E o tempo passa
Capítulo cinco
Cinco meses e eu já estava com a barriga enorme, já sentia minha lindinha mexer e me sentia feliz.
Nunca mais ouvi falar do Gabriel, fiz de tudo para que ele não me encontrasse e por eu o conhecer há apenas um mês, não foi tão difícil sumir da sua vida. Troquei o meu número do celular e como a Carla trabalhava em uma imobiliária foi fácil arrumar uma casa da noite para o dia e a casa para qual eu me mudei era ainda mais perto do salão, então há males que vinham para bem. Minha irmã, como já quase não morava comigo, nem reclamou da mudança. Eu nunca tinha dito para o Gabriel onde ficava o meu salão e nem me lembrava, se ao menos tínhamos conversado sobre o que eu fazia da vida.
De inicio as minhas amigas foram contra o meu desaparecimento, mas depois me apoiaram na minha decisão e em vinte e quatro horas eu estava completamente desaparecida da vida do Gabriel e se ele sequer tentasse me achar, não conseguiria.
Senti um aperto no coração por não conversar mais com ele e apagá-lo da minha vida e nem as redes sociais eu deixei, o bloqueei de todas e como não tínhamos amigos em comum ficava ainda mais fácil ficar invisível e era como se eu nunca tivesse o conhecido.
Minhas amigas estavam me ajudando com a gravidez e com tudo que eu precisava, elas me mimavam e faziam de tudo para que me sentisse amada e acolhida. Uma vez ou outra elas me lembravam do pai da criança e diziam para que eu o procurasse e o desse a responsabilidade que o cabia, mas eu não queria o ouvir dizer que eu tinha que ter tirado a criança ou algo do tipo. Ou não queria ouvi-lo dizer que aquele anjinho que eu carregava não era dele, então eu seria a mãe e o pai da minha princesa e ela seria só minha.
Eu estava imensa e já estava com oito meses, passou tão rápido e a minha bebê já tinha nome, ela se chamaria Kelli, assim como uma amiga que tive na infância e minha amiga Kelli era tão doce, que eu só queria que a minha Kelli fosse como ela.
A minha família não entendia muito bem como eu estava grávida e não era do Guilherme, que era meu namorado anteriormente, mas eu expliquei que Guilherme e eu já não estávamos mais juntos quando engravidei e eu seria pai e mãe daquela criança. Pareciam querer mais explicações, mas eu não era obrigada a contar a minha vida pessoal para ninguém, então o que eu contei era o que eles receberam como explicação. Guilherme quando soube da gravidez veio imediatamente me procurar para saber se era dele e quando eu disse que não, até pareceu aliviado. Idiota! Como pude perder tanto tempo com aquele imbecil? E o pior foi quando ele fez as contas e quis me criticar por já ter transado com outro tão pouco tempo depois que a gente terminou. Eu só revirei os olhos e o deixei falando sozinho.
Fiz um chá de bebê lindo para a minha Kelli, onde ganhei tantos presentes, além da presença das muitas pessoas que gostavam de mim, mas em certos momentos, em silêncio, eu pensava em como o Gabriel estava, se ele havia me procurado, se sentia-se aliviado por eu ter sumido e tirado o problema que eu havia jogado em seu colo, aí no mesmo instante em que pensava na minha filha como um problema eu começava a chorar e imediatamente eu me culpava. Além disso, em vários outros momentos eu chorava, mas era à noite quando a solidão me invadia, que eu me deixava cair em tristeza e me quebrava por estar passando pela gravidez sozinha.
— Você não foi planejada, mas é muito amada, filha. Espero que não esteja sentindo esses sentimentos malucos da sua mãe. Você nunca será um arrependimento ou um erro, pois já é o amor da minha vida — falei em uma das noites de tristeza, enquanto acariciava a minha barriga.
O dia do parto chegou e eu estava sentindo tanta dor que a vontade era matar todos que estavam a minha volta, mas depois de quatro horas de trabalho de parto, minha menina veio ao mundo e todas as dúvidas e sentimentos ruins não existiam mais, eu amava aquele pacotinho de amor.
Todos os segundo ao lado dela era maravilhoso, até gostei de não dividi-la com um pai e mesmo as noites sem dormir me deixavam feliz por ela estar ali, mas foi alguns dias depois, quando ela esboçou um sorriso enquanto dormia, que eu percebi que ela não era só minha e lá estava o lembrete do pai: uma covinha do lado direito. Senti um aperto em meu peito e me lembrei do beijo que ele me deu no trio da Ivete, onde disse que estava apaixonado após nem vinte e quatro horas depois de nos conhecermos. Ri com a lembrança. Mal sabia ele que aquela noite seria inesquecível e ele ficaria para sempre na minha vida mesmo que não quisesse.
Dei um beijo na testa da minha filha e falei:
— Meu inesquecível Carnaval.
Lá estávamos nós em meados de fevereiro e as pessoas já estavam novamente se preparando para o Carnaval, enquanto eu apenas ficava melancólica, não pela minha filha, pois ela se tornou a luz dos meus dias, mas por ainda pensar no Gabriel. Kelli era um lembrete frequente do que ele tinha sido na minha vida e eu pensava nele e pensava em como seria se tivéssemos tido um relacionamento. Eu defendia o Gabriel pensando que ele era uma pessoa de bem, só não estava preparado para ser pai, entretanto, eu logo me repreendia após esse pensamento, pois eu também não estava prepara para ser mãe e em nem um minuto pensei em me livrar da coisinha linda que era a minha filha. Me virei sozinha, não tive licença maternidade, afinal, eu era autônoma e tive que me organizar entre atendimentos e a Kelli que ia comigo trabalhar todos os dias, já que eu não podia deixá-la e não podia parar de trabalhar ou se não passaríamos fome. Arrumei um cantinho especial para ela no salão e diminui as clientes para dá-la mais atenção durante o dia e apesar de todo trabalho que um filho dava, além da correria diária e de toda a mudança na minha vida eu nunca me arrependi da minha escolha.
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