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Capítulo 11


Capítulo onze

No domingo mesmo e depois de dormirem, meus pais e a Sheila resolveram ir embora, pois tinham que estar cedo no escritório e preferiram pegar a estrada tarde da noite no domingo a ter que ir bem cedo na segunda-feira.

Já do lado de fora e antes de entrarem no carro, meu pai e minha mãe se despediram com a tristeza característica de todas as vezes que tinham que ir e me deixar. Notei que pareciam sentir-se culpados e tive a certeza quando a minha mãe me disse:

— Filha, eu não quero que pense que estou preferindo o trabalho a você — Ela segurava a minha mão entre as suas e tinha os olhos marejados. — Eu te amo, mas preciso que você entenda.

— Mãe, eu entendo e nunca vou pensar isso. Se vocês ficarem aqui, quem vai me dar essa vida boa? — Gesticulei mostrando o sítio e sorrindo para tranquilizá-la. — Fica tranquila.

Ela sorriu para mim e deu espaço para meu pai me dar um abraço.

— Fica bem e qualquer coisa que sentir, nos ligue. E você, cuida dela, , Mateus? — meu pai falou para o Mateus que chegou no momento que eles estavam saindo.

— Pode deixar comigo, senhor George — respondeu e me olhou, sorrindo.

— E, Liara, vou ver um dia para fazermos o pulo de paraquedas. Não adianta fugir. — Sheila veio de dentro da casa carregando uma mochila e mexendo no celular.

— Pai, me salva dessa.

— Eu não tenho nada a ver com isso.

Meu pai ergueu as mãos em rendição e saiu de perto conversando algo sobre os animais do sítio com o Mateus e com isso, minha irmã me deu um beijo e um abraço para se despedir e disse baixo só para que eu escutasse:

— Eu vou mais eu volto, não sofra. — Eu ri. — E um conselho da sua irmã mais velha, não pense tanto, irmã, e se sentir vontade de se jogar de cabeça, se jogue, porque vai que você dá azar e morre.

Eu ri alto.

— Sempre tão delicada.

— Sim, sou um poço de delicadeza e dengo, mas é sério, para de se boicotar.

— Não estou me boicotando.

— Mas não está se permitindo. Se permita.

Balancei a cabeça em positivo.

bom.

— Eu quero saber do que vocês estão falando — minha mãe disse, com um sorriso feliz.

— Nada de mais, mãe, a Sheila que está criando histórias na cabeça dela.

— Sei... — parecia desconfiada e sorria. — Mas se for o que estou pensando eu aprovo.

Ergui as sobrancelhas para a minha mãe e balancei a cabeça em negativa.

— Não fantasia, mãe, e você para de histórias, Sheila, aposto que você que andou falando demais para a nossa mãe.

— Eu não disse nada... bom, posso ter deixado escapar uma coisinha ou outra.

Elas riram e se olharam cumplices.

Meu pai voltou chamando minha mãe e irmã para irem logo que estava ficando cada vez mais tarde e era por volta das onze da noite quando nos despedimos de vez e os vi saindo do sítio, enquanto mais uma vez eu estava com o coração partido de ficar longe deles.

— Não fica triste, no próximo final de semana eles voltam.

Sorri sem vontade para o Mateus.

— Eu sei, mas para quem morava e trabalhava junto com a família, para mim ainda é difícil ficar sem vê-los uma semana inteira.

— Entendo, mas eu estou aqui.

— Ainda bem que você está.

Ficamos em silêncio, mas eu o quebrei:

— Ei, o que faz aqui? Você já tinha me dito boa noite.

— Seu pai que me mandou mensagem para me passar umas coisas referente aos animais e eu disse que viria aqui conversar com ele antes dele ir.

— Ah, entendi. Você estava dormindo?

— Não, tinha acabado de acordar.

— Eu estou completamente sem sono, dormi um pouco antes e agora estou sem sono nenhum e já vi que vou rolar na cama outra vez.

— Eu também dormi um pouco depois que te deixei aqui e estou sem sono.

— Quer ver um filme comigo?

Mateus me olhou parecendo tentado a aceitar, mas em seu olhar carregava a dúvida se devia ou não, então o falei:

— Mateus... Eu queria muito que esquecêssemos tudo e que voltássemos ao normal. Vamos ver um filme como sempre fazíamos depois das químios. Vamos esquecer o beijo e agir como éramos?

Ele soprou exasperado.

— Tudo bem, vamos voltar ao que éramos antes, mas não me peça para esquecer o beijo, pois eu não vou... nunca.

Fechei meus olhos. Ele me dizia essas coisas e meu coração bobo já batia acelerado pensando que podíamos repetir o beijo se não fosse a minha condição.

— Mateus... não fala assim, porque eu... Não posso... — Abaixei a cabeça.

— Não consigo entender por que não. Você acha que temos uma grande diferença na condição social?

— O quê? não! Se está pensando isso ainda pelo o que o idiota do Alexandre falou, esquece, ele estava com ciúme de você. Além de que você sabe que eu nunca me prenderia a isso.

Ele assentiu.

— Então só me dá um motivo ou diz que não gosta de mim, mas não usa a doença para me afastar.

— Eu gosto de você e por gostar tanto que prefiro não te prender a mim... Bom, vamos mudar de assunto, porque já conversamos sobre isso. Quer ver um filme?

Ele pareceu querer continuar a discutir, mas falou:

, vamos, eu escolho o filme — dito isso ele pegou a minha mão e fomos em direção a entrada da casa.

Íamos assistir ao filme na sala, mas eu estava tão cansada do dia cheio na piscina que só queria ficar deitada, então subimos para o meu quarto e já lá em cima comecei a arrumar a cama com as almofadas, de modo que ficasse bem confortável para nós e vi que Mateus já foi sentar-se na poltrona.

— Nem pensar! Cabe nós dois aqui na cama. Vem.

Ele me olhou como se testasse o convite, mas no fim sorriu e foi para a cama comigo, que era de casal e cabia nós dois com folga.

Ele queria ver filme de guerra e eu queria ver romance, com isso acabamos colocando Pearl Harbor para rodar e assim agradaria aos dois com o filme que tinha os dois gêneros. Eu já tinha visto aquele filme milhares de vezes e não cansava de ver.

O filme era comprido e quando começamos a assistir já era mais de meia-noite, enquanto assistíamos, troquei de posições algumas vezes e depois de um tempo foi impossível não me aproximar do Mateus, era como se ele fosse um imã e quando dei por mim já estava deitada de lado com a cabeça em seu ombro e com ele fazendo carinho no meu braço que estava sobre seu abdômen.

Sinceramente eu quase não conseguia prestar atenção no filme, pois o nosso contato físico ligava todos os pontos do meu corpo e toda a nossa conversa sobre esquecer o beijo se tornava impossível, já que eu não parava de pensar em beijá-lo novamente e em sentir sua boca na minha.

Fechei os olhos tentando me controlar e parar de pensar em como eu queria ter retomado o contato com o Mateus quando eu estava saudável, só para que eu pudesse dá-lo o melhor de mim e aproveitar cada pedacinho dele.

Abri meus olhos quando ele pegou a minha mão e entrelaçou os nossos dedos.

Eu precisava de distância, mas como ficar distante de alguém que eu queria tanto ficar perto?

Lembrei-me do que minha irmã havia falado há pouco e ela tinha razão, pois eu podia morrer a qualquer momento e estava me privando de viver enquanto ainda estava ali.

Suspirei e jogando para o alto tudo que eu tinha dito a ele sobre sermos só amigos, ergui meu olhar o encarando e ele me olhou de volta sem dizer nada, então coloquei a mão em seu rosto, o puxei para mim e o beijei.

Mateus ergueu seu corpo sobre o meu e se apoiou no cotovelo, aprofundou o beijo e colocou a língua em minha boca, o que me fez soltar um pequeno gemido e com a mão na minha cintura ele me puxou para ainda mais perto, enquanto a outra mão foi na minha nuca, com seus dedos se entrelaçando ao meu cabelo e ele agia como se me beijar fosse algo que ele quisesse muito.

Mateus me respeitava muito e mesmo eu o beijando eu sabia que ele estava esperando um sinal de que eu queria mais dele e sendo assim, para mostrar que eu estava querendo mais do que somente beijá-lo, peguei sua mão e coloquei no meu peito por cima da roupa, o que o fez soltar um gemido e mais que depressa, sem desgrudar a sua boca da minha, Mateus colocou a mão dentro do decote do vestido que eu usava e por dentro do sutiã massageou meu seio, enquanto sua boca não parava de me beijar. Até que o puxou para fora separou sua boca da minha e desceu dando beijos no meu pescoço, clavícula e colo até chegar no seio que estava exposto e chupar lentamente meu mamilo, me fazendo arfar com a sensação.

Por um pequeno instante até pensei que eu deveria parar, mas o momento estava sendo tão perfeito que fazia com que eu esquecesse tudo e só o estimulasse a continuar. Eu só queria cada vez mais sentir seu toque no meu corpo.

Sendo totalmente impulsiva, eu me virei sobre ele e o fiz tirar a camiseta e Mateus me olhava como se eu estivesse possuída e sinceramente, eu pensava mesmo que estava completamente possuída pelo desejo ou até mesmo pelo sentimento que ele despertou em mim e era todo dele.

Mateus me tinha, com o modo como vinha me tratando desde quando nos reencontramos.

Movida pela vontade de ser dele, tirei o vestido o passando pela cabeça e o joguei no chão ficando apenas da calcinha e sutiã, com isso puxei Mateus para cima de mim e indiquei que ele tirasse a calça que estava usando e assim ele fez e deitou por cima, com seu peitoral lindo à mostra, que quando o reencontrei admirei antes mesmo de saber que o peitoral era dele.

Mateus me beijava e passava a mão pelo meu corpo, até que me ergueu, desabotoou meu sutiã deixando meus seios totalmente à mostra e ao me deitar novamente sugou um a um enquanto me olhava com desejo e seus olhos transmitiam toda a vontade que ele estava sentindo por mim, assim como o seu pênis duro dentro da cueca preta também me dizia o mesmo.

Eu o puxei para mim e com as mãos uma de cada lado da sua cintura abaixei sua cueca dando a entender que era para que ele a tirasse e imediatamente e Mateus a tirou ficando completamente nu para mim.

Me deleitei com a visão e ele era lindo em toda a sua extensão e tamanho... Fazia algum tempo que eu não via um homem nu e Mateus não era qualquer homem... Era uma delícia de homem.

Mateus tirou a minha calcinha e deitou-se em cima de mim sem me penetrar, ficamos pele na pele, apreciando a sensação de estarmos nus e com desejo um pelo outro e ele estava apoiado nos cotovelos acariciando meu rosto com as mãos uma de cada lado, passando os dedos levemente nos meus cabelos e o me olhando intensamente.

Senti-lo era extremamente excitante, mas notei que Mateus com aquele gesto queria acalmar os ânimos, para que eu repensasse no que estavamos fazendo, então me perguntou com uma voz sexy e sussurrante:

— A gente não tinha combinado que não íamos mais falar sobre o beijo?

— Não estamos falando sobre ele. — Ergui a minha cabeça e alcancei sua boca para dá-lo um beijo rápido, então ele balançou a cabeça em negativo como se eu estivesse o provocando e sentindo-se tentado me beijou com sua língua insistente invadindo a minha boca.

— Podemos apenas ficar assim ou podemos parar por aqui. Não quero que você se arrependa depois, na verdade, estou tentando entender o que deu em você até agora.

Eu o puxei para mim pela nuca e o beijei novamente.

— Eu sei o que você está tentando fazer, mas eu não vou desistir, eu estou querendo você, Mateus.

— Eu quero que você possa pensar com clareza.

— Não vou pensar com clareza com você nu em cima de mim — ele riu sexy demais. — , mas o que eu sei é que ficar perto de você mexe muito comigo, como está mexendo agora e todas as outras vezes.

Ele beijou meu pescoço, sorriu e apertou a pélvis com o seu pênis pulsando e duro de encontro ao meu corpo, então falei sussurrando com a boca colada a dele:

— Eu quero você! Te quero enquanto estou viva e te quero muito enquanto me sinto assim.

Ele fechou os olhos ao me ouvir dizer isso, como se estivesse se controlando e para deixá-lo ainda mais excitado abri as minhas pernas, as enganchei na sua cintura e pedi:

— Olhe para mim. — Ele me olhou sério. — Quero que você me preencha agora e faça amor comigo.

Vi quando ele fechou os olhos se deliciando com o que eu pedi e em seguida começou a se mexer passando seu pênis entre as minhas pernas, até que o segurou com uma mão e me preencheu enquanto me olhava.

Achei que eu fosse estar molhada e ia gemer de tesão quando ele entrasse em mim, mas mesmo ele tendo me penetrado lentamente, o que eu senti não foi prazer, foi dor e me retesei. Sem dizer nada deixei que ele tentasse novamente para quem sabe da segunda vez eu sentisse o prazer que eu estava esperando e quando ele fez o movimento de sair de mim e arremeteu me preenchendo de novo, eu senti dor e foi horrível.

Eu queria tirá-lo de cima de mim, queria parar naquele mesmo momento, entretanto eu havia criado a situação, eu o havia atacado e o estimulado e não queria pedir para que ele parasse, com isso me mantive parada esperando que a dor passasse.

Mateus provavelmente havia notado que eu não estava bem, era claro que ele estava me sentindo completamente seca e na segunda estocada já não estava desconfortável só fisicamente e sim psicologicamente, porque eu imediatamente me culpei por tentar.

Eu estava com vergonha, muita vergonha, além do desconforto.

Eu não devia ter começado aquilo e o expor a uma situação tão desagradável.

Mateus me olhou e ficou parado dentro de mim, eu não conseguia pedir para que ele parasse e quando ele se mexeu como se para testar, eu fiz uma careta com a sensação e uma lágrima escorreu no canto dos meus olhos.

— Liara... — Ele saiu de dentro de mim, com o olhar assustado e ficou ao meu lado.

Tampei meu rosto e eu só queria sumir, mas falei a primeira coisa que me veio à cabeça:

— Me desculpa. — Continuei com as mãos no rosto parecendo uma criança, mas eu não conseguia encará-lo. — Me desculpa, Mateus.

— O que foi? Liara... — Vi seu olhar preocupado.

— Me desculpa por ter tentado.

— Me conta... Por favor. Eu te machuquei?

Balancei a cabeça em negativo e tirei as mãos do rosto enxugando as lágrimas. Me sentei e puxei um lençol para me cobrir, mas eu não conseguia encará-lo.

— Você pode ir embora, por favor.

— Eu não vou a lugar nenhum. Não vou te deixar assim.

— Só vai. — Eu estava chorando muito eu soluçava enquanto o mandava embora. — Por favor.

Nunca tinha passado por aquilo já que eu não tinha tentado fazer sexo com o Alexandre depois da quimioterapia e eu não sabia por que estava acontecendo.

— Eu não vou. — Ele se levantou, colocou a cueca e a calça e voltou para a cama. Sentou-se ao meu lado, depois me puxou para ele e sem resistir eu chorei ainda mais.

— Liara, eu não sei o que aconteceu, mas se eu te machuquei ou o que quer que tenha acontecido... me desculpa... eu estou aqui para o que quer que precise de mim. Podemos resolver... Vamos achar juntos uma solução.

Notei que ele estava em pânico e não sabia o que dizer para me fazer para de chorar e eu fiquei em silêncio, mesmo querendo acalmá-lo eu não sabia o que dizer.

Naquele momento eu entendi que por mais que eu quisesse me sentir viva, meu corpo não permitiria isso e eu não podia levar uma vida normal enquanto eu estivesse com aquela maldita doença, eu não podia ter o Mateus e não o colocaria naquela posição nunca mais.

Adormeci chorando nos braços dele que não aceitou sair do quarto e ficou a todo tempo abraçado comigo. Ele não tentou mais uma vez conversar sobre o que eu estava sentindo, mas notei que ele estava tenso e preocupado se eu estava sentindo dor e antes de dormir eu encerrei o assunto e disse que eu estava bem, então Mateus apenas ficou lá, em silêncio e ao meu lado.

Antes do dia amanhecer acordei, levantei devagar o deixando dormindo na cama e enrolada em uma manta, fui para a sacada do meu quarto olhar o céu que era o que sempre acalmava o meu coração e mesmo naquele momento em que as nuvens encobriam as estrelas, eu fiquei ali sentindo a brisa da noite quase amanhecendo, que tocava meu rosto e fazia com que eu fechasse meus olhos e perguntasse: por que eu?

Engoli o caroço que se formou na minha garganta ao me lembrar da noite anterior e praguejei por ter que passar por aquilo. Eu não gostava de reclamar, não maldizia por estar doente e tentava ser otimista, mas sempre que acontecia algo que me mostrava a minha real condição, eu deixava o desanimo me preencher e até pedia para que Deus me levasse logo para que tudo acabasse de uma vez, pois não bastava estar doente, tinham todos os efeitos colaterais que o tratamento da doença causava e que, às vezes, era pior que a própria doença.

Balancei a cabeça para me desvencilhar dos pensamentos depressivos e fechei meus olhos tentando absorver tudo e pensar em coisas boas. Quando abri meus olhos novamente vi no horizonte em meios as árvores que o sol estava querendo nascer, então agradeci a Deus por um novo amanhecer, pedi perdão por ser ingrata muitas vezes e pedi força, sabedoria e paciência para lidar com tudo.

Inevitavelmente sempre que acontecia algo que não me deixava feliz eu repensava a minha existência e pedia para que Deus me ajudasse a vencer a guerra e me desse de volta a alegria de viver. Respirei fundo e soltei o ar. Eu estava cansada.

No momento em que abri meus olhos senti mãos abraçando minha cintura e eu precisava mesmo encerrar de uma vez por todas o que eu havia começado com o Mateus. Não devia ter me deixado levar, mas foi bom, pois serviu para que eu tivesse certeza de que não daria certo e eu não podia mesmo fazer com que ele passasse por isso.

Me desvencilhei dele e falei sem olhá-lo.

— Eu não quero mais fazer você passar por isso.

— Não é assim...

— Sim, é. Você é saudável, um homem lindo e cheio de vida, não precisa passar por esse tipo de situação.

— Você está muito enganada, Liara, você não me fez passar por nada e eu... Eu estou me sentindo culpado.

— É isso. Eu não quero que tenha esse tipo de sentimento por mim.

— Não é esse sentimento que eu tenho por você, é apenas o sentimento que eu estou agora, o que eu sinto por você é muito maior.

Ele tinha um olhar triste que estava me matando e eu mal conseguia encará-lo.

— Eu não posso te fazer feliz agora, Mateus, e não quero te impor a minha doença.

Voltei para dentro do quarto.

— Para com isso! Você não está me impondo...

— Por favor, Mateus — o interrompi e ele ficou em silêncio com a sua pose característica de quando está sendo contrariado: com a mão na cintura e olhando para o chão. — Eu não consigo passar por isso de novo e também não quero te fazer passar por essa decepção.

— Eu não estou decepcionado, eu estou preocupado com você eu só queria que conversasse comigo para juntos achássemos uma solução.

Olhei e com a voz embargada pelo choro doído, falei:

— Você não merece passar por isso. — Chorei e apesar de eu não querer chorar na frente dele, estava doendo.

— Me deixa te ajudar, fala comigo, me conta o que aconteceu e vamos juntos achar um jeito da gente dar certo.

Ele estava parecendo tão triste.

— Mateus... você me ajuda se me deixar sozinha.

Ele balançou a cabeça em negativo e parecia inconformado, bravo e tentando controlar sua fúria, mas eu via o misto de preocupação, então perguntou:

— Tem certeza que é isso que você quer?

Balancei a cabeça em positivo e sentindo o meu coração apertado por mandá-lo embora quando eu queria mesmo era que ele ficasse comigo.

Mateus foi até a sua roupa e terminou de colocá-la, tinha o rosto sério e parecia triste. Quando terminou de se vestir andou em minha direção e disse:

— Liara... Eu preciso de você...

— Você precisa de uma mulher saudável — o interrompi.

— Não, eu preciso de você.

Eu o encarei sentindo meu peito queimar em ouvir aquela declaração, mas eu não consegui responder que eu também precisava dele, então com os olhos inchados de chorar eu apenas o encarei de volta, sem dizer nada.

— Você quer mesmo que eu vá? — perguntou como se para confirmar o que não queria ouvir.

— Sim. — Olhei para o lado para não o encarar.

— Tudo bem, vou estar com o celular, qualquer coisa que sentir me liga.

Sem esperar resposta ele saiu do quarto nitidamente irritado. 

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