Namorando
Clara
Já está quase na hora de irmos embora e ainda estou com um sorriso no rosto que não consigo controlar, desde que o Fernando fez uma pequena cena de ciúme aqui no bar. Bom, na verdade, não sei se foi ciúme ou ele estava apenas garantindo que ninguém mais desse em cima da amiga/funcionária de foca dele, como diz a Mayara.
— Achei fofo ele com ciúmes. — Laura disse com as mãos espalmadas na bochecha.
— Ele não estava com ciúmes e também não deveria ter feito isso. Aquele rapaz é cliente e ele é o dono.
— Como ele mesmo disse, exatamente por isso ele pode fazer isso. Ele é o dono. — Ela piscou para mim. — Vou embora com o Mateus, o Fernando vai te levar hoje?
— Não sei, ele não me...
— Claro que vou, posso? — Fernando apareceu do nada atrás de mim e me interrompeu.
— Ah, claro... É... Por favor, se não for te atrapalhar. — Gaguejei um pouco, por ter sido pega de surpresa e continuei. — Porque acho que a Laura vai embora acompanhada hoje de novo. — Apontei com o queixo para o outro lado do balcão, onde a Laura conversava com o Mateus.
— Será um prazer te levar.
Sorri para ele em resposta e comecei a organizar meu balcão. Ele ficou me olhando e eu já estava ficando sem jeito, com aqueles olhos sobre mim, até que o João o chamou e ele foi até o estoque.
O dj tocou a ultima música e a casa se esvaziou. Laura me deu um beijo e foi embora depois de arrumar tudo e se certificar de que o Fernando me levaria. Amo essa minha amiga.
Quando não restava mais ninguém, fui até meu armário peguei a minha bolsa e quando me virei, lá estava ele, lindo, com os braços cruzados na frente do peito e me esperando encostado ao batente da porta. Fernando.
— Vamos? — Ele me perguntou com um sorriso perfeito, que até senti meu corpo estremecer.
— Vamos.
Passei por ele e segui para a saída. Quando passamos pela porta da Angels, quem estava lá essa noite era o Cassio e então o cumprimentei sorrindo:
— Boa noite Cassio, bom resto de trabalho.
— Obrigada Clarinha, bom descanso. Boa noite Fernando.
— Boa noite. — O Fernando respondeu seco e com uma cara de bravo que ainda não tinha o visto fazer.
Em seguida ele pegou a minha mão e entrelaçou nossos dedos como se quisesse mostrar para o Cassio que eu estava com ele. Seguimos para o carro e evitei olhar para trás, o Cassio saberia que eu estava transando com o chefe. Quando entramos ele se virou de frente para mim e me perguntou:
— Tenho reparado e o Cassio vive tentando te agradar e conversar com você. Você e ele tem ou tiveram alguma coisa?
— O Cassio? Não. — Fiquei sem entender a pergunta, porque eu e Cassio éramos amigos, mas nunca tivemos nada.
— Que bom.
Ele colocou as mãos uma de cada lado do meu rosto e me puxou para um beijo que tirou o meu folego. A língua dele passeava pela minha boca, enquanto a mão desceu do meu rosto para a minha cintura, me apertou e não consegui reprimir um gemido que saiu pela minha boca. Ele se afastou de mim, me olhou e me disse sorrindo:
— Vamos? — Eu só assenti e olhei para fora da janela. Eu estava sem ar. — Porque se eu continuar te beijando no carro, eu não respondo por mim.
Olhei para ele e sorri sem jeito.
— É meio tarde para conversarmos sobre isso, mas também preciso saber. Você tem alguém?
— Não. Sozinho na pista. — Ele piscou para mim e me deu um sorriso sem jeito.
Seguimos com o carro e ele pegou a estrada contraria de onde eu morava.
— Para onde estamos indo? — Perguntei.
— Surpresa. — Ele pegou a minha mão, levou até a boca e deu um beijo.
Continuamos seguindo com o carro e logo comecei a ver as curvas da serra do mar. Andamos mais alguns quilômetros e chegamos ao topo onde tinha um recuo com um monumento que lembrava um pingo d'água. Ele parou o carro e descemos. Fomos andando até pararmos de frente para um abismo que ao longe víamos o mar e o sol que estava começando a nascer.
Ele me puxou para frente dele e colocou os braços a minha volta. Ele era mais alto que eu, então a boca dele ficava na altura da minha orelha. O sol dava seu espetáculo ao longe, enquanto nós estávamos ali abraçados. Fechei meus olhos e senti a brisa fresca do início da primavera cortar meu rosto. Meu coração batia acelerado pelo contato do corpo dele no meu. E então ele sussurrou no meu ouvido, me apertando ainda mais contra seu corpo.
— Você me faz ficar em paz.
— E você faz com que eu me sinta protegida.
— O que eu mais quero desde que te conheci, além de beijar a sua boca, é te proteger.
Sorri e senti o peito dele trepidar, o que me dizia que ele estava sorrindo também.
— Você sabe que devemos parar com isso antes que um de nós possa sair machucado né?
— Não pretendo acabar com nada.
— Mas deveríamos. Eu sou muito complicada pra você, tenho um passado complicado.
Ele me virou de frente para ele.
— Seu passado não me interessa, na verdade só me interessa se for para eu dar um soco bem no meio da cara do seu ex. Nesse momento só me interessa o futuro que eu quero construir com você.
Ai meu Deus!
— Eu sou sua funcionária
— Sei separar bem as coisas.
— Eu tenho uma filha.
— Que não é empecilho nenhum e eu adoro. Ah e tenho certeza que ela me adora também.
Eu sorri.
— Sim, ela é sua fã numero um. Por culpa da Laura ela já acha que estamos namorando. — revirei os olhos. — Mas eu não quero confirmar nada á ela, até porque não tem nada acontecendo entre nós. Bom nada sério pelo menos né — Falei sem jeito.
Ele ficou me olhando nos olhos e eu estava presa nos braços dele.
— Para de colocar empecilhos entre nós dois.
— Não é empecilho é só que...
— Quer namorar comigo? — Me disse sério e eu quase acreditei.
Desvencilhei-me dos braços dele e dei alguns passos até chegar à beirada do precipício.
— Não brinca assim Fernando. Além de que combinamos que seriamos somente amigos com benefícios.
— Sei que ontem prometi fazer do seu jeito e sermos somente amigos com benefícios, mas ver outros caras dando em cima de você hoje, me mostrou que esse negócio de amigos não vai rolar.
Virei- me para ele.
— Mas nós ainda estamos nos conhecendo. E nos conhecemos tão pouco para já começarmos um namoro.
— Mas eu ficaria, mais feliz se te conhecesse enquanto namorássemos. Não é isso que dizem? Que o namoro é a fase em que os casais se conhecem? Então... Quer namorar comigo?
— Mesmo com todos os contras que eu coloquei? E nos beijamos pela primeira vez ontem, ainda assim você quer me namorar?
— Sim, você tem muito mais prós a seu favor, você é totalmente pró. Além de que o nosso primeiro beijo ontem, foi o primeiro beijo mais completo, mais intenso, mais perfeito que já dei.
Sorri com vergonha e fiquei em silêncio olhando para o chão. Ele ergueu meu queixo com o indicador e me fez olhar nos olhos dele.
— Quer namorar comigo?
— Você tem certeza?
— Absoluta.
Eu pensei, olhei dentro dos seus olhos e depois de soltar um suspiro seguido de um sorriso falei:
— Sim.
Ele me ergueu pela cintura e me beijou intensamente e disse quando nos separamos.
— Meu Deus como é difícil arrancar um sim de você. Achei que ia me fazer implorar.
— Estava esperando que você se ajoelhasse e fizesse como nos contos de fadas.
— No pedido de namoro ainda não, estou guardando esse trunfo para o pedido de casamento. — Arregalei os olhos para ele e ia dizer algo, mas ele continuou — Não surta Clara, só estou brincando.
Eu sorri em resposta e o beijei. Mas acho que eu bem queria que fosse verdade.
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