Apenas amigos
Capítulo sete
Clara
Meu coração estava a mil por hora, eu nunca tinha sentido algo tão forte assim.
— Respira. Eu te peguei. — A voz dele fez com que eu acordasse do transe, que o corpo dele colado ao meu e os braços fortes dele me segurando me deixaram.
— Obrigada. — Consegui falar e me afastei. — Eu disse que isso não ia dar certo, tenho dois pés esquerdos, sou um desastre ambulante.
— Eu acho que nunca deu tão certo. — Olhei para ele, desviei o olhar e fui até o banco mais próximo. Tirei os patins e voltei até onde tínhamos deixado a Mayara. Ele veio andando ao meu lado, mas permaneceu em silêncio.
— May amor, vamos embora? Já está ficando tarde e tenho que me arrumar para trabalhar.
— Tio Nando poderia te deixar faltar hoje e ficaríamos mais um pouco.
— Não posso deixa-la faltar porque eu sentiria muita falta dela lá na Angels baixinha. — Ele falou sorrindo para a minha filha.
— Então você também fica e não sentirá saudade de nós. — Minha pequena estava destinada a me matar de vergonha hoje.
— Mayara, por favor, filha nós temos responsabilidades que temos que cumprir, outro dia a gente volta.
— Amanhã?
— Não!
— Sim!
Eu e Fernando dissemos juntos.
— Ei, vocês dois decidam-se. Eu tô com o tio Nando, voto pelo sim para amanhã.
— Nesse caso Clara, você é voto vencido, eu e a May votamos e ganhamos, amanhã estaremos aqui novamente.
E assim foi, fomos ao parque no dia seguinte, e no fim de semana e a amizade entre a Mayara e o Fernando ficava mais forte. Enquanto eu, me peguei o admirando por diversas vezes e o pior, imaginando o quanto ele seria um pai excelente todas ás vezes que via a tamanha atenção que ele dava para a minha pequena e o quanto ela se sentia protegida perto dele. Certa noite de segunda, estávamos deitadas e abraçadas na cama, ela disse que adorava quando o tio Nando saía com a gente, por que ela sabia que ele nos protegeria se "ele" viesse nos procurar. Sempre que ela se referia ao pai como "ele" meu coração se apertava e ainda mais nessa ocasião quando ela se sentia mais protegida com alguém que conheceu a pouco tempo do que com o pai que a colocou no mundo.
Eu e Fernando, continuávamos somente amigos. Eu sentia um frenesi sempre que estava perto dele, eu sempre tentava disfarçar e ás vezes achava que ele estava sentindo o mesmo, mas não passamos de amigos, mesmo saindo tantas vezes em passeios família, não demos nem um beijo, nem sequer chegamos perto disso e estou quase chegando a conclusão de que na verdade ele só quer ser meu amigo mesmo.
*
Hoje é sexta feira, dia de apresentação e eu e Laura montamos outra coreografia para a apresentação de hoje. Vamos dançar a musica Bom da Ludmilla. Como sempre na minha vida, quando vou fazer algo novo, fico nervosa e suando frio. Já tinha passado a coreografia com a Laura milhares de vezes em casa e aqui, mas mesmo assim, eu só vou ficar tranquila depois de nos apresentarmos e ver o público aplaudindo e comprando todas as bebidas do bar.
Eu estava sentada no sofá para descanso no estoque, sozinha por que a Laura tinha ficado nervosa, de tanto ver meu nervoso e saiu de perto de mim. Já estava maquiada e produzida para começar o show. Comecei a estalar os dedos, minha cabeça estava baixa e o meu olhar estava fixo no meu salto alto.
— Meu Deus, me ajude a não cair de cabeça no chão. — Falei baixinho.
— Você não vai! Quando você dança você se transforma.
Saí do meu transe em um susto, quando ouvi a voz do Fernando invadir o espaço.
— Aiii, você me assustou.
Ele sorriu e veio até onde eu estava e se sentou ao meu lado.
— Desculpa. Mas sabe, já te conheço o bastante para saber que você estaria aqui surtando de medo de enfrentar uma apresentação nova.
— Não estou surtando, só estou um pouquinho nervosa.
— Deixa eu ver.
Ele pegou a minha mão e entrelaçou os dedos nos meus, fazendo com que um arrepio subisse pelo meu corpo. Eu o encarei para ver se ele estava sentindo o mesmo e quando ergui meus olhos para conferir, vi que os olhos dele estavam nos meus lábios. Engoli em seco e direcionei os meus olhos instintivamente para os lábios dele também. Um calor difícil de controlar subiu pelo meu corpo e o aperto que a mão dele dava na minha, era acolhedor e tranquilizador. Tirei rapidamente a minha mão da dele, quando o barulho do Cassio o segurança abrindo a porta invadiu a sala.
— Fernando, o João pediu para que eu te chamasse.
— Ok, já estou indo.
Vi que o Cassio me olhou e sorriu e Fernando quando viu o sorriso que ele me lançou, fechou a cara e saiu pisando duro sem me olhar mais nenhuma vez.
— Como você está se sentindo para a apresentação de hoje colega? — Cassio me perguntou vindo até mim.
— Enfartando. — Respondi, fiz uma careta e ele sorriu.
— Fica calma. Vocês vão arrasar como sempre.
Lancei um sorriso para ele e ia agradecer quando o Valmir abriu a porta e disse:
— Cassio, o Fernando pediu para você ir assumir seu posto que a casa está enchendo.
Cassio me olhou meio sem entender, me lançou um sorriso sem jeito e saiu, me deixando sozinha com o nervoso da apresentação e com o comichão que a mão do Fernando na minha e os olhos dele na minha boca me deixaram.
https://youtu.be/UUueHQ4bNf0
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