Reencontro
Capítulo dois
Domingo de Carnaval e eu estava como? Completamente pronta para mais um dia de folia, porque em casa que eu não ia ficar!
Foi difícil dormir depois do sexo com o boy do Uber, aquilo foi algo que eu nunca faria na minha vida e eu ter feito, me transformou em outra mulher. Estava me sentindo aventureira e gostosa pra cacete! Tá, tudo bem que eu não tinha os corpos das modelos maravilhosas da TV para me achar tão gostosa, mas os meus quadris largos e coxas grossas me deixava uma mulher irresistível! E eu realmente fiquei me achando depois de dar para o gato. Talvez eu o encontrasse um dia desses e inclusive queria.
Por que eu não passei meu contato para ele e dei a entender que queria mais?
Pensei em como eu tinha saído do carro depois do nosso sexo e lembrei-me que quando saí até parecia que eu estava fazendo pouco dele e até perguntei sobre a forma de pagamento. Droga! Mas também, eu não queria nada sério com ninguém no momento, principalmente depois de levar um fora do ex, por outro lado aparecer com outro alguém no nosso circulo de amigos seria maravilhoso.
Liguei para a Carla que era a única ser viva, que realmente estava sentindo-se viva no dia seguinte a nossa saída, as demais estavam com ressaca ou aproveitando o noivo, e aí a Carla foi a única que topou sair.
Não vi mais nem sinal do traste do Guilherme, o que foi ótimo e sinceramente eu nem estava pensando mais nele e nem no que fez comigo e eu só pensava no que o motorista do Uber me fez. E falando sobre ele, quando Carla me perguntou como eu estava me sentindo sobre o Guilherme eu a contei sobre o sexo com o rapaz desconhecido na noite anterior e ela parecia não acreditar na minha audácia e na minha volta por cima. Me fez diversas perguntas sobre o sexo, sobre um segundo encontro, sobre troca de telefone e quando eu a contei que não tinha nem um contato dele a não ser no histórico das minhas corridas no aplicativo, Carla quase me matou e disse que era para eu ter pego todos os dados dele, mas quando eu expliquei que ele também não pediu, aí com essa informação minha amiga deu o assunto por encerrado, mas no mesmo instante abriu o grupo de conversa que tínhamos com as amigas em um aplicativo de mensagens e com um áudio de quase dez minutos contou tudo para elas e todas ficaram eufóricas dizendo que eu tinha que achar o boy e confesso que eu até queria mesmo achá-lo e quando pedimos um carro pelo Uber para ir até o lugar de onde sairia o trio elétrico que participaríamos, eu fiz uma pequena prece para que fosse o do Gabriel o carro mais próximo de nós e que eu conseguisse vê-lo mais uma vez, entretanto, para a minha tristeza, daquela vez o motorista era um senhor simpático, mas que não tinha a menor chance de que eu tivesse um sexo repentino com ele. Senti uma pequena decepção.
As ruas estreitas da cidade estavam um inferno e a dificuldade do dia era conseguir chegar até a avenida principal, onde passaria o trio carregando a diva máster do axé, porém, minha amiga sempre conseguia tudo o que queria e o mais difícil já tínhamos conseguido, pois já estávamos jogadas na turma da pipoca e cantando vários axés de outros carnavais, felizes e plenas.
Ô Milla!
Mil e uma noites
De amor com você
Na praia, num barco
No farol apagado...
Eu amava o carnaval e não deixava de festejar um ano sequer, eu achava uma das festas mais alegres que existia e o calor humano prevalecia, literalmente calor humano, até por que estávamos no meio da tarde e em pleno verão.
Cerveja gelada e abadá não podia faltar e com muito custo conseguimos, de última hora, um abadá para o trio da cantora Ivete Sangalo que atravessaria a cidade enlouquecendo a multidão. Pagamos quase o valor de um rim e foi uma negociação árdua, mas como eu disse, não havia nada que a minha amiga não conseguisse e lá estávamos nós: com os nossos abadás e prontas para o trio.
Eu usava um short jeans, o abadá que fiz uma personalização rápida com uma amarração na cintura e uma tiara com laço rosa que combinavam com os meus brincos de argolas grandes, nas orelhas.
— Vem, amiga, quero chegar bem perto do trio. Tô louca para ver a Veveta — Carla falou, empolgada e me puxando em meio à multidão.
— Calma, mulher, a gente... Opa!
Parei de falar quando ao tentar passar no meio de um grupo de pessoas, tropecei no pé de alguém e quase caí, mas a pessoa foi mais rápida que eu e me segurou pelo braço me firmando de pé novamente. Quando olhei no rosto da pessoa que tinha me salvado de cair, dei de cara com o Gabriel.
Que coincidência maravilhosa, Deus atendeu as minhas preces!
— Oi! — falei animada e com certeza meus olhos pareciam brilhar.
Sem me responder ele continuou me olhando e tinha um olhar assustado.
Franzi a testa sem entender por que ele estava ficando pálido e o encarei ainda esperando a resposta. Pensei que talvez estivesse tão escuro na noite anterior que ele não se lembrasse de mim, então resolvi me apresentar:
— Eu sou a Ariela. Você foi o MEU motorista do Uber, ontem — falei frisando o meu.
Ele assentiu e ia dizer algo, mas uma moça bonita se aproximou e ficou muito perto dele e disse me encarando:
— Gabriel, o Otávio está te chamando. — E eu entendi tudo, só pelo modo como ela me olhou, como se perguntasse quem eu era. Ele era comprometido, porra!
Claro que era!
Tudo estava perfeito demais com a minha noite de sexo casual, então tinha que ter um problema!
Sorri para a moça ao seu lado.
Que ódio de mim, eu transei com um cara comprometido e que filho da puta ele é! Em momento nenhum me contou ou me parou.
— Hum... Desculpa por tropeçar em você — falei, já me afastando dele e eu tinha todo o meu ódio na voz. Olhei para a moça e falei meio de cabeça baixa: — Me desculpa.
Ela apenas assentiu meio sem entender, mas me olhando desconfiada e eu segui com a Carla, a puxando e me esquivando das pessoas à minha frente, mas como ali estava muito cheio, não foi possível ir muito longe de onde o Gabriel estava e de onde paramos eu ainda conseguia avistá-lo.
— Filho da puta, cachorro e sem vergonha dos infernos! — falei, batendo as mãos na lateral do meu corpo e parecendo uma criança mimada.
— Eu já entendi tudo e nem precisa me contar nada.
— Cara, ele é comprometido. Eu não acredito nisso!
— Ah, amiga, não se culpe, você não sabia.
— Mas eu tinha que ter perguntado antes de atacá-lo.
— Não, ele que tinha que ter te dito e te afastado, mas vida que segue. Nada de deprê que estamos aqui para nos divertir.
— Tem razão, mas aiii, Carlaaa... O sexo foi tão maravilhoso apesar de rápido que eu só consigo pensar que eu queria mais tempo com ele. Já estava até pensando em pedir o contato dele para a Uber com a desculpa de que esqueci algo no carro, só para vê-lo novamente.
Carla riu.
— Doida! Pensa no lado bom, você nem precisou dessa burocracia para no fim descobrir que ele era um canalha.
— Sim, tive a sorte de reencontrá-lo, mas queria desencontrar. Inclusive, queria ter pego um senhor bem idoso ontem, só para não viver com a culpa de por minha causa uma das nossas ter sido traída.
— Para agora de ser ridícula! O culpado foi ele e você não vai levar a culpa no lugar de macho escroto.
Pensei um pouco.
— Tem razão. Por hoje vou aproveitar o Carnaval.
— Assim que se fala.
Ivete apareceu linda e diva, como sempre, e começou a puxar a multidão e eu nunca vi tanta gente na minha cidade. O percurso que o trio faria estava todo reservado por grades onde quem estava com abadá ficava e ali estava só alegria e todos pulavam no ritmo do novo hit da Ivete que era a música Teleguiado e a cantora estava deslumbrante.
Eu tô no bolo, bolo, eu tô no meio
Meu coração acelerou, ficou sem freio
Eu tô no bolo, bolo, eu tô a mil
Teleguiado pelo som do trio...
Ela cantava seu sucesso do Carnaval e a galera ia à loucura. Carla e eu ficamos um pouco mais longe de onde estava a muvuca apertada diante do trio, porque bem próximo estava impossível e lotado. Tentei esquecer o que eu tinha acabado de viver, mas ainda o mosquitinho da culpa estava zunindo na minha cabeça, além de a desilusão de não poder repetir a noite anterior com o gato, entretanto, naquele momento eu estava pulando feito pipoca e dançando no ritmo da música eletrizante junto com os demais e com isso tentava esquecer a sensação de perda.
O sol estava alto e o dia estava maravilhoso, fui seguindo dançando atrás do trio, bebendo a minha cerveja gelada e curtindo com a minha amiga, até o momento que olho para o lado e também segurando uma latinha usando seu abadá, que era uma regata que exibia seu braço tatuado e forte, estava Gabriel. Tirei imediatamente o meu olhar do dele e segui andando, tentei me afastar o máximo possível e em meio à multidão fui me esquivando para o lado contrário do que ele estava. Depois de alguns minutos já pensando que estava longe o bastante e quando o trio passava por uma praça com muitas árvores, senti uma mão segurando meu braço e me puxando para trás de um tapume, olhei para ver quem era e Gabriel falou em meio à música alta:
— Vem comigo.
— Ei, larga ela — Carla falou brava.
— Você pode vim também, mas preciso me explicar.
Nisso Carla me olhou e sem que eu precisasse dizer nada ela percebeu que eu queria ouvir a explicação dele. Gabriel pegou minha mão, atravessamos a grade que separava quem estava com abadá e fui andando com ele, me esquivando das pessoas e depressa. Com esse gesto eu sentia como se a gente estivesse se escondendo e mais uma vez aquilo fez eu me sentir culpada e até mesmo magoada. Eu nunca fiquei com homem comprometido. Enquanto ele procurava um lugar tranquilo para me dar a tal explicação, o trio com a Ivete continuava passando na avenida, seguido por muitas pessoas e animação não parava.
De frente para mim Gabriel me prensou contra uma das árvores e me deu um beijo intenso e até mesmo indecente, enquanto eu nem tive como pará-lo, porque apesar da culpa eu queria aquele beijo de novo e até mesmo ansiava por ele desde o momento em que parei de beijá-lo na madrugada.
— Para! — O empurrei relutante e me afastei dele. — Como você pôde não me contar que era comprometido e me deixou te atacar daquela maneira, ontem? Você é a pior espécie de homem, porque mesmo com a sua namorada lá, você está aqui comigo!
— Espera, não é assim como você está pensando, ontem eu estava solteiro, nós tínhamos terminado, na verdade, hoje ainda não estamos juntos, apenas temos o mesmo grupo de amigos e já tínhamos comprado o abadá para esse trio.
Fiquei o encarando pensando se acreditava ou não naquele homem que eu tinha conhecido há menos de vinte e quatro horas e antes que eu pudesse raciocinar ele continuou a falar:
— Eu não parei de pensar em você desde ontem e já estava pensando em um jeito de te encontrar. Parece loucura, eu sei, e só pode ser o destino que fez com que a gente se esbarrasse no meio dessa multidão.
Pensei um pouco e soltei o ar.
— Tudo bem, mas saber que você tem uma namorada tirou toda a vontade que eu senti por você ontem. Resolva o que você tem ou não com ela e aí me procura.
Me desvencilhei dele e segui até onde a minha amiga me esperava e fingia não ver tudo o que acontecia ali. Quando cheguei junto dela seguimos andando na tentativa de acompanhar o trio novamente.
— Cara, que tensão sexual é essa entre vocês?
— Não sei, parece estranho eu dizer isso sendo que há dois dias eu estava sofrendo pelo Guilherme, mas a verdade é que eu nunca senti isso, só dele me beijar eu já estou pegando fogo e querendo voltar correndo para ele e dar até amolecer de cansaço.
Carla gargalhou.
— E o que ele disse sobre a namorada?
— Disse que estão terminados, mas que eles têm o mesmo circulo de amigos, mas eu achei muito possessivo o modo como ela chegou perto dele e não quero ser eu a pessoa que vai embarreirar a vida de outra mulher. Eles que se resolvam, apesar da vontade louca que estou de repetir o sexo com ele, pra mim já deu.
— Já deu mesmo, mas bem que você queria dar de novo.
— Queria, mas querer não é poder.
https://youtu.be/wq-7GdBXOuU
https://youtu.be/g_UypxehZqU
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro