espirrei e Othon colocou a mão na minha testa.

— Você está quente, mas nem tanto, não sei se está com febre, mas deve estar com um resfriado. Deve ter sido a garoa de ontem. — Ele se levantou e estendeu a mão para mim. — Vem, vamos entrar. — Aceitei sua mão e quando entrei no chalé fui direto para o sofá me deitar nele.

Vi Othon andando pela casa como se pensasse e então o perguntei:

— O que foi?

— Estou pensando em sair de moto e ver se consigo passar pelos locais com deslizamentos, mas eu não quero deixar você aqui, porque ainda tem a ameaça, por outro lado você não pode ir na garupa e pegar garoa, além de que pode ser que não dê para passar nem de moto, já que a ponte caiu.

— Está tão ruim assim ficar comigo aqui? — perguntei, em meio a uma fungada.

— Não, mas você está claramente resfriada e eu pensei em arrumar um remédio para você.

Balancei a cabeça em negativo.

— Não, você não vai se arriscar por remédio e eu já te disse que sou uma mulher que pensa em tudo e também sou meio hipocondríaca. Você pode pegar uma bolsa preta no banco da frente do carro? Lá tem remédio para gripe, dor de cabeça, dor de estômago e até para ressaca caso a gente resolva beber todo o vinho da adega — falei com a voz arrastada.

Ele ficou me olhando como se admirasse a minha precaução e sorrindo saiu para pegar a minha bolsa, quando voltou eu o pedi para procurar o remédio para mim e me surpreendendo Othon foi até a cozinha e demorou um pouco para me trazer, porém quando trouxe, em um gesto tão atencioso me entregou também uma xícara fumegante de um chá de camomila que encontrou no meio dos mantimentos e com isso fez com que eu me sentisse mimada e cuidada.

Após tomar o remédio adormeci novamente no sofá e já era noite quando acordei me sentindo um pouco melhor, ainda com o corpo mole, mas já não espirrava tanto. Acordei com o barulho de panelas vindo da cozinha e o primeiro pensamento foi me perguntar o que Othon estava fazendo, então me enrolei na coberta e antes de ir até lá olhei pela janela e vi que ainda chovia e já fazia um dia inteiro de chuva sem parar.

— Droga! — O ouvi xingando quando me aproximei, me encostei ao batente da porta e o encarei enquanto ele tentava cozinhar. Ele estava balançando o dedo que devia ter queimado ao encostar na panela.

— Temos um novo Chef no comando da cozinha hoje? — falei e ele notou a minha presença ali.

— Acordou! Como está se sentindo?

— Melhor. — Fui me sentar à mesa para observá-lo.

Então ele secou a mão no pano de prato e em um gesto totalmente íntimo foi até onde eu estava e colocou novamente a mão na minha testa para sentir a minha temperatura.

— Que bom, não está com febre. Se você estivesse com febre eu ia dar um jeito de te levar ao médico.

— Médico por causa de um resfriado bobo?

, vai que não era um resfriado. — Ele deu de ombros, rindo e voltou a mexer a panela.

— O que você está fazendo aí? — Me estiquei na cadeira para tentar ver. — O cheiro está ótimo.

— Estou tentando fazer uma sopa. — Ele fez uma careta. — Nunca fiz sopa e nem tem internet para eu procurar uma receita descente.

— Aposto só pelo cheiro que está maravilhosa.

— Mexi nos seus mantimentos para cozinhar, espero que não se chateie.

— É tudo nosso.

Logo a sopa ficou pronta, ele pegou algumas cumbucas no armário e nos serviu sendo muito cavalheiro, depois sentou-se de frente para mim e me observou dar a primeira colherada. Fiz um pequeno suspense ao provar e ao engolir a sopa de carne moída, batata e macarrão e falei:

— Podemos abrir um restaurante juntos. Está deliciosa.

— Não exagera — falou sem graça e também tomando sua sopa.

— É sério, você cozinha bem.

— Não digo que cozinho bem, mas morar sozinho me deu um pouco de experiência.

Sorri.

— Mas pense sobre o restaurante, sócio. — Ele riu.

Depois continuamos a comer enquanto ele me contava o que fez durante o dia enquanto eu fiquei mais dormindo que acordada, disse que andou no entorno da chácara, tentou ver algum dos longínquos vizinhos, mas não viu ninguém. Com sua vistoria percebeu que não dava para pousar helicóptero ali e com certeza disse que se estivessem pensando em nos resgatar com essa opção já estava descartada. Pensei que talvez por isso que Pietro não tinha ido ainda me procurar ali, entretanto, o pensamento de abandono logo surgiu quando me lembrei que ele nem devia estar preocupado comigo ou ao menos teria ido sobrevoar o chalé e ele não fez isso. Quando contei o meu pensamento ao Othon ele disse que talvez tenha sido pelo mal tempo.

Othon sempre tinha a palavra certa para acalmar meus sentimentos, ele sempre pensava em um jeito de me ver bem e isso me fazia gostar ainda mais dele. O encarei enquanto ele comia a sua sopa e Othon era um príncipe, ele tentava cuidar de mim a todo custo e pensei se ele fazia isso apenas pelo trabalho ou porque gostava realmente de mim e de me ver feliz. Na verdade, acho que eu nem sabia mais o que era ser cuidada e ter a atenção de alguém, já que na mansão há anos que eu era apenas uma sombra e ao mesmo tempo um enfeite.

Terminamos de comer e eu disse que lavaria a louça, mas claro que ele não deixou e me fez ficar sentada o observando fazer tudo, enquanto me contava as dores e as delícias de morar sozinho, Othon falou sobre os amigos seguranças que mesmo ele os afastando, eles nunca se afastaram de vez e sempre o incluíam em projetos e planos, tanto que ele estava trabalhando como meu segurança por convite do Jackson. Com tristeza ele me contou dos pais, da tia que foi como uma mãe e Othon também perdeu. Tive vontade de abraçá-lo por tantas dores e perdas que já teve que suportar em sua vida.

Depois de tudo limpo subi para tomar banho e ele disse que tomaria banho no banheiro de baixo. Demorei um pouco para voltar para sala, pois eu decidi lavar e secar o meu cabelo, depois passei creme em todo o corpo e finalizei com uma camiseta larga do Pietro e uma calça legging. Eu estava completamente à vontade com as roupas simples e na presença do Othon eu não sentia a necessidade absurda de sempre estar impecável para não sofrer críticas, com ele eu era apenas eu mesma.

Quando desci ele olhava pela janela com o mesmo olhar de sempre como quem investiga cada cantinho, então eu o provoquei:

— Você não relaxa?

— Não posso. — Sorri e ele mudou de assunto: — Não é melhor você ir para o quarto descansar?

— Eu dormi o dia todo, Othon, não vou conseguir dormir tão cedo. Além do mais, me sinto bem, aquele remédio é ótimo e inclusive já até tomei uma segunda dose para garantir.

— Então o que você quer fazer para passar o tempo?

— Não faço ideia.

— Vamos ver um filme de novo? — sugeriu. — Põe o do guarda-costas.

Fiquei sem graça, pois o filme fala de um romance de uma protegida com seu segurança, mas no fim decidi colocar. Othon já começou o filme reclamando que ela era uma chata e se colocava em perigo na maioria das vezes, viu defeitos no jeito do segurança agir e eu ri dele me explicando qual era a tática ideal a se usar. Mesmo enquanto víamos o filme nós conversávamos e ele me contou sobre todos os cursos que fez para ser segurança e também me disse que seu único passatempo era o Muay Thai, aí entendi de onde vinha os braços fortes que me chamavam tanta atenção, era da luta. Houve um momento de constrangimento quando o casal do filme, composto pela protegida e o seu segurança, fizeram sexo e sinceramente não pude deixar de fantasiar com o homem lindo que estava sentado na outra extremidade do sofá. Senti que ele também ficou em silêncio como se pensasse em algo inapropriado, depois disso o filme chegou ao final e eu sempre me comovia.

— Legalzinho — Othon falou quando a legenda começou a subir.

— Legalzinho? Esse filme é maravilhoso.

, é bom.

Eu ri.

⸺ Sério que você não tinha assistido esses clássicos do romance?

⸺ Sim, digamos que não era meu gênero favorito, mas esse apesar do segurança dela por diversas vezes ter agido errado, eu gostei.

Ri.

— Ele no filme tomou um tiro por ela, você tomaria mesmo um tiro por mim? — Fiquei séria ao perguntá-lo.

— Talvez antes de eu te conhecer melhor eu desse uma titubeada para entrar na frente do tiro. — Eu arregalei os olhos, ri e ia respondê-lo, mas ele continuou com um sorriso sexy no rosto: — Agora eu não esperaria nem um milésimo de segundo antes de entrar na sua frente e tomar uma bala por você. — Othon continuou me olhando como se testasse a minha reação ao que ele disse e como eu não consegui dizer nada ele aliviou o clima: ⸺ Mas o ideal é não deixar que aconteça a oportunidade de nenhum de nós estarmos na mira de um tiro.

Assenti e mesmo mudando de assunto ele ainda me olhava intensamente, senti meu corpo formigar e um suspiro reprimiu a minha respiração. Tirei o meu olhar do dele e vendo a legenda subir com as músicas de fundo do filme comentei com ele que amava a cantora e assim fui para um assunto seguro.

— Ela canta músicas perfeitas para os romances que você gosta.

— Sim e por isso gosto tanto. Sou uma mulher romântica! — Ele riu.

— Eu queria ter visto esses filmes no cinema, eu amo cinema, você gosta?

— Faz tanto tempo que não vou, que acho que nem me lembro mais — Othon respondeu como se puxasse na memória a última vez que tinha ido a um.

— Sabe — Eu me virei sentada de frente para ele e animada aproveitei para mudar outra vez de assunto e contá-lo outra ideia para projeto social que eu tinha. ⸻, Othon, como você sabe eu amo a cultura em geral e eu morro de vontade de abrir lá na biblioteca pública uma sala de cinema para passar os clássicos do romance gratuitamente. Pense como ia ser maravilhoso para os adultos que não têm condições de gastar com esse tipo de programa ou para as crianças, que no final de semana poderiam ir ver desenhos nas matinês.

Ele sorriu como quem estivesse aprontando e se virou no sofá também de frente para mim e ficamos bem próximos, com isso, meio titubeante ele começou a falar:

— Aproveitando que você falou de novo de um projeto social, enquanto você dormia hoje eu fiquei pensando e tenho uma coisa para te falar, mas não quero que pense que eu estou sendo intrometido, apenas... — Ele parecia sem jeito e pensou no que ia falar. — Bom, ao te ouvir falar com tanta convicção dos projetos sociais, eu estive pensando... e quero ajudar financeiramente.

O olhei e franzi a testa não acreditando no que eu estava ouvindo, enquanto ao fundo que era a música tema do filme.

— Você quer ajudar o projeto? — perguntei, meio que sem acreditar, ele assentiu e eu respirei fundo tentando controlar o que eu sentia, então o encarei querendo que ele me dissesse mais e assim ele fez:

— Eu tenho dinheiro, foram nove anos sem gastar quase nada do meu salário e como eu te disse, minha vida era no automático e era só trabalhar, Muay Thai e casa. Eu não gastava nem 10% do que eu ganhava e como segurança de pessoas influentes eu sempre ganhei muito bem, então tenho um dinheiro que eu não tinha a mínima ideia de com que gastar. Posso usá-lo com o projeto, é só você me dizer quando e onde.

Fechei meus olhos tentando assimilar o que o Othon tinha acabado de me dizer e cada palavra tinha tocado fundo no meu coração. Ele tinha sua economia, guardada após nove anos trabalhando, dinheiro esse que ele podia gastar com o que ele quisesse, mas queria gastar com os meus projetos sociais, com os meus sonhos, com algo que ele sabia que me faria feliz. Imediatamente e sem que eu pudesse controlar Pietro tomou conta dos meus pensamentos e me lembrei que ele com uma fortuna incalculável debochava das minhas ideias, não fazia um pequeno esforço para me fazer feliz e ainda me proibia de fazer. Contudo, com as duas versões de homens que eram tão diferentes um do outro, sendo apresentada em meus pensamentos, não consegui controlar um sorriso triste ao constatar que a versão ruim era meu marido e então não segurei as lágrimas e comecei a chorar tapando os olhos com as mãos. Othon percebendo meu choro ao que ele disse, rompeu a distância entre nós e como da outra vez em que me viu chorar, ele me abraçou. Forte e acolhedor.

Senti seu coração bater de encontro ao meu.

E a minha respiração ofegante como a dele.

— Eu não queria que você chorasse eu queria te ver sorrir e feliz — sussurrou no meu ouvido.

— Eu estou feliz por estar vendo as coisas claramente, como há muito tempo eu não via — sussurrei em seu ouvido, ainda abraçada a ele. — Me desculpa, eu não sou chorona assim, mas você faz com que eu me sinta... especial.

— Você é.

Suspirei sem saber o que responder e fomos nos separando, nossos rostos foram se arrastando, até que ficamos nos olhando muito próximos um do outro. Minha respiração estava falha e eu não conseguia olhá-lo nos olhos com medo de não conseguir me segurar, mas também não queria me afastar e a dúvida entre ir ou ficar me mantinha parada no lugar.

— Isabela, o que eu estou sentindo agora... há muito tempo eu não sinto, mas por mais que eu esteja querendo muito, mas muito mesmo, eu não vou fazer nada sem que você me diga que quer tanto quanto eu. Eu estou aqui... para você decidir...

— Othon... Eu quero... Mas... — Eu ainda não o olhava e ele colocou uns fios que se soltaram do meu rabo de cavalo atrás da minha orelha e deu um beijo na minha testa, se separando de mim em seguida.

— Está tudo bem. — enfim o olhei e vi seu sorriso, mas parecia triste. — Eu entendo perfeitamente, me desculpa.

Othon se levantou e se afastou de mim indo até a televisão tirar o filme, do sofá eu fiquei olhando suas costas largas com a sensação de que eu estava perdendo algo importante. Logo me lembrei de todos os seus gestos carinhosos em apenas três dias em que convivemos e rapidamente revivi cada um deles, eu soube imediatamente que estava perdendo a oportunidade de me dar uma chance para testar e ver se eu podia ter mais, na verdade, eu estava sentindo que eu merecia mais do que eu tinha.

Eu o queria, e mesmo que isso fosse tão errado por eu ser casada, o olhar triste em seus olhos também parecia errado e o que me parecia certo era eu me entregar ao momento... e a ele.

Eu o queria tanto.

Foi aí que eu me levantei e fui até ele, sentindo o meu coração saltitar no peito, fiquei parada ao seu lado sem saber como dizer que eu o queria, enquanto seu olhar parecia triste por eu tê-lo afastado e confuso por eu estar parada ali sem dizer nada, Othon então me olhou, esperando que eu finalmente dissesse algo, continuei em silêncio e entre o certo e o errado, o querer e o não poder, a indecisão e a certeza, tomei a decisão, puxei o seu rosto para mim e o beijei.

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