Fernando
Capítulo Um
Fernando
Estou no casamento do meu amigo, filho de um dos sócios da empresa da família e acho isso tudo uma baboseira sem fim. Minha família tem essa merda de tradição de casar japonês com japonês para manter a linhagem e o bendito olho puxado que não ajuda em nada. Ah na verdade ajuda sim, ajuda nos negócios da família. E somente nisso. Meu pai se casou com a minha mãe que é brasileira, e com isso causou um reboliço na família toda. Meu avô quis matar tanto meu pai, quanto a minha mãe, mas no fim eles acabaram se casando, mas juraram para o meu a avô que eu e minha irmã iriamos continuar a tradição e que o sangue nipônico e a empresa da família seriam mantidos na colônia japonesa quando nos casássemos com os japoneses destinados a nós. Um bosta! Nunca que eu ia casar com alguém que meus pais escolhessem para mim. Nada contra japonesas até conheço umas bem gostosas que já peguei, mas estamos no século XXI e no Brasil, ninguém mais aqui aceita casamento arranjado. Então que se foda, sou livre para fazer as minhas próprias escolhas.
O pobre do meu amigo nem parece estar feliz em um dia que teria de ser único na vida dele. Não sou tão romântico assim, mas pelo amor de Deus, ele nunca frequentou o templo budista em que estamos, mal conhece a noiva e mesmo assim aceitou participar dessa palhaçada. Ele acabou de me lançar um pequeno revirar de olhos e eu balancei a cabeça em negativa para ele. A noiva até que é bonitinha e a família deve ser muito rica, já que ela está usando o segundo kimono. Mas nada justifica ele ter aceitado passar por isso e se casar por interesse.
Nem todo dinheiro do mundo fará com que eu aceite casar sem amor. Eu não sou uma das aquisições do meu pai. O pior de tudo, é que meus pais já passaram por isso e foram contra o sistema e agora que se deram bem, estão a favor disso tudo.
Sério, como já disse, nada contra a colônia japonesa, até gosto do meu olho puxado, de ser um belo mestiço, afinal sou um dos Angels, mas tudo contra essa tradição ridícula de manter o sangue nipônico na família e sem contar que isso beira o preconceito.
Pra mim já deu! Dei um abraço nos noivos e parti para a Angels porque estou cheio disso tudo e a Angels me acalma. Desde que virei sócio dessa casa noturna junto com os meus três amigos Gustavo, Rodrigo e João assim que terminei a faculdade de direito, sem nunca exercer a profissão, me sinto completo. A melhor coisa que fiz na vida foi começar junto com eles a dar aquelas festas para o pessoal da faculdade e assim juntar dinheiro para montar a Angels. Ouvi muita ladainha do meu pai e do meu vô, mas eu tenho que fazer o que eu gosto e o que eu gosto é da noite.
— Aonde você vai Nando? — Minha irmã Adriana me perguntou vindo andando apressada ao meu lado.
— Para a Angels.
— Mas o casamento nem acabou ainda. O pai e a mãe vão te matar.
Dei de ombros.
— Deixa que me matem. Mas sei que você como a minha irmã preferida vai passar um pano pra mim né?
— Irmã preferida? Sou sua única irmã. — Ela revirou os olhos e dei um beijo na testa dela. — Fui irmã!
Virei-me para sair e parti em direção a Angels para trabalhar. Iria chegar cedo lá, mas era melhor do que ficar aqui vendo o meu amigo se casando por obrigação e correndo o risco de ser infeliz.
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