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A viagem

Capítulo seis

Uma semana tinha se passado desde o meu vexame com a tequila, houve algumas indiretas na agência direcionadas a mim, mas nada que "eu fingindo demência" não pudesse mudar o foco da conversa.

Vinícius não voltou mais para a sua sala no dia da Coca com chocolate, então o agradeci no dia seguinte apenas com um agradecimento simples, como se ele tivesse me mandado um remédio e com isso o informei que fiquei bem melhor.

Minhas amigas riram como loucas quando contei tudo o que aconteceu, e para elas eu contei tudo, inclusive o beijo que dei nele. Fui aconselhada por elas a viver, a me esquecer de tudo que me freava e investir no Vinícius, mas eu sabia que acabaria me machucando e o pior, eu acabaria sem emprego, então pedi a elas que esquecessem essa história e me ajudassem a esquecer também, afinal, não tinha nada concreto acontecendo e nada tinha começado. Vinícius achava que eu não lembrava e nem sequer tinha tentado me lembrar de tudo, sendo assim, depois de muita reclamação, elas disseram que me ajudariam a esquecer da noite desastrosa com Vini. E depois de uns dias, até mesmo pensei que eu poderia estar tão bêbada que imaginei o maldito beijo.

Karen para me tirar da minha poça de vergonha, disse que tinha um primo solteiro que poderia me apresentar, porém, eu estava muito bem sozinha e pretendia continuar assim. Viver um romance era muita dor de cabeça.

Durante a semana seguinte, não tive muito tempo para nada na agência, o que foi bom para não pensar o que não devia, e em casa Panfletinho me animou e assistimos vários filmes juntos.

Era quinta-feira, eu estava trabalhando em um gráfico muito complexo, quando fui surpreendida com um e-mail do tal cliente da marca de sapatos que a secretária do Vinícius estava tentando contato há dias. O e-mail dizia que no próximo sábado ele teria uma vaga em sua agenda e conseguiria receber a mim e ao Vinícius.

Droga! O próximo sábado seria dali a dois dias.

Fui até à sala do Vini, bati e ele pediu que eu entrasse, expliquei para ele sobre o e-mail e assim como eu, ele falou um tanto nervoso:

— Mas sábado agora? — Assenti e ele continuou: — Não acredito.

— Pois é.

— Mas por que ele entrou em contato com você e não com a Sílvia? — perguntou sério.

— Não faço ideia. Mas, bom, vamos resolver logo o que tiver para resolver e entregar logo esse trabalho, porque assim nos livramos desse chato.

— Mas não vai te atrapalhar? — Parecia preocupado.

— Não, está tudo bem, eu dou um jeito.

— Se precisar, pode deixar Panfleto na minha casa, tenho uma funcionária que vai cuidar da Dona, aí aproveita e cuida dele.

Pensei por um instante se eu estaria sendo muito cara de pau em aceitar, mas como ele estava oferecendo eu aceitei.

— Ótimo. Digo, se não for atrapalhar.

Ele riu.

— Não vai. Vamos sábado de manhã e voltaremos no domingo, tudo bem?

— Por mim, ok.

Acertamos alguns detalhes da viagem e passei meus dados para a secretária comprar as passagens, acertar hotel e outras coisas e voltei para a minha sala pensando que eu teria que correr com tudo. Fiz uma lista mental do que precisaria e incluí unhas e depilação, já que eu estava há tanto tempo sem ninguém, com certeza eu estava precisando. Não que eu estivesse pensando em fazer algo que eu não devesse, mas vai que se por acaso me aconteça algo e eu tiver que ir para o hospital, ao menos eu estaria preparada. Pensei também que eu precisaria comprar uma lingerie nova, porque as minhas se eu precisasse me trocar na frente de alguém a pessoa ficaria com dó.

Dois dias tinham se passado e eu estava entrando em um avião, seguida de perto por Vinícius. Fazia pouco tempo que eu tinha deixado Panfleto com Dona e uma funcionária na casa do Vinícius e apesar de ele ter me olhado rapidamente com uma carinha chorosa e o rabinho abanando, percebi que ficaria bem no momento em que se virou de costas para mim e saiu correndo com Dona pelo grande gramado que tinha em frente à casa de Vinícius. Eu esperava que ele não fizesse tanta bagunça.

Dentro do avião, seguimos para o nosso acento e eu fiquei com a janela. Era um voo de mais ou menos duas horas e eu estava com muito medo, sempre tive medo de voar e eu suava frio, as mãos ficavam geladas e a boca seca, então não esperei anunciarem a decolagem ou a aeromoça me dizer o que eu tinha que fazer e logo fui afivelando o cinto.

— Você está bem? — Vinícius perguntou com a testa franzida.

Apenas assenti e fiquei em silêncio.

Não demorou muito e o avião ligou o motor e o piloto anunciou que logo faríamos a decolagem. Fechei meus olhos e respirei fundo. Eu tinha que ter tomado um remédio para dormir, mas a vergonha de dormir a viagem inteira na frente do Vinícius foi maior que o medo, entretanto, naquele momento que eu estava ali com o meu pânico, percebi o quanto fui burra. Babar na frente dele enquanto dormia, me parecia um melhor negócio que desmaiar de medo.

— Celina, você está realmente bem?

Assenti mais uma vez.

— Você está branca.

— É só a decolagem que me apavora.

Vinícius me olhava, parecia preocupado e me contou:

— Eu tinha muito medo de voar, sabe? Mas percebi que ocupar a minha mente com algo que fosse maior que me medo me acalmava.

Olhei para ele e falei:

— No momento eu não consigo pensar em nada maior que meu medo.

Ele pegou a minha mão e meu coração acelerado, acelerou ainda mais.

— Então vou te contar uma história para ver se te acalma. — O olhei interessada e por incrível que pareça já me sentindo mais calma — Era uma vez um rapaz que tinha brigado com toda a família por causa de uma mulher e ele era feliz com ela. Já namoravam há um tempo, ele a pediu em noivado e achava que o tamanho do amor dela fosse do mesmo tamanho do dele. Até que um belo dia...

O avião começou a taxiar pela pista, meu coração acelerou novamente e eu apertei a mão dele, que ainda segurava a minha.

— Um belo dia ele começou a notar a diferença dela, começou a notar as mentiras que ela contava para não encontrá-lo. — A história que ele contava era tão parecida com a minha que eu até achei que ele tinha descoberto a traição que sofri, então esqueci o medo e comecei a prestar mais atenção.

O avião esperou na fila para a decolagem e em seguida o piloto o endireitou para levantar voo. Fechei meus olhos e segurei o ar, sentindo muito medo e quando eu estava totalmente envolta nele, senti os dedos do Vinícius tocando a lateral do meu rosto. Imediatamente abri os olhos e ele estava muito perto de mim, eu o encarei e a minha respiração acelerou tanto, que eu podia até ver meu peito subir e descer. Vinícius chegou mais perto e colocou uma mecha de cabelo que caia na lateral do meu rosto, atrás da minha orelha. Engoli em seco e eu não conseguia raciocinar. Vinícius me olhava intensamente e engoliu em seco também, voltando o olhar para os meus lábios, então ele chegou mais perto e mais perto, vindo pela lateral do meu rosto, aí fechei os olhos e achei que ele fosse cheirar o meu pescoço, foi então que sussurrou:

— O avião já está no céu, pode respirar.

Ham? — Olhei em volta e depois para o Vinícius que parecia completamente normal e parecia que o momento de segundos atrás nem parecia ter acontecido. — Ah! Sim. Desculpa, eu fico em pânico com a decolagem.

— Percebi. — Ele olhava para o celular que estava em modo avião e ali ele anotava algo no bloco de notas, completamente inabalável.

Controlei minha respiração e senti minhas bochechas quentes de vergonha. Como pude ter achado que ele iria me beijar?

Ele é seu chefe, Celina!

Balancei a cabeça em negativa e tinha um olhar decepcionado no rosto.

Como sou carente, droga!

— O que foi? — ele me perguntou, percebendo meu gesto.

— Nada. Só que sou muito boba. — Dei um sorriso sem graça — Mas continua me contando a história de minutos atrás.

Ele fechou a cara.

— Aquela história que eu estava contando, é a minha história. — Levantei a sobrancelha em surpresa e ele continuou: — Peguei a minha noiva no carro com outro cara, ela trabalhava com ele e eu vinha desconfiando por meses da relação dos dois, até que decidi segui-la e os surpreendi.

Eu ri e ele me olhou com curiosidade. Então estendi a minha mão para ele e disse:

— Bem-vindo ao time!

— O quê?

— Lembra aquele dia que te falei que fui trocada, então... Eu peguei o meu ex-marido na cama com a secretária dele e o pior eu era a secretária dele antes de nos casarmos.

— Nossa...

Dei de ombros.

— É, acho que não exerci direito a minha função de esposa nem a de secretária. Fui trocada nas duas funções e o pior é que fui alertada pelas minhas colegas de trabalho que meu ex-marido não prestava, mas insisti e quebrei a cara.

Ele balançou a cabeça em negativa.

— Repito o que te disse aquele dia: tenho certeza que ele quem perdeu.

— Pelo menos eu aprendi a não me envolver mais com o chefe. — Olhei para as minhas mãos, sem graça, e quando olhei para Vinícius ele tinha uma nuvem no olhar, então falei para descontrair: — Você pode ficar tranquilo que eu não vou dar em cima de você tá, chefe? Aprendi a lição.

Ele riu olhando para o outro lado e balançou a cabeça em negativa sem dizer nada, então eu perguntei:

— Foi muito difícil para você?

— Se foi difícil? Foi doidera! — Ele riu sem vontade. — Eu passei os dois anos após o flagra, perdido entre bebidas, noitadas, bagunças e sexo. Levei esporro do meu pai tantas vezes por ter me perdido, mas a minha maior vergonha... Foi que quebrei a minha empresa de publicidade por causa da vida que eu estava levando, quebrei por causa dela. — Ele balançou a cabeça em negativa, riu em desgosto e continuou: — Até que no ano passado eu decidi que não deixaria que a decisão de outra pessoa definisse o rumo da minha vida. Aí, criei um aplicativo de celular junto com um amigo e pedi ajuda financeira do meu pai para desenvolver melhor esse aplicativo fora do país, massss... Ele não quer que eu saia do país, foi categórico e me deu algumas condições para me emprestar o capital.

— Condições? — perguntei.

— Sim, não é nada tão difícil, então acho que vai rolar. — Como percebi que ele pareceu não querer contar as condições eu não perguntei mais e confesso que dentro de mim senti uma pequena tristeza em pensar que logo ele não estaria mais trabalhando comigo na agência. Porém, acho que isso era completamente normal, afinal, já acostumei com ele como colega de trabalho.

— Então logo vai me abandonar, digo abandonar o pessoal da agência?

— É uma pena, mas sim.

Assenti e falei:

— Sabe, você que foi esperto, sentiu a dor da traição, mas não deixou isso mandar na sua vida, já eu deixei a decisão do meu ex mudar o rumo da minha vida, afinal, saí da cidade em que eu morava com ele e comecei a trabalhar na empresa do seu pai. Eu amo trabalhar na agência, mas só decidi me mudar, porque não conseguiria encontrar com ele e sua nova namorada pela cidade — falei angustiada.

— Entendo, eu também vi minha ex com seu atual e foi difícil para mim na época. Você ainda gosta dele?

Balancei a cabeça em negativa, mas não respondi.

— Teve alguém depois dele?

Novamente balancei a cabeça em negativa, mas respondi:

— Ninguém.

— Nem sequer um beijo? — perguntou, levantou a sobrancelha como se lembrasse de algo e eu também lembrei, mas logo respondi para não dar a chance dele pensar no nosso beijo de quando eu estava bêbada:

— Não acho que eu deva arriscar de novo, talvez eu não seja boa o suficiente para ninguém.

— Não fala besteira! — falou imediatamente e eu dei de ombros.

— E você ainda gosta dela? — perguntei, para mudar de assunto e ele riu.

— Claro que não! Dois anos vividos de forma inconsequente foram suficientes para me fazer esquecê-la. — Ficamos em silêncio como se déssemos um fim ao assunto. Olhei janela afora e fiquei pensando na agência, lembrei-me de como era com o senhor Mauro e como ela voltaria a ser sem o Vinícius, aí uma melancolia tomou conta de mim. Trabalhar com o senhor Mauro não era ruim, mas eu não queria voltar a trabalhar com ele depois de ter trabalhado com o seu filho, pois nossas tardes trabalhando juntos foram muito cansativas, porém, foram tão divertidas, tanto que nos tornou amigos. Eu sentiria falta dele.

Foi quase duas horas voo, em que viajamos um pouco em silêncio e um pouco conversando sobre a vida em geral, trocamos pensamentos e ficamos mais íntimos. Algumas vezes eu percebia que Vinícius se mantinha mais próximo de mim, se insinuava, até mesmo me dava à impressão de interesse e no minuto seguinte ele se afastava, ficava com pensamento distante e me deixando confusa. Tinha vezes em que ele me olhava muito intensamente, a seguir se afastava com o olhar e era como se ele se sentisse culpado. Na verdade, achava que era eu quem não sabia mais o que era interesse de um homem por uma mulher e acabava confundindo simpatia com interesse sexual.

Também tive quase duas horas para conhecer Vinícius melhor e pude conhecer um pouco mais da pessoa, além do profissional com quem eu trabalhava e ele era uma pessoa excepcional. Era apaixonado pelo pai, o admirava, mas detestava ser comparado a ele e quando me disse isso, eu o pedi desculpas mais uma vez pelo dia no parque, o que o fez rir. Ele era uma pessoa alegre e até já tinha feito parte dos doutores da alegria, em que ia a hospitais levar sorrisos a pacientes internados e quando me contou isso tinha um brilho no olhar que faria qualquer pessoa se apaixonar por ele.

Eu também o contei que fiz Marketing enquanto ainda era secretária do meu ex-marido, me formei depois de casada e só exerci de verdade a profissão, quando entrei para a empresa do seu pai, o contei o quanto eu era grata por cada ensinamento e pela oportunidade que seu pai me deu ao me contratar, apesar da minha falta de experiência no ramo.

Quando o piloto anunciou que em breve pousaríamos, mais uma vez o pânico começou a tomar conta de mim e Vinícius segurou a minha mão com firmeza e com aquele gesto amenizou o meu medo, para em seguida o aumentar quando vi um sorriso largo em seu rosto e isso fez um arrepio tomar conta do meu corpo. Eu conhecia aquele arrepio e sabia que ele não podia acontecer. Fechei meus olhos lutando contra os dois medos que eu estava sentindo e tentando pensar em coisas boas que vivi e apesar da noite da bebedeira com o Vini ter sido péssima, aquela noite também veio à minha mente e junto com ela o beijo que dei nele. Apertei os olhos ainda mais e segurei o ar.

— Pronto! Pousamos, já pode abrir os olhos.

Abri, engoli em seco e encarei o sorriso lindo que me lançava.

— Desculpa por apertar sua mão.

— Disponha! Até gostei. Confesso que também tenho um pouco de medo, mas ver o seu desespero diminuiu um pouco o meu.

Semicerrei os olhos para ele.

— Só não te xingo de idiota, porque você é meu chefe.

— Não por isso, fique à vontade. Nessa viagem faço de conta que não sou.

— Seu idiota! — O xinguei rindo.

— Não tem nenhum efeito em mim, já estou acostumado com você me chamando de idiota. — Rimos, lembrando do nosso segundo encontro.

Descemos do avião, pegamos nossas malas e um táxi nos esperava para nos levar ao hotel que a secretária tinha reservado para nós. Ao chegarmos ao hotel subimos para os nossos quartos que ficavam um ao lado do outro e depois nos despedimos e combinamos de almoçarmos juntos dali à uma hora e depois passaríamos a tarde conversando sobre a campanha e a apresentação que seria a noite, ali mesmo onde estávamos hospedados.

O tempo estava fresco e eu usava uma blusinha preta, uma calça jeans e uma sapatilha, quando saí do quarto para o nosso almoço. Vinícius não quis almoçar no hotel e decidiu me levar para almoçar em um restaurante que ficava próximo dali. Almoçamos e nos mantemos em conversas sobre a agência, sobre o cliente que atenderíamos mais tarde e não demorou muito até voltarmos para o hotel.

Decidimos passar o resto da tarde arrumando tudo para a apresentação. Descemos até a sala de reuniões que foi separada para nós pelo hotel, instalamos o notebook e verificamos todos os arquivos que usaríamos com o cliente. Foi rápido e tudo estava instalado quando subimos até nossos quartos para nos aprontarmos.

— Você fica nervosa com apresentações? — Vini puxou assunto quando entramos no elevador.

— Até que não, eu gosto do meu trabalho, então tudo fica muito natural.

Ele me encarou parecendo admirado e eu fiquei sem jeito.

— Você fica?

— Mais ou menos. — Vinícius olhou para as mãos parecendo envergonhado e ele ficava lindo envergonhado.

O Elevador parou no andar dos nossos quartos e ambos fomos nos aprontar para apresentação. Coloquei um vestido preto tubinho, na altura dos joelhos, sapatos pretos e um casaco também preto, pois a noite esfriou. Deixei as ondas do meu cabelo ao natural e o joguei de lado. Passei uma maquiagem leve e um batom nude. Não gostei de ter que usar os óculos, todas as vezes que eu os colocava, me lembrava do quanto meu ex-marido dizia que eu ficava melhor sem e que eu devia usar lentes, porém, nunca acostumei com as lentes e para que eu conseguisse enxergar o que iria ler naquele dia, eu teria que usá-los.

Quando já estava pronta disquei o número do quarto do Vini no telefone e o perguntei se poderíamos descer, que eu já estava pronta, ele confirmou, então saí primeiro do meu quarto e fiquei no corredor o esperando sair do dele, pensei em bater na sua porta para acelerá-lo, mas aproveitei o tempo para ficar olhando de perto os quadros pendurados no corredor do nosso andar no hotel.

— Uauuu... — Virei-me sentido a voz que me chamou atenção e vi o Vinícius lindo em uma camisa social branca e apertada, uma calça caqui e um sapato branco. — Você está linda.

— Você também está... ótimo! Vamos? — Logo perguntei para mudar de assunto.

— Vamos! — Ele me olhava como se estivesse me admirado.

Entramos no elevador e me olhei no espelho, dando uma ajeitada no cabelo.

— Então... você leu aquela cena de 50 tons de cinza em que ele fala para ela: Foda-se a papelada?

Fiquei vermelha e já estava odiando esse livro, aí respondi sem olhá-lo:

— Sim.

— Uma vez no elevador me disseram que eu devia ter dito ela.

Hum... E o que você fez? — Me fingi de inocente.

Deus, onde ele queria chegar?

Eu tinha que fingir que não me lembrava, então continuei me olhando no espelho e tentando parecer inabalável.

— Eu não disse nada, pois não sabia sobre o que a pessoa estava falando, aí cheguei em casa, pesquisei a frase "foda-se a papelada", achei o livro digital, passei a noite lendo o bendito livro e então entendi o que ela queria que eu tivesse feito.

— Ah, legal! — Tequila dos infernos. — Já li esse livro, mas faz muito tempo, quase não lembro nada dele.

Ele riu.

— Se eu soubesse aquela noite o que a pessoa queria que eu fizesse... — Ele balançou a cabeça em negativa e riu divertido. — Toda vez que entro em elevadores dou risada e lembro-me daquela noite.

Ah, claro! Sou engraçada, devia estar muito ridícula mesmo.

Bêbada!

Graças a Deus a porta do elevador se abriu e acho que me saí muito bem em minha atuação de peixinha Dory, em que fingia não me lembrar de nada, e saí correndo porta afora, andando apressada até a sala que seria a reunião.

Demos mais uma passada em tudo e coloquei meus óculos para enxergar o que estava fazendo. Eu não ficava bonita com eles, mas antes enxergando do que linda e eu ficava com um ar mais profissional, que era o que eu queria.

Foquei no que eu estava fazendo e não me dei conta que estava sendo fitada por Vinícius que estava do outro lado da mesa e me encarando fixamente. Foi quando ergui minha cabeça para conferir o gráfico que aparecia no telão à minha frente, dei de cara com os olhos castanhos que me encaravam. Fiquei sem jeito e perguntei:

— O que foi?

— Nada, só que você é do jeitinho que meu pai descreveu.

Arquei uma sobrancelha para ele como se perguntasse o que ele quis dizer e Vinícius continuou:

— Ele sempre dizia que você era muito profissional e era a melhor funcionária que ele já teve.

Abri um largo sorriso e tirei os óculos.

— Sério? Me sinto lisonjeada.

— Sim, e dizia também que não sabia o que você ainda fazia solteira.

Eu ri.

— Não acho que os homens procurem boas profissionais como namorada, procuram beleza, mulheres interessantes, com corpos maravilhosos e secretárias gostosas.

Dei de ombro dando a conversa por encerrada, coloquei meus óculos novamente e voltei a fazer anotações no arquivo que eu usaria na apresentação.

— E você não se acha tudo isso?

— Claro que não! — falei exasperada e dizendo o lógico.

Ele riu, mas não disse nada e eu voltei para o meu gráfico.

As horas foram passando e depois de duas horas de atraso, em que ligamos diversas vezes para o cliente e não tivemos nenhuma resposta, constatamos que ele não apareceria. Vinícius enviou um e-mail um tanto ríspido para a empresa, que minutos depois foi respondido com muitos pedidos de desculpas e remarcando outra reunião para o dia seguinte, no horário do almoço.

— Bom, o negócio é desmontar tudo e voltar para o quarto — falei.

— Não senhora! Vamos jantar? — Vini perguntou animado.

— Estou sem fome, mas vai você, eu peço algo no quarto mais tarde.

— Se vai pedir algo no quarto, então sai para comer comigo.

— Só trouxe esse vestido e não tenho outro para usar amanhã — falei envergonhada.

— E o que tem?

— O que tem, é que não posso sujá-lo.

— Não gosto de comer sozinho. — Ele fez uma carinha de cachorro sem dono, que até dei uma titubeada. — Já sei. A gente pede e come no quarto, que tal?

Fiquei pensando que não daria certo, essa história de comermos juntos no quarto, porém, se eu não queria sair para comer e ele insistindo assim eu não sabia dizer não, aquela era uma opção.

— Tudo bem, vou subir e trocar de roupa. — Ele deu um sorriso vitorioso. — Mas você desmonta tudo. — Apontei para as pastas e o notebook sobre a mesa.

— Tudo bem. — Vinícius cruzou os braços na frente do peito e sorria em deboche.

Então virei-me e estava saindo da sala e ele me chamou:

— Celina! — O olhei — Você sabe que eu que sou o chefe aqui, né?

— Sim, mas seu pai sempre me acusou de não ser subordinada. — Virei-me para sair, mas voltei-me para ele de novo e disse: — E era por isso que ele gostava tanto de mim. Dizia que eu não concordava com tudo que ele dizia e isso o fazia melhorar, mesmo já tendo tanta experiência. Por tanto, chefe, você guarda tudo. — Com isso saí da sala e o deixei rindo da minha audácia. 

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