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Apenas um refrigerante


 Capítulo um

Eu poderia estar em qualquer lugar naquele horário, mas eu estava ali, justamente no horário em que ele também estaria.

Era o meu horário de almoço e eu costumava almoçar sempre no mesmo restaurante, próximo ao prédio onde ficava a agência de publicidade em que eu trabalhava, mas de tanto comer todos os dias no mesmo lugar, enjoei e um dia decidi diversificar e almoçar em uma lanchonete cara, que ficava a uma quadra do meu trabalho.

Aquela era eu sendo aventureira.

Na verdade, além de diversificar, eu queria fugir do pessoal da agência que também almoçavam no mesmo restaurante todos os dias. Aliás, não era das pessoas que eu queria fugir e sim do assunto que há uma semana era o mesmo: eles não paravam de falar sobre o cargo de publicitário chefe que o senhor Mauro, o dono da agência, passaria para alguém, por conta das férias por tempo indeterminado que ele ia tirar. E aquilo estava me irritando, porque eu adorava o senhor Mauro, ele era excelente no que fazia e a agência não seria a mesma sem ele. Além de que, também havia uma especulação sobre ele estar se afastando por conta de um problema de saúde, o que me deixava preocupada, pois eu gostava muito dele. Contudo, entre os carniceiros não se falava em outra coisa a não ser o cargo a ser preenchido. Tinha até um bolão rolando para ver se era o Luiz ou o Pedro que ficaria com o maldito cargo. Meu nome também foi cogitado no bolão, apesar de eu ser do Marketing, mas como eu me irritei, ninguém mais cogitou me pôr na lista.

No caminho para a lanchonete fui contemplando a avenida cercada de arranha-céus por todos os lados. Eu estava em uma área comercial e o prédio mais luxuoso era onde ficava a agência. Acelerada, fui andando e desviando das pessoas que circulavam por ali tão apressadas quanto eu. Cheguei à lanchonete, pedi meu lanche caro e minutos depois a garçonete simpática trouxe meu pedido, enquanto eu comia meu lanche muito caro mesmo, fiquei pensando na vida, olhando pela janela que dava de frente para a movimentada avenida e então me perdi em pensamentos.

Fiquei observando os pombinhos que ciscavam sem parar e andavam de um lado para o outro, à procura da próxima migalha para comer. Ri comigo mesma e pensei que até os bichinhos sabiam que tinham que partir para próxima, para conseguir coisa melhor na vida, enquanto eu estava ali: estagnada na porcaria da minha vida chata e sofrendo por um relacionamento que não deu certo.

Que filosofia ridícula essa minha!

Mas era a realidade, eu simplesmente não conseguia seguir em frente, já tinha quase três anos que tinha me separado do homem que inicialmente era meu chefe. Namoramos durante um ano antes do casamento, ficamos casados por mais um e durante esse período, todos me diziam que ele era mulherengo, entretanto, eu só descobri que isso era verdade quando o peguei na cama com a secretária que ocupou meu lugar no escritório dele, que por sinal era mais nova. Depois disso, me divorciei, mudei-me da cidade onde eu morava e comecei a viver sozinha num apartamento em um bairro um pouco afastado da agência. Bom, sozinha não, eu vivo com o Panfleto, meu vira-latinha lindo, que adotei da rua.

Assim como eu, Panfleto estava sozinho e perdido em uma noite chuvosa, mesma noite em que eu começaria a minha nova vida no apartamento novo, longe do embuste do meu ex.

O batizei com esse nome no momento em que eu estava separando vários materiais antigos de Marketing, ao desempacotar minhas coisas no apartamento novo, e Panfleto começou a morder panfletos, a rasgá-los e jogá-los para o alto, me fazendo rir da bagunça que tinha feito. Aí como eu estava sem cabeça para pensar em um nome melhor, Panfleto se tornou Panfleto.

Voltando ao meu lanche caro, assim que terminei de dar a última mordida e já saciada, me dei conta que eu estava muito pensativa e me perdi na hora, percebi que eu tinha enrolado de mais para comer e estava quase atrasada. Teria que correr! Coloquei a minha bolsa no ombro, peguei o meu refrigerante e saí apressada, pois naquele dia eu tinha uma quadra a mais para andar.

No caixa acertei o que devia, saí guardando o meu celular na bolsa, apressada e sem olhar para frente, porém, quando fui passar pela porta foi aí que... Uepaaaa.

Que gato!

Dei de cara com um peitoral rígido e fui pega por duas mãos firmes, segurando os meus ombros e me colocando de pé novamente. Até me senti em um filme de romance bem clichê, como se tivesse em câmera lenta, quando o mocinho e a mocinha se encontram pela primeira vez, mas como comigo a parte do romance nunca acontecia, o filme foi interrompido por um xingamento.

— Droga! — Olhei para a roupa do homem que estava à minha frente e estava encharcada de refrigerante, pois quando bati de frente com ele, o impacto abriu a tampa de plástico do copo que eu segurava, o apertando entre nós, com a boca do copo virada para ele e assim molhando toda a sua camisa.

Posso parecer egoísta, mas fiquei aliviada de não ter caído nem uma gota em mim.

— Ai, meu Deus! Me desculpe? — Peguei alguns guardanapos em uma mesa que tinha ali perto e comecei a secá-lo com eles. A camisa social que o gato estava usando, com o tecido molhado, acabou grudando no seu corpo e evidenciou um pouco do seu peitoral e mesmo em meio a minha vergonha de ter molhado o desconhecido lindo, eu não pude deixar de reparar. Ele era gato! E não era malhado forte, era magro e definido.

— Está tudo bem — disse, com um tom meio ríspido e afofando a camisa na intenção de secá-la. Percebi por suas roupas, que ele aparentava ter dinheiro e aquela camisa não devia ter sido barata.

— Olha, se quiser eu mando lavar a sua camisa. — Eu estava completamente sem graça.

Ele me olhou rapidamente e balançou a cabeça em negativa sem dizer nada.

— Me desculpe, mesmo. Não tive a intenção, eu estava de cabeça baixa e não te vi.

— Tudo bem. Não foi nada, só preste mais atenção.

E com isso foi em direção ao balcão, ainda afofando a camisa.

Chato!

Sabia que não era legal ficar encharcado de refrigerante, mas não foi minha culpa, oras! Se bem, que eu no lugar dele teria dado um chilique, me chamaria de lerda e me mandaria prestar atenção por onde andava. Ele até que foi legal! Fiquei o olhando por mais alguns segundos e eu adoraria que ele tivesse me dado a camisa para lavar, o seu telefone para avisar quando estivesse limpa ou o endereço para entregá-la e fazermos amor a noite toda. Tipo aqueles filmes pornô em que...

"Meu Deus, a hora!"

Eu estava atrasada e, além disso, pensando o que não devia. Eu precisava de um namorado!

Cheguei à agência esbaforida e fui correndo para a minha mesa. Trabalhei o resto da tarde e da minha sala, eu conseguia ver a sala do senhor Mauro que ficava bem em frente à minha. Ele não apareceu a tarde toda e fiquei preocupada, pois era para ser o dia das novidades ali, mas até àquela hora, nada. Na verdade a agência estava muito silenciosa.

Já tinha passado da hora de eu ir embora, mas fiquei colocando o trabalho em dia e pensando que horas afinal, aconteceria a tal apresentação do novo chefe.

— Ei, Celina. — Fernanda e Karen, minhas amigas de trabalho, apareceram colocando a cabeça na porta. — Não vai embora? — Karen perguntou.

— Vou. Na verdade eu estava esperando um comunicado, ou algo que explicasse o motivo de não ter acontecido a apresentação do novo "chefe". — Fiz aspas no chefe.

, você não viu o e-mail? — Fernanda perguntou franzindo a testa.

— Que e-mail?

— O novo chefe enviou um e-mail para todos. Apresentou-se como Vinícius e disse que infelizmente teve um mal estar e a apresentação presencial ficará para amanhã.

Revirei os olhos.

— E quanto ao senhor Mauro? — perguntei.

— No e-mail diz que ele já viajou e que talvez volte em breve, que já deixou tudo nas mãos do Vini — Karen disse parecendo muito íntima do novo chefe.

— Vini? — Ergui uma sobrancelha para a intimidade dela.

— Sim, no e-mail ele disse que podemos chamá-lo assim, que gosta da informalidade.

Soprei exasperada e levantei-me, arrumando minhas coisas para seguir para casa.

— Então já que não terá apresentação, vamos embora. Não acredito que fiquei até mais tarde por isso e fui esquecida!

— Não se estresse, amiga, afinal, nós também ainda estamos aqui. — Karen tentou me consolar.

— É! — concordei desanimada — Mas me digam, já sabem como Luiz e Pedro reagiram quando souberam que não seria nenhum deles que assumiria o cargo? —perguntei sorrindo.

Elas sorriram também. Minhas amigas também gostavam do senhor Mauro e as duas não queriam nenhum dos dois como chefe.

— Estão decepcionados — Fernanda falou satisfeita.

Fiquei feliz com a informação, encaminhei-me até as minhas amigas e juntas seguimos até o elevador para irmos embora, porém, nem a notícia de que nem Luiz nem Pedro seriam os chefes, tinha tirado de mim a sensação de ter sido esquecida e a raiva por não ter recebido o e-mail. Isso me fez pensar se o novo chefe não seria ainda pior que os dois.

— Estou me sentindo excluída — falei a caminho do elevador — afinal, todos receberam o bendito e-mail e justo eu, que sempre estou lado a lado com o senhor Mauro, não recebi.

— Relaxa, amiga! O Vinícius deve ter esquecido de te adicionar na lista de contatos ou o senhor Mauro esqueceu de passar pra ele — Karen me consolou.

Aff... Mas detesto ser a última a saber das coisas. Principalmente no trabalho.

— Não se preocupe com isso e deixa de ser tão preocupada com trabalho, Celina! — Fernanda falou, passando a mão nas minhas costas.

O elevador chegou e quando eu ia entrar, lembrei que tinha esquecido os meus óculos.

— Podem ir, meninas, sei que vocês têm pressa para ver as crianças. Vou pegar meus óculos e pego o próximo elevador. Não quero atrasar vocês.

Elas concordaram, nos despedimos e as duas acenaram um tchau de dentro do elevador antes das portas se fecharem. Fui rindo até a minha sala, mas o sorriso saiu do meu rosto no momento em que me lembrei de que eu não havia recebido o bendito comunicado por e-mail. Sempre fui muito certinha e sempre gostei de tudo certo, principalmente relacionado ao trabalho e ter sido esquecida, justo eu, que era o braço direito do senhor Mauro, fez com que eu me sentisse muito idiota, pois eu tinha ficado até mais tarde esperando a apresentação da pessoa que ocuparia a sala em frente à minha. Que raiva! Não tinha nem 24h que o senhor Mauro havia saído e eu já sentia sua falta.

Peguei meus óculos, os coloquei no rosto, mesmo não gostando de usá-los. Encaminhei-me para a porta do elevador novamente e não demorou muito até que elas se abriram e para a minha surpresa... Lá estava o gato do refrigerante. Com outra camisa e deliciosamente lindo.

Ando tão na seca depois de quase três anos sem ninguém, que sem que eu pudesse evitar, por um segundo me imaginei arrancando a camisa limpa dele e fazendo sexo no elevador.

Mas claro que não fiz isso.

Me escondi atrás dos óculos e pensei que talvez por causa deles, ele não fosse me reconhecer, então só dei um meneio de cabeça, como um cumprimento educado e virei-me para frente esperando as portas do elevador se fecharem. Estávamos somente nós dois ali e senti um calor de tensão tomar conta do meu corpo. Talvez por vergonha e medo dele se lembrar da lambança que fiz em sua camisa.

Aquele dia estava sendo um dia de merda. Primeiro a bagunça na agência por conta da troca de comando, depois o refrigerante que derrubei na camisa daquele homem, aí não recebi o e-mail que todos receberam e fiquei esperando a toa conhecer o novo responsável pela agência e se já não bastasse a vergonha daquele dia mais cedo, ainda reencontrei com o cara do refrigerante. Se eu tinha um anjo da guarda, ele devia estar dormido o dia todo e naquele momento eu estava com esperança de que ele acordasse e não deixasse que o gato me reconhecesse. Soprei exasperada colocando nesse gesto toda a frustração daquele dia.

— Que bom que você não está segurando nenhum refrigerante — ele falou atrás de mim e percebi que sim, ele me reconheceu. Droga!

Olhei para ele e já tomada pelo estresse do dia, respondi com um pouco de grosseria ou muita grosseria na voz:

— Já pedi desculpas e até mesmo me ofereci para mandar lavar sua camisa. Se quiser posso até pagar outra, mas é o que eu posso fazer. Acidentes acontecem. Me desculpa! — Voltei a olhar para frente.

Ele me olhou meio sem entender a minha fúria e aí eu vi que exagerei. Soltei um suspiro, olhei para ele novamente e falei:

— Ai, me desculpa. — Balancei a cabeça em negativa e voltei a olhar para as portas do elevador.

— Dia ruim?

— Dia estranho — Olhei para ele novamente e sorri sem jeito. —, mas de verdade, me desculpe a grosseria, não sou assim.

— Se está nervosa pelo refrigerante, esquece, só falei para puxar assunto.

— Pelo refrigerante também, mas estou brava mesmo, porque algum idiota vai ocupar o lugar do meu chefe, chefe esse que me dou muito bem, que é perfeito no que faz e aprendo com ele todos os dias. Eu estava esperando o idiota que iria ocupar o cargo hoje, mas aí ele teve um "mal estar" — Fiz aspas com os dedos quando falei mal estar — e mandou um e-mail para todos da agência, menos para a besta aqui, que ficou na sala até agora, esperando o grande anúncio do novo chefe. — Revirei os olhos.

Ele olhou para mim e franziu o cenho.

— Que pena, hein? — disse somente e voltou a olhar para frente.

— Pois é, e você trabalha no prédio?

— Trabalho há um tempo, à distância, mas hoje foi o meu primeiro dia presencial. Muita coisa para resolver.

— Ah, imagino!

— Mas acho que não me esqueci de nada. Pelo menos não propositalmente.

Ele sorriu para mim maliciosamente e as portas do elevador se abriram, indicando que havíamos chegado ao térreo. O gato do refri indicou para que eu passasse primeiro e fomos andando em direção as portas de vidro que adornavam a entrada luxuosa do prédio em que trabalhávamos.

— Bom, moça do refrigerante, tenho que ir — disse quando chegou a hora de nos separarmos e em seguida perguntou: — A propósito, como é seu nome?

— Me chamo Celina e como pôde ver, trabalho na agência de publicidade. — Sorri e estiquei a mão para ele. — E você?

Ele pegou na minha mão e respondeu:

— Me chamo Vinícius, mas me chamam de Vini e às vezes também me chamam de idiota que vai ocupar o lugar do chefe.

Arregalei os olhos para ele, ia dizer alguma coisa, mas antes que eu pudesse dizer um "a" para tirar da minha cara aquele olhar de surpresa e criança que foi pega fazendo arte, Vinícius soltou a minha mão, se virou e se afastou de mim, sorrindo.

Que ódio! E o dia só piora.

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