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Ah, senhor José!


Capítulo quatro

Na segunda-feira cheguei para trabalhar e não vi o Vinícius em lugar algum, Luiz coordenou a reunião de equipe a pedido dele, que tinha enviado toda a pauta por e-mail na noite de domingo. Fiquei pensando que nos tempos do senhor Mauro eu já coordenei a reunião de equipe várias vezes, porque eu era o seu braço direito e eu até estava me sentindo trocada naquele momento.

Eu não devia estar comparando de novo o Vinícius com o senhor Mauro, mas era inevitável pensar que talvez o Vinícius não me achasse tão boa funcionária como o seu pai achava, apesar de que eu não o culpava por isso. Cada um tinha um ponto de vista e eu como funcionária tinha que aceitar e acatar a vontade do chefe, mesmo achando uma injustiça comigo.

Trabalhei todo o expediente, com um olho no computador e o outro na sala da frente, esperando pacientemente o Vinícius aparecer para que eu pudesse pedir desculpas pelo meu comentário do dia anterior, só que o dia passou tão voando e cheio de trabalho, que se ele foi até a agência e saiu, não o vi.

— Celina.

Olhei para a porta e Pedro estava sorrindo ao falar meu nome.

— Oi.

— Hoje é meu aniversário.

Parei o que eu estava fazendo e o olhei com o olhar culpado por me esquecer.

— Ah, parabéns! Me desculpa por não ter te cumprimentado mais cedo, mas a minha cabeça está cheia de trabalho.

— Está tudo bem, desde que me dê um abraço agora.

Sorri, levantei-me, dei a volta na mesa e fui abraçá-lo. Pedro era um bom colega de trabalho, apesar de ter me irritado um pouco com a história de querer tanto ficar no lugar do senhor Mauro, mas de resto a gente se dava bem e até teve algumas vezes que as minhas amigas me disseram que ele sentia algo por mim. Nunca fez algo que eu tivesse notado, porém, quando eu disse para as minhas amigas que nunca notei nada, elas me acusaram de ter uma autoestima tão baixa, por conta da traição do embuste do meu ex-marido, que por isso sempre achava que ninguém me notava.

— Parabéns — falei ao abraçá-lo.

— Obrigado — respondeu sorrindo.

Até que Pedro era bonito, estiloso e tinha um sorriso encantador, mas ainda não me sentia atraída por ninguém depois da separação e naquele momento eu achava mesmo que isso não aconteceria com ele, apesar de que depois que minhas amigas disseram que ele tinha interesse em mim, me peguei pensando mais de uma vez que eu podia tentar um lance rápido com ele e apagar o fogo que às vezes a solidão de não ter ninguém me fazia sentir, mas logo desistia e pensei que a convivência com ele, no trabalho, não seria fácil e o sexo selvagem e casual que imaginei algumas vezes não valeria a dor de cabeça que eu teria depois.

— E vai ter festa? — perguntei parecendo entusiasmada, mas na verdade queria que a resposta fosse não. Apesar de eu ser do Marketing eu não gostava muito de interagir.

— Sim! E por isso estou aqui, vim te convidar. — Ele sorriu.

— Droga!

— O quê? — Ele me olhou sem entender o meu xingamento.

Fiquei sem graça, afinal, ele não precisava saber que eu não queria sair, mas meu filtro pensamento/ boca não funcionou.

— Não, é que bati o joelho aqui — falei esfregando o joelho batido imaginariamente. — Mas que legal, adoro festa! Onde vai ser? — Que mentirosa!

— Vamos para um bar mexicano que tem aqui perto, depois do trabalho, por volta da 19h. Topa? Tipo um happy hour. Ficaria feliz se você fosse — falou sem graça e fiquei com vergonha da minha preguiça de ser legal.

— Vou sim. Só não posso ficar muito, por causa do meu cachorro que fica sozinho.

— Olhaaaa, eu tendo que disputar você com um cachorro.

— Não é qualquer cachorro, é o Panfleto. E nem tente entrar em uma disputa, que ele vai ganhar com certeza.

Hummmm... Essa doeu. — Pedro colocou a mão no coração se fingindo de ferido e eu ri.

— Só digo verdades. — Rimos.

Conversamos mais um pouco sobre amenidades até que Pedro saiu para a sua sala, com a promessa de me pagar uma bebida mais tarde. Fui até a sala das minhas amigas que ficava no final do corredor para confirmar se Fernanda e Karen também iriam à comemoração e ambas disseram que como foi avisado em cima da hora, não teriam ninguém para cuidar das crianças. Pensei: que ótimo! Eu ficaria sem as minhas amigas no bar, ou seja, já não sabia se seria divertido, saber que elas não estariam, me fez ter certeza de que não.

Terminei meu trabalho e todos já tinham saído. Eu tinha o hábito de sempre terminar o que eu estava fazendo antes de ir embora, então sempre acabava sendo a última a sair e Senhor Mauro sempre me advertia quanto a isso, entretanto, eu era muito dedicada ao trabalho e detestava deixar trabalho inacabado para o outro dia.

Antes de sair dei uma passada rápida no banheiro, ajeitei meu cabelo que estava soltando fios rebeldes por todos os lados do meu rabo de cavalo e fiz um novo rabo. Passei um batom e revirei minha bolsa atrás de um brinco de argola que eu tinha tirado na hora do almoço. Não fiquei linda, mas fiquei menos bagunçada.

Segui a pé para o bar mexicano que ficava perto da agência. Nem tirei o carro do estacionamento, pois lá não teria onde estacionar e eu não ficaria por muito tempo, na verdade eu ainda estava me perguntando por que eu estava indo, já que eu não queria, minhas amigas não iam e era plena segunda-feira. Contudo, a resposta me veio em seguida, eu estava indo por que eu não sabia falar não.

Assim que entrei no restaurante avistei algumas pessoas da agência e me juntei a elas, mas como os lugares na mesa já estavam preenchidos, avisei que não precisavam se preocupar comigo que eu ficaria no banco alto do balcão, que ficava ao lado de onde meus colegas estavam. O lugar não estava muito cheio, só tinham algumas poucas pessoas fora os funcionários da agência. Era um lugar bem legal, em que as paredes eram em tijolos vermelhos aparentes, alguns sombreiros estavam pendurados como decoração e muito verde, vermelho, cactos e caveiras estavam por todos os lados, representando a cultura mexicana.

Pedi uma Coca-cola e fiquei respondendo as conversas com sorrisos sem graça e rezando para a hora passar rápido. Pedro parecia muito feliz e ele e Luiz faziam piadas sobre Marketing e Publicidade, que todos riam, inclusive eu.

— Ei, respondam essa: qual o jornalista preferido de um publicitário? — Pedro perguntou rindo largamente e quando ninguém respondeu, ele mesmo deu a resposta: — Willian Banner.

Houve uns segundos de silêncio e a resposta era tão idiota que todos gargalhamos. A conversa seguiu e para a minha surpresa eu estava me divertindo. Eu bebia a minha Coca, porque eu não era muito de álcool, enquanto todos os demais brindavam o aniversário de Pedro. Um movimento na porta chamou minha atenção e quando olhei para lá, percebi uma figura alta entrando e varrendo o local até nos encontrar. Era o Vinícius.

Ele abriu um sorriso e veio caminhando em nossa direção. Não pude conter um formigamento na minha barriga ao vê-lo, mas acreditei que o formigamento era de vergonha por tê-lo afrontado com a comparação que fiz entre ele e seu pai no dia anterior, dando a entender que eu não aprovava o trabalho que ele estava fazendo. Após passar a estranha sensação ao vê-lo o olhei de cima a baixo e ele estava lindo com uma calça preta e uma camisa de manga cumprida cinza,

— Por favor. — Chamei o garçom — Pode me trazer uma tequila? — Ele assentiu e quando a trouxe, eu a virei de uma só vez. Nem usei o limão e o sal que completavam o ritual da bebida.

Eu não devia beber, na verdade eu não era de beber e raramente quando bebia era só vinho e daqueles bem doces, mas eu era do tipo que ficava pensando muito em uma coisa quando ela não me agradava e o modo como tratei o Vinícius no dia anterior, estava martelando na minha cabeça e me deixando psicologicamente abalada. Sendo assim, eu pensei em beber apenas uma dosezinha só. Mesmo sem estar acostumada, uma só não faria mal e talvez me desse coragem para pedir desculpa.

Vi quando Vinícius cumprimentou Pedro pelo aniversário e em seguida a todos os outros funcionários da agência. Todos gostavam dele e mesmo Pedro e Luiz que antes queriam ter assumido a chefia da agência, passaram a gostar de Vini. Ele me acenou de longe e eu retribuí sem graça. Tínhamos ultrapassado o desconforto inicial de quando nos conhecemos, com os dias em que trabalhamos juntos, mas por causa da minha boca grande estraguei tudo.

Ergui o dedo para o garçom, apontei para o meu copo e logo ele entendeu que eu pedia mais uma dose, em seguida deixou na minha frente o shot, sal e limão e anotou o pedido na minha comanda.

A conversa seguia e eu tentava criar coragem para beber novamente a tequila, afinal, a primeira rodada ainda queimava no meu peito. Comi uns nachos com guacamole para dar uma forrada no meu estômago e ver se as estrelinhas que já piscavam na minha visão periférica paravam de me confundir.

O balcão em que eu estava, ficava em uma ponta da mesa retangular que se formou, por meus colegas de trabalho terem unido algumas mesas e Vinícius estava na outra ponta.

Fiquei o olhando e ele era mesmo apetitoso, estava com as mãos no bolso da calça e sorria para alguma piada idiota e sem graça que Luiz contava. E como na primeira vez que eu o vi, o achei incrivelmente lindo. O olhei de cima a baixo, subi de volta o olhando até parar no grande monte que se formava perto do bolso de sua calça que estava tão certinha em seu corpo, que fiquei imaginando se ele estaria com um celular no bolso da frente ou será que era só o p...

— Não é, Celina? — alguém me fez uma pergunta, me tirando do meu devaneio e me fazendo dar um pulo.

— O quê? — perguntei sentindo minhas bochechas vermelhas e provavelmente não era apenas por ter sido pega manjando a rola do meu patrão e sim pelo álcool da tequila que eu não estava acostumada a beber.

— Estávamos aqui comentando como o senhor Mauro tinha visão para os negócios e como ele sempre acertava em cheio nas campanhas — Luiz me respondeu.

— Ah! Sim. Ele é o mestre na nossa área, mas tenho certeza que Vinícius é tão bom quanto ele.

— Tenho algumas dúvidas sobre isso e acho que até muitos de vocês também — Vinícius disse, me lembrando da minha vergonha por tê-lo comparado.

Tomei mais um shot de tequila para tirar do meu rosto a cara de culpada e percebi alguns olhares insinuadores dos meus colegas de trabalho, apesar de eu não saber se me olhavam assim por eu ter elogiado o Vini na frente de todos ou por eu estar bebendo no happy hour. Eu nunca bebia nada mais que Coca. Percebi também que Sílvia, a secretária do Vinícius, que antes era do senhor Mauro, me olhava mais fixamente e tentei disfarçar.

Logo o restaurante convidou o pessoal a participar de uma brincadeira típica do México, em que consistia em uma pessoa com olhos vendados, atacando a pauladas um balão decorado muito colorido, cheio de fitas e pendurado no teto.

Todos se levantaram e a comoção em relação à brincadeira foi geral, enquanto eu respirei aliviada, pois tirou de mim, o foco de minutos atrás.

— Oi — ouvi uma voz grossa falando e um corpo alto tomando o banco ao meu lado.

— Oi, Vinícius! Uiiiii... — Rodei no banco para olhá-lo e me desequilibrei e acreditei ser o pouco álcool que ingeri fazendo efeito, então Vinícius me segurou pelo braço e me firmou de novo no banco. — Me desequilibrei. Obrigada.

— Percebi.

Soltei uma risada alta, que escapou pelos meus lábios sem que eu pudesse controlar.

— Você está estranha — ele falou me olhando com os olhos semicerrados.

— Eu sou estranha.

— Não é não.

— Claro que eu sou. É que você ainda não me olhou de perto!

Ele me olhou intensamente nos olhos, chegou bem perto de mim e perguntou:

— Perto assim?

— Nem tão perto, porque eu fico nervosa.

Ele riu e eu realmente fiquei nervosa. Com isso, chamei o garçom mais uma vez, apontando para o meu copo e pedindo uma terceira tequila ou quarta, mas nem ia contar quantas já tinha bebido, até porque estava me sentindo meio entorpecida que era capaz de eu perder a conta.

— Agora entendo o porquê você está estranha. É acostumada a beber tequila? — ele me perguntou com a testa franzida e parecendo preocupado.

— Claro — menti. — Você está me acusando de estar estranha, mas quem está estranho é você.

Ele não me respondeu e a dose que eu pedi chegou. Virei de novo em um só gole, dessa vez usando o sal e o limão e sendo fitada por Vinícius. Eu não sabia por que eu estava bebendo, mas depois de tantas doses eu já estava a ponto de não saber nem o meu nome e a última dose nem queimou tanto quando bebi.

— Amanhã você vai acordar e não vai lembrar que esteve com o José esta noite.

— Que José? Não é porque estou bebendo que vou passar a noite com um desconhecido. Não conheço esse tal de José! — falei ofendida.

Ele gargalhou.

— Estou falando do José Cuervo.

— Não o conheço.

Ele gargalhou ainda mais e eu fechei a cara. Vinícius chamou o garçom e pediu a garrafa de tequila a ele, minutos depois o garçom voltou segurando uma garrafa que tinha estampado no rótulo: "Jose Cuervo especial Tequila Reposado".

Ah!

— Eu sabia. — Dei de ombros.

— Claro que sabia.

— Sim, eu sabia.

— Sim, sabia.

— Para com isso! — fiquei olhando brava para ele.

— Tá bom. Desculpa.

Ele olhou para frente sorrindo e aquele sorriso cínico e lindo do meu chefe estava me irritando e me confundindo. Ele tinha os dentes tão certinhos e um sorriso tão sensual. Eu daria pra ele. Pensei.

Sim, eu daria.

A noite toda.

Várias vezes.

Muitas vezes.

Até ficar assada.

O que eu estou pensando? Ele é meu patrão!

Eu sabia que ir até ali não era boa ideia.

Decidi ir embora e quando fui me levantar para sair, Pedro veio até mim e disse:

— Sua vez de brincar na Piñata Mexicana, Celina.

— Não, não, não... — fui logo negando, mas Pedro passou a mão pelo meu ombro e me ergueu do banco, meio que me arrastando à força para brincar. Eu sabia que se eu fosse bater naquele balão, eu iria trançando as pernas e era capaz dele bater em mim.

— Vamos, é legal — Pedro insistiu e eu fiquei desconfortável.

Então Vinícius percebeu meu desconforto e interrompeu segurando firme o braço do Pedro que assim como eu, também já estava visivelmente alterado:

— Deixa a Celina, Pedro, ela não quer.

Pedro fitou o Vinícius com um olhar sério e senti uma pequena tensão no ar.

— Tuuudo bem — Pedro disse, mas vi em seu olhar que ele tinha ficado irritado.

Então virou-se e voltou para a bagunça, me deixando a sós com o Vinícius novamente.

— Obrigada — falei e virei de frente para o balcão onde estava a garrafa de tequila, que naquele momento eu sabia que tinha um nome e se chamava José... José Cuervo... Tinha sobrenome também.

Eu podia ser amiga do José.

Muito prazer, José.

Zézinho meu amigo, vem cá!

Peguei a garrafa de tequila e quando eu ia virá-la no meu copo, a mão firme do Vinícius segurou a garrafa.

— Olha, se você quiser mesmo beber mais uma dose, tudo bem, eu até te ajudo a ficar de pé depois, porém, eu acho que você deveria parar por aqui.

Eu sentia, minhas bochechas quentes e aquelas luzinhas que estavam piscando desde quando virei a primeira dose, passaram a ser verdadeiros holofotes que estavam me deixando tontinha, entretanto, depois do meu ex-marido, eu não deixei homem nenhum me dizer o que eu deveria ou não fazer, então puxei a garrafa da mão do Vinícius, enchi o copo, chupei a fatia do limão com sal e virei a dose, tentando não fazer careta quando o líquido passou pela minha garganta e esquentou meu peito, mas falhei. Posei o copo no balcão e tentei sorrir para o Vinícius que parecia preocupado comigo.

— Pronto, foi só mais essa! Vou parar, porque eu quisx parar. — me enrolei um pouco na frase e perguntei: — Você não bebe?

— Bebo, mas não hoje. — ele chamou o garçom, pediu duas Cocas e quando o rapaz trouxe, Vinícius me entregou uma e disse: — Bebe comigo?

Sorri sem graça e aceitei a Coca, porque ela estava geladinha, convidativa e um pouco de glicose talvez ajudasse a acabar com as estrelinhas piscantes. Dei alguns goles seguidos e pousei o copo no balcão.

— Você é sempre tão séria na agência e sempre tão profissional.

Profixional? — me enrolei ao dizer o "S" tentei novamente: — Profissional? Achei que você preferisse qualquer um da agência a mim.

— Prefiro você — ele disse imediatamente.

— Olha, na verdade eu sou uma idiota e preciso te pedir desculpa.

Ficamos nos olhando por alguns segundos, senti meu rosto ainda mais quente e me perguntei: é impressão minha ou o Vinícius estava dando em cima de mim?

Não, era a bebida!

Por que eu tinha inventado de beber mesmo? Eu tinha que ir embora!

— Preciso ir embora! — falei.

— Eu te levo. — Ele ofereceu.

— Eu estou de carro.

— Por isso mesmo que eu te levo.

— Não precisa. Obrigada. Estou perfeitamente bem.

Levantei-me, foquei em um ponto fixo, para que eu não cambaleasse e na minha humilde opinião, acho que dei apenas uma ou duas trombadas nas mesas pelo caminho e fui sentido ao Pedro. Me despedi dele e dei um tchau rápido para o pessoal da agência que ainda estavam empolgados com a brincadeira. Pedro se ofereceu para me levar, mas era aniversário dele e eu agradeci dizendo que não era necessário, que ele precisava dar atenção aos convidados.

Dei tchau também para o Vinícius que não parecia feliz e também se despedia do pessoal, paguei minha comanda e o arrependimento por ter vindo aumentou, quando vi o valor que eu tinha que pagar.

Desgraça de tequila cara! Não quero mais ser sua amiga, José!

Saí do bar e fui andando pela calçada, a noite estava com uma temperatura amena, já passava das nove horas da noite e tinha mais estrelinhas piscando nos cantos dos meus olhos do que no céu. Eu piscava para que elas sumissem e semicerrava os olhos, mas elas continuavam lá.

Mais uma vez eu me perguntei o porquê eu inventei de beber. A última vez que eu tinha bebido daquele jeito, foi quando peguei meu marido me traindo. Sempre quando eu estava nervosa ou me sentindo mal, a bebida me servia de conforto.

Percebi que enquanto eu andava alguém me seguia, mas se eu corresse ia cair, então parei e estava preparada para gritar socorro, quando me virei e dei de cara com o Vinícius logo atrás de mim. Aí o medo passou e pensei: tão lindo.

— Tão lindo! — falei sem que o filtro funcionasse.

— O quê? — ele perguntou.

Hammm... Nada! — Virei-me depressa para frente, dando de cara com o poste de aço que segurava uma placa de sinalização, me desequilibrando com o impacto e quase caindo. Se não fossem as mãos fortes do Vinícius me segurarem, eu teria caído.

Quando me firmei em pé, fiquei de frente para ele e encarei seus olhos castanhos, com cílios cheios e lindos. Vini sorriu e me lembrei de que ele era meu chefe.

Firmei-me e voltei a andar, focando de novo em um único ponto à minha frente para não cambalear e fui seguida de perto por aquele homem lindo e que após tantas doses de tequila, estava me confundindo de um jeito que nem sabia descrever.

Vinícius continuou andando ao meu lado em silêncio.

— O exitacionamento não parecia tão longe — falei enrolando a língua mais uma vez ao falar o "S".

— Não é, ás vezes é só a sua vontade de chegar que o torna mais distante.

Andamos mais alguns passos até chegarmos ao lado do meu carro, peguei a chave na bolsa e cliquei para destravar o alarme algumas vezes, mas a minha confusão mental me fazia apertar para destravar, em seguida travava novamente aí quando eu puxava a porta ela estava trancada. Fiquei nervosa e praguejei brava, enquanto Vinícius me olhava de perto.

— Celina, me dá a chave? Eu não vou deixar você dirigir alcoolizada assim.

— Você não tem que deixar.

— Tenho sim, não posso perder uma funcionária tão boa quanto você. — Fiquei o olhando por um tempo e enfim o entreguei a chave, mas antes de dar a volta no carro o ouvi dizer: — Literalmente boa.

Assumi o banco do carona, deitei a minha cabeça no vidro e fechei os meus olhos para ver se as estrelinhas paravam de piscar. Vinícius assumiu o volante e sem abrir meus olhos eu o expliquei como chegar ao meu apartamento.

Meio que acordei e o meu carro estava estacionando na garagem do meu prédio. Abri meus olhos devagar, porém, tudo ainda estava meio enuviado. Olhei ao meu lado e mais uma vez me espantei com a beleza do homem que estava saindo do meu carro.

Ele é seu chefe, sua louca!

Me repreendi várias vezes durante a noite, mas não estava adiantando, ele não ficava feio enquanto eu me reprendia.

Lembro-me de ele abrir a porta do meu carro e me ajudar a sair. Falei meio grogue o número do meu apartamento, enquanto ele passava o braço em volta da minha cintura para me firmar de pé, pois depois que tirei um cochilo no caminho, parece que fiquei ainda mais bêbada. Passamos pelo porteiro e me lembrava, vagamente, de Vinícius se apresentando, contando que estava me levando até meu apartamento, mas que ia descer em breve, ele deixou um documento com o senhor Geraldo, o porteiro, para provar que ele não era um assaltante que tinha me dado um "Boa noite Cinderela". Eu sorri envergonhada para o senhor Geraldo e percebi que ele estava estranhando minha situação, pois todo o tempo morando ali, ele nunca tinha me visto naquele estado.

Entramos no elevador e encostei-me ao espelho de fundo e Vini ficou ao meu lado, cruzou os braços na frente do peito e os músculos do seu braço "zero calorias" ficaram evidenciados. Mais uma vez eu o olhei de uma maneira que eu não devia olhá-lo e ele estava incrivelmente gostoso. Senti um fogo subir pelo meu corpo e rezei para que a santa das mulheres desesperadas por sexo, me abençoasse e ele me agarrasse. Acho que ele notou a minha cara de tarada e perguntou:

— O que foi?

— Estamos em um elevador e bem que você poderia me dizer: Foda-se a papelada.

Comecei a rir e gargalhei em seguida, agradecendo por alguns homens não gostarem de ler e ele não ter entendido a citação que acabei de fazer do trecho de um livro.

— O quê? — ele perguntou e parecia se divertir.

— Nada não, o contrato de trabalho que assinei na MW Publicidade, não permite que eu te ilumine quanto ao que eu disse.

Comecei a rir novamente e eu era uma bêbada muito piadista.

Ele devia estar achando que eu era louca e a mordida no lábio inferior que ele dava para segurar o riso, me deixava ainda mais excitada. Queria morder também. Agora entendo o Grey quando ele diz: não morda o lábio, Anastácia!

Gargalhei de novo e Vinícius me olhava rindo.

Assim que o elevador parou no meu andar, eu rumei para a porta do meu apartamento, enquanto procurava a chave na minha bolsa e até parecia estar ventando, pois dei algumas cambaleadas pelo corredor.

Abri a porta e o convidei para entrar, mas a resposta foi que eu estava entregue e ele já podia ir embora.

— Aiiiiiii... — Gritei ao cair de joelhos no chão, quando entrei em casa e tropecei em Panfleto.

Vinícius voltou correndo e me ajudou a levantar.

— Meu Deus! Vou ter que te colocar na cama — ele disse parecendo preocupado.

— Obaaa... Isso é tudo que eu mais queria — falei enquanto me apoiava nele para levantar.

Ficamos muito perto e senti a mão dele me puxando para ainda mais perto, muito perto, muito perto... Até que Panfleto latiu e nos afastou com o susto.

Pô, Pampam, isso porque você é meu amigo!

Depois disso eu o falei que estava bem e garanti que amanhã no horário certo eu estaria na minha mesa trabalhando, mesmo assim Vinícius disse que me colocaria para dormir.

Fui tomar banho e minutos depois saí do meu quarto, já de banho tomado e me sentindo menos bêbada. Vi que Panfleto estava sentado de frente para o Vinícius e o encarava como se ele fosse uma ameaça. Tinha o peito estufado e a orelha em pé como se estivesse em alerta e se Panfleto fosse uma pessoa, eu podia dizer até que ele estava com uma sobrancelha arqueada e ameaçadora.

— Pronto! Estou bem, você já pode ir embora — falei quando ele notou a minha presença.

— Olha, está me esnobando?

— Claro que não — falei mais alto do que deveria.

— Então vou te colocar na cama.

Não pude dizê-lo não, porque ainda me sentia tonta, ele era muito gato para eu dizer não e eu queria mesmo era que ele me colocasse na cama e de preferencia que ele ficasse nu nela comigo.

Deitei-me, puxei o cobertor para cima de mim e Vini se despediu:

— Pronto, princesa, agora você está segura em seu castelo, vou indo e se precisar de alguma coisa ou se sentir mal, me liga. — Eu assenti, mas só conseguia pensar o quanto aquela boca rosadinha devia ser uma delícia de ser beijada. Fazia um tempão que não beijava uma boca.

Então, Vinícius foi se abaixar para me dar um beijo de despedida na bochecha e eu virei o rosto, colei a minha boca na dele e o beijei. Não teve língua, mas ele não se afastou e manteve por alguns segundos seus lábios colados nos meus. Um beijo tão casto, mas que arrepiou meu corpo todo quando aconteceu.

Segundos depois se afastou, não disse nada e para acabar com o clima eu apenas disse boa noite e me virei de costas, puxando o cobertor sobre mim.

Ouvi-o se afastando, falou algo para o Panfleto quando passou pela sala e então, por fim, ouvi a porta da sala bater.

Meu Deus o que eu fiz?

Eu beijei o chefe.

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