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10 - CASOS E ACASOS




São Paulo, 2017, depois da fama

Quando Lia acordou, aquele calor tão diferente, incomum e que era estranho em sua cama lhe deu uma boa sensação de conforto e acolhimento.

Abriu os olhos devagar, tentando manter a respiração ritmada para não entregar já estar acordada. Queria saber se ele ainda dormia ou se, mesmo desperto, permitia que seus braços longos e fortes a contornassem pela cintura, em um abraço íntimo demais, porém gostoso.

Lia tinha se esquecido de fechar as cortinas mais grossas, por isso, os primeiros raios do sol invadiam o quarto e batiam contra seu rosto. Remexeu-se apenas um pouco, mas seu movimento pareceu suficiente para despertar Levi, que tinha passado a noite em seu apartamento.

Deus, eu passei a noite com um desconhecido!

O cheiro dele ainda era inebriante, mesmo de manhã. Sua pele cheirava à lavanda, uma vez que ele tinha tomado banho em sua casa depois do sexo. Mas até mesmo seu aroma "pós-foda" era delicioso e afrodisíaco.

A pele de sua nuca arrepiou quando Levi, com um movimento suave, inclinou-se para frente e inalou profundamente seu cheiro, e, um segundo mais tarde, apertava-a nos braços. Também não deixou de sentir a ereção matinal roçando sua bunda.

— Você me disse que queria conversar, mas antes disso, foder, e depois podíamos conversar. — Levi disse, ao pé do seu ouvido, a voz levemente rouca de sono. — Você me assegurou que não teria para onde fugir, mas quando saí do banho, já estava dormindo.

— Eram duas da manhã, e tínhamos transado três vezes. Eu estava cansada — rebateu, dando uma risadinha.

Levi finalmente girou na cama, ficando de costas. Lia se ajeitou, afastando-se um pouco, embora a pequena distância entre suas peles lhe fizesse falta.

— Podemos agora — afirmou ela. — Se quiser.

— Não sei. Temos o que conversar?

Lia ergueu uma sobrancelha.

— Nós transamos uma vez, depois de meses nos reencontramos e descubro que: a) você é meu professor na faculdade, e b) mora no mesmo edifício que eu. Acho que precisamos falar sobre isso.

Um sorriso pequeno surgiu nele. Um brilho divertido, mas Lia não soube explicar exatamente o porquê dessa sua expressão meio zombeteira.

E ainda por cima moramos de frente um para o outro, e eu sou seu escritor favorito, Levi quis incluir, mas deixou essas palavras apenas em sua mente.

— Talvez seja o destino — caçoou ele.

— Acredita nisso?

— Não. Mas eu posso mudar de ideia. — Balançou as sobrancelhas.

Lia riu, como um modo também de quebrar a tensão entre os dois, afinal, era a primeira vez que amanheciam juntos, e isso era estranho, porque mal se conheciam.

— De qualquer maneira — Levi continuou, se levantando. Lia o contemplou nu, uma obra divina da natureza. Se Deus tinha feito algo melhor, tinha guardado só para ele. Pegou as roupas no chão. — Não acho que temos muito o que conversar.

Levi era lindo. Alto. Perto de 1,85 metros. Ao redor dos olhos azuis tinha leves marcas de expressão que lhe davam um ar de maturidade e acentuavam sua beleza. Os cabelos eram louro-escuros, grossos e volumosos, mas curtos. O rosto trazia uma barba por fazer, e Lia se perguntou se ele a usava sempre assim ou se preferia deixar a pele lisa, e só por algum motivo não tinha a feito antes. Maxilar forte, ligeiramente triangular, a expressão marcante nele era algo mais sério e altivo, não algo frio ou vazio, mas uma elegância combinada com discrição, uma compostura mais reservada. Vira poucos sorrisos nele — logicamente —, mas os que pôde ver, eram lindos. Como o sorriso de uma criança.

— Não nego que é uma coincidência e tanto, mas... fiquei feliz em ter te reencontrado. É só o que importa.

Lia gemeu de frustração quando ele ergueu a cueca e vestiu a calça. Queria observá-lo mais um pouquinho. Levi arqueou uma sobrancelha e deu uma risadinha. Vestiu a camisa.

— Então você sugere que quer conversar, mas aí diz que não há muito a se conversar? Meio controverso isso.

Ele se sentou à beira da cama.

— Você estava fugindo de mim na faculdade na segunda-feira. — Inclinou-se, procurou os sapatos e calçou. — Só queria entender o motivo.

— Humm. Eu fiquei meio assustada apenas. Não esperava te reencontrar e, muito menos, que fosse meu professor.

— Você sempre foge quando está assustada? — perguntou, virando-se agora para ela, olhando-a diretamente dentro dos olhos, com uma intensidade avassaladora.

Lia mergulhou no azul dos seus olhos e se viu ali, quase se perdendo de excitação. Não conseguiu responder. Ignorou a pergunta, levantou-se e procurou uma roupa no closet.

— A noite foi ótima, mas... eu tenho aula hoje e já deveria estar pronta.

Levi sorriu, passando os olhos sobre o corpo esguio de Lia. Concentrou-se um instante nas costas, descendo para a bunda. Uma vontade quase insana de encostá-la à porta e, naquela posição, entrar nela manifestou-se primeiramente nos pensamentos e o desejo se tornou ainda mais tangível.

— Pois é — murmurou, tentando tirar a imagem de seu corpo da mente. — Mais um ponto em comum entre nós. Somos professores. Não ficaria surpreso se você desse aula pro meu filho.

Lia se virou imediatamente, segurando uma blusinha amarela de botões e gola.

— Você tem filho?

Estou fazendo piada com a minha própria desgraça, Lia, pensou, mantendo o sorriso no rosto, agora um pouco forçado.

— Não. Foi uma piada.

Lia virou-se de novo e, um segundo depois, um pé de sapato voava na direção de Levi. Ele deu um passo ao lado, ainda assim o calçado conseguiu acertar a lateral do seu corpo. Logo após, explodiam em gargalhada.

Ele se aproximou, então, envolveu por trás, beijando-a na nuca.

— Eu preciso ir — anunciou. — Também trabalho pela manhã.

— Tudo bem — ela disse, parando um segundo de escolher uma saia para desfrutar do calor de Levi, a sua ereção ainda mais forte e dura do que antes contra sua coluna. — E, não me leve a mal, mas... acho que deveríamos... parar, sabe?, com esses encontros.

Levi balançou a cabeça em positivo e se afastou um pouco.

— Você é meu professor e... — Lia continuou explicando, ainda de costas, nua, procurando por uma roupa, embora já tivesse encontrado a combinação perfeita. Era só seu modo de o evitar e fugir do seu olhar quente e apaixonante.

— Tem razão — concordou ele, meio rígido no próprio lugar, a centímetros do seu corpo cálido e delicioso. — Tem razão — repetiu, como se para convencer a si mesmo.

Lia não respondeu nada. Ficou imóvel, esperando-o tomar a decisão de ir embora.

— Mas nada me impede de tentar te conquistar, não é? — A sugestão dele a pegou de surpresa. A voz estava baixa e uniforme, segura, com uma pitada de sedução. — Mesmo que isso não envolva eu estar completamente enterrado dentro de você.

Lia tossiu, quase se engasgando com a própria saliva.

— Falamos sobre isso outra hora. Quando o vão entre minhas pernas não estiver encharcado e implorando pelo seu pau — devolveu Lia, a voz trêmula. — E estou atrasada, Levi.

Ele sorriu em sua nuca, beijou-a, de um jeito plácido, antes de se virar e ir embora.

Ao entrar cuidadosamente em casa, Levi não esperava pela seguinte reação de Ana Paula. Ela literalmente correu e o abraçou forte, escondendo o rosto em seu peito largo e dizendo alguma coisa que ele não entendeu de início, porque sua mente estava ocupada demais tentando entender o motivo de ela o receber daquela maneira. É, tinha passado a noite fora, e se preparou para ouvir os resmungos dela, e não ser abraçado.

Não soube dizer se foi algo mecânico ou se estava surpreso demais pela reação de Ana, mas por um segundo se viu retribuindo o abraço dela.

— Meu Deus! Onde você estava? — Ana Paula repetiu, ainda com o rosto enfiado em seu tórax. — Levi, fiquei preocupada! Achei que tivesse acontecido algo a você!

Parecendo perceber a aproximação que, naquele momento de suas vidas, lhe era desagradável, afastou-a e passou por ela, indo até a cozinha. Precisava de café.

— Levi, liguei pro Julian, pro Mateus, para sua tia, até para Larissa, e ninguém sabia de você! Estão todos preocupados.

O homem preparou a cafeteira, ainda emudecido, pensando até ser normal a atitude da mulher, uma vez que ele nunca foi de amanhecer na rua, mesmo quando era solteiro. Mesmo desde o pedido de divórcio. Não que não tenha acontecido algumas vezes, mas em todas, os dois estavam juntos.

— Estou bem. Pode ligar pra todos e avisar que já cheguei — respondeu, olhando para a torre do outro lado, vendo o apartamento de Lia fechado.

Ana encarou suas costas, o coração ainda ribombando.

— Ainda não me disse onde estava. Ficamos preocupados. Eu nem dormi à noite, Levi! Vi seu carro na nossa vaga, mas não voltou pra cá. Não sabe como fiquei imaginando que te tinha acontecido o pior.

Ele não se virou. Suspirou, andou até o armário, retirou uma caneca e permaneceu de costas, perto da cafeteira que terminava o café.

— Não importa onde eu estive. — Não tinha uma desculpa boa o suficiente. — Eu estou bem.

Houve um silêncio tenso e constrangedor no ambiente por alguns segundos, até a esposa, finalmente, compreender o que estava acontecendo.

— Passou a noite com outra mulher — supôs, cruzando os braços. — Não é isso?

Ele finalmente se voltou para Ana, encarando-a com indiferença.

— E se for isso? — Girou o corpo de novo. Serviu-se com o café. — Não temos mais nada, não estou sendo infiel. — Olhou-a por cima dos ombros. — Ao contrário das vezes que você se deitou com outro homem.

Tomando um gole da cafeína para aquecer o corpo e despertá-lo, Levi outra vez encarou o outro lado, o apartamento 112 da Torre Três.

— Impressionante como você adora esfregar isso na minha cara, mas é incapaz de entender todos os meus sentimentos...

De repente, ele já estava de frente de novo, e a caneca — com café e tudo — acertava o chão com força, espatifando-se, esparramando o líquido preto e cacos de porcelana por toda a cozinha.

— Se não estava feliz comigo, era só ter me pedido o divórcio! Não precisava ter trepado com outro homem! Duas vezes, inclusive depois de eu ter te perdoado a primeira! — gritou, pupilas dilatadas, respiração descompassada.

— Nunca me perdoou nem na primeira, Levi! — a esposa devolveu.

— É, tem razão — concordou, já mais calmo. — Mas não foi por falta de tentar. Agora já sabemos que nós dois não funcionamos mais como um casal. Então, por favor, pare de se comportar como se ainda se importasse comigo, como se se sentisse ofendida por eu sair com outra mulher. Por eu tentar seguir em frente. Pois é isso que estou fazendo, Ana, caso não saiba: seguindo em frente.

De braços cruzados e expressão vincada, Ana Paula não respondeu. Viu o esposo passar por ela e esbarrar em seu ombro. Uma lágrima desceu pelos seus olhos assim que ele se foi. Nunca ia se perdoar por ter afundado seu casamento.

Na sexta-feira à noite, após a aula, Levi chamou Lia antes de ela sair da sala com os demais alunos. A moça esperou todos se ausentarem e ele juntar seus pertences, desligar os aparelhos usados na aula e fechar a sala.

— O que precisa falar comigo? — perguntou, caminhando ao lado dele.

— Huum. Não aqui. Espere só eu bater o ponto na sala dos professores e já conversamos.

Ele voltou menos de dois minutos depois, e retomaram a caminhada até o carro dela, estacionado no pátio a céu aberto da universidade, a cinco minutos do prédio principal. Por sorte, somente o veículo de Lia estava estacionado ali, e então poderiam conversar com mais privacidade.

— Quer entrar no carro? — ela ofereceu. — Está um pouco frio.

— Não — negou. A última vez que estivera dentro do seu carro acabaram trepando. Não que a ideia de transar com ela de novo não o agradasse. Mas preferia evitar a tentação. — Serei rápido.

— Certo. — Abraçou a si mesma para espantar o frio.

Levi remexeu na valise que sempre carregava consigo e retirou um envelope onde havia impresso o logo de um laboratório médico. Ele o esticou em sua direção.

— São exames de... bem... DST. Meus. Estou limpo. É recente. Tem um mês.

Lia não pegou o envelope. Cruzou os braços e o encarou seriamente.

— O que isso significa?

— Nada. Apenas pra você não se preocupar. Eu me dei conta que tivemos... — Olhou em volta. Sozinhos. — Sexo sem proteção. Duas vezes.

A moça acenou em positivo, mas ainda se recusava a pegar o envelope.

— Tudo bem. Acredito em você. Era só isso?

— Sim. — Ao notar que ela não pegaria os exames, Levi os guardou de volta na maleta. Testava-se todo mês, desde que descobrira a segunda traição de Ana Paula. Só por garantia. Tinha feito o mesmo por um tempo na ocasião da primeira. — Você costuma se testar? — Por um momento, ele desviou o olhar.

— Não. Quero dizer, nunca precisei, uma vez que não saía transando por aí com estranhos. Ainda mais sem proteção — Levi não sabia se sentia ressentido ou achava graça. — Mas recentemente precisei fazer. Estão limpos. Te trago amanhã pra você ver.

— Não, não precisa. Se você está dizendo, eu acredito.

— Vai querer um exame de gravidez negativo, também? — ela zombou, virando-se e destravando a porta do carro. — Porque com isso você pareceu não se preocupar.

O rosto de Levi empalideceu. Seu corpo ficou rígido e, por um milésimo de segundo, não soube como reagir.

— Bem, eu... supus que você usasse anticoncepcional. Por isso me deixou gozar dentro de você.

— Mas eu não uso. Essas coisas me dão um efeito colateral terrível — contou, e então se voltou de novo para Levi, esperando vê-lo assustado. E ele realmente tinha uma expressão no rosto, mas não era de susto. Era outra coisa. Outra coisa que ela não conseguia decifrar.

— Ah... — Ele parecia abobalhado. Como lhe dizer que não precisava se preocupar com uma gravidez indesejada sem mencionar sua esterilidade? — Pílula do dia seguinte... tomou? Se quiser, eu posso te comprar uma cartela ou...

Lia deu uma risadinha, achando graça na preocupação dele.

— Não vou tomar uma bomba de hormônios sem necessidade, Levi — afirmou, entrando no carro. — Eu uso DIU. Mas você... — Deu a partida. Engrenou a ré. — Pense duas vezes antes de gozar dentro de uma mulher quando estiver transando sem camisinha e não tiver certeza se ela usa anticoncepcional.

Aquilo deveria tê-lo magoado, na verdade, mas surtiu efeito contrário. Achou graça e segurou uma gargalhada.

— Obrigado pelo conselho — agradeceu, vendo-a sair. De repente, disse: — Espere! — Lia parou o carro e o olhou.

— Tem planos para dia 15?

Ela pensou um instante.

— Não. Pelo menos, não por enquanto. Por quê?

— Pois agora tem — Levi disse, com um sorrisinho. — Quer vir comigo ao lançamento do novo livro do Theo Venturini? Haverá uma sessão de autógrafos.

Os olhos da moça brilharam intensamente. Lia até desligou o carro, ainda meio enviesado na vaga.

— Ah, meu Deus! Isso é sério? Como não estou sabendo disso?

— Ainda não foi anunciado. Farão isso em dois dias.

Lia ergueu uma sobrancelha.

— E como você sabe?

— Tenho meus contatos. — Deu de ombros, com um leve charme. — Já garanti duas senhas pra nós. E então?

Lia abriu um sorriso encantador. Saber quem era o misterioso Theo Venturini, seu escritor favorito, era uma das coisas que mais queria na vida. Se o homem não tivesse se escondido por tanto tempo, com certeza já saberia quem e como ele era. E não deixaria essa oportunidade passar. Não mesmo.

— Eu adoraria, Levi. E muito obrigada. — Ela desceu do carro, deu-lhe um beijo no rosto e um abraço, e então se foi, deixando-o ali, parado, sozinho, por vários segundos, desejando mais do que um simples beijo no rosto.

Eles não tiveram mais nenhum encontro sexual durante aqueles dias. Mas isso, por sinal, não impediu Levi de seguir sua patética rotina de observá-la pela janela do seu apartamento e, vez ou outra, de ter pensamentos eróticos com a moça. Inclusive, de se masturbar duas ou três vezes no chuveiro pensando nela. Na quarta, três dias antes do lançamento, procurou-a para confirmar se realmente gostaria de ir. Recebeu um animado e eufórico sim.

Na mesma semana, também se encontrou com André Luiz e, do modo mais profissional, trataram dos últimos ajustes para o lançamento. Uma pilha de livros autografados — por Levi, obviamente, e ele levara quase dois meses para autografar mil exemplares — já estava pronto para ser despachado para a livraria do shopping onde aconteceria o evento. Este que esgotou as senhas ao dia seguinte do anúncio de lançamento. Seiscentas senhas esgotadas em vinte e quatro horas. Havia uma estimativa de que duzentas pessoas não conseguiram garantir um passe para o lançamento do livro.

Levi passou mais tempo em frente ao espelho do que habitualmente fazia. Avaliou a si mesmo por um longo período, perguntando-se se o look agradaria a uma certa mulher negra de olhos encantadores. Apertou os olhos, tentando desviar a atenção desse tipo de pensamento. Encarou-se mais um tempo, aprovando as vestes. Trajava apenas uma camisa branquíssima de botões, fechado até em cima, bem justa ao corpo, que, aliás, salientava seus músculos, calça jeans de um azul-claro, e sapatos sociais pretos engraxados com extremo esmero. Um cinto marrom e um casaco preto que ele carregaria nos braços — para caso esfriasse — completavam o figurino. A barba estava cheia e aparada, os cabelos, penteados e comportados para trás.

Esborrifava um pouco de perfume no pescoço quando a porta da suíte se abriu. Droga, tinha sido flagrado.

Ana Paula entrou e ficou surpresa ao vê-lo ali.

— Desculpe. É o único lugar aqui que tem espelho grande — disse, colocando a carteira no bolso traseiro da calça. — Já estou de saída.

— Tudo bem. Vai sair com os caras?

— Não. Evento da editora. — Não esperou por resposta, deixou-a sozinha e foi ao encontro de Lia.

Ela lhe mandou uma mensagem duas horas antes do evento, dizendo que estaria o esperando na portaria do prédio. Os faróis do carro a iluminaram a três ou quatro metros da guarita. Lia estava radiante e, só por um segundo, Levi pôde a contemplar. Vestia uma saia godê curta e preta, de cintura alta, camisa jeans de botões, com um discreto decote. Maquiagem leve, cabelos presos em um coque alto. Sandálias de salto completavam o visual. Trazia uma bolsa pendurada aos braços e um sorriso que iluminava a noite.

Cumprimentou-o com um beijo no rosto. Sentiu o cheiro delicioso dele. Sorriu ainda mais, pois gostava do seu cheiro. Do natural e de sua fragrância.

— Cheiroso — murmurou em seu pescoço antes de se afastar e cumprimentá-lo. — Oi.

Levi sorriu e saiu com o carro.

— Oi. Então... ansiosa? Trouxe seu exemplar para ser autografado? — Embora Theo não fosse autografar os livros, por motivos que a editora já tinha deixado claro antes do evento, Levi prometeu-lhe que conseguiria um autógrafo pra ela, de qualquer maneira.

Lia afirmou em positivo e começou a tagarelar sobre o que esperava do evento e de como torcia para o autor ser simpático e amigável. Ele apenas concordava e acenava, sentindo um pouquinho de ressentimento em não poder lhe contar que ele era Theo, não o homem na livraria. A moça o pressionou a contar como ele conseguira as senhas, mas quanto a isso foi irredutível. Não lhe disse uma só palavra.

— Faz parte do mistério — gracejou, estacionando no shopping. Levaram quinze minutos para chegarem até a livraria onde seria o lançamento.

O local estava cheio, a porta de entrada abarrotada de gente, que entrava aos poucos, conforme as senhas iam sendo entregues. O evento estava marcado para às 19 horas. Lia olhou no relógio. 18:47min.

— Poxa. A fila está enorme — ela exclamou.

— Sem problemas. — Segurando-a pela mão (algo que, de início, a pegou de surpresa), Levi a arrastou até o funcionário recolhendo as senhas e liberando as passagens. Inclinou-se e cochichou em seu ouvido. Depois, puxou a carteira do bolso e lhe mostrou uma "credencial". Era seu crachá de editor. O funcionário acenou em positivo, pegou a senha de ambos, e lhes deu passagem.

Meio atordoada, e ainda segurando nas mãos de Levi, ela perguntou:

— Como conseguiu passar na frente? — Lia não tinha conseguido ver o que Levi mostrará ao moço na porta.

— Esqueça isso por ora — respondeu, parando a caminhada. Lia fez o mesmo e, finalmente, olhou em volta. Havia uma mesa extensa logo mais ao fundo, exemplares dos dois volumes de "Ensina-me" já se acomodavam na mesa, e muitos outros se espalhavam por todo o local. Havia outra mesa, e nessa uma moça com um crachá da Letras & Cia punha-se atrás. Lia já tinha comparecido a um bom número de lançamentos de livros pra saber que o leitor comprava o livro ali, pagava e só depois o levava para ser autografado para o autor.

Também tinha uma fileira de cadeiras — muitas cadeiras — por todo o salão, de frente à mesa principal, onde Theo estaria sentado, autografando os livros.

Lia inspirou fundo, maravilhada. Levi outra vez a puxou e sentaram-se em uma das primeiras fileiras, já que o saguão estava relativamente vazio. O salão logo encheu quando o relógio marcou 19h10min. Mateus surgiu de algum lugar, sentou-se ao seu lado, depois de rapidamente cumprimentá-los e de serem apresentados.

— Posso falar com você em particular?

Levi acenou, pediu licença e se afastou com Mateus.

— Já está tudo certo. Faltam apenas umas 50 pessoas para entrar. Vamos começar. Tem algo que gostaria de dizer ao André antes? Mais alguma instrução?

— Não. Tudo certo. Confio nele.

— Bem, vou chamá-lo nesse caso.

Levi retornou ao seu lugar, mas, no meio do caminho, seu rosto congelou, e seu caminhar foi parado bruscamente. Ana Paula entrava no local, ainda usando as roupas de mais cedo: um conjunto cinza de terno e saia e salto que, em outro momento, o teria deixado vislumbrado. Engoliu em seco e buscou Lia, torcendo para ela não o ter visto, para assim ter a chance de ir até a esposa e evitar um desastre maior.

Mas os olhos da moça, embora em sua direção, não se fixavam nele, exatamente, mas seu rosto também tinha uma máscara de surpresa estampada. Levi olhou para trás e viu Mateus se aproximando com André Luiz. Com Theo Venturini.

Ana Paula agora avançava em sua direção. Ignorando qualquer outra coisa, foi ao seu encontro, puxou-a pelo braço, para o lado oposto onde Lia estava, e sussurrou:


— Que diabos você está fazendo aqui, mulher? 


EITAAAAAAAAAAA será que vai dar treta? DISSERTEM

Não se esqueçam das estrelinhas e de indicar Codinome Venturini prazasmiga. <3

Até domingo, xoxos. 

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