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Capítulo 10

A distância ajuda a colocar os sentimentos no lugar e com ela a saudade logo acha seu espaço.


Capítulo dez

Isabela

Eu não sabia como sair daquele novelo de sentimentos bagunçados que eu tinha me metido. Os dias com o Othon foram os melhores da minha vida, mas assim que Pietro me encontrou no chalé e me pediu desculpas por andar tão envolvido com o trabalho e por ter me deixado de lado, eu já logo senti a pontada da culpa, depois ele me pediu uma chance para o nosso casamento e aí eu já cheia da culpa por tê-lo traído não consegui dizer não e escolher por Othon, então resolvi naquele momento que eu resolveria a minha vida depois que estivesse em casa, entretanto, quando cheguei na mansão os dias seguintes sem ver o Othon me davam mais a impressão de que o que eu vivi com ele foi apenas um sonho bom, uma aventura e que talvez ele não estivesse levando a sério a possibilidade de ficarmos juntos ou pensando no que vivemos, com isso o pensamento de que eu podia magoar o Pietro à toa contando a verdade foi ficando mais forte e o sentimento de que o Othon não me queria como ele demonstrou também se tornou forte e eu decidi arquivar o sentimento que eu tinha pelo meu segurança.

Com o passar dos dias a vontade de vê-lo era quase insuportável, pensei em ligar e perguntar como estava, mas com esse pensamento eu me sentia ridícula e carente, além do medo dos telefones estarem grampeados.

Quanto a minha carência e solidão, mesmo com Pietro tentando me dar mais atenção, ainda assim ele era muito ausente e eu sentia falta de ter para quem contar meus planos, alguém com quem fazer as refeições, rir enquanto via um filme ou cozinhar e ouvir que minha comida estava uma delícia.

Uma semana passou e o dia do retorno do Othon a mansão chegou e da janela do meu quarto eu o vi com o seu terno e sua pose imponente. Só de olhá-lo de longe, aquela vontade de correr ao seu encontro me atingiu forte.

Durante o dia o vi andar pelo entorno da mansão e a minha vontade era descer e perguntá-lo como ele estava, como tinha passado a semana e se assim como eu ele também estava sentindo falta de nós dois, só que eu não era forte o suficiente para encará-lo, então só me mantive no quarto dia após dia.

Fiquei apenas dentro de casa por dias e esperava a troca do plantão dos seguranças para descer para o jantar ou inventava uma indisposição e comia no quarto mesmo, já que descer para jantar significava que eu passaria a maior parte dele ouvindo a minha sogra reclamar incansavelmente sobre tudo ao meu respeito, enquanto o meu marido não dizia nada a respeito disso.

Sexo com o Pietro não voltou a ser bom nem mesmo quando voltei do chalé e com o seu pedido de desculpas. Antes eu o comparava com o marido do início do casamento, mas depois da minha volta passei a compará-lo com Othon, o que era horrível, pois Pietro não chegava aos seus pés, além de eu me sentir péssima por fazer essa comparação. Foi quando comecei a fazer tudo que eu podia para não ter relações sexuais com meu marido, cada dia era uma desculpa e na verdade eu nem sequer via interesse da parte dele, até parecia se sentir aliviado com a minha negativa.

Eu não entendia o motivo de eu continuar com Pietro quando eu tinha tantos pensamentos contrários, mas o que mais me incomodava era ele não fazer nada para me manter viva naquela casa e mesmo depois do chalé continuou me podando.

Eu gostava dele e tinha sentimentos sim, porém, nem de longe era amor. A realidade era que eu também era uma covarde que pensava muito nos outros e nada em mim, pensava no que meus pais iam pensar da minha separação, nos que os meus sogros iam pensar, como Pietro se sentiria e em nenhum momento me colocava em primeiro lugar. Até mesmo a questão financeira eu colocava acima da minha vontade. Não me importava com dinheiro, mas minha vida viraria uma bagunça com a separação e eu odiaria brigar por dinheiro, isso me assustava. O fato de Pietro ter dado a entender que eu não tinha muitos direitos em um possível término me assustou ainda mais e me arrependi de ter desistido do meu restaurante por ele. Como seria meu futuro se abri mão do meu sonho e negócio por amor?

Com todo o medo que sentia, eu só conseguia chegar a uma conclusão: sim, eu realmente era uma covarde.

Já tinha se passado quinze dias desde que Othon tinha retornado ao trabalho e eu finalmente resolvi criar coragem para ficar frente a frente com ele e sair do quarto. Quinze dias lutando internamente com meus sentimentos, completamente sozinha e trancada no quarto. Pietro ao saber da minha reclusão nem sequer se preocupou com os meus dias sozinha e eu tinha certeza que ele até achava bom, já que em um dos jantares em que sua mãe disse que eu ia acabar sem cor ficando o dia todo no quarto, ele respondeu que era melhor assim, pelo menos eu não me colocaria em perigo.

Pietro tinha voltado a ser o marido seco e sufocante de antes do chalé e o marido que queria dar uma chance para o relacionamento havia sumido quando viu que a mulher enfeite dele estava agindo exatamente como ele queria. Eu podia estar deprimida e tendo pensamentos negativos, mas a verdade era que ele sequer se importava comigo, não se importava com a minha saúde mental, apenas ficava satisfeito que eu estivesse em casa e que eu ficasse linda para ir a tal festa que o clube caro em que éramos sócios ia promover. Minha sogra fez questão de dizer que eu devia me arrumar elegantemente para esse evento para não envergonhar a família.

Era uma segunda-feira e depois de muita insistência das minhas irmãs, resolvi ir me encontrar com elas para um almoço, eu também ainda não tinha visto nem uma das duas depois dos dias no chalé, já havíamos conversado pelo telefone, mas apenas superficialmente e ambas insistiam para que nos víssemos, sendo assim, eu teria que falar com o Othon e sair junto com ele.

Há dias que eu o via da minha janela andando pelo jardim e por todo espaço da casa, queria conversar com ele, mas não tinha coragem de descer e encará-lo, então só o olhava de longe e admirava o quanto era lindo. Me escondia em meio as cortinas para que ele não me visse, porém eu sabia que ele estava sempre pela ala que dava para a janela do meu quarto e era na intenção de me ver. Adiei olhá-lo frente a frente, mas eu tinha que reagir e aí o dia de nos vermos novamente chegou.

Me arrumei e daquela vez eu não pedi para que ninguém o avisasse que eu ia sair, apenas desci e como eu sabia que ele sempre ficava conversando com a Selma ou ficava no jardim embaixo da minha janela, fui primeiro até a cozinha e assim que entrei o vi sentado na ilha de frente para a Selma. Meu coração logo começou a saltar no meu peito e tive que controlar as minhas emoções quando os cumprimentei para que eles notassem que eu estava ali:

— Bom dia.

Othon olhou na minha direção e pareceu tomar um susto ao enfim me ver, tanto que derrubou o copo com água que estava sobre a ilha, espatifando-o no chão.

— Me desculpa, Selma — falou e se abaixou com um pano na mão para secar a pouca água que havia caído e juntar os cacos do copo.

— Deixa que eu junto, Othon. — Selma disse.

— Não, eu faço isso — falou parecendo nervoso.

— Quer comer alguma coisa, Isabela? — Selma sorria e também parecia estranhar me ver ali, fazia dias que eu não a via e então ela completou preocupada: — Você está bem?

— Estou sim, não quero comer nada, obrigada. Vou almoçar com as minhas irmãs. — Sorri para ela com carinho. — Othon, você pode ir comigo?

Ele levantou-se com os cacos do copo na mão e me disse:

— Sim, senhora. — Voltei a ser senhora. — Vamos agora? — perguntou sério.

— Se não for te atrapalhar, sim.

Ele assentiu e disse:

— Vou tirar o carro da garagem e espero a senhora na porta da frente.

— Não, eu já vou para a garagem com você.

Othon me deu um meneio de cabeça formal e agradeceu a Selma pela água, seguindo para a porta que dava acesso a garagem. Quando fui passar pela cozinha Selma me olhou com simpatia e perguntou baixo:

— Você realmente está bem? — Apenas assenti e ela continuou: — Se não se sentir bem, pode conversar comigo.

— Obrigada. — Sorri agradecida.

— Sei que você anda diferente e não se sente feliz, por isso insisto que se quiser conversar e ter o conselho de alguém mais velha, eu estou aqui.

Dei um meneio de cabeça em agradecimento e sem dizer nada apenas acariciei seu ombro e fui para a garagem. Othon já havia ligado o carro e quando me viu levantou do banco do motorista e abriu a porta de trás para mim.

— Você não precisa fazer isso, você é meu segurança.

— Também ganho salário como motorista, só estou fazendo meu trabalho — falou sem me olhar.

Passei por ele para entrar e senti seu cheiro que me levou direto para as lembranças dos dias que estive no chalé, enquanto meu corpo reagia tremendo e com o coração a mil.

— Obrigada — agradeci quando entrei, ele só me deu um meneio de cabeça e parecia evitar me olhar, mas assim que assumiu o volante, cruzou seu olhar com o meu pelo retrovisor e perguntou:

— Você está bem?

— Sim.

Continuou me encarando esperando que eu dissesse algo mais, mas eu travei e não disse nada, então Othon engatou a ré, saiu com o carro da garagem e em silêncio seguimos para a casa da minha irmã Pamela, pois segundo ele, era mais seguro irmos para lá novamente ao invés de para a casa da Nathalia, por ele já conhecer o local.

Todo o caminho foi feito em silêncio, eu queria conversar com ele, queria perguntar como ele estava, o que ele tinha feito no tempo que não nos falamos, perguntar se ainda sentia algo por mim, mas me mantive quieta já que eu não sabia o motivo exato de ele estar sem falar comigo, bom, na verdade eu sabia sim e eu estaria me fazendo de sonsa e estaria me enganando se eu não notasse que ele estava em silêncio e até mesmo bravo por eu ser tão covarde, porém, naquele momento eu me faria de sonsa já que psicologicamente eu não conseguia lidar com tudo.

Fui o caminho todo lutando com as palavras presas, ensaiando uma comunicação e lutando comigo mesma ao pensar em puxar conversa com ele e falhando quando me lembrava o teor dessa conversa. Eu tinha que dar o primeiro passo e dizer algo, mas eu não estava preparada para isso e por medo de ouvir a pergunta de como tudo ficaria, eu me calei, pois eu não sabia dizer como tudo ficaria, não sabia dizer nem como tudo estava naquele momento.

Depois de toda a tensão dentro do carro e a tensão de sempre com a segurança, chegamos na casa da Pamela. Quando desci do carro ambas já me esperavam com olhares preocupados, e então fomos para dentro da casa e Othon ficou do lado de fora, no mesmo lugar onde ficou da outra vez e depois de apenas uma rápida troca de olhar com ele, entrei na casa da minha irmã, acompanhada pelas duas que estavam ansiosas para que eu as contasse tudo.

Mal havia me sentado no sofá da sala quando ambas se sentaram à minha frente e Nathy começou a me perguntar nitidamente preocupada:

— Como você está?

— Confusa.

Não tinha certeza se de onde Othon estava ele conseguia me ouvir.

— Por que você fugiu? — Pam perguntou.

— Não sei.

Elas se olharam, como se tivessem combinado algo antes de eu chegar e Nathalia falou:

— Você anda estranha e de nada lembra a mulher decidida que era, além de que não te vejo sorrir mais como antes e parece sempre automática.

com a Nathy — Pamela concordou e cruzou os braços na frente do peito.

Soltei o ar e criando coragem mesmo sem encarar minhas irmãs, falei alto para que talvez o Othon ouvisse do lado de fora:

— Eu não sou a mesma de anos atrás, eu me sinto sufocada, podada e encarcerada, mas sou covarde, muito covarde para mudar isso e além de tudo... Eu estou apaixonada por outro homem que não é meu marido. Um homem de verdade que mudou a minha vida e fez com que eu me sentisse viva de novo.

Ambas me olharam, eu sentia seus olhos em cima de mim apesar de eu não ter coragem de encará-las e quando olhei para o vidro da sala que mantinha o Othon do lado de fora, meu olhar cruzou com o dele, mas eu desviei o olhar, não queria encará-lo também.

— Eu sabia que você não estava bem, irmã — Pamela falou carregando um olhar triste.

— Podemos terminar de conversar no seu quarto, Pam?

— Claro.

Subimos e antes de perder o contato visual, olhei mais uma vez na direção do Othon e ele me olhava como se quisesse ir até mim, mas eu dei mais um passo e segui para a parte de cima da casa com as minhas irmãs.

— Agora vai falando tudo que nos escondeu, dona Isabela. Não acredito que você estava se sentindo sufocada e não se abriu com a gente — Nathy falou parecendo irritada e carinhosa ao mesmo tempo.

Fechei meus olhos me preparando para contar tudo para elas e quando os abri já com eles lacrimejando contei sobre como o Pietro estava me tratando, sobre nosso sexo sem graça, sobre ele ter gritado comigo diversas vezes e ficando sempre contra mim, sobre não querer ter filhos e nessa hora eu chorei, mas continuei falando também sobre a falta de apoio constante em tudo que eu me propunha a fazer e o quanto ele me podava em tudo, inclusive na cozinha que elas sabiam que era algo que eu amava, enfim, contei sobre a pressão psicológica que eu estava sofrendo.

— Não acredito que você estava aguentando isso tudo e por todos esses anos e nunca conversou abertamente com a gente como está conversando agora — Nathalia falou e se levantou da cama da Pam em que estávamos sentadas e ficou andando pelo quarto, impaciente.

— Desculpa, não fica brava comigo, mas eu não conseguia e foi por isso que me senti tão sufocada, pois nem com vocês eu conseguia me abrir, por isso fugi naquela noite.

Ela riu sem vontade.

— Não estou brava com você, meu bem, estou com raiva do seu marido, aquele traste.

— Você sabe que está vivendo em um relacionamento abusivo, , Isa? — Pamela disse e pegou na minha mão.

— Não, gente, mas ele nunca me bateu.

Nathalia mais uma vez riu e disse irritada.

— E ele nem é louco e você é bem instruída, não é possível que não veja o quanto ele está abusando psicologicamente de você e na verdade eu nem sei como ele não te proibiu de falar com a gente.

Dei de ombros sem saber o que responder e notei que ali naquele quarto, as minhas irmãs estavam divididas. Pamela tentando me consolar e a Nathalia pensando em matar o Pietro e eu via isso em seu olhar irado.

— Isa, aí aquela noite você e Pietro brigaram como já tinha nos contado, ? Você foi para o chalé e ficou essas semanas no seu quarto. Em que momento apareceu esse novo homem por quem você está apaixonada, foi antes ou depois da sua fuga? — Pamela perguntou para tirar o foco do abuso psicológico do meu marido, notando que isso estava me deixando desconfortável.

— Quando eu decidi sumir naquela noite que o Pietro me deixou sozinha ao invés de me acalmar depois do ocorrido com o carro, eu não queria mais voltar, então fiz o plano de momento, sem pensar muito e saí, nem pensei no perigo que eu estava correndo, mas depois que fiquei lá aqueles dias... Eu não queria mais voltar. — Sorri.

— Conheço esse sorriso, conta tudo... — Pamela disse parecendo empolgada.

— Vai, conta que a minha raiva está até sendo trocada por curiosidade — Nathalia falou, sentando-se novamente.

Mordi o lábio sorrindo e pensando em como começar.

— Como sabem... O Othon foi atrás de mim para me proteger....

— Para tudoooooo... — Pamela falou com os olhos arregalados e sorrindo.

— Mana, vai me dizer que está apaixonada pelo seu segurança! — Nathalia estava muito empolgada.

Ri, balancei a cabeça em positivo e tampei o rosto com as mãos. Empolgadas e admiradas as duas destamparam o meu rosto e me fizeram contar tudo e aí desandei a falar e sem parar contei tudo sobre como aconteceu, desde o primeiro dia que eu o vi até como estávamos naquele momento, falei sobre o modo como ele me tratou em momentos que o meu marido me destratou, como me ouviu e como com ele consegui me abrir.

— Você contou sobre o seu relacionamento para o segurança e não contou pra gente? — Nathalia perguntou, franzindo as sobrancelhas.

Ri.

— É que... sei lá... Acho que por ele ter presenciado o modo como o Pietro estava me tratando ou por ele ter problemas também... Não sei.

— Para de querer ser o centro das atenções, Nathy. Continua, Isa. — Nathalia riu com o que Pamela disse e a empurrou em sinal de brincadeira. Rindo, ambas me mandaram continuar.

Continuei a falar sobre o modo como Othon me protegia e não por ser meu segurança e sim por que se sentia bem em me proteger, como ele era atencioso, me escutava e entendia e o mais importante, contei como ele me apoiava.

— E o melhor é que ele parece ser tão... gostoso, , irmã? — Pamela perguntou, com um olhar interessado e eu sabia que ela queria saber detalhes íntimos.

— Vocês não fazem ideia.

E então contei do sexo e dos dias românticos no chalé, senti o sorriso no meu rosto e minhas irmãs me acompanhavam sorrindo também, porém quando falei como eu estava me sentindo naquele momento sem ele, sem falar com ele há dias e como isso estava me mantando, o sorriso sumiu dos nossos rostos. Falei sobre o meu casamento e o quanto eu estava sendo covarde e escolhendo pelo seguro ao invés de escolher o que me fazia feliz.

— E foi assim — concluí, triste, depois de contar como eu e Othon havíamos chegado até a casa da Pamela, ambos no mesmo carro e sem trocar uma palavra durante todo o caminho.

— Parece história de livros de romance — Pamela falou e só faltou suspirar.

— Está mais para um drama. — Olhei para as minhas mãos. — Como vou largar meu marido para ficar com o meu segurança?

— O marido abusivo pelo segurança que te trata como uma princesa? — Nathalia perguntou com toda a sua sinceridade de sempre e arqueando uma sobrancelha. — Acho uma troca bem válida.

— Não sei se ele é abusivo... — defendi Pietro, Nathalia revirou os olhos e eu continuei: — Talvez ele só esteja passando por um momento turbulento por conta da ameaça, mas logo ele vai voltar a ser o que era.

— Isa, será que o Pietro já não tinha mudado antes de tudo isso acontecer e só agora que você está notando? — Pamela perguntou.

Fiquei em silêncio e me lembrei de todas as nossas intermináveis conversas sobre filhos e já fazia tanto tempo, antes mesmo de toda a história da ameaça começar e com a lembrança e a constatação de que a minha irmã estava certa, soltei um suspiro cansado que demostrou todo o meu esgotamento.

— Dê mais um tempo e não se force a decidir nada, Isa. Logo tudo vai se resolver — Nathy falou com um olhar triste.

O dia passou rápido e por ver a minha tristeza minhas irmãs tentaram me animar e passamos uma deliciosa tarde entre irmãs, no meio tempo que estivemos no quarto da Pamela eu pedi para que ela visse algumas vezes como Othon estava e quando ela voltava me acalmava dizendo que ele estava bem, tinha almoçado e que ela havia deixado água para ele como eu fiz da outra vez.

Era por volta das quatro horas da tarde, estava na hora de ir embora e só de pensar em voltar para a mansão meu coração parecia que estava sendo apertado no meu peito. Saí do quarto da minha irmã e ao descer a escada logo avistei as costas do Othon que estava ainda vigiando tudo e ele era tão profissional que mesmo com a ameaça, eu me sentia completamente segura com ele ali.

Minhas irmãs me cutucaram ao vê-lo e pareciam duas adolescentes, fomos em sua direção e já ao seu lado, falei:

— Já encerrei aqui e podemos ir, Othon. — Ele mal me olhou, assentiu e se posicionou ao lado do carro.

Despedi-me das minhas irmãs, que me abraçaram forte e me asseguraram que tudo ficaria bem, depois me dirigi ao carro para entrar no banco de trás, mas antes que eu entrasse completamente, ouvi a Nathalia falando para o Othon de maneira sugestiva:

— Cuida dela, Othon, sabemos que você sabe fazer isso melhor do que ninguém. — E com essa frase ela conseguiu tirar de mim um sorriso e vi no rosto dele um pequeno, quase imperceptível, sorriso, mas que eu consegui notar quando se virou para entrar no carro.

Acenei para as minhas irmãs enquanto o carro saía de ré da garagem e Othon tinha toda a sua atenção voltada para aquele momento de tensão e não notou que minhas irmãs faziam sinais de positivo que indicavam que elas o aprovavam e eu sorri.

Quando o carro já estava acelerando na rodovia que levava de volta para a mansão, notei que se eu não dissesse nada, Othon também não diria, ele estava me dando espaço e me deixando no controle de tudo, então falei a primeira coisa que me veio à cabeça, na tentativa de começar uma conversa:

— Othon, vou conectar o meu celular com o rádio do carro. Você pode, por favor, ligá-lo?

Ele apenas assentiu e quando notei que já podia colocar a música, pensei em qual colocaria e a primeira que me veio à cabeça foi a do Shaw Mendes que ouvimos no chalé, então Fallin' all in you começou a tocar e pelo retrovisor vi Othon engolir em seco, talvez por recordar tudo que aquela música nos lembrava, então juntando toda a minha coragem, comecei a falar:

— Contei para as minhas irmãs sobre... nós. — Ele me olhou pelo retrovisor. — Eu sei que já faz tempo e talvez você nem pense em nós como...

— Penso em nós a cada segundo do dia e parece que tudo que vivemos lá foi um sonho — me interrompeu dizendo tudo de uma vez, focado na estrada e com olhar sério.

— Othon, eu não sei o que fazer, eu sei o que eu quero, mas não sei como.

— Não estou te cobrando nada.

— Eu sei e você só se torna mais perfeito por isso. — Ficamos em silêncio por alguns minutos até que falei: — Para mim também parece que tudo que vivemos foi um sonho e eu só queria... repetir.

Ele permaneceu em silêncio, mas vi quando respirou fundo como se quisesse dizer algo e se freou, depois seguiu em silêncio o resto do caminho, enquanto eu me senti péssima por ter dito que queria repetir tudo que vivemos quando eu ainda estava com o Pietro, mas era a verdade, o que eu mais queria naquele momento era voltar para o chalé e nunca mais sair de lá.

Me peguei pensando no que estava me segurando ao Pietro e não magoá-lo em um momento em que ele já estava vivendo uma grande tensão era o que estava pesando na minha decisão, pois amor já não existia e ficar perto do Othon só deixava isso ainda mais em evidência, porém, também tinha o medo. Medo dos julgamentos, medo de não conseguir me manter, medo de o Othon não sentir o mesmo e com a mesma intensidade que eu e o medo de Pietro e seus pais terem razão e eu só ser mesmo o enfeite que eles diziam que eu era e nada mais.

Viramos a esquina para entrar na rua da mansão e era como se o meu tempo com o Othon estivesse acabando, com essa sensação me sufocando comecei a pensar em dizer algo a ele para ao menos ouvir um pouco mais da sua voz, entretanto no momento em que respirei fundo e tomei ar para começar um assunto, o notei tenso, percebi que diminuía a velocidade do carro e falou como se respondesse o seu rádio de comunicação:

— Acabei de ver. É um sedan preto e está parado do outro lado da rua. Ok. Vou dar outra volta.

— O que está acontecendo? — perguntei, preocupada e com medo por notar que algo não estava certo.

— Um carro suspeito parado na frente do portão da mansão, mas fica calma, eu não vou deixar que nada aconteça com você.

Fiquei apreensiva, mas por mais incrível que pudesse parecer, eu me acalmei, então Othon virou em uma rua antes de chegarmos na mansão e demos uma volta no quarteirão. O vi conversar com alguém pelo fone, eu acreditava ser o Jackson, que informou que o carro já tinha saído de lá e podíamos voltar, então Othon fez um retorno, voltamos novamente para a rua da mansão e quando entramos nela, realmente não tinha nem sinal do carro que estava lá anteriormente.

Othon estava muito compenetrado e prestava atenção em cada movimento a nossa volta, sua mão ia seguidas vezes na pistola que estava pousada estrategicamente no guarda-volumes entre os dois bancos, de modo que ele podia sacá-la imediatamente a qualquer ameaça eminente, porém tudo estava tranquilo.

O portão grande e de ferro da mansão se abriu e passamos com o carro por ele que se fechou em seguida, fazendo com que Othon respirasse parecendo aliviado, mas ainda assim eu o notei em estado de alerta.

O carro andou pela curta estrada de paralelepípedo da mansão e paramos em frente à porta da frente, desci do carro e Othon veio ao meu lado para se certificar se eu estava bem, mas no mesmo instante em que ele ia dizer algo, um movimento em frente ao portão chamou nossa atenção e quando olhamos, a mais ou menos duzentos metros Jackson vinha andando e logo atrás dele um objeto cilíndrico voou por cima do muro e saltitou algumas vezes, quicando no chão. De dentro dele saía uma fumaça escura e foi então que em segundos tudo aconteceu: Othon percebeu o que era, me abraçou e imediatamente me puxou para atrás do carro, no instante seguinte um barulho muito alto de algo explodindo tomou conta do meus ouvidos, fazendo com que eu me encolhesse de medo, me apertando de encontro ao peito do Othon e com o susto ele também me apertou em direção ao seu corpo e ficamos alguns segundos assim em meio a fumaça.

— Você está bem? — perguntou, se afastando de mim e passeando o olhar pelo meu corpo para se certificar, eu balancei a cabeça em positivo e com o olhar assustado.

Othon se levantou e observou em volta o espaço que ainda estava cheio de fumaça e mais à frente avistou o Jackson vindo e segurando o braço.

— Vem — falou, me pegando pela mão e se mantendo bem perto de mim.

Subimos os degraus que levava até a porta da frente da mansão e quando entramos, imediatamente avistamos minha sogra que descia as escadas como se nada tivesse acontecido, estava mais como se quisesse ver o que foi o barulho, junto com ela um dos seguranças extras, descia com a arma em punho. Da cozinha vinham Maísa e Selma com olhares ainda mais assustados.

O segurança instruiu minha sogra a se juntar a Selma e Maísa e imediatamente as colocou atrás de uma parede sem janelas.

— Fica com elas que eu vou ver o Jackson — Othon falou calmo, mas em alerta me mandando ficar junto com as outras mulheres. Antes de sair me olhou mais uma vez como se quisesse se certificar que eu estava bem.

Não demorou muito ele voltou conversando baixo e em tom sério com o Jackson, que tinha um corte na sobrancelha e um fio de sangue escorria por seu rosto, no braço tinha um rasgo no terno que expunha que seu braço também estava machucado e sangrando. Ao ver meu olhar assustado para o segurança machucado, Othon disse:

— Está tudo sob controle, estamos fazendo a varredura na propriedade. Maísa, você consegue pegar o material para fazer um curativo e desinfetar os machucados do Jackson?

Maísa assentiu e saiu.

— Você está bem Jackson? — perguntei.

— Sim, foi só os estilhaços da bomba que me atingiram.

— Bomba? — perguntei, alarmada e Othon olhou sério para ele.

— Foi uma bomba caseira, de baixa intensidade, nada com que vocês precisem se alarmar, provavelmente foi só para assustar — garantiu, falando sério, mas já era tarde e eu sentia todo o meu corpo tremer com a ameaça se tornando cada vez mais real. 

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