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Capítulo 14


Capítulo catorze

Dois dias tinham se passado desde a última quimioterapia e eu não estava aguentando de dor de cabeça. A dor também me fazia ficar irritada e sem paciência.

Entre Mateus e eu estava tudo bem e por isso eu tinha decidido sair de casa para andar e tentar esquecer a dor que estava martelando a minha cabeça. Desci as escadas e após passar pela sala encontrei a dona Zilda escolhendo feijão.

— Melhorou da dor, minha fia?

— Não, mas estou cansada de ficar no quarto, vou ver se andar lá fora e tomar um ar faz com que diminua um pouco esse desconforto.

— Vai lá, se precisar de mim é só me chamar.

— Obrigada. — Dei um beijo na cabeça dela e saí.

Fui andando devagar e o dia estava fresco e com nuvens no céu que encobriam o sol. Eu havia ficado no quarto nos últimos dois dias e meu único programa tinha sido ver filme com o Mateus, então sair para andar, mesmo com dor de cabeça, era algo que me fazia bem.

Passei pelo estábulo e vi alguns funcionários trabalhando, inclusive o pai do Mateus que acenou com a mão para mim e eu respondi seu gesto. Andei mais um pouco e cheguei no lago, o lugar que me trazia lembranças boas do primeiro beijo que dei no Mateus.

Sentei-me em uma grande pedra que estava no chão e ao me abaixar a minha cabeça latejou, na tentativa de acalmar a dor eu coloquei a mão na têmpora e fechei os olhos até passar aquela sensação de que meu cérebro estava querendo sair do crânio, então depois que a dor amenizou eu olhei em volta e o barulho de passarinhos cantando era presente ali e algo que eu gostava de apreciar, mas naquele momento com tanta dor misturada com irritação, até aquilo estava me irritando.

Comecei a olhar em todo o entorno do sítio e quando olhei ao longe na estrada que ia do portão à casa, vi no começo da estrada, Mateus andando com uma moça.

Como estava longe eu não consegui ver muito bem quem era, mas conforme foram se aproximando da casa, vi que eles pareciam bem íntimos, gesticulavam bastante e sorriam enquanto conversavam.

Vi quando Mateus a deixou próxima à casa e deu um beijo no que parecia ser em seu rosto e ela entrou, depois ele desceu a estrada andando até entrar no estábulo e eu perdê-lo do meu campo de visão.

Eu estava a mais ou menos uns trezentos metros e não consegui enxergar muito bem, mas o ciúme começou a borbulhar dentro de mim e imediatamente a imaginei milhares de possibilidades sobre relação entre ele e aquela moça e todas era que Mateus e tinham algum relacionamento amoroso com ela.

Comecei a fazer diversas especulações malucas, pensei nas vezes que ele tinha ido até a cidade sozinho e não havia me contado ao certo o que tinha ido fazer, pensei que se caso fosse alguém com quem ele tivesse algo, seria bom eu saber logo, pelo menos eu poderia cuidar da minha doença e ele seria feliz com outra pessoa, afinal, não era isso que eu queria? Dar um fim na nossa relação e deixá-lo livre para namorar alguém saudável?

E minha cabeça latejava.

Não! Não era isso que eu queria.

Eu estava olhando o lago, fazendo mil e um planos para que quando ele me contasse que estava com outra, eu agisse da melhor maneira e não demostrasse a minha raiva, ciúme e frustração, porque ele tinha o direito de seguir. Foi quando senti duas mãos fechando meus olhos e imediatamente coloquei as minhas mãos sobre elas e as tirei para ver quem era, logo vi que Mateus quem estava ali, sorrindo para mim.

— O que está fazendo aqui sozinha?

Ele chegou no meio da minha paranoia eu não fui muito gentil e nem respondi a sua brincadeira.

— Quero ficar sozinha.

Ele me olhou espantado e estranhando o meu mau-humor.

— Se estou te atrapalhando eu saio. — Ergueu as mãos em rendição.

— Claro para você é fácil mesmo se afastar de mim e partir para outra.

Olhei para ele, mas imediatamente mudei meu olhar de direção, pois vi que Mateus franziu a testa em desentendimento e notando que a minha fúria repentina era destinada a ele, me perguntou:

— Te fiz alguma coisa? Quer conversar?

— Não, estou bem, mas talvez você queira conversar com quem quer que seja a mulher que você deixou na minha casa.

Ele juntou as sobrancelhas sem entender, até que pareceu lembrar e juntar os pontos, então se abaixou perto de mim e disse:

— Você está com ciúme da Nádia?

— Não sei quem é Nádia e não estou com ciúme. E quer saber, eu não estou mais nem aí para você, você tem mesmo que ficar com alguém saudável do que ficar com alguém doente como eu. — Mateus me olhou estranhando o tamanho da minha raiva.

— Do que você está falando, Liara?

Levantei rapidamente, minha cabeça pulsou e eu parei por alguns segundos com a mão na têmpora, fiz apenas uma careta e depois segui andando.

— Ei, espera! — Mateus pegou no meu braço para me parar e tinha estampado no seu olhar o quanto ele estava sem entender por que eu estava tão irritada. — Por que está tão brava?

— Me solta! — falei e ele se irritou também.

— Tudo bem, eu te solto e cansei dessa loucura. Você usa o câncer para me afastar, usa da sua doença para me ferir e agora do nada está irritada por algo que eu nem sei o porquê. Grita comigo, me pede para ficar longe e em sequência me pede para dormir com você. — Ele gritou comigo e eu nunca havia chateado tanto assim o Mateus e ele nunca havia levantado a voz para mim.

Tentei segurar meu queixo que começou a tremer com um choro doído que queria me atingir por ter me irritado por algo tão sem sentido e com isso ter conseguido tirar o Mateus do sério, então engolindo para não chorar e sendo vencida pelos meus olhos encharcados eu respondi:

— Eu não uso o câncer.

— Você usa! E também me usa da maneira que deseja. — Ele soltou o meu braço, virou-se de costas e passou as mãos nos cabelos.

Suas palavras doeram e falei:

— Me desculpa...

— Você é assim e... me afasta briga comigo e depois pede desculpas...

Eu estava com os olhos marejados, confusa e sentindo a minha cabeça pulsar com a dor.

— Não sei por que... estou tão irritada... Eu estou com dor e... Me desculpa.

Confusa me virei e saí andando quase correndo pela estrada que levava para a casa.

— Espera, Liara.

Ouvi o Mateus falando atrás de mim, mas não parei e corri para longe dele segurando o choro, sentindo a minha cabeça doer muito e arrependida de ter saído de dentro do quarto.

Quando cheguei na cozinha, encontrei com a mulher com quem Mateus havia conversado e dona Zilda me apresentou como filha da sua amiga que havia ido ao sítio levar algo que ela havia pedido. Me sentindo ainda mais culpada eu a cumprimentei com um sorriso sem graça, mas provavelmente meu rosto deixou evidente que eu não estava nada bem, pois dona Zilda perguntou:

— O que você tem, Liara? A dor aumentou?

— Um pouco, vou para o meu quarto tomar remédio e tentar dormir.

— Já sabe, se precisar de mim me chama.

bom. — Sorri para ela e subi para o meu quarto.

Chegando lá pensei o quanto eu estava ficando desequilibrada por algo sem sentido, briguei com o Mateus por uma mulher que nem estava ali por causa dele.

Lembrei-me o quanto Mateus realmente tinha ficado bravo comigo, relembrei seus gestos e tudo que ele havia me dito, cada palavra martelava na minha cabeça e doía, principalmente sobre a que eu estava o usando. Pensei em seu olhar sem paciência e eu mereci vê-lo tão irritado e por mais que ele dissesse que eu sempre pedia desculpas, era o que eu podia fazer depois das burradas que eu fazia... pedir desculpas, porém, naquele momento eu tive que me deitar e tentar dormir, já que a dor de cabeça estava me matando e a dor insuportável não me deixava nem ficar consciente.

Horas ou sei lá quanto tempo depois, acordei e a dor de cabeça estava ainda mais forte. Olhei para a sacada do meu quarto e ainda estava claro então pensei não ter dormido nada e por isso a dor ainda estava insistente.

Quando me mexi para me virar na cama, meu corpo formigou todo, estava muito quente e eu me sentia com frio, eu estava tremendo o que me fazia pensar que eu estava com febre.

Com dificuldade peguei meu celular e liguei para o Mateus, mas a chamada caiu na caixa postal, tentei de novo, chamou e caiu na caixa postal novamente, então enviei uma mensagem:

"Sei que ando pedindo muitas desculpas, masss... me desculpa? Eu sou uma burra, irritada e confusa e não estou bem"

Liguei a TV e ainda com sono esperei a resposta dele, vi que tinha visualizado a minha mensagem, mas não respondeu e me doeu.

Sem conseguir me manter acordada adormeci de novo, me escondendo debaixo da coberta, mesmo sabendo que se fosse realmente febre eu não devia estar me cobrindo, mas eu estava tremendo de frio. Muito frio.

Algum tempo depois ainda sonolenta e suada, acordei com o barulho da dona Zilda falando com o Mateus dentro do meu quarto:

— Por que você não atendeu na hora que ela ligou? Você é um irresponsável!

— Eu não sabia, mãe. Achei que apenas íamos brigar de novo.

Olhei novamente para a janela e dessa vez estava escuro o que indicava que eu devia ter dormido horas. Abri os olhos piscando com a dificuldade de enxergar com a claridade da luz do quarto.

— Liarinha, vim ver como você estava e quando coloquei a mão na sua testa percebi que você estava muito quente. Vamos colocar o termômetro para ver a sua temperatura?

Assenti e dona Zilda colocou o termômetro, mas disse:

— Nem preciso esperar tenho certeza que você está com febre.

Ela foi procurar uma roupa para mim e Mateus me olhava angustiado.

— Vou levá-la ao hospital. — Ele andava de um lado para o outro no meu quarto e estava completamente alterado, dava para ver a preocupação em seu olhar.

O termômetro apitou e dona Zilda parou de mexer nas minhas roupas para ver quanto estava e quando tirei o termômetro notei que estava mais de trinta e nove graus.

Fia, você precisa tomar um banho, você está ardendo em febre.

Imediatamente dona Zilda tirou a coberta de cima de mim o que me deixou com mais frio.

— Estou com muito frio. — Eu queria chorar.

— Você está queimando em febre. Vamos, vou te levar para tomar banho para que abaixe um pouco a temperatura enquanto a minha mãe arruma tudo e depois vamos logo ao hospital — Mateus falou, com a voz suave e preocupada.

Sentindo muito frio e com o corpo formigando, me levantei e fui para o banheiro amparada por ele que me ajudou a tirar o vestido que eu usava e notei que dona Zilda nos observava, mas não disse nada e continuou a procurar uma roupa para mim. Eu estava me sentindo tão cansada e com o corpo tão debilitado pela febre, que nem me importei com a situação de ficar sem roupa na frente do Mateus e sua mãe nos vendo.

Ele me ajudou a prender o cabelo e abriu o box para eu entrar, a água morna, quase fria, caiu pelo meu corpo enquanto eu estava encolhida com os braços na frente do corpo tentando conter a tremedeira e a água era como agulhinhas me perfurando.

Mateus tinha seu rosto sério e após alguns minutos saí do banho e ele passou a toalha sobre os meus ombros e ajudou a me enxugar em seguida. Quando a toalha passava sobre a minha pele febril era como se fosse uma lixa e eu sentia um desconforto e a careta era inevitável.

— Você vai ficar bem, ? — Mateus disse mais para ele do que para mim e eu assenti.

Depois fomos para o quarto e encontramos com a sua mãe colocando a minha roupa sobre a cama e só aí percebi que ele notou que estava íntimo demais de mim e saiu do quarto dando espaço para ela me ajudar.

Dona Zilda me ajudou a passar a perna pela calcinha, pois quando eu me abaixava a minha cabeça pulsava e doía ainda mais, depois quando eu já estava vestida ela colocou o termômetro em mim novamente, constatando que tinha baixado um pouco a febre, mas quase nada, e ela torceu a boca em desagrado por eu ainda estar quente.

— Vou ligar para os seus pais e dizer que Mateus vai te levar ao hospital.

— Não os preocupe com isso, por favor — falei com a voz trêmula.

— Liarinha, se fosse eu no lugar deles ia querer saber de exatamente tudo que acontecesse com o Mateuzim, então eu vou ligar sim. — Sem esperar a minha resposta ela saiu do quarto para avisá-los, Mateus entrou e ficamos sozinhos.

Ele tinha um olhar solidário e até mesmo culpado.

— Você está com muita dor? — perguntou, engolindo em seco e como se na verdade não quisesse saber a resposta. Eu apenas balancei a cabeça em positivo, já que até em falar a minha cabeça doía.

Andei até a minha penteadeira e comecei a pentear o meu cabelo.

— Deixa que eu faço isso.

Mateus pegou a escova da minha mão e começou a passá-la bem de leve nos meus cabelos e eu fiquei de olhos fechados.

— Faz tempo que você está se sentindo mal? — me perguntou e eu o encarei pelo espelho.

— Desde a hora que acordei, mas a dor foi aumentando durante o dia. Eu te liguei quando achei estar com febre.

Ele balançou a cabeça em positivo.

— Desculpa não ter atendido, eu estava... — Fechou os olhos. — Eu tinha que ter te atendido.

Com isso notei que ele não atendeu, pois estava com raiva de mim.

— Eu agi como uma louca e não tinha nem motivos e nem direito de agir daquela forma. A moça podia ser sua namorada ao invés de uma amiga e eu não tinha direito de agir como louca... e ciumenta. — minha fala saiu lenta e baixa e coloquei a mão na cabeça por causa da dor latente que insistia em me atacar.

— Não fala... está tudo bem... só fica quietinha. — Assenti. — Vamos?

Mateus me pegou no colo sem me perguntar se eu conseguia andar e quando ele pediu para que eu colocasse meu braço em seu pescoço, não relutei e fiz o que ele me pediu, pois eu estava realmente me sentindo bem cansada para descer as escadas e sabia que a cada passo a minha cabeça ia pulsar com a dor.

Descemos até a sala, Mateus me colocou no sofá e quando encontramos dona Zilda, ela nos avisou que meus pais estavam vindo e me encontrariam no hospital.

— Dona Zilda, liga de novo para eu dizer a eles que não deve ser nada e que depois que eu passar com o médico eu ligo para contar tudo e aí eles não precisam vir.

— Liara, deixa que eles venham, tenho certeza que vão se sentir melhor em saber que não é nada aqui do seu lado, do que lá da cidade.

Assenti, me levantei para ir para o carro e mais uma vez Mateus veio me pegar no colo, mas dessa vez eu o parei, pois não queria abusar da sua boa vontade de ficar andando comigo no colo.

— Eu vou andando.

— Eu te levo.

Mateus me pegou no colo novamente, andou comigo nos braços e eu deitei a minha cabeça em seu ombro no percurso até ele me colocar no carro. Mesmo com as dores pelo meu corpo, enquanto ele me carregava eu consegui sentir seu cheiro e isso foi como um pouco de cura e até me fez esquecer a dor por um instante e com a cabeça encostada em seu ombro eu até me senti feliz por ao menos aquele momento me proporcionar um pouco do prazer de ficar pertinho dele.

Dona Zilda foi até o carro com a gente e disse com um olhar piedoso, depois que Mateus me colocou sentada:

— Não vai ser nada, , fia? Vou ficar aqui rezando.

— Obrigada, dona Zilda.

Ela fechou a minha porta ainda com um olhar preocupado e carinhoso em seu rosto, depois destinou seu olhar ao Mateus e disse:

— Me liga me mandando notícia, que eu não vou dormir enquanto não souber dela.

Ele respondeu que logo ligaria e partimos com o carro para o hospital. No caminho o silêncio tomou conta do ambiente ele sentindo-se culpado e preocupado e eu com dor, mas pensando em deixá-lo mais confortável eu pedi:

— Pode, por favor, colocar baixinho as músicas que já ouvimos juntos aqui?

— Claro, mas não vai te incomodar?

— Não, quero pensar em todos os momentos bons que vivi ao ouvi-las e assim esquecer um pouco da dor.

Mateus então ligou o rádio bem baixinho e fui ouvindo e revivendo tudo, com os olhos fechados e abraçada a blusa que eu estava usando, pois ainda sentia frio.

Me lembrei do meu passeio com o Mateus e nós dois felizes no carro, lembrei-me da gente vendo filmes e até das quimioterapias que dividimos o fone de ouvido enquanto esperávamos a hora passar. Cada minuto que eu passei com ele foi maravilhoso, mesmo os que eu me senti indecisa e com raiva.

— Eu sou muito chata — falei de olhos fechados e com a voz tão arrastada que mais parecia um gemido. — Você precisa de um troféu por me aguentar. — Ele riu.

— Sim, você é e preciso mesmo ganhar um troféu, mas eu te aguento. — Tentei sorrir, mas a dor não dava trégua, então só estiquei os lábios.

— Se eu morrer você vai sentir falta de todo estresse que eu te causo.

Ele ficou em silêncio.

— Por mais que eu goste de sossego, se você morrer eu morro também. Me acostumei com o estresse que você me causa. Vai ser um tédio sem você e vou morrer de dele. — Fiquei em silêncio e mais uma vez tentei mexer os lábios com o que parecia ser um sorriso.

— Mateus, chegando lá se você achar que está cansado e que precisa ir, fica à vontade para me deixar no hospital, logo a minha família vai chegar. Não quero que pense que estou te usando... usando o câncer ou seja da maneira que for... sei lá... nunca foi minha intenção.

Pegou a minha mão, eu abri os olhos e vi que ele continuou olhando a estrada.

— Eu vou ficar sempre... e... — ele engoliu parecendo arrependido pelo o que tinha dito mais cedo. — Sei que você não me usa.

Ele era um verdadeiro príncipe e como eu tinha dito, um príncipe paciente demais comigo.

Chegamos ao hospital e fui rapidamente atendida no centro oncológico, lá para a minha tristeza os médicos disseram que eu ficaria internada para mais exames e assim foi: fiz ressonância para verificar uma possível metástase no cérebro, que logo foi descartada e vi o alívio do Mateus ao ouvir essa notícia, depois fizeram diversos exames de sangue, urina e tudo que pudesse detectar uma possível infecção que estivesse causando a febre.

Mateus ficou a todo tempo ao meu lado e conversava com os médicos como se fosse meu marido ou meu pai e enquanto eles o explicavam sobre a doença, o que estava acontecendo e o que podia acontecer, Mateus os olhava atento e fazia perguntas tirando todas as dúvidas que surgia.

Depois de fazer os exames voltei para o quarto onde eu ficaria internada esperando os resultados e tomando os medicamentos para dor e para a febre. Algum tempo tomando os medicamentos eu já me sentia melhor e a febre até já tinha baixado.

Minha médica apareceu um tempo depois e com toda a sua paciência e calma me explicou que o que eu estava sentindo podia ser apenas os efeitos colaterais da químio. A contei sobre a raiva e a irritação sem motivo com que eu estava naquele dia mais cedo e ela explicou que a irritabilidade, ansiedade e oscilações de humor também fazem parte dos efeitos colaterais. E quando ela disse isso olhei para o Mateus e o pedi desculpas com o olhar e um sorriso envergonhado.

Com tudo, minha médica me acalmou, mas mesmo me deixando mais tranquila quanto a febre repentina e a dor de cabeça, ela foi responsável e disse que era melhor que esperássemos o resultado de todos os exames para saber ao certo.

Depois que a médica saiu, Mateus continuou ao meu lado mesmo eu estando me sentindo melhor e sentado na poltrona ao lado da cama que eu estava, ele segurava a minha mão e eu me senti na obrigação de liberá-lo:

— Mateus, não precisa ficar aqui comigo, pode ir descansar que logo meus pais estarão aqui.

— Eu não vou a lugar algum. — Ele me encarou e tinha um olhar triste. — Liara... — engoliu em seco escolhendo as palavras. — Agora que estou vendo que você está melhor, eu preciso te pedir desculpa por esse dia, por não ter te atendido, por ter dito coisas que me arrependo... Eu estava bravo...

— Para, Mateus! Você só estava reagindo ao meu efeito colateral de ficar chata, irritada e ciumenta.

Ele riu, ergueu a sobrancelha desconfiado e disse:

— A médica não disse nada sobre ciúme.

— Mas eu tenho certeza que deve ser efeito também, porque eu nunca fui ciumenta.

Ele ficou me olhando com um sorriso lindo nos lábios e nem parecia o Mateus preocupado que estava no meu quarto, com isso me lembrei da dona Zilda nos vendo juntos.

— O que foi que você parou de sorrir?

— Mateus, sua mãe viu você me vendo nua.

Ele deu de ombros.

— Ela já sabe que algo está acontecendo entre nós, só finge não ver e na hora nem prestei atenção nisso, só queria que a sua febre baixasse.

Fiquei pensando no que ele disse e me perguntei no que estava acontecendo entre nós, a resposta foi um grande nada, nada estava acontecendo, pois eu ainda não queria prendê-lo.

— Nada está acontecendo, Mateus, você é livre para fazer o que quiser. — Soltei a minha mão da dele. — De verdade, você devia voltar para a cidade ou devia estar trabalhando com o que você ama, devia estar em um bar com uma linda mulher ouvindo música e sendo esse homem incrível que você é, para alguém que não precisa te prender a um hospital. — Soprei já sentindo a alegria passar.

— Para, Liara!

Respirei fundo.

— Você é saudável, lindo e merece alguém a sua altura que faça aquele sexo incrível e te encha de prazer, que possa viajar, acampar, fazer amor na praia e no carro. — Ri sem vontade.

— Você não entende, ?

Ergui meu olhar para ele.

— Não entendo?

Ele cruzou o braço na frente do peito e sério se encostou na poltrona.

— Sim, você não percebe que eu quero estar com você com doença ou saudável, que você não será um problema para mim e sim eu estarei feliz se puder estar ao seu lado nos momentos bons e ruins. Bem mais que só por sexo ou pelo o que você pode me dar. O amor não quer nada em troca e eu só quero você... — Ele chegou mais perto de mim e pareceu tomar coragem. — Só quero você, Liara, porque... eu te amo.

Franzi a minha testa para a sua declaração e não consegui dizer absolutamente nada, então notando meu silêncio ele continuou:

— Eu te amo desde que éramos crianças. — Ele riu. — Eu cresci tentando fugir desse amor, porque você era a dona da casa grande e eu o filho dos caseiros e sinceramente dei graças a Deus quando você e a Sheila pararam de ir para o sítio, que aí eu parei de me diminuir, mas foi por você que estudei tanto para passar na federal de veterinária.

— Espera, Mateus, eu... — Tampei meus olhos tentando assimilar tudo o que ele estava me falando e eu estava com o coração acelerado. — Eu...

— Te amo. E sabe, é libertador te dizer isso. Senti medo de te perder hoje a vendo debilitada e repensei toda a nossa trajetória cheia de palavras não ditas e eu precisava te dizer que te amo... porque eu te amo e muito.

Eu o olhei e estava com um olhar surpreso e feliz, mas quando eu ia dizer alguma coisa sobre a declaração que ele tinha acabado de fazer, meus pais chegaram no quarto que eu estava e com olhares preocupados foram rapidamente me abraçar, fazendo com que a minha conversa com Mateus fosse interrompida.

Ele se levantou da poltrona ao meu lado e ficou de pé perto da porta, dando espaço aos que tinham acabado de chegar e enquanto eu abraçava meus pais eu o olhava como se não acreditasse que realmente ele tivesse dito que me amava. Mateus estava com as mãos nos bolsos da calça jeans que usava e tinha um olhar aliviado em seu rosto.

Depois de me beijarem, abraçarem e se certificarem de que eu estava medicada, minha mãe perguntou:

— Você me parece avoada. Você está bem mesmo?

— Sim — Sorri. — , estou ótima.

Ela me olhou desconfiada e minha mãe me fez contar tudo desde o início como a dor havia começado, a febre, o que os médicos tinham feito e dito até aquele momento. Contei e depois que meu pai ouviu tudo e viu que eu estava bem ele perguntou para o Mateus como se confiasse nele:

— Mateus, pode me contar tudo o que os médicos falaram?

— Claro — ele prontamente respondeu e meu pai o convidou para tomar um café, mas antes de ambos saírem meu pai bateu na testa e lembrou:

— Meu Deus! Precisamos descer para a Sheila entrar, ela deve estar nervosa lá embaixo. Ela vai nos matar — Olhava com desespero para a minha mãe e ela riu.

— Vai, George, ou ela deve estar querendo matar o segurança que não a deixou entrar por causa do limite de pessoas no quarto.

Todos rimos, imaginando que a Sheila mataria mesmo.

— Mateus, por favor, liga logo para a sua mãe e avisa que está tudo bem — falei.

— Farei isso. — Me lançou um sorriso.

Depois ambos saíram do quarto, mas antes de fechar de vez a porta, Mateus me olhou mais uma vez e esse olhar acertou direto no meu coração e quando ele piscou em meio a um sorriso me fez esquecer os problemas.


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