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Capítulo 13


Capítulo treze

Cheguei do hospital e subi direto para o meu quarto, tomei banho e estava deitada de olhos fechados e completamente tonta, quando os abri novamente ao ouvir alguém batendo de leve e entrando em seguida.

— Desculpa, mas a minha mãe estava ocupada e não podia subir, então ela pediu para eu te perguntar se você quer comer algo ou se precisa de alguma coisa.

— Estou bem, obrigada.

— Quer companhia? — ele perguntou meio receoso.

Pensei sobre deixá-lo ficar ou me manter distante, mas eu queria e precisava dele ali, porque eu estava me sentindo péssima.

— Eu sempre quero a sua companhia — falei de olhos fechados. — , apesar de eu achar que você anda não tendo muita paciência com a minha.

Coloquei o braço sobre o rosto para evitar olhá-lo e ver em seu olhar o quanto ele devia estar me achando uma louca, já que fui eu quem o afastou, depois pediu para continuarmos distantes como estávamos e naquele momento estava ali parecendo desesperada para tê-lo por perto. Mateus sentou ao meu lado na cama e disse:

— Está errada e é você que disse para que continuássemos distantes.

Fiquei em silêncio, pois ele tinha razão, eu o tinha evitado por dias por vergonha, mas depois de vê-lo mais cedo eu só queria mais dele e todo o silêncio que dividimos naquela tarde me deixou triste e carente, então pensando muito e me sentindo mesmo a louca com os sentimentos bagunçados, falei:

— Eu sinto a sua falta.

Ele ficou em silêncio, mas mesmo de olhos fechados eu ouvi o som baixo de uma risada.

— Mulher, você tem o dom de fazer de mim o que quer.

Sorri.

— Eu não. — Dei um tapinha na cama e falei: — Deita aqui também.

Senti ele se levantar, deitar ao meu lado e dizer:

— Você sim e eu não sei como passei tanto tempo sem você, sem ser seu capacho.

Gargalhei.

— Não fala assim ou vou usar dessa informação.

— Me use. — Ficamos em silêncio lembrando tudo que vivemos.

Eu queria mesmo usá-lo.

Ele estava deitado longe e eu sabia que Mateus estava tentando manter a distância entre nós por mim, porque eu havia pedido, mas a cada frase bonita e carregada de carinho que ele me dizia eu só faltava suspirar e querer ficar ainda mais perto dele novamente, esquecendo de novo a promessa contrária.

— Você quase não ficou comigo hoje... na químio. Bom, eu sei que você não tem obrigação nenhuma, mas eu queria você lá. — Como eu ainda estava com o braço nos olhos para evitar ficar tonta, facilitava que eu o dissesse o que eu sentia.

— Eu estava em uma consulta médica.

Tirei o braço de cima dos olhos e o encarei preocupada:

— Você está sentindo alguma coisa? Está doente? — Eu tinha preocupação no olhar, porque não queria que ele também estivesse com problema de saúde e pensar nisso me deixava em pânico.

— Não, estou bem, só tinha algumas dúvidas.

— Ah. — Meu estômago começou a revirar por que levantei a cabeça rápido e por isso voltei a deitar de olhos fechados.

— Fica quietinha aí — falou, balancei a cabeça em positivo e deitei de olhos fechados.

— Com o meu também, Mateus, e eu estava pensando que você anda mexendo mais com o meu sistema nervoso que a própria quimioterapia.

Ele riu alto.

— Você até que está bem, está fazendo graça. E se eu mexo com o seu sistema nervoso você mexe com meu corpo todo.

O que ele disse acertou em cheio em meu coração e eu não consegui não rir, mas mudei de assunto:

— Tinha esquecido, queria saber quem canta a música que você colocou no carro hoje.

— Não é para rir do meu gosto musical, mas eu gosto de todo tipo de música, além de prestar atenção na letra, sendo assim quem canta aquela música é a Sandy, o nome é Morada.

Eu ri.

— Eu amei. Sandy, hein?

— Você para!

Ri, mas eu estava me sentindo lenta e cansada e ainda estava com os olhos fechados.

bom, parei, mas parei porque eu amo Sandy, Sandy e Junior. As músicas fazem parte da minha vida.

— Escuta.

Senti ele se mexer na cama e em seguida começou a tocar novamente a música no seu celular.

Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?
Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?

Não quero reescrever
As nossas linhas
Que se não fossem tortas
Não teriam se encontrado

Não quero redescobrir
A minha verdade
Se ela me parece tão mais minha
Quando é nossa

Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?
Como cortar pela...

O silêncio reinou no quarto, ambos prestando atenção na letra da música, ambos com vontades reprimidas e ambos pensando em seus sentimentos.

Como corto pela raiz o que eu sinto por ele?

Sempre que cortava o que sentia, que me separava, que me mantinha longe, logo esse amor dava um jeito de voltar e me atingir em cheio só de olhar para ele. Como naquele momento.

A música acabou e eu falei:

— Que letra linda.

— Sim.

Sem sabermos o que falar um ao outro ele disse:

— Bom, vou dormir no sofá lá embaixo, se precisar de mim, se passar mal é só gritar que eu subo correndo.

Ele me deu um beijo na testa e se levantou da cama, foi andando até a porta e aí criando coragem abri meus olhos e disse:

— Mateus, dorme aqui comigo? Por favor, eu juro que não vou fazer nada que você não queira.

— Você realmente está cheia de gracinha, acho que essa quimioterapia estava batizada.

Sem discutir ele sorriu, voltou da onde estava e deitou-se ao meu lado.

— Vou cuidar de você, pinguinho de gente.

Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?

https://youtu.be/BDshrXp7LC0

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